Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Lorena Bressanini Siqueira Suporte Básico de Vida (BLS) – primeiros socorros e desobstrução das vias aéreas • Os procedimentos de emergência visam manter as funções vitais e evitar o agravamento de uma pessoa ferida, inconsciente ou em perigo de morrer, até que ela receba assistência qualificada (ou seja, é uma assistência realizada nema situação de ambiente extra-hospitalar); • Urgência: situação que não pode ser adiada, que deve ser resolvida rapidamente, pois se houver demora corre-se o risco até mesmo de morte; • Emergência: circunstâncias que necessitam de intervenção imediata. A avaliação da vítima e seu atendimento deve ser prontamente realizado de forma objetiva e eficaz (o conceito de urgência e emergência são parecidos, entretanto, a emergência é mais grave do que a urgência); • O BLS (Suporte básico de vida) inclui o reconhecimento precoce de pacientes com os primeiros sinais e sintomas de síndrome coronariana aguda, AVC e obstrução de via aérea. Inclui as manobras de RCP (ressuscitação cardiopulmonar) nas vítimas de parada e manobras de desobstrução de vias aéreas por corpo estranho. Mensagem inicial • Quanto maior o tempo sem a oferta de BLS (Suporte Básico de Vida) adequado à vítima, menor será a chance de reversão da PCR (parada cardiorrespiratória) e pior será o prognóstico neurológico observado após o retorno à circulação espontânea; • O foco principal no tratamento da parada cardíaca em adultos inclui o reconhecimento rápido, fornecimento imediato de RCP de qualidade e desfibrilação precoce da fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso. Parada cardiorrespiratória extra-hospitalar Podemos ter parada cardiorrespiratória intra-hospitalar (PCRIH) ou extra- hospitalar (PCREH). Nosso foco é a parada cardiorrespiratória extra-hospitalar. O primeiro passo do atendimento de uma PCREH é o acionamento do serviço médico de emergência, ou seja, deve-se reconhecer o ambiente e a situação do paciente e telefonar para o serviço de emergência. O segundo passo é realizar uma RCP (ressuscitação cardiopulmonar) de alta qualidade. O terceiro é fazer a desfibrilação com o DEA (desfibrilador externo automático) em pacientes com taquicardia ou fibrilação ventricular. O quarto é a ressuscitação avançada (chegada da ambulância), enquanto que o quinto são os cuidados pós-PCR. O último elo, por sua vez, é a recuperação. Suporte Básico de Vida – primeiros socorros e desobstrução das vias aéreas Lorena Bressanini Siqueira 1. Verificação da segurança da cena • Quando você se depara com uma situação de possível PCR (parada cardiorrespiratória), seu primeiro foco deve ser você mesmo! Se não, serão duas vítimas. Por exemplo, se aconteceu um acidente na estrada, a primeira coisa a ser feita é sinalizar com um triangulo ou um galho de árvore; • O algoritmo da BLS da AHA 2020 (American Heart Association 2020) inicia-se com a verificação da cena, priorizando a avaliação de riscos envolvidos a este atendimento → A cena é segura? Então vamos para o próximo passo. 2. Avaliação da responsividade • O socorrista de saúde deve verificar o pulso central em até 10 segundos, se nenhum pulso for sentido, deve assumir que a vítima está em parada cardíaca; • Após o reconhecimento da PCR, chamar ajuda (1° ELO da cadeia é chamar o serviço de emergência); • Se existir alguém por perto, convoque o indivíduo para efetuar a ligação ao serviço de emergência: 192 – SAMU; 193 – Corpo de Bombeiros; 190 – Polícia Militar. Caso o socorrista esteja sozinho na cena, ele mesmo deve providenciar ajuda ligando para o serviço de emergência (após ligar, o socorrista deve começar a massagem, por isso, se houver outra pessoa no local, o ideal é que o socorrista a mande ligar para que o atendimento ao paciente comece o quanto antes); • É crucial