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Importância da Anamnese Médica

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H A B I L I D A D E S M É D I C A S 
 
Significa trazer à mente, todos os fatos relacionados com a doença e o paciente. É o 1° passo durante a consulta com 
o paciente e o mais importante, pois é na anamnese que será construída a relação médico-paciente e é a partir dela 
também que os próximos passos irão se basear. Esse contato humano NUNCA poderá ser negligenciado e nem 
substituídos por outros meios como, por exemplo, os tecnológicos. 
A anamnese, se bem-feita, culmina em decisões diagnósticas e terapêuticas 
corretas; se malfeita, em contrapartida, desencadeia uma série de consequências 
negativas, as quais não podem ser compensadas com a realização de exames 
complementares, por mais sofisticados que sejam. 
Em essência, a anamnese é uma entrevista, e o instrumento de que nos valemos é a 
palavra falada. É óbvio que, em situações especiais (pacientes surdos ou pacientes 
com dificuldades de sonorização), dados da anamnese podem ser obtidos por meio da Linguagem Brasileira de Sinais 
(Libras), da palavra escrita ou mediante tradutor (acompanhante e/ou cuidador que compreenda a comunicação do 
paciente). 
Porém, o diálogo entre o médico e o paciente tem objetivo e finalidade preestabelecidos, ou seja, a reconstituição dos 
fatos e dos acontecimentos direta ou indiretamente relacionados com uma situação anormal da vida do paciente e não 
somente uma simples “conversa”. 
Os objetivos da anamnese, são: 
Estabelecer condições para uma adequada relação médico - paciente. 
Conhecer, por meio da identificação, os determinantes epidemiológicos que influenciam o processo saúde-doença de 
cada paciente. 
Fazer a história clínica, registrando, detalhada e cronologicamente, o(s) problema(s) de saúde do paciente. 
Registrar e desenvolver práticas de promoção da saúde. 
Avaliar o estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo os fatores pessoais, familiares e ambientais que 
influenciam seu processo saúde-doença. 
Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como suas condições socioeconômicas e culturais. 
Avaliar, de maneira clara, os sintomas de cada sistema corporal. 
 
A anamnese é o melhor instrumento para fazer a triagem e analisar os sintomas, reconhecer problemas de saúde e 
preocupações e registrar as maneiras como a pessoa responde a essas situações, permitindo aventar hipótese(s) 
diagnóstica(s) consistente(s), além de abrir espaço para a promoção da saúde. Essa prática pode ser realizada das 
seguintes formas: deixando o paciente relatar, livre e espontaneamente, suas queixas sem nenhuma interferência, 
limitando-se a ouvi-lo, pela anamnese dirigida, o médico, tendo em mente um esquema básico, conduz a entrevista 
mais objetivamente, tendo rigor técnico e cuidado na sua execução, de modo a não se deixar levar por ideias 
preconcebidas ou de forma que o médico deixe, inicialmente, o paciente relatar de maneira espontânea suas queixas, 
para depois conduzir a entrevista de modo mais objetivo. 
 
