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GABRIELLA PACHECO – MED102 08/01/2021 Patologia e Anatomia Patológica PATOLOGIAS GINECOLÓGICAS Recordando a anatomia do colo uterino: Posição anatômica: A tuba uterina é anterior aos ovários. ↝ Ectocérvice: Parte externa do colo uterino, constituída por epitélio escamoso; ↝ Endocérvice: Parte interna do colo uterino, constituída por epitélio glandular; ↝ Orifício cervical externo: Nem sempre o orifício vai estar mais aberto apenas em mulheres que já fizeram parto normal, pode haver uma variação anatômica. COLO UTERINO Ectrópio: É normal em pacientes mais jovens, em pacientes gestantes ou em mulheres que fazem o uso do anticoncepcional hormonal, encontrarmos essa área do colo uterino mais avermelhada na porção da ectocérvice. É uma situação de everção do epitélio glandular para a parte externa, geralmente condições de alteração hormonal, que pode ser fisiológico, é que levam a essa condição. Entrópio: Da mesma forma, encontramos a porção escamosa entrando mais profundamente pelo orifício endocervical em pacientes mais idosas. Está relacionado com a atrofia desses epitélios GABRIELLA PACHECO – MED102 Exame colpocitológico: É um teste realizado para detectar alterações nas células do colo do útero. Este exame também pode ser chamado de esfregaço cervicovaginal e colpocitologiaoncótica cervical. O nome "Papanicolaou" é uma homenagem ao patologista grego Georges Papanicolaou, que criou o método no início do século. Depois de passado o espéculo e identificado o colo uterino, é feita a coleta de material pelo palito, para raspar as células da ectocérvice ou pela escova, para pegar as células da junção desses dois epitélios e as células da região endocervical. O objetivo desse exame é fazer a detecção precoce do câncer de colo uterino. Satisfatório: Identificado, íntegro, bem distendido, bem fixado, JEC (epitélios escamoso, glandular e metaplásico. Insatisfatório: Material acelular ou hipocelular; Leitura prejudicada por: Sangue, piócitos, artefatos de dessecamento, contaminantes externos, intensa superposição celular, outros (especificar). Nomenclatura brasileira para laudos citopatológicos cervicais Diagnóstico descritivo: → Dentro dos limites da normalidade, no material examinado; → Alterações celulares benignas; → Atipias celulares. O exame pode ser: → Normal; → Inflamatório; → Alterações celulares: Significado indeterminado (repetir o exame) ✓ ASCUS - Células escamosas; ✓ AGC - Células glandulares; Displasia epitelial ✓ Baixo grau (L-Sil) - HPV e NIC I; ✓ Alto grau (H-SiI) - NIC II e NIC III; Carcinoma invasivo GABRIELLA PACHECO – MED102 Alterações celulares benignas: Inflamação, reparação, metaplasia escamosa imatura, atrofia com inflamação, radiação, outras (especificar). Microbiologia: Lactobacillus sp. (fisiológico), bacilos supracitoplasmáticos (sugestivos de Gardnerella/Mobiluncus, outros bacilos, cocos (encontrados antes de menstruar), Candida sp., Trichomonas vaginalis, sugestivo de Chlamydia sp., Actinomyces sp., efeito citopático compatível com vírus do grupo herpes. Células atípicas de significado indeterminado: → Escamosas: Possivelmente não neoplásicas, não se pode afastar lesão de alto grau; Lesão intraepitelial de baixo grau (L-Sil): Efeito citopático, NICI; Lesão intraepitelial de alto grau (H-Sil): NICII, NICIII, não podendo excluir microinvasão; Carcinoma epidermóide invasor → Glandulares: Possivelmente não neoplásicas, não se pode afastar lesão de alto grau; → De origem indefinida: Possivelmente não neoplásicas, não se pode afastar lesão de alto grau. Confirmação: Colposcopia. Conduta: Acompanhamento, conização, histerectomia. NEOPLASIA ESCAMOSA INTRAEPITELIAL E INVASIVA HPV: Agente mais importante da oncogênese cervical. Fatores de risco para a infecção pelo HPV: Início das relações sexuais em idade muito precoce, vários parceiros sexuais, grande número de gestações, parceiro sexual que já teve muitas parceiras sexuais, presença de um tipo de HPV associado a câncer, detecção persistente de um HPV de alto risco, particularmente em alta concentração (carga viral), GABRIELLA PACHECO – MED102 certos subtipos de HLA e de vírus, exposição a contraceptivos orais (mulheres que usam contraceptivos orais costumam usar menos preservativos, estando mais exposta ao vírus) e a nicotina, infecções genitais. O rastreamento com Papanicolaou é muito eficaz na prevenção. A maioria dos cânceres são precedidos por lesões pré-cancerosas, essa lesão pré-cancerosa pode permanecer em um estágio não-invasivo durante um período muito longo (anos) e desprender células anormais que podem ser detectadas pelo exame citopatológico. As alterações pré-cancerosas não evoluem invariavelmente para um câncer e podem regredir espontaneamente. O risco de desaparecerem ou evoluírem aumenta com a gravidade da lesão pré cancerosa. Infecção pelo HPV causa: Verrugas comuns, condilomas acuminados, neoplasias epiteliais (colo uterino, pênis e orofaringe). Pode ser assintomático. Os tipos 16 e 18 são considerados de alto risco oncogênico. O HPV de alto risco normalmente não gera essas lesões e verrugas, elas são causadas pelo HPV