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Patologia básica - Robbins Capítulos 3 e 9 Bogliolo - Capítulos 9 e 16 Infart� Perda do suprimento sanguíneo causando necrose Causas do infarto: Aterosclerose Neoplasia Trombose Êmbolo Vasoespasmo: por algum motivo um segmento do vaso arterial sofre vasoconstrição exagerada. Usuário de cocaína geralmente tem isso As torções também podem causar obstrução dos vasos Torções -> comum no testículo, ovário, intestino No intestino: vólvulo intestinal Classificação morfológica do infarto - Infarto branco/anêmico: região com obstrução do suprimento sanguíneo fica esbranquiçada, às vezes amarelada - Infarto vermelho/hemorrágico: a região fica vermelha porque o local da necrose tecidual fica preenchimento por sangue Existe Infarto vermelho secundário - Infarto séptico: na região infartada pode ter associado à isquemia uma infecção Ex: endocardite bacteriana - Infarto asséptico: região infartada não tem infecção ⇢ O infarto branco e o infarto vermelho pode ser séptico ou asséptico Critérios que favorecem o: ↳ Infarto branco 1) Obstrução arterial 2) Circulação terminal: determinado segmento do órgão é irrigado por apenas uma artéria ou arteríola Se houver alguma obstrução desse único vaso, não haverá outro vaso para fazer a irrigação do segmento → a obstrução do único ramo leva ao processo de necrose Órgãos com circulação terminal: : cérebro, coração, rim, baço 3) Escassa circulação colateral: existem outros vasos que suprem uma região do órgão por um determinado tempo. Se houver obstrução do vaso principal, a região será suprida por outros vasinhos, nutrindo a região temporariamente → menor chances de haver necrose 4) Estroma denso: favorece a ter infarto branco porque a densidade do estroma dificulta a passagem de oxigênio e nutrientes para a região Se o estroma for frouxo, fica mais fácil transportar oxigênio e nutrientes para o local que está sofrendo isquemia Um jovem tem pouca circulação colateral, com o processo de envelhecimento o coração vai criando circulação colateral para suprir a nutrição do tecido. No coração normalmente tem infarto branco Principais órgãos de infarto branco: - Coração, rim, baço, encéfalo Região avermelhada em volta -> halo hiperêmico -> a região fica avermelhada porque a região em volta da necrose começa a sofrer inflamação aguda -> por causa da necrose tecidual O tipo de necrose é coagulativa Hiperemia: aumento de fluxo sanguíneo no local 1 Camila Guimarães Santos Infart� � Hemorragi� Hiperemia ativa: aumento de fluxo sanguíneo para o local Hiperemia passiva/congestiva: Ocorre hiperemia ativa no local porque a região está sofrendo necrose devido a obstrução da artéria/arteríola. Havendo irrigação normal nas áreas vizinhas da obstrução, o organismo quando reconhece que há tecido necrótico ocorre inflamação associada, pois as células inflamatórias são depositadas na periferia na necrose. A reação inflamatória aguda ocorre na periferia da área necrótica porque não chega sangue, não chega células de defesa, ficando mais fácil de remover o agente agressor pela periferia -> região fica mais avermelhada -> vasodilatação -> aumento de fluxo sanguíneo para o local -> hiperemia ativa Se há inflamação aguda acontecendo no local por causa da necrose, após a inflamação aguda ocorre inflamação crônica que estimula a resolução do processo inflamatório e a reparação. Quando a inflamação aguda tira o tecido necrótico o tecido começa a sofrer reparação por cicatrização ou regeneração. No exemplo da imagem acima a reparação ocorre por cicatrização A inflamação aguda, remove essa área necrosada, e logo em seguida se inicia a inflamação crônica Regeneração Cél. lábil Estável Integridade da MEC Cicatrização Lesão da MEC Células permanentes Formato de cunha/piramidal -> a ponta da cunha indica obstrução do vaso A base representa a região irrigada pelo vaso ↳ Infarto vermelho/hemorrágico: área de necrose tecidual preenchida por sangue 1) Obstrução arterial e venosa 2) Em órgãos com circulação dupla 3) Em órgãos com rede de vasos colaterais 4) Estroma frouxo/esponjoso Exemplo de órgãos: pulmão → tem circulação dupla intestino → rico em vasos colaterais Exemplo de órgão com circulação dupla A região correspondente à artéria pulmonar sofre necrose e começa a ser preenchida por sangue pela outra artéria que também irriga a região A região de necrose é preenchida de sangue Quando tem circulação colateral, a área de necrose também é preenchida de sangue que é proveniente dessa circulação colateral Por causa da obstrução venosa, inicialmente tem congestão -> aumento de pressão hidrostática no local 2 Camila Guimarães Santos ↳ Infarto séptico: além da obstrução que causa necrose também há processo inflamatório Ex: endocardite bacteriana No local onde há lesão do endocárdio, começa a ter formação de um trombo. Bacteremia transitória: muita bactéria circulando na corrente sanguínea Estafilococos e estreptococos possuem grande afinidade pelo trombo, o trombo começa a ser colonizado por bactéria, ele é friável, se desmancha facilmente. Quando tem fragmentação do trombo formado na valva, o pedacinho do trombo (êmbolo) está colonizado por bactéria -> êmbolo séptico -> provoca obstrução Obstrução -> isquemia -> necrose -> colonização da bactéria -> infecção O que gera o trombo inicialmente é a lesão do endocárdio provocada por um fluxo sanguíneo turbulento, presença de endotoxinas ou qualquer fator que cause lesão no endotélio. Isso provoca a formação de trombo na região, sendo posteriormente colonizado por bactéria ↳ Infarto vermelho secundário: infarto branco pode virar infarto vermelho. Comum no coração e cérebro. A obstrução de uma artéria em um órgão com circulação terminal gera necrose -> infarto branco Quando há remoção da obstrução da artéria, a área de necrose com infarto branco é preenchida por sangue-> infarto vermelho Ainda chamamos de infarto porque houve necrose Quanto mais rápido essa obstrução é tirada, mais tecido é mantido vivo Obstrução arterial → infarto branco → obstrução removida → espontânea ou terapêutica → fluxo restabelecido → sangue inunda a região infartada → infarto secundário vermelho ⇢ Existe possibilidade do infarto vermelho virar infarto branco? Não Consequências clínicas do infarto Depende do órgão comprometido e do tamanho da área de necrose Pequenos infartos renais e esplênicos -> passam despercebidos Hemorragi� Saída de sangue do compartimento cardiovascular para o meio externo Características ● saída de sangue do compartimento vascular ou das câmaras cardíacas para o meio externo ● o sangue que saiu pode preencher a região de interstício ou preencher uma cavidade pré-formada Cavidades pré-formadas: cavidade peritoneal, cavidade articular, cavidade pleural, cavidade pericárdica Cavidade neoformada: quando tem abscesso Aspecto microscópico da hemorragia -> diz se o quadro hemorrágico é agudo ou crônico Hemácia bem avermelhada -> indício de processo hemorrágico agudo Após o extravasamento de hemácia para a região intersticial, os macrofagos tentam remover essas hemácias, que fagocitam os constituintes da hemácia. O macrofago começa a formar no seu citoplasma a pigmentação hemossiderina. Macrófago fica com aspecto acastanhado Hemossiderina: acúmulo de ferro dentro do macrófago 3 Camila Guimarães Santos Macrófagos cheios de hemossiderina -> macrofagos acastanhados -> indicativo de que ocorreu hemorragia crônica Etiopatogênese Causa e mecanismo que leva a saída de sangue de dentro do compartimento cardiovascular 1) Alteração na integridade da parede vascular 2) Alterações dos mecanismos de coagulação sanguínea 3) Alterações quantitativas e qualitativas das plaquetas 4) Complexas: não sabemos o mecanismo Ex: dengue hemorrágica 1. a) Hemorragia por lesão de parede vascular → Ruptura ou Rexe Ex: traumatismo mecânico → Diabrose: ocorre por digestão ou erosão do vaso sanguíneo Ex: digestão enzimática em situação de quadro inflamatório crônico muito intenso, principalmente a inflamação crônica específica, que perdura por bastante tempo. Quando há muita produção de enzimas digestivas, elas começam a degradar a parede do vaso, por causa dessa ação enzimática ocorre hemorragia. Ex: aterosclerose, infecção por tuberculose, úlcera péptica (ulceração da mucosa gástrica), câncer → Hemorragia por diapedese: saída de sangue através dos espaços entre as células endoteliais Ocorre por hiperemia passiva (congestão): quando tem congestão tem alteração da pressão hidrostática que aumenta por causa do aumento do fluxo sanguíneo para o local, o sangue faz uma força de tensão na parede para tentar sair 1. b) Hemorragia por alteração na coagulação sanguínea → Deficiência congênita Causas: ● hemofilia A: redução no nível de fator VIII na cascata de coagulação ● hemofilia B: redução do nível de fator IX na cascata de coagulação Quando tem hemofilia A e B, a etapa da hemostasia secundária está comprometida Relembrando… Hemostasia tem 4 etapas: Hemostasia primária -> formação de tampão frágil -> formado apenas por plaquetas Hemostasia secundária -> formação de tampão mais resistente, há deposição de fibrina que vem da cascata de coagulação. Se há comprometimento da cascata de coagulação, a hemostasia secundária fica comprometida ● Doença de Von Willebrand: redução da produção do fator Von Willebrand (FVW). Fator importante para fazer a adesão plaquetária, intermedia a adesão entre a plaqueta e o endotélio. Ele liga-se ao colágeno subendotelial, à glicoproteína Gp1b. Se