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Maria Lídia Nascimento de Resende UFLA - Universidade Federal de Lavras FIV e FeLV FIV: imunodeficiência felina ● É um Retrovírus, do gênero Lentivirus, presente na saliva de gatos infectados. ● Foi identificado em 1986, responsável por distúrbios imunológicos em gatos domésticos semelhantes aos observados em humanos que possuem o vírus da imunodeficiência humana (HIV). ● Apresenta tropismo pelos linfócitos TCD4+ ● Existem 5 subgrupos diferentes: A, B, C, D e E ↳ Subtipo A: menos patogênico ↳ Subtipo B: encontrado no Brasil, quadro menos grave ↳ Subtipo C: mais grave. Presente em Canadá e Japão ● Os gatos de vida livre e os machos adultos não castrados são os mais afetados, pois a transmissão ocorre principalmente por mordidas. Transmissão e Patogenia ● A maior parte das infecções são decorrentes de mordeduras, mas pode ser por via hematógena. ● Pode haver a transmissão in útero e através do leite de gatas para filhotes, em especial se a gata tiver altos níveis de viremia. ↳ A transmissão in útero pode levar a reabsorção fetal, aborto ou natimortos. No entanto, nem todos os filhotes de uma ninhada irão adquirir a infecção intrauterina de uma gata infectada com FIV. ↳ Quando uma gata prenhe tem infecção aguda e alta carga viral a maioria dos filhotes acabam infectados. Quando a infecção é crônica e ela está sadia, com carga viral baixa, poucos filhotes ficarão infectados. ● Quando o vírus é inoculado, começa a se replicar em linfócitos T, macrófagos e linfócitos B que são células fundamentais para uma resposta imune efetiva, gerando uma imunodepressão, aumentando a predisposição a várias doenças infecciosas, além da predisposição ao desenvolvimento de tumores linfóides. ● Pode haver focos de latência em linfonodo, medula óssea, órgãos linfóides e SNC, onde o animal está assintomático, com escore corporal e estado de saúde bom. ↳ DNA proviral: marcador de infecção persistente. Ele que é identificado na PCR Maria Lídia Nascimento de Resende UFLA - Universidade Federal de Lavras Sinais Clínicos ● A infecção tem uma fase assintomática, onde os gatos podem não apresentar sinais clínicos durante muito tempo. ● Quando estão presentes, os sinais clínicos associados ao vírus são variados e inespecíficos, geralmente são resultado de infecções secundárias que o animal adquiriu e não do efeito direto do vírus. ● As manifestações mais típicas são: gengivo-estomatite crônica, rinite crônica, linfadenopatia, perda de peso e insuficiência renal associada a glomerulonefrite imunomediada. ● Fase aguda: leva a apatia, febre, linfadenopatia, mas podem ficar assintomáticos também nessa fase. ● Fase latente: sem sintomas pode durar meses ou anos mas em exames hematológicos podemos ver citopenia periférica, maiores concentrações de proteína e globulina, redução de AST (enzima hepática). ● Fase ACR: à medida que a doença progride podem surgir infecções secundárias por um único agente infeccioso ou vários. ● Fase da Síndrome AIDS: a fase terminal da infecção gera transtornos neurológicos, convulsões, neoplasias ,infecções oportunistas e o tempo de sobrevivência dura poucos meses. Diagnóstico ● Consiste na detecção dos anticorpos específicos para o vírus através de testes sorológicos (ELISA), procurando anticorpos contra o FIV e FeLV ● Mais recentemente técnicas de biologia molecular (PCR) estão sendo empregadas para comprovar a infecção. Porém, devido à ausência de sinais clínicos ou sinais discretos, a infecção viral pode não ser percebida, o que dificulta o estabelecimento precoce do diagnóstico. ● Imunofluorescência para FeLV detecta vírus associado à célula, quando está na infecção progressiva. ● Gatos acima de 4 meses podem ser testados e é importante retestar após dois meses para ter certeza que não houve interferência de anticorpos maternos no resultado. ● Diagnóstico falso negativo: início da doença e final, fase de imunossupressão severa Diagnóstico falso positivo: anticorpo materno e vacinal (não encontrado no Brasil). Tratamento ● Vacinação e teste! ● Atualmente ainda não há vacina comercial disponível no mercado para FIV, apenas para FeLV ● Ainda não há um tratamento comprovadamente eficaz direcionado ao vírus, sendo os tratamentos realizados por caráter sintomático dependendo das afecções secundárias. Maria Lídia Nascimento de Resende UFLA - Universidade Federal de Lavras ● É importante salientar a importância da castração para reduzir a agressividade e a ocorrência de mordeduras. ● Os cuidados com os gatos precisam ser frequentes. ● Os felinos apresentam diversas peculiaridades, por isso é importante fazer o acompanhamento na saúde e bem-estar deles. FeLV: Leucemia Viral Felina ● Causada por um Retrovírus ↳ É um Gama-Retrovírus (RNA) ↳ Apresenta 3 genes: Gag (estrutura) Pol (enzimas) Env (envelope e transmembrana) ● A proteína identificada no teste, é a P27 ● É chamada de Doença do amor, devido a transmissão ser pelo contato íntimo prolongado. ● O vírus encontra um receptor e a partir do momento que se liga, incorpora no interior da célula do hospedeiro o seu material genético. A partir do momento que a fita simples de RNA está na célula do hospedeiro, a transcriptase