As inúmeras fontes de informação, principalmente a internet, estão modificando a técnica da anamnese, que está 
passando de “relato” para “diálogo” – o paciente já vai para consulta com um “pré – diagnóstico” do famoso “Dr. Google”. 
A anamnese é um trabalho muito importante, porém complexo, visto que envolve as individualidades de cada pessoa, 
exigindo assim flexibilidade e cautela, por esse motivo é necessário disposição para ouvir sem “tempo limite”, ou seja, 
deve ocupar o tempo que for necessário -> “a pressa é inimiga da perfeição”. 
A falta de conhecimento sobre os sintomas da doença limita de maneira extraordinária a possibilidade de se 
obter uma investigação clínica completa. Quando não se conhece um fenômeno, não se sabe que meios e modos 
serão mais úteis para que seja detectado e entendido. 
A anamnese se inicia com perguntas do tipo: “o que o(a) senhor(a) está sentindo?”, “qual é o seu problema?”, pode 
parecer questionamentos fáceis, porém não é tão simples, visto que nem todo paciente tem facilidade para relatar as 
informações, por isso o médico precisa se mostrar envolvido, interessado e demonstrar apoio. 
O médico tem de estar imbuído da vontade de ajudar o paciente a relatar seus padecimentos. Para conseguir tal intento, 
Bickley e Szilagyi (2010) sugerem que o examinador utilize uma ou mais das seguintes técnicas: apoio (encoraja o 
paciente), facilitação (facilitar o relato do paciente por gestos, postura...), reflexão (palavras consideradas mais 
importantes), esclarecimento (definir de forma mais clara o relato do paciente), confrontação (questionar o paciente 
quando ele falar que está bem sem estar), interpretação (interpretar os relatos e gestos dos pacientes), respostas 
empáticas (cuidado com o paciente) e silêncio (em determinadas situações, é a melhor opção). 
A anamnese é classicamente desdobrada nas seguintes partes: identificação, queixa principal, história de doença 
atual (HDA), interrogatório sintomatológico (IS), antecedentes pessoais e familiares, hábitos e estilo de vida, 
condições socioeconômicas e culturais. 
I D E N T I F I C A Ç Ã O: 
A identificação é o perfil sociodemográfico do paciente que permite a interpretação de dados individuais e coletivos, 
contém: 
NOME 1° dado da identificação – muito importante 
IDADE Cada grupo etário apresenta sua doença, então o 
raciocínio se baseia também no fator idade no 
processo de adoecimento. 
GÊNERO Há enfermidades que só ocorrem em determinado sexo, 
ou ainda, um processo de adoecimento diferenciado 
no homem e na mulher, ainda quando a doença é a 
mesma. 
COR/ETNIA Registro da cor da pele – cor branca, cor parda e cor 
preta. Existem doenças mais frequentes em um grupo 
do que em outro, por exemplo, hipertensão arterial em 
pretos e câncer de pele em brancos. 
ESTADO CIVIL Dado importante. 
PROFISSÃO/LOCAL DE TRABALHO Importante saber sobre as atividades e o local de 
atuação da pessoa, tanto atuais, quanto passadas. Em 
certas ocasiões, existe uma relação direta ou indireta 
entre o trabalho do indivíduo e a doença que lhe 
acometeu. 
NATURALIDADE Local que o paciente nasceu 
PROCEDÊNCIA Residência anterior do paciente. 
RESIDÊNCIA Residência atual do paciente – anota o endereço. 
 
NOME DA MÃE Anotar o nome da mãe do paciente é uma regra comum 
nos serviços de saúde no sentido de diferenciar os 
pacientes homônimos. 
NOME DO RESPONSÁVEL Faz-se necessário principalmente em pessoas com 
determinadas faixas etárias (criança, adolescente, 
idoso...) para se estabelecer a relação de 
corresponsabilidade ética. 
RELIGIÃO A religião à qual o paciente se filia tem relevância no 
processo saúde-doença. Alguns dados bastante 
objetivos, como a proibição à hemotransfusão em 
testemunhas de Jeová e o não uso de carnes pelos 
fiéis da Igreja Adventista, têm uma repercussão 
importante no planejamento terapêutico. 
FILIAÇÃO À ÓRGÃOS/PLANOS DE SAÚDE Possibilita o correto encaminhamento para exames 
complementares, outros especialistas ou mesmo a 
hospitais, nos casos de internação. 
 
Q U E I X A P R I N C I P A L: 
Neste item, registra-se a queixa principal ou, mais adequadamente, o motivo que levou o paciente a procurar o 
médico, repetindo, se possível, as expressões por ele utilizadas. É uma afirmação breve e espontânea, geralmente 
um sinal ou um sintoma, nas próprias palavras da pessoa que expressa o motivo da consulta. Pode ser uma anotação 
entre aspas para indicar que se trata das palavras exatas do paciente, porém o médico não deve sempre levar ao “pé 
da letra” possíveis diagnósticos dos pacientes, antes de confirmar precisa avaliar. 
Qual o motivo da consulta? • Por que o(a) senhor(a) me procurou? • O que o(a) senhor(a) 
está sentindo? • O que o(a) está incomodando? 
 