de baixo risco. Coilocitose: Alteração na célula causada pelo HPV. Atipia nuclear (hipercromasia, aumento nuclear), halo perinuclear, bi/multinucleação. Displasia epitelial: Surgimento de células atípicas nas camadas mais baixas do epitélio escamoso, maturação ascendente, perda da maturação do epitélio. Atipia celular: Variações no tamanho do núcleo, aumento na relação núcleo/citoplasma, perda da polaridade, aumento do número de figuras mitóliticas (incluindo mitoses anormais), hipercromasia, coilocitose. Enquanto a lesão evolui, ocorre uma perda progressiva da diferenciação e presença de atipia em mais camadas do epitélio, até que esse tecido seja totalmente substituído por células atípicas imaturas, que não exibem diferenciação na superfície (NICIII). Nem todas as lesões começam como condilomas ou como uma NIC de grau I. As lesões podem se encaixar em qualquer ponto da sequência do espectro, dependendo do tipo de HPV associado e de outros fatores do hospedeiro, que abrangem o tipo de célula infectada pelo vírus (escamosa madura, escamosa imatura, colunar...). GABRIELLA PACHECO – MED102 Zona de transformação: Área que abrange uma ampla gama de diferenciação epitelial (epitélio escamoso, o epitélio colunar e uma mistura dos dois) → Principal local de desenvolvimento das lesões. CARCINOMAS DE COLO UTERINO Infecção pelo HPV (considerado dependente da interação hospedeiro-vírus), pode ser assintomático. Tipos: → Células escamosas (80%); → Adenocarcinoma (15%); → Adenoescamoso; → Neuroendócrino. Fatores de risco: Múltiplos parceiros, parceiro com múltiplas parceiras, sexarca precoce, multiparidade, uso de contraceptivos orais, tabagismo, infecção persistente por tipo oncogênico de HPV, pico: 45 anos. CARCINOMAS DE CÉLULAS ESCAMOSAS → Vegetante ou exofílico (mais comum); → Ulcerativo; → Infiltrativo. O carcinoma cervical avançado propaga-se por disseminação direta e invade estruturas contíguas → Peritôneo, bexiga, ureteres, reto e vagina. Linfonodos locais e distantes podem ser afetados. Pode ocorrer metástases no fígado, nos pulmões, na medula óssea e em outras estruturas. Microscopia: Ninhos de células escamosas atípicas invadindo a parede do colo uterino. GABRIELLA PACHECO – MED102 CORPO UTERINO ENDOMETRIOSE E ADENOMIOSE Acometem mulheres em idade fértil. A endometriose é definida pela presença de tecido endometrial (glândulas ou estroma endometriais) ectópico, em local fora do útero. Várias teorias (regurgitação, metaplasia, metástase,e origem das células-tronco) são propostas para explicar a distribuição da endometriose. Ela pode ser percursora de carcinoma (carcinoma endometrioide e de células claras. Comumente resulta em dismenorreia, dor pélvica e infertilidade. ✓ Ovário: Endometrioma (mais comum); ✓ Miométrio: Adenomiose; ✓ Ligamentos uterinos, periônio, intestinos, cicatriz de cesariana, umbigo, apêndice, etc. Já na adenomiose, há ninhos irregulares de estroma endometrial, com ou sem glândulas, disposto no interior do miométrio. O útero quando está tomado por essas adenomioses ele fica com aspecto turbilhonado. Os focos de endométrio respondem à estimulação hormonal tanto extrínseca cíclica (ovariana) quanto intrínseca por meio de sangramentos periódicos. Aparecimento de nódulos com aspecto que varia de vermelho- azulado e amarelo-acastanhado sobre as superfícies serosas do local acometido. Durante o ciclo menstrual, a adenomiose comporta-se como o próprio endométrio, sofrendo degeneração e hemorragia. GABRIELLA PACHECO – MED102 Clínica: Menorragia, irregularidade menstrual e cólicas menstruais, dor cíclica (dismenorreia, dor pélvica, dispaneuria), infertilidade (30-40%). A dor é maior durante o período pré-menstrual. Quando afeta uma grande área → A organização da hemorragia causa a formação de aderências fibrosas extensas entre as tubas, os ovários e outras estruturas e também a obliteração do fundo-de-saco de Douglas. Os ovários podem se tornar muito distorcidos pela presença de grandes massas císticas (3-5cm de diâmetro) repletas de restos de sangue degradado de cor castanha → Cistos de chocolate (cisto endometriótico). Ruptura de um cisto: Causa uma hemorragia na cavidade pélvica e pode levar a um abdome agudo, dor na fossa ilíaca. LEIOMIOMA UTERINO Tumor benigno originado no músculo liso do miométrio. Tumor mais comum em humanos → 75% das mulheres em idade fértil. Múltiplos > únicos. Clínica: Pode ser assintomático, ter sangramento uterino disfuncional, sintomas compressivos (bexiga), infertilidade, abortamento, parto prematuro, apresentações anômalas. Microscopia: Feixes entrelaçados de células musculares lisas que se assemelham ao miométrio não atingido. As células musculares têm tamanhos e formatos uniformes, núcleo oval característico e processos citoplasmáticos longos e delgados. Mitoses são raras. GABRIELLA PACHECO – MED102 Macroscopia: Nódulos bem circunscritos, firmes, fasciculados, esbranquiçados, de tamanhos variáveis. Podem exibir áreas amolecidas amareladas, acastanhadas ou vermelhas (degeneração). Localização: Sésseis ou pendiculados. Pode ser intramural, submucoso ou subseroso.
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