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M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P6- Emoção Tutoria- Percepção, Consciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 1 Emoção Objetivos de aprendizado 1. Descrever a relação do hipotálamo com o processamento das emoções (estrutura e função juntos) 2. Descrever as partes do sistema límbico, como se relacionam e a relação do sistema límbico com as emoções 3. Relacionar o sistema límbico com o sistema endócrino Hipotálamo Estrutura O hipotálamo está localizado acima da hipófise e ocupa uma posição ventral do diencéfalo ao redor do terceiro ventrículo. Ele possui uma posição chave no sistema límbico, estando presente no meio deste. Pode ser dividido em três zonas longitudinais (periventricular, medial e lateral) e quatro regiões distintas no sentido rostrocaudal (pré-óptica, anterior, tuberal e mamilar) A zona periventricular exerce papel no controle do sistema endócrino, controlando a secreção de hormônios da neuro-hipófise e secretando hormônios reguladores da adeno-hipófise. Existem grupos celulares envolvidos no controle de neurônios pré- ganglionares simpáticos e parassimpáticos A zona medial recebe aferências das regiões límbicas do telencéfalo, fundamental para respostas comportamentais para a sobrevivência do indivíduo no meio A zona lateral possui neurônios entre as fibras do fascículo prosencefálico medial. Ela integra as respostas de alerta generalizado, evidentes quando ocorre a execução de comportamentos motivados Suas estruturas são conectadas, com vias bidirecionais e imitem sinais em três direções: 1. Até o tronco encefálico, para as áreas reticulares, e dessas áreas para os nervos periféricos do SNA 2. Ascendente, para o diencéfalo e prosencéfalo, para a parte anterior do tálamo e porções límbicas do córtex cerebral 3. Infundíbulo hipotalâmico, controlando as funções da hipófise Função O hipotálamo realiza o controle do sistema límbico e da maioria das funções vegetativas e endócrinas do corpo, como a regulação da pressão arterial, na sede e na conservação de água, apetite e gasto de energia, regulação da temperatura e controle endócrino Efeitos comportamentais: 1. A região lateral causa sede e fome, também aumenta o nível geral de atividade, levando à raiva e luta 2. O núcleo ventromedial e áreas adjacentes causa sensação de saciedade, diminuição da alimentação e tranquilidade 3. A zona estreita dos núcleos periventriculares adjacentes ao terceiro ventrículo leva a reações de medo e punição 4. O desejo sexual é causado por estímulos nas porções mais anteriores e posteriores M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P6- Emoção Tutoria- Percepção, Consciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 2 Funções de recompensa e punição As sensações sensoriais possuem uma natureza afetiva, isto é, se as sensações são agradáveis ou desagradáveis. Essas qualidades afetivas são também chamadas recompensas ou punição, ou satisfação ou aversão. Os graus de estimulação desses dois sistemas opostos de resposta influenciam muito o comportamento Centros de recompensa Os principais centros de recompensa estão localizados ao longo do curso do fascículo prosencefálico medial, especialmente nos núcleos lateral e ventromedial do hipotálamo. Se o núcleo lateral receber fortes estímulos, podem causar raiva. Em muitas áreas em que estímulos fracos causam a sensação de recompensa, e estímulos fortes, a sensação de punição Centros de recompensa que são provavelmente secundários aos principais do hipotálamo, são encontrados na área septal, na amígdala, em certas áreas do tálamo e gânglios da base, e estendem para baixo pelo tegmento basal do mesencéfalo Centros de punição As áreas mais potentes para as tendências de punição e fuga foram encontradas na substância cinzenta circundando o aqueduto de Sylvius, no mesencéfalo, e se estendendo para cima, para as zonas paraventriculares do hipotálamo e tálamo. Existem áreas menos potentes em algumas localizações da amígdala e do hipocampo. Eles podem inibir por completo os centros de recompensa e prazer, mostrando que punição e medo podem prevalecer sobre prazer e recompensa Associação da fúria com os centros de punição Os centros de punição do hipotálamo e de outras estruturas límbicas podem realizar o padrão de fúria A estimulação forte dos centros de punição na zona periventricular e na região lateral do hipotálamo faz: 1. Desenvolver postura defensiva 2. Sibilar 3. Cuspir 4. Rosnar 5. Desenvolver piloereção, olhos arregalados e