H I S T Ó R I A D A D O E N Ç A A T U A L (HDA): 
É um registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica, desde o 
seu início até a data atual. A HDA, abreviatura já consagradano linguajar médico, é a parte principal da anamnese e 
costuma ser a chave mestra para chegar ao diagnóstico. 
Identifique o sintoma – guia: permite recompor a história da doença atual com mais facilidade e precisão; por 
exemplo: a febre na malária, a dor epigástrica na gastrite, contudo isso não significa que haja sempre um único e 
constante sintoma-guia para cada enfermidade. Não é obrigatório que seja a primeira queixa relatada pelo paciente, 
porém, isso também não pode ser menosprezado. Nem é, tampouco, de maneira sistemática, o sintoma mais realçado 
pelo paciente. Na verdade, não existe uma regra fixa para determinar o sintoma-guia. Como orientação geral, o estudante 
deve escolher como sintoma-guia a queixa de mais longa duração, o sintoma mais salientado pelo paciente ou 
tomar como sintoma­guia a “queixa principal”. 
O passo seguinte é determinar a época em que teve início aquele sintoma. A pergunta padrão pode ser: “quando o 
senhor começou a sentir isso?” Nem sempre o paciente consegue se lembrar de datas exatas, mas, dentro do 
razoável, é indispensável estabelecer a época provável do início do sintoma. Dessa forma, o estudante deve esforçar-se 
para fazer uma história que tenha o sintoma-guia como espinha dorsal, enquanto os outros sintomas se articulam com 
ele para formar um conjunto compreensível e lógico. 
Elementos para analisar qualquer sintoma: ■ Início ■ Características do sintoma ■ Fatores de melhora ou piora ■ 
Relação com outras queixas ■ Evolução ■ Situação atual. 
 
 
I N T E R R O G A T Ó R I O S I N T O M A T O L Ó G I C O: 
O interrogatório sintomatológico documenta a existência ou ausência de sintomas comuns relacionados com cada um 
dos principais sistemas corporais, é um complemento da HDA. É no interrogatório sintomatológico que se origina a 
suspeita diagnóstica mais importante. 
A principal utilidade prática do interrogatório sintomatológico reside no fato de permitir ao médico levantar 
possibilidades e reconhecer enfermidades que não guardam relação com o quadro sintomatológico registrado 
na HDA. Por exemplo: o relato de um paciente conduziu ao diagnóstico de gastrite e, no IS, houve referência a edema 
dos membros inferiores. Esse sintoma pode despertar uma nova hipótese diagnóstica que vai culminar no encontro de 
uma cirrose. 
Não é fácil sintetizar o interrogatório sintomatológico quando se tem como permanente preocupação uma visão global 
do paciente. Sem dúvida, a melhor maneira é levar em conta os segmentos do corpo, mas os sistemas do organismo 
abrangem quase sempre mais de um segmento. DICA: seguir a forma CRÂNIO – CAUDAL. 
■ Sintomas gerais ■ Pele e fâneros ■ Cabeça e pescoço ■ Tórax ■ Abdome ■ Sistemas urinário e genital ■ Sistema 
hemolinfopoético ■ Sistema endócrino ■ Coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades ■ Músculos ■ Artérias, 
veias, linfáticos e microcirculação ■ Sistema nervoso ■ Exame psíquico e avaliação das condições emocionais. 
 
A N T E C E D E N T E S P E S S O A I S: 
Considera-se avaliação do estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo fatores pessoais e 
familiares que influenciam seu processo saúde-doença. Os passos a serem seguidos abrangem os antecedentes 
fisiológicos e antecedentes patológicos. 
Antecedentes fisiológicos: gestação e nascimento, desenvolvimento psicomotor e neural e desenvolvimento 
sexual. 
Antecedentes patológicos: doenças sofridas pelo paciente, alergia, cirurgias, traumatismo, transfusões 
sanguíneas, história obstétrica, vacinas e medicamentos em uso. 
 
