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Júlia Figueirêdo – PINESC IV PLANEJAMENTO FAMILIAR: SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA E A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS: A saúde sexual e reprodutiva diz respeito à garantia de uma vida sexual prazerosa e segura, com acesso a informações acerca da prevenção contra ISTs e HIV e à garantia de liberdade para decidir ter ou não filhos, quando e com qual frequência, havendo amplo acesso aos métodos contraceptivos. Os direitos reprodutivos se baseiam no reconhecimento do preceito básico de todos indivíduos decidirem livremente sobre o planejamento familiar e suas implicações. Nesse âmbito, também são reconhecidas as necessidades para o alcance pleno da saúde sexual e reprodutiva, tal como mencionado acima. Essas condições são asseguradas pelos Direitos Humanos, definidos em 1948, motivados pelas atrocidades que ocorreram durante a 2ª guerra mundial. No Brasil, a Constituição Federal estabelece o princípio da paternidade responsável e o direito de livre escolha dos indivíduos, estabelecendo que as instâncias gestoras do SUS, em todos os níveis, estão obrigadas a garantir à mulher, ao homem ou ao casal, em toda a rede de serviços, assistência à concepção e contracepção como parte integrante das demais ações que compõem a assistência integral à saúde. Nesse contexto se inserem as ações em planejamento familiar, nas quais a equipe multidisciplinar atua ativamente para aconselhar e educar mulheres e homens acerca de seus direitos em relação à construção de uma família e ao exercício de sua sexualidade, perpassando múltiplos conceitos, como identidade de gênero, violência sexual e contracepção, seja no âmbito clínico, durante o acolhimento ou em atividades em grupo. O profissional de saúde deve orientar a paciente (de preferência o casal) para direcioná-los a uma escolha consciente e adequada acerca dos métodos contraceptivos disponíveis, levando em consideração os seguintes aspectos: Preferência da mulher, do homem ou do casal, direcionada para a escolha livre e informada; Característica dos métodos: o Eficácia (diferenciar uso ideal de uso típico, enfatizando a necessidade de uso correto e consistente); Júlia Figueirêdo – PINESC IV o Efeitos secundários; o Aceitabilidade; o Disponibilidade; o Facilidade de uso; o Reversibilidade; o Proteção contra ISTs e HIV; Fatores inerentes ao usuário que podem afetar a escolha do método contraceptivo: o Condições econômicas; o Estado de saúde; o Personalidade do usuário; o Fase da vida; o Comportamento sexual; o Aspirações reprodutivas; o Aspectos religiosos e culturais; o Medos, dúvidas e vergonha. Os critérios de elegibilidade são o conjunto de informações que permitirão avaliar se a paciente é apta ou não para o uso de determinados métodos terapêuticos (nesse cenário, métodos de contracepção), segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A determinação desse risco se baseia na presença de comorbidades e de comportamentos de risco, que podem aumentar o potencial dano causado por determinados medicamentos, contraindicando sua administração. MÉTODOS CONTRACEPTIVOS HORMONAIS: De modo geral, a preferência deve recair sobre os produtos com doses de etinilestradiol inferiores a 30 mg e progestogênios com pouca ou nenhuma atividade androgênica (acetato de ciproterona, desogestrel, gestodeno). A adolescente deve ser avaliada constantemente, modificando a prescrição conforme a resposta observada ao tratamento. A eficácia das pílulas anticoncepcionais é diretamente dependente de sua forma de administração, ou seja, o esquecimento da dose diária ou mudanças na posologia Júlia Figueirêdo – PINESC IV (maior número de comprimidos por dia) podem interferir. Dessa forma, a orientação adequada é fundamental para que as mulheres usem a pílula corretamente. O uso dos preservativos deve ser recomendado em todas as relações sexuais, independentemente da utilização de estratégias contraceptivas distintas, por ser o único método que protege contra as ISTs e o HIV, além de atuar para evitar a gravidez indesejada. Os principais efeitos secundários que podem estar relacionados com o uso da pílula são: Alterações de humor, como depressão e menor interesse sexual, que são pouco comuns. Náuseas, vômitos e desconforto gástrico (mais comum nos três primeiros meses); Cefaleia leve; Leve ganho de peso; Nervosismo; Acne (pode melhorar ou piorar, mas geralmente melhora); Tonteira; Mastalgia; Alterações do ciclo menstrual: manchas ou sangramentos nos intervalos entre as menstruações, especialmente quando a mulher se esquece de tomar a pílula ou toma tardiamente (mais comum nos três primeiros meses), e amenorreia; Cloasma. Outras alterações físicas possíveis envolvem a elevação da pressão arterial, que se reduz bruscamente com a interrupção de uso dessas medicações. Existem diversas situações clínicas que contraindicam o uso dos contraceptivos orais combinados, como doenças hepáticas, metabólicas, neurológicas, tromboembólicas, cardiovasculares e neoplásicas (estrogênio-dependentes). Esses medicamentos não devem ser usados na amamentação, pois, o estrogênio compromete a quantidade e a qualidade do leite materno. Enquanto o estrogênio das pílulas foi responsabilizado pelas complicações venosas, os progestógenos se associaram às complicações