pupilas dilatadas Qualquer estímulo pequeno pode fazer com que ocorre um ataque selvagem. Esse tipo de comportamento é o esperado se o animal estivesse sendo gravemente punido, sendo um padrão de comportamento chamado de fúria ou ira Esse fenômeno é freado principalmente por sinais inibitórios dos núcleos ventromediais do hipotálamo. Essa inibição recebe ajuda de porções do hipocampo e do córtex límbico anterior, especialmente nos giros cingulados anteriores e giros subcalosos Quando os centros de recompensa são estimulados, ocorre um comportamento de placidez e docilidade Importância Se estivermos fazendo algo que é recompensador, continuamos fazendo, enquanto, se formos punidos, paramos de fazer. Esse sistema constitui um dos controladores mais importantes das nossas atividades físicas, desejos, aversões e motivações Importância na memória A experiência sensorial que não cause recompensa ou punição é pouco lembrada. Se a experiência sensorial não provocar sensação de recompensa ou de punição, a repetição do estímulo mais e mais vezes leva à extinção quase completa da resposta do córtex cerebral, ou seja, quando a pessoa se habitua a esse estímulo, ela posteriormente o ignora Se o estímulo de fato causar recompensa ou punição, em vez de indiferença, a resposta do córtex cerebral ficará cada vez mais intensa durante estimulação repetida em vez de desaparecer, e diz-se que a resposta é reforçada. A pessoa acumula fortes traços de memória para sensações que são recompensadoras ou punitivas, mas por outro lado, desenvolve habituação completa a estímulos sensoriais diferentes. Isso tem muito a ver com a seleção da informação que aprendemos Sistema límbico Estruturas principais M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P6- Emoção Tutoria- Percepção, Consciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 3 Hipocampo É a porção do córtex cerebral que se dobra para dentro para formar a superfície ventral da parede interna do ventrículo lateral. Uma de suas extremidades encosta no núcleo amigdaloide e, ao longo da sua borda lateral, ele se funde com o giro para-hipocampal, que é o córtex cerebral da superfície externa ventromedial do lobo temporal Ele possui numerosas conexões, mas principalmente indiretas com a maioria das porções do córtex cerebral, bem como estruturas basais do sistema límbico, como a amígdala, hipotálamo, área septal e os corpos mamilares Quase todas as experiências sensoriais levam a ativação de pelo menos parte do hipocampo, distribuindo sinais para o tálamo anterior, hipotálamo e outras partes do sistema límbico, principalmente pelo fórnix A sua estimulação pode levar a diferentes padrões comportamentais, como prazer, raiva, passividade ou excesso de desejo sexual. Ele tem um diferente tipo de córtex em relação a qualquer outra parte do prosencéfalo, com apenas três camadas de células nervosas Amígdala Ela é um complexo de múltiplos núcleos localizados imediatamente abaixo do córtex cerebral do polo medial anterior de cada lobo temporal. Ela tem conexões bilaterais com o hipotálamo, bem como com outras áreas do sistema límbico Ela está envolvida em grau extenso com o estímulo olfativo e suas interrekações com o cérebro límbico.As divisões do trato olfativo terminam no núcleo corticomedial. O núcleo basolateral desempenha papéis importantes em diversas atividades comportamentais geralmente não associadas ao estímulo olfativo Ela recebe sinais neuronais de todas as porções do córtex límbico, bem como do neocórtex dos lobos temporal, parietal e occipital, especialmente das áreas de associação visual e auditiva. Ela vê o lugar da pessoa no mundo. Transmite sinais: 1. De volta para essas mesmas áreas corticais 2. Para o hipocampo 3. Para a área septal 4. Para o tálamo 5. Para o hipotálamo Lobo límbico Na superfície medial existem grupos de áreas corticais distintas do córtex circundante. Essa coleção de áreas corticais formam o lobo límbico, em formato de anel, ao redor do tronco encefálico. Ele é constituído de córtex ao redor do corpo caloso, córtex na superfície medial do lobo temporal e hipocampo Córtex límbico O córtex límbico fica ao redor das estruturas límbicas subcorticais. Ele funciona como zona de transição pela qual sinais são transmitidos do resto do córtex cerebral para o sistema límbico e também na direção oposta. Ele funciona como uma área associativa cerebral de controle do comportamento Circuito de Papez O circuito de Papez é um sistema de emoção, que liga o córtex ao hipotálamo. Papez propôs que a atividade evocada em outras