que a ajuda venha com um desfibrilador portátil. Não se esqueça de solicitar um DEA inicialmente! (outra coisa que também pode acontecer é que se o episódio for em um local onde tenha um DEA, como uma indústria ou algo do gênero, o socorrista deve mandar uma pessoa ligar para o serviço de emergência e outra ir buscar o DEA para que ele possa começar a RCP → o socorrista deve saber delegar tarefas); 3. Compressão torácica • A compressão torácica de qualidade (2° ELO da cadeia é justamente iniciar a massagem) deve ser prioridade, e se disponíveis dispositivos de barreira, pode-se efetuar 2 ventilações a cada 30 compressões; • Passo a passo: 1. Ajoelhe-se ao lado da vítima (o ideal é que o paciente esteja sobre uma superfície rígida); 2. Inicie a RCP na frequência em 100 a 120 vezes por minuto; 3. Coloque a base de uma mão no centro do tórax da vítima e a outra mão sobre a primeira. Os dedos devem ser entrelaçados; 4. Certifique-se de que os seus ombros estão acima do centro do tórax da vítima; 5. Cada vez que pressionar para baixo, deixe que o tórax retorne à posição inicial. Isto permitirá que o sangue flua de volta ao coração; 6. As mãos devem manter-se sempre em contato com o tórax; 7. Continue até a chegada de ajuda. Se possível, reveze com alguém para que a RCP continue numa frequência adequada (RCP cansa, por isso o ideal é revezar). Mesmo que aconteça de fraturar as costelas, deve-se continuar a RCP. RCP • Durante a reanimação cardiopulmonar, é indicada a abertura de vias aéreas. A abertura das vias aéreas é feita da seguinte maneira: com uma mão (geralmente, esquerda), inclina-se a cabeça “puxando” a testa para trás e com a outra mão (geralmente, direita), simultaneamente, eleva-se o queixo (só se faz isso caso não haja suspeita de lesão cervical); • Ao aplicar as compressões torácicas durante um atendimento de BLS, o socorrista deve colocar a base de uma das mãos no centro do tórax da vítima, na metade inferior do esterno, e a base da outra mão sobre a primeira; • Sempre que possível você deve realizar a RCP com a vítima em superfície rígida e em posição supina; • Faz-se 30 compressões → manobra para abrir a via aérea → 2 ventilações → 30 compressões (o ideal é 2 pessoas fazerem juntas, sendo que uma fica nas compressões, outra na ventilação e depois trocam-se as posições para garantir que o cansaço não prejudique a qualidade da RCP) DEA • A interrupção deve ser realizada assim que o desfibrilador estiver disponível, quando será realizada a avaliação do ritmo e a aplicação de choque – caso indicado (3° ELO da cadeia é a desfibrilação). O choque só vai ocorrer se o paciente estiver em taquicardia ou se estiver com fibrilação, pois o desfibrilador reconhece e dá o comando do choque, se necessário. OBS.: posteriormente, ao longo do curso, vamos aprender a identificar essas situações para saber se o paciente precisa ou não do DEA; Lorena Bressanini Siqueira • A grande maioria de PCRs em adultos envolvem pacientes com ritmo inicial de fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia ventricular (TV) sem pulso, portanto a desfibrilação precoce e a compressão torácica são necessárias. Se você tiver à sua disposição o DEA, deverá utilizá-lo: 1. Posicionar as placas no tórax do paciente, conforme a indicação nelas existentes; 2. Ligar o aparelho, ele fará uma análise da situação da pessoa e dará as instruções como: a) Continue as compressões ou; b) Compressões ineficientes (isso quer dizer que precisa de mais vigor e velocidade nas compressões) ou; c) Afaste-se, para que o equipamento efetue o choque (ele dá o comando e a pessoa precisa apertar o botão para que o choque aconteça). ATENÇÃO: se você não tiver um DEA, mantenha as compressões torácicas até a chegadade uma equipe de emergência 4. Suporte avançado • Após a chegada do serviço de