reversa inicia a síntese de uma fita dupla de DNA (pró-vírus) a partir da fita simples de RNA. ↳ O pró-vírus é detectado pela PCR Subgrupos ● Todos os gatos FeLV positivos apresentam a FeLV-A, que é a forma transmissível, podendo ser associados a outros subgrupos ↳ FeLV-B: recombinação do FeLV-A com o FeLV endógeno, que é a forma mais grave. apresentam linfomas e leucemias ↳ FeLV- C: incompatível com a vida. Os animais acometidos, apresentam anemia aplásica ↳ FeLV-T: não se sabe ao certo. Associam com quadros de imunossupressão severa ↳ FeLV-O: recente. ● Distúrbios proliferativos: associação do A com B. ↳ Leucemias, disturbios mielodisplásicos, linfomas Preocupação com a FeLV ● O vírus da leucemia compromete e diminui a expectativa de vida do animal. ● Não existe tratamento eficaz contra esse vírus ● É indutor de anemia, que destrói a medula e precursores de glóbulos vermelhos. ● Induz tumores de origem linfóide (linfomas). Formas de infecção ● Infecção abortiva: forma mais comum. Não deixa marca no organismo, fazendo com que o paciente não tenha prova sorológica positiva e PCR identificável. ↳ Diagnóstico pela quantificação (pesquisa de anticorpos) devido ao alto título de anticorpos ↳ Antigenemia e viremia indetectável ● Infecção regressiva: a probabilidade de adoecer é pequena. O paciente entra em contato com o vírus, mas não tem partículas virais na circulação, apenas o pró-vírus. ↳ Viremia transitória, infecção latente ↳ Possibilidade de reativação Maria Lídia Nascimento de Resende UFLA - Universidade Federal de Lavras ● Infecção progressiva: pior cenário que o gato pode encontrar. O paciente não desenvolve boa resposta imunológica. ↳ Tem viremia e partículas virais circulantes ↳ Baixa expectativa de vida ↳ Viremia persistente, distúrbios degenerativos e ou proliferativos ↳ Induz uma supressão da medula óssea (aplasia eritróide da medula - não regenerativa), trombocitopenia, leucopenia (precursores de granulócitos). ↳ Problemas neurológicos acometem mais animais jovens, como paralisias agudas e progressivas de membros pélvicos (linfoma espinhal). ● Infecção atípica: de difícil detecção, podendo ser positiva em algumas horas e negativa em outras. Sinais clínicos Perda de peso, prostração, febre, mucosas hipocoradas, mucosas ictéricas por infecção oportunistas, linfadenopatias, enteropatias, doenças oportunistas, doenças imunomediadas, distúrbios proliferativos (vírus oncogênico), neuropatias e doenças oftálmicas. Prevenção e tratamento ● O mais importante é a VACINAÇÃO! ● Testar todos os gatos com o teste ELISA e PCR ● Testar doadores de sangue antes com ELISA e PCR ● ELISA: triagem. ↳ É o primeiro exame a ser feito. ↳ A sensibilidade é alta, então as chances de falso negativo são baixas (mas não quer dizer que não tenha). ● ANIMAL RESGATADO: é necessário fazer teste sorológico30 dias após pegar o animal. ↳ No dia que resgatou não é muito indicado, porque se o animal foi infectado logo antes de ser resgatado, a chance de não aparecer anticorpos é grande. ↳ Se após os 30 dias, fez o ELISA e PCR e ambos foram negativos, quer dizer que ele nunca foi infectado ou então que ele tenha tido contato mas que abortou a infecção (infecção abortiva) e a única forma de identificar infecção abortiva é pesquisa de anticorpos. Esse paciente que foi infectado e eliminou a infecção pode ser usado como doador. ● ELISA (virêmico) e PCR (tem pró-vírus) positivos = progressor. Não pode ser usado para doação de sangue. Deve-se quantificar (PCR quantitativa) e classificar em regressor ou progressor. ● ELISA negativo e PCR positivo = regressor. Não tem viremia, mas apresenta o vírus. Pode vir a adoecer apesar da probabilidade pequena e não pode ser usado como doador de sangue. ● ELISA positivo e PCR negativa = teste discordante. Se ele é virêmico, então teoricamente deveria ter vírus. Desse modo, deve-se repetir o teste após 30 dias, com por exemplo, a RT-PCR. ELISA PCR Classificação O que fazer? - - Não infectado ou Infecção Regressiva Pesquisa de anticorpos + + Progressor PCR quantitativa - + Regressor + - Discordante RT-PCR após 3 dias Maria Lídia Nascimento de Resende UFLA - Universidade Federal de Lavras ● Vacinar os filhotes para doação, gatos de abrigos e criatórios, com acesso à rua e que vivem com paciente FeLV +, sendo o ideal isolar os animais positivos. ● Conscientizar os proprietários e protetores ● Doação responsável Vacinas essenciais Rinotraqueíte Calicivirose Panleucopenia Vacinas não essenciais Leucemia felina Chlamydia felis Coronavírus - PIF Vacinas circunstanciais Leucemia Viral Felina Raiva (alguns países) �quema de Vacinação Filhotes 8 - 9 semanas 1ª dose 11 - 12 semanas 2ª dose Reforço Anual - alto risco A cada 2 anos - baixo risco Adultos Dia D 1ª dose 3 - 4 semanas 2ª dose Reforço Anual - alto risco A cada 2 anos - baixo risco ● Membro Pélvico Direito – antirrábica Membro Pélvico Esquerdo – FeLV Membro Anterior Direito – tríplice ● As chances de desenvolver sarcoma são de 1 a 10 mil gatos. ● A aplicação da vacina no flanco e na extremidade distal da cauda (gera muita dor) também é recomendada. ↳ NÃO VACINAR NA REGIÃO SUPRA ESCAPULAR, NUNCA!!!
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