áreas neocorticais por M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P6- Emoção Tutoria- Percepção, Consciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 4 projeções do córtex cingulado adiciona o colorido emocional a nossas experiências Nesse circuito, o hipotálamo governa a expressão. Comportamental da emoção. O hipotálamo e o neocórtex estão arranjados de forma que um pode influenciar o outro, ligando, assim, a expressão e a experiência da emoção No circuito, o.córtex cingulado afeta o hipotálamo por meio do hipocampo e do fórnice, ao passo que o hipotálamo afeta o córtex cingulado por meio do tálamo anterior. Essa comunicação é bidirecional compatível com ambas as teorias de emoção Teorias da emoção Teorias da emoção básica Algumas emoções estão pelo menos associadas a padrões distintos de atividade no encéfalo e a respostas fisiológicas únicas no corpo. De acordo com as teorias da emoção básica, certas emoções sejam experiências indivisíveis e únicas que são inatas e universais entre culturas. Em geral, são consideradas emoções básicas a raiva, o desgosto, o medo, a felicidade, a tristeza e a surpresa As emoções básicas possuem circuitos distintos no encéfalo. Registros de imagens por ressonância magnética funcional em encéfalos humanos é possível observar diferentes atividades durante o processamento de emoções. Primeiro, há diferentes “pontos quentes” – áreas onde determinada emoção está relacionada à atividade encefálica particularmente alta. Segundo, cada emoção está associada a um conjunto de áreas menores ou maiores onde a atividade encefálica é mais baixa. Por fim, algumas regiões ativadas estão associadas a mais de uma emoção Uma interpretação é que a região de mais alta atividade representaria de forma única uma emoção, como o córtex pré-frontal medial para a tristeza, de modo semelhante aos segmentos de áreas do córtex visual seletivos para faces nos lobos temporais. Alternativamente, o padrão de ativação poderia ser a base da emoção e cada região encefálica ativa seria uma peça do quebra-cabeças. Sejam áreas isoladamente ou redes de áreas as representações únicas das emoções, poderíamos, a princípio, esquadrinhar encéfalos de pessoas e saber o que estão sentindo. Isso seria consistente com o conceito de que emoções básicas teriam representações únicas e distintas. Até o momento, não sabemos qual dessas interpretações está correta. Teorias dimensionais Essas teorias são baseadas na ideia de que as emoções, mesmo as emoções básicas, podem ser desmontadas em elementos fundamentais menores combinados em formas e quantidades diferentes, assim como os elementos da tabela periódica são feitos de prótons, nêutrons e elétrons Imagine um gráfico bidimensional com eixos marcados desse modo; cada experiência emocional estaria localizada em uma parte diferente do gráfico. Obviamente, para qualquer emoção, como a felicidade, por exemplo, haveria uma variação normal ao longo de uma dimensão, como a intensidade emocional (alerta). As teorias psicológico-construcionistas da emoção são uma variação das teorias dimensionais. Essas teorias são semelhantes às teorias dimensionais no sentido em que consideram as emoções como constituídas de pequenos blocos construtivos. Uma diferença-chave é que, nos modelos construcionistas, as dimensões não possuem peso afetivo. Em vez de dimensões como a agradabilidade, um estado emocional é construído de processos fisiológicos que, por si, não se referem apenas às emoções. Teoria de James-Lange Propôs que experimentamos a emoção em resposta a alterações fisiológicas em nosso organismo. Ou seja, ao avistar uma aranha, por exemplo, o seu sistema visual envia uma imagem da aranha para o seu encéfalo, que responde enviando comandos ao sistema nervoso somático e ao sistema nervoso visceral – simpático/parassimpático/entérico –, os quais alteram funções em músculos e órgãos diversos. Essas respostas do corpo são consequência direta da entrada sensorial, sem um componente emocional. A emoção M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P6- Emoção Tutoria- Percepção, Consciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 5 que você experimenta consiste em seus sentimentos, que resultam de alterações em seu corpo Teoria de Cannon-Bard Ela propõe que a experiência emocional pode ocorrer independentemente da expressão emocional. Um dos argumentos de Cannon contra a teoria de James-Lange era de que as emoções podem ser experimentadas mesmo quando mudanças fisiológicas não podem ser sentidas. Se a experiência emocional