resgate, devemos fornecer ao paciente o suporte avançado de vida (4 º ELO da cadeia, que é quando chega a ambulância) juntamente ao transporte para o serviço hospitalar priorizando as medidas pós-PCR (5º ELO da cadeia); • Familiares e cuidadores necessitam de assistência (apoio psicológico e físico aos sobreviventes e as pessoas que o cercam), pois esta é uma situação, de certa forma, traumática; • É recomendada uma avaliação para transtornos de ansiedade e depressão em pacientes e familiares. Pacientes sobreviventes muitas vezes enfrentarão problemas físicos, neurológicos, cognitivos, emocionais ou sociais, que nem sempre estão evidentes após a alta hospitalar. 5. Reabilitação • A jornada pela reabilitação e recuperação (6º ELO de cadeia) se inicia e o planejamento é fundamental. Avaliação multidisciplinar: Fonoaudiologia, neurologia, cardiologia, fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia/psiquiatria, serviço social; • O socorrista pode, eventualmente, sofrer ansiedade ou transtornos de estresse pós-traumáticos após fornecer o BLS e deve receber apoio psicológico após o evento. Importante!!! • A ênfase na desfibrilação precoce com RCP de alta qualidade é a chave para melhorar a sobrevivência à PCR súbita! • Cerca de 60 a 80% das vítimas de PCR no ambiente pré- hospitalar ocorrem em fibrilação ventricular (FV), o sucesso de ressuscitação está relacionado a uma desfibrilação precoce, ideal nos primeiros 3 a 5 minutos após a parada (AHA, 2015). A cada minuto pós-parada sem desfibrilação, as chances de sobrevida diminuem em 7 a 10%. Desobstrução das vias aéreas • A obstrução da via aérea pela língua é a causa mais comum de PCR em TCE (trauma cranioencefálico), choque e em situações clínicas com paciente inconsciente; • O relaxamento da língua da vítima em decúbito dorsal impede a passagem de ar das vias aéreas superiores para inferiores; • A inconsciência também favorece o retorno do conteúdo gástrico para a via aérea, causando asfixia; • Quando a respiração foi interrompida, deve-se utilizar as manobras de desobstrução, elevando o queixo/mento e inclinando a cabeça da vítima para trás (Chin lift) ou, em caso de traumatismo, realizar a manobra de elevação da mandíbula (Jaw thrust). OBS.: em casos de suspeita de lesão cervical, não realizar a manobra Chin lift. Obstrução de via aérea por corpo estranho Os sinais das vítimas de engasgo são: • Tosse (na tentativa de expelir o corpo estranho) • Agitação (sensação de morte) • Levar as mãos a garganta (a vítima não consegue falar) • Dificuldades para respirar • Mudança da cor da pele (cianose/arroxeados) Se a vítima não for socorrida a tempo ela poderá evoluir para PCR. Lorena Bressanini Siqueira Manobras de Heimlich Essa manobra poderá ser realizada em pessoas de qualquer idade e é feita quando a vítima ainda está consciente, pois, se não for realizada, pode haver uma evolução para uma PCR. • Apresente-se e explique o que será feito; • Posicione-se atrás da vítima; • Posicionar a mão fechada abaixo do apêndice xifoide; • Colocar a mão oposta sobre a primeira → feche bem uma das mãos, mantendo o polegar para fora e segure o punho com a outra mão; • Fazer quatro compressões firmes direcionadas para dentro e para cima; • Avaliar se a vítima voltou a respirar e se a desobstrução foi concluída; • Repita até o objeto ser expulso. Se não obtiver sucesso e notar que a vítima está prestes a desmaiar, coloque-a gentilmente no chão (o paciente vai perder a consciência e pode evoluir para parada respiratória): • Estenda o pescoço da vítima, o que facilita a passagem de ar; • Abra-lhe a boca e tente visualizar algo que possa estar causando a obstrução. Se possível retire o corpo estranho; • Se não for possível, iniciar as manobras de RCP OBS.: Manobra de Heimlich em bebês Em seguida, leve-o ao hospital.
Compartilhar