A N T E C E D E N T E S F A M I L I A R E S: 
Os antecedentes começam com a menção ao estado de saúde (quando vivos) dos pais e irmãos do paciente. Se for 
casado, inclui-se o cônjuge e, se tiver filhos, estes são referidos. Não se esquecer dos avós, tios e primos paternos e 
maternos do paciente. Se tiver algum doente na família, esclarecer a natureza da enfermidade. 
Pergunta-se sistematicamente sobre a existência de enxaqueca, diabetes, tuberculose, hipertensão arterial, câncer, 
doenças alérgicas, doença arterial coronariana (infarto agudo do miocárdio, angina de peito), acidente vascular cerebral, 
dislipidemias, úlcera péptica, colelitíase e varizes, que são as doenças com caráter familiar mais comuns. Quando o 
paciente é portador de uma doença de caráter hereditário (hemofilia, anemia falciforme, rins policísticos, erros 
metabólicos), torna-se imprescindível um levantamento genealógico mais rigoroso e, nesse caso, recorre-se às técnicas 
de investigação genética. 
 
H Á B I T O S / E S T I L O D E V I D A: 
Este item, muito amplo e heterogêneo, documenta hábitos e estilo de vida do paciente e está desdobrado nos seguintes 
tópicos: alimentação; ocupação atual e ocupações anteriores; atividades físicas; hábitos. 
 
Alimentação: Toma-se como referência o que seria a alimentação adequada para aquela pessoa em função da idade, 
do sexo e do trabalho desempenhado. Induz-se o paciente a discriminar sua alimentação habitual, especificando, tanto 
quanto possível, o tipo e a quantidade dos alimentos ingeridos – é o que se chama anamnese alimentar. 
Ocupação atual e anteriores: Na identificação do paciente, deve-se abordar este aspecto. Naquela ocasião, foi feito o 
registro puro e simples da profissão; aqui pretendemos ir mais adiante, obtendo informações sobre a natureza do 
trabalho desempenhado, com que substâncias entra em contato, quais as características do meio ambiente e 
qual o grau de ajustamento ao trabalho. 
Atividades físicas: Torna-se cada dia mais clara a relação entre muitas enfermidades e o tipo de vida levado pela 
pessoa no que concerne à prática de exercícios físicos. Devemos questionar qual tipo de exercício físico realiza 
(p. ex., natação, futebol, caminhadas etc.); frequência (p. ex., diariamente, 3 vezes/semana etc.); duração (p. ex., por 
30 minutos, por 1 hora); e tempo que pratica (p. ex., há 1 ano, há 3 meses). 
Pessoas sedentárias ■ Pessoas que exercem atividades físicas moderadas ■ Pessoas que exercem atividades físicas 
intensas e constantes ■ Pessoas que exercem atividades físicas ocasionais. 
Hábitos: A investigação deste item exige habilidade, discrição e perspicácia. Uma afirmativa ou uma negativa sem 
explicações por parte do paciente não significa necessariamente a verdade! Deve-se investigar sistematicamente o uso 
de tabaco, bebidas alcoólicas, anabolizantes, anfetaminas e drogas ilícitas. Para reconhecimento dos pacientes que 
fazem uso abusivo de bebidas alcoólicas, vem sendo difundido o questionário CAGE (sigla em inglês), composto de 
quatro pontos a serem investigados: necessidade de diminuir (cut down) o consumo de bebidas alcoólicas; sentir­se 
incomodado (annoyed) por críticas à bebida; sensação de culpa (guilty) ao beber; necessidade de beber no início da 
manhã para “abrir os olhos” (eye­opener), ou seja, para sentir­se em condições de trabalhar. 
 