ocorre quando o encéfalo sente mudanças fisiológicas no organismo, conforme propõe a teoria de James-Lange, então a eliminação das sensações deveria, também, eliminar as emoções, e esse não parecia ser o caso. A nova teoria de Cannon focou a ideia de que o tálamo teria um papel especial nas sensações emocionais. Nessa teoria, a entrada sensorial é recebida pelo córtex cerebral, que, por sua vez, ativa certas mudanças no organismo. No entanto, de acordo com Cannon, esse circuito neural de estímulo-resposta, em si, é desprovido de emoção. As emoções são produzidas quando sinais alcançam o tálamo, seja diretamente, a partir dos receptores sensoriais, seja por estímulos corticais descendentes. Em outras palavras, o caráter da emoção é determinado pelo padrão de ativação do tálamo, independentemente da resposta fisiológica à entrada sensorial Processamento feito pelo hipocampo Aprendizado Quando porções do hipocampo são removidas, só conseguimos nos lembrar das memórias aprendidas e ocorridas previamente. Elas não conseguem aprender praticamente nenhuma informação nova que seja baseada em simbolismo verbal. Mesmo que elas possam relembrar, por algum momento, isso desaparece com o decorrer de suas atividades. Esse fenômeno é chamado de amnésia anterógrada O hipocampo se originou como parte do córtex olfativo. Ele presumivelmente se tornou mecanismo neuronal importante na tomada de decisões, determinando a importância dos sinais sensoriais que chegavam. Uma vez em que essa capacidade crítica em tomar decisões tenha sido estabelecida, o restante do cérebro também começa a implicar o hipocampo na tomada de decisões. Consequentemente, se o hipocampo sinaliza que a informação que chega é importante, essa informação provavelmente será armazenada na memória A pessoa ficara rapidamente habituada aos estímulos indiferentes, mas vai aprender com atenção qualquerexperiência sensorial que cause prazer ou dor. O hipocampo fornece impulso que causa a transformação da memória a curto prazo em memória a longo prazo. O hipocampo transmite esses sinais que parecem fazer com que a mente repita a nova informação, até que o armazenamento permanentemente esteja completo Estimulação da amígdala Existem áreas de conhecimento comportamental que operam em nível semiconsciente. Elas também projetam para o sistema límbico o estado atual da pessoa a respeito de seu ambiente e de seus pensamentos, fazendo com que a resposta comportamental da pessoa seja adequada para cada ocasião A estimulação da amígdala pode causar quase todos os mesmos efeitos produzidos pela estimulação do hipotálamo. Os efeitos iniciados por ela e então, finalizados pelo hipotálamo são: 1. Aumento ou diminuição da pressão arterial 2. Aumento ou diminuição da frequência cardíaca 3. Aumento ou diminuição na motilidade e secreção gastrointestinal 4. Defecação ou micção 5. Dilatação e contração pupilar 6. Piloereção 7. Secreção de hormônios da hipófise anterior Além disso, ainda pode causar alguns movimentos involuntários: 1. Movimentos tônicos como inclinar o corpo ou levantar a cabeça 2. Movimentos circulares 3. Movimentos clônicos ou rítmicos 4. Movimentos associados ao olfato ou à alimentação, como lamber, mastigar ou deglutir A estimulação de alguns núcleos pode levar a padrões de raiva, fuga, punição, dor grave e medo, similares aos padrões de raiva produzidas pelo hipotálamo, além de reações de recompensa e prazer. Pode também causar atividades sexuais que incluem ereção, movimentos copulatórios, ejaculação, ovulação, atividade uterina e parto prematura Síndrome de Klüver-Bucy Quando ocorre a ablação bilateral da amígdala, essa remoção causa mudanças de comportamento referidas como síndrome de Klüver-Bucy, fazendo com que a pessoa: 1. Não sinta medo de nada 2. Tenha extrema curiosidade sobre tudo 3. Esqueça rapidamente 4. Tem apetite sexual tão forte que tenta copular com indivíduos imaturos, com que não possui atração sexual, ou até mesmo com espécies diferentes M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P6- Emoção Tutoria- Percepção, Consciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 6 Processamento do córtex límbico A estimulação de porções específicas do córtex pode produzir muitos padrões comportamentais Quando o córtex temporal anterior é removido dos dois lados, as amígdalas são também danificadas, ocorrendo a síndrome de Klüver-Bucy. Há o desenvolvimento especialmente de comportamentos compulsórios: ele investiga todo e qualquer objeto, tem desejos sexuais intensos dirigidos a indivíduos inadequados