nao tem produção desse fator não ocorre adesão plaquetária -> hemostasia primária fica comprometida Ex: Síndrome de Bernard-Soulier (nao tem Gp1b) Trombastenia de Glanzmann (comprometimento do complexo IIB IIIA -> importante para fazer agregação plaquetária) Comprometimento da agregação plaquetária -> etapa da hemostasia primária comprometida → Deficiência adquirida Causas: ● Doenças hepáticas: favorece quadro hemorrágico porque a maioria dos componentes que constituem a cascata de coagulação são produzidas no fígado (fator II, VII, IX, X, proteínas C e S) Redução desses fatores da cascata de coagulação -> comprometimento da hemostasia secundária ● Doenças carenciais: deficiência de vitamina K -> deixa os fatores de coagulação ativos Deficiência de vitamina K -> comprometimento da hemostasia secundária ● Coagulopatia de consumo: ativação dos fatores de coagulação por causa de uma resposta inflamatória sistêmica, ativação de todos os fatores pró-coagulantes. Quando há hemorragia, não tem mais fator de pró-coagulação para estancar 4 Camila Guimarães Santos 3) Hemorragia por alterações quantitativas ou qualitativas de plaquetas -> alterações na hemostasia primária → Redução do número de plaquetas (trombocitopenia) -> favorece quadro hemorrágico → Trombocitopatia (alteração funcional de plaquetas) -> alteração qualitativa Causas: ● utilização de anti-inflamatorios nao esteroides -> inibe produção de tromboxano A2 -> importante para agregação plaquetária ● uremia: aumento do nível de ureia na corrente sanguínea -> paciente com insuficiência renal -> altera a funcionalidade das glicoproteínas -> alteração funcional das plaquetas -> comprometimento da complexo GpIIb/IIIa -> comprometimento da hemostasia primária Quando o sangue sai do compartimento cardiovascular, pode ficar: -> acumulado na extensão da superfície corpórea: pele e mucosa -> intimamente acumulado no órgão: por causa do extravasamento do interstício do órgão -> preencher cavidade pré-formada -> exteriorização por orifícios corporais: boca, ânus → Petéquias: áreas hemorrágicas pequenas, múltiplas. Ocorre por alteração na coagulação e nas plaquetas → Púrpuras: áreas hemorrágicas maiores que petéquias, 1cm. Encontrada na pele, na mucosa, no interstício do órgão. Ocorre por alteraçãona coagulação e nas plaquetas → Equimose: expressão da hemorragia na pele, área hemorrágica mais extensa, entre 1 e 2 cm. Pode apresentar discreta elevação de volume, tem coloração azulada ou arroxeada. Ocorre principalmente por traumatismo Ex: “chupão no pescoço” 5 Camila Guimarães Santos → Hematoma: maior que 2 cm, provoca tumoração, o local onde o sangue sai dos vasos sanguíneos provoca tumoração, fica aumentado. Esse tipo de hemorragia ocorre geralmente por traumatismo Hemorragias em cavidades pré-formadas são denominadas de acordo com a topografia • Hemartrose: Cavidade articular; • Hemotórax: Cavidade Pleural; • Hemopericárdio: Cavidade pericárdica; • Hemoperitônio: Cavidade Peritoneal; • Hemossalpinge: Luz da tuba uterina; • Hematométrio: Cavidade uterina; • Hematocolpo: Cavidade vaginal; • Hemobilia: Hemorragia no interior da vesícula biliar ou dos ductos biliares; A exteriorização de hemorragias por orifícios corporais também recebe denominações específicas • A eliminação de sangue pelas narinas é denominada epistaxe; • Hemoptise: Hemorragia na tosse e oriunda do sistema respiratório; • Hematêmese é a eliminação de sangue pela boca oriundo do sistema digestório e eliminado por vômito; • Otorragia é a perda de sangue pelo meato acústico externo; • Hematúria é a eliminação de sangue com a urina, podendo ser macroscópica ou microscópica; • Metrorragia é a perda de sangue originado do útero fora da menstruação; • Hifema: hemorragia da câmara anterior do olho. • Hiposfagma: é a hemorragia ocular subconjuntival. Sangue eliminado pelo orificio anal • Melena: sangue digerido que sai oculto nas fezes (fezes bem fedida e escura) • Hematoquezia: sangue não digerido, sai avermelhado Trato digestório superior: esôfago, estômago, duodeno Trato digestivo inferior: jejuno até canal anal Quando há melena -> hemorragia no trato digestório superior Quando há hematoquezia e enterorragia -> hemorragia no trato digestivo inferior Enterorragia: hemorragia mais intensa Consequências Clínicas • Depende do volume, velocidade e localização; • A perda rápida de até 20% do volume sanguíneo pode ter pouco impacto em adultos saudáveis; • Perdas maiores podem causar choque hemorrágico (hipovolêmico); • Sangramento que seria trivial nos tecidos subcutâneos pode levar a óbito se localizado no cérebro; • Perda de ferro e pode levar a uma anemia por deficiência de ferro; 6 Camila Guimarães Santos
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