C O N D I Ç Õ E S S O C I O E C O N Ô M I C A S E C U L T U R A I S: 
As condições socioeconômicas e culturais avaliam a situação financeira, vínculos afetivos familiares, filiação 
religiosa e crenças espirituais do paciente, bem como condições de moradia e grau de escolaridade. Este item 
está desdobrado em: 
■ Habitação ■ Condições socioeconômicas ■ Condições culturais ■ Vida conjugal e relacionamento familiar. 
Habitação: é importante questionar sobre as condições de moradia: se mora em casa ou apartamento; se a casa é 
feita de alvenaria ou não; qual a quantidade de cômodos; se conta com saneamento básico (água tratada e rede de 
esgoto), com coleta regular de lixo; se abriga animais domésticos, entre outros. Indaga­se também sobre o contato com 
pessoas ou animais doentes. Se afirmativo, questiona-se sobre onde e quando ocorreu e sobre a duração do contato. 
Condições socioeconômicas: Os primeiros elementos estão contidos na própria identificação do paciente; outros são 
coletados no decorrer da anamnese.Se houver necessidade de mais informações, indagar-se-á sobre renda mensal, 
situação profissional, dependência econômica de parentes ou instituição. Todo médico precisa conhecer as 
possibilidades econômicas de seu paciente, principalmente sua capacidade financeira para comprar medicamentos e 
realizar exames complementares. 
Condições culturais: É importante destacar que as condições culturais não se restringem ao grau de escolaridade, mas 
abrangem religiosidade, tradições, crenças, mitos, medicina popular, comportamentos e hábitos alimentares. 
Tais condições devem ser respeitadas em seu contexto. 
Vida conjugal e relacionamento familiar: Investiga-se o relacionamento entre pais e filhos, entre irmãos e entre 
cônjuges. 
 
 
ANAMNESE EM PEDIATRIA: 
A particularidade mais marcante reside no fato de a obtenção de informações ser feita por intermédio da mãe ou de outro 
familiar. Às vezes, o informante é a babá, um vizinho ou outra pessoa que convive com a criança. 
 Os pais – ou os avós, principalmente – gostam de “interpretar” as manifestações infantis em vez de relatá-las 
objetivamente. É comum, por exemplo, quando o recém-nascido começa a chorar mais do que o habitual, a mãe ou a 
avó “deduzir” que o bebê está com “dor de ouvido”, isso com base em indícios 
muito inseguros ou por mera suposição. Outra característica da anamnese 
pediátrica é que esta tem de ser totalmente dirigida, não havendo 
possibilidade de deixar a criança relatar espontaneamente suas queixas. 
Durante a entrevista, o examinador deve ter o cuidado de observar o 
comportamento da mãe, procurando compreender e surpreender seus traços 
psicológicos. O relacionamento com a mãe é parte integrante do exame 
clínico da criança. 
 
ANAMNESE EM PSIQUIATRIA: 
A anamnese dos pacientes com distúrbios mentais apresenta muitas particularidades que precisam ser conhecidas pelos 
médicos, mesmo os que não se dedicam a esse ramo da medicina. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: 
A relação médico-paciente apresenta um componente cultural que não depende do que o médico faz. É uma herança do 
poder mágico dos feiticeiros, xamãs e curandeiros que antecederam o nascimento da profissão médica, mas que, ainda 
hoje, muito influencia a maneira como os pacientes veem os médicos. Não há por que menosprezar este fenômeno 
ligado à evolução da humanidade. Existe, contudo, outro componente da relação médico-paciente, este, sim, 
estreitamente ligado à própria ação do médico, pois ele surge durante 
a anamnese e é fruto da maneira como ela é feita; portanto, depende 
do médico. 
Por isso, é necessário tomar consciência da importância deste 
momento, porque ele é decisivo. Daí a razão de se dizer que o 
aprendizado do médico clínico, cuja única maneira de se 
conseguir é fazendo o exame clínico, é também a principal 
oportunidade para estabelecer as bases do aprendizado da 
relação médico-paciente que servirão para o resto da vida. Sem 
dúvida, o essencial deste aprendizado está nas vivências do próprio 
estudante, nascidas na realização de entrevistas, quando ele assume o papel de médico dentro de uma situação real e 
verdadeira, como a propiciada pelo exame de pacientes em qualquer instituição de saúde. Jamais a tecnologia 
educacional conseguirá reproduzi-la e, se o fizer, ficará faltando seu ingrediente principal, que é resultante da interação 
de duas pessoas que se põem frente a frente em busca de algo relevante para ambas.

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