ou, até mesmo, a objetos inanimados, perde qualquer medo e desenvolve docilidade Quando o córtex oblitofrontal posterios é removido, faz com que o indivíduo desenvolva insônia, associada à intranquilidade motora intensa, tornando a pessoa incapaz de ficar quieta e locomover-se continuamente Quando os giros cingulados anteriores e os giro subcalosos são danificados, como são as porções do córtex límbico que fazem a comunicação entre o córtex cerebral pré-frontal e as estruturas límbicas subcorticais, a sua destruição libera os centros da raiva, na região septal do hipotálamo, da influência inibitória pré-frontal. Portanto, pode ficar mais agressivo e muito mais sujeito a episódios de raiva Medo aprendido Memórias de eventos emocionais são particularmente vívidas e duradouras. Isso é, indubitavelmente, verdadeiro para o medo aprendido. Por meio da socialização ou de experiências dolorosas, todos aprendemos a evitar certos comportamentos pelo medo de sermos feridos Memórias associadas ao medo podem ser rapidamente formadas e durarem muito. Embora não se acredite que a amígdala seja um sítio de armazenamento primário da memória, alterações sinápticas na amígdala parecem estar envolvidas na formação de memórias para eventos emocionais. Diversos experimentos sugerem que neurônios na amígdala possam “aprender” a responder a estímulos associados à dor, e, após tal aprendizado, esses estímulos passam a evocar uma resposta de medo. Após o condicionamento, contudo, os neurônios no núcleo central da amígdala respondiam ao tom relacionado ao trauma (mas não ao tom benigno). Parece que a resposta condicionada na amígdala se origina de mudanças sinápticas nos núcleos basolaterais. O pareamento de um tom neutro com um estímulo doloroso leva a alterações na eficácia sináptica, que aumentam a resposta da amígdala ao tom após o condicionamento. Eferentes do núcleo central projetam- se ao hipotálamo, que pode alterar o estado do sistema nervoso visceral em qualquer de suas divisões, simpática, parassimpática ou entérica, e à substância cinzenta periaquedutal no tronco encefálico, que pode evocar reações comportamentais via sistema motor somático. Acredita-se que a experiência emocional tenha base na atividade do córtex cerebral. Quando o indivíduo recebe um estímulo visual relacionado a dor, as amígdalas são estimuladas, mesmo que sejam apenas demonstradas imagens de situações dolorosa se possivelmente traumatizantes. O aumento na memória para figuras emocionais apresentou correlação com a atividade registrada na amígdala. Não houve tal correlação para figuras neutras. Agressividade Amígdala Existem dois tipos de agressividade. A agressividade predatória envolve o ataque contra um membro de uma espécie diferente, com o propósito de obter alimento, como, por exemplo, um leão que caça uma zebra. A agressividade predatória não está associada a altos níveis de atividade do sistema nervoso simpático. A agressividade afetiva parece almejar fins demonstrativos, e não os de matar para se alimentar, e envolve altos níveis de atividade simpática. Um animal que exibe agressividade afetiva geralmente faz vocalizações enquanto adota uma postura ameaçadora ou defensiva. A amígdala é importante para a agressividade normalmente envolvida na manutenção de uma posição na hierarquia social. Isso é consistente com o achado de que a estimulação elétrica da amígdala pode produzir um estado de agitação ou de agressividade afetiva. Hipotálamo A raiva simulada, uma vez que o animal mostrava todas as manifestações comportamentais de raiva, porém em uma situação que normalmente não induziria raiva. A raiva simulada pode ser observada se o hipotálamo anterior for destruído juntamente com o córtex, mas não ocorre se a lesão for aumentada para incluir a metade posterior do hipotálamo. A implicação desse achado é que o hipotálamo posterior pode ser particularmente importante para a expressão da raiva e da agressividade e que é normalmente inibido pelo telencéfalo Quando algumas regiões são estimuladas, podem gerar respostas relacionadas à expressão emocional podem incluir alterações na frequência cardíaca, dilatação da pupila e motilidade gastrintestinal, para citar apenas algumas. Uma vez que a estimulação de algumas partes do hipotálamo M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P6- Emoção Tutoria- Percepção, Consciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 7 também provoca um comportamento característico de medo e raiva, a hipótese é de que essa estrutura seja um componente importante