arteriais. Dependendo do tipo e da dose, alteram o metabolismo lipoprotéico, podem reduzir o colesterol HDL e acelerar o processo de formação de ateromas. Nesse contexto novos progestógenos foram produzidos, dessa vez com perfil metabólico mais próximo à progesterona natural, exercendo menor impacto sobre o metabolismo lipídico e dos carboidratos. Há três formas de associação estrogênio/progesterona. As mais comumente utilizadas são as chamadas pílulas monofásicas, encontradas em embalagens de 21 ou 22 comprimidos de mesma composição e dosagem. Em algumas apresentações, as embalagens contêm, além das pílulas ativas, seis ou sete unidades de placebo para completar 28 comprimidos, no intuito de facilitar a utilização, evitando assim que a mulher esqueça o dia de reinício das pílulas. As bifásicas e trifásicas contêm, respectivamente, dois e três tipos de comprimidos ativos, de diferentes cores, com os mesmos hormônios em proporções diferentes, visando simular a esteroidogênese ovariana e assim reduzir o índice de efeitos colaterais. Por apresentarem diferentes posologias, esses últimos tipos de pílula devem ser tomados na ordem apresentada na cartela. Dependendo da quantidade de etinilestradiol, classificam-se em pílulas combinadas de baixa dosagem as que contêm 30 microgramas (0,03 mg) ou menos de etinilestradiol, e pílulas de média dosagem as que contêm 50 microgramas (0,05 mg) de etinilestradiol. Júlia Figueirêdo – PINESC IV DISPOSITIVO INTRAUTERINO: Após a inserção do DIU, a mulher deve ser orientada a procurar atendimento caso apresente algum sintoma de alarme como febre, dor pélvica aguda e persistente, ausência de menstruação, exposição a doença sexualmente transmissível, sangramento volumoso, prazo de validade do DIU vencido, ou se perceber um objeto de consistência dura na vagina ou no colo uterino. Além dessa recomendação, toda usuária deve retornar para uma consulta de revisão entre 30 a 45 dias após a inserção do dispositivo intrauterino, e nessa consulta será realizado um exame clínico- ginecológico e avaliação do padrão de sangramento e da satisfação da mulher e do parceiro com o método. É também importante que a equipe de saúde da Estratégia Saúde da Família esteja disponível para acolhimento das mulheres em caso de apresentarem intercorrências. Não existe contraindicação para realizaçãodas atividades cotidianas após a inserção do DIU, então é vida normal, inclusive na relação sexual, o homem não sente o DIU, o que pode ser sentido pelo parceiro é o fio de nylon que acompanha o dispositivo de cobre. E a paciente deve ser orientada a usar preservativo masculino ou feminino, ou outro método contraceptivo durante 7 dias após a colocação, que é o período de adaptação do organismo ao método, além disso, o preservativo é aconselhado de uma forma geral como forma de prevenção das ISTs. Logo após a colocação do DIU, durantes alguns dias, é comum apresentar sintomas como cólicas, menstruação volumosa e um pouco de secreção vaginal, que vai diminuindo com o tempo, e para as cólicas, a paciente pode utilizar uma bolsa de agua quente na região abdominal para ajudar a aliviar a dor. Além disso, existe um pequeno risco de expulsão do DIU pelo organismo durante a menstruação, mas isso é mais comum nos primeiros meses após a inserção, e caso ocorra a paciente deve procurar seu médico imediatamente. O DIU não deve ser usado em casos recentemente de infecção pélvica, como gonorreia ou clamídia, mulheres que estejam apresentando no momento Doença Inflamatória Pélvica, miomas que distorçam a cavidade uterina, sangramento vaginal sem diagnóstico, malformações uterinas, estreitamento do canal do colo uterino, câncer do colo de útero e do endométrio, além disso é fundamental que a utilização do DIU seja em conjunto com a camisinha para prevenção das ISTs. MÉTODOS CONTRACEPTIVOS DEFINITIVOS: A laqueadura tubária, método que remove ovários e tubas uterinas ou bloqueia o lúmem dessa última estrutura, é uma das estratégias definitivas de contracepção e, portanto, torna necessário avaliar a possibilidade de arrependimento da mulher e a pouca reversibilidade desses procedimentos. Assim sendo, antes optar por um método contraceptivo permanente (laqueadura tubária), vários fatores, e não apenas sua eficácia e segurança, devem ser ponderados. O adequado acolhimento ao casal, a transmissão de informação, o aconselhamento e o consentimento esclarecido são impositivos éticos e legais que devem ser realizados antes de uma esterilização cirúrgica. Júlia Figueirêdo – PINESC IV Para que tais métodos sejam realizados, a Legislação Federal impõe o registro da manifestação da vontade de fazê-lo em documento escrito a punho e assinado, após o esclarecimento a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldade em reverter o quadro e sobre opções de contracepção reversíveis existentes. Também é preconizado em Lei que, devido à sociedade conjugal, a esterilização depende do consentimento de ambas as partes. Culturalmente a contracepção masculina é vista de maneira preconceituosa, principalmente pelos homens. Em determinados países, a capacidade de gerar filhos está diretamente relacionada ao valor do homem na sociedade, tornando a esterilização cirúrgica uma forma de remover o homem de seu papel social.
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