do sistema normalmente envolvido na expressão dessas emoções. A agressividade afetiva, também conhecida como ameaça de ataque, foi observada após a estimulação de sítios específicos do hipotálamo medial. A agressividade predatória, que Flynn denominou ataque silencioso com mordida, foi evocado pela estimulação de partes do hipotálamo lateral. Mesencéfalo Há duas vias principais pelas quais o hipotálamo envia sinais envolvendo funções neurovegetativas para o tronco encefálico: o feixe prosencefálico medial e o fascículo longitudinal dorsal. Axôniosdo hipotálamo lateral fazem parte do feixe prosencefálico medial e se projetam para a área tegmentar ventral no mesencéfalo. A estimulação de sítios na área tegmentar ventral pode provocar comportamentos característicos da agressividade predatória, exatamente como a estimulação do hipotálamo lateral. Por outro lado, lesões da área tegmentar ventral podem fazer cessar os comportamentos ofensivos da agressividade. Uma descoberta que sugere influências do hipotálamo no comportamento agressivo por meio de seu efeito na área tegmentar ventral é que a estimulação hipotalâmica não evocará agressividade se o feixe prosencefálico medial for seccionado O hipotálamo medial projeta axônios para a substância cinzenta periaquedutal (SCPA) do mesencéfalo através do fascículo longitudinal dorsal. A estimulação elétrica da substância cinzenta periaquedutal pode produzir agressividade afetiva, e lesões localizadas nessa região podem fazer cessar esse comportamento. É interessante que o hipotálamo e a substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo parecem ter influência sobre o comportamento, em parte com base em sinais que chegam originários da amígdala Regulação serotonérgica Uma variedade de estudos sugere que o neurotransmissor serotonina desempenha um papel importante na regulação da raiva e da agressividade. Neurônios serotoninérgicos localizados nos núcleos da rafe do tronco encefálico ascendem no feixe prosencefálico medial, projetando-se ao hipotálamo e a várias estruturas límbicas envolvidas com a emoção Há pelo menos 14 subtipos de receptores para a serotonina, e parece que os subtipos 5-HT1A e 5- HT1B estão envolvidos na modulação da raiva e da agressividade. Maior agressividade estava associada à menor atividade serotoninérgica. Em seres humanos, há muitos relatos de uma correlação negativa entre a atividade serotoninérgica e a agressividade. Por exemplo, em um estudo em homens militares que haviam sido diagnosticados com transtornos de personalidade, observou-se que a agressividade apresentou relação inversa com os níveis de ácido 5-hidroxi-indolacético (5-HIAA), um metabólito da serotonina, no líquido cerebrospinal. De um ponto de vista mecanístico, o sistema é complexo. Os neurônios serotoninérgicos projetam-se amplamente para o encéfalo. Receptores 5-HT1A e 5- HT1B estão distribuídos amplamente e apresentam, assim como os demais receptores da serotonina, interações com outros sistemas de neurotransmissores. Além disso, há uma retroalimentação negativa no sistema, pois muitos dos receptores 5-HT1A e 5-HT1B são autorreceptores. Alguns autorreceptores nos neurônios da rafe que inervam amplamente o encéfalo com serotonina são pré-sinápticos. A ativação desses receptores inibe a liberação de serotonina em todo o encéfalo. Com essa retroalimentação negativa, a liberação de serotonina afeta os neurônios da rafe, de modo a reduzir uma posterior liberação desse neurotransmissor Relação com o sistema endócrino Além do controle das atividades pelo tronco encefálico, pode ocorrer a regulação por outro mecanismo Esse mecanismo consiste na secreção de agentes hormonais neurotransmissores excitatórios ou inibitórios, na própria substância do cérebro. Esses neurônios, em geral, persistem por minutos a horas e, consequentemente, permitem longos períodos de controle, em vez de apenas ativação ou inibição instantânea. Há três sistemas neuro-hormonais, que foram estudados em detalhes no cérebro do rato: 1. O sistema da norepinefrina 2. O sistema da dopamina 3. O sistema da serotonina Usualmente, a norepinefrina funciona como hormônio excitatório, enquanto a serotonina é inibitória e a dopamina é excitatória em algumas áreas, mas inibitória em outras. O sistema da norepinefrina se dispersa para praticamente todas as áreas do encéfalo, enquanto os sistemas serotoninérgico e dopaminérgico são direcionados para regiões muito mais específicas do encéfalo — o dopaminérgico, principalmente, para as regiões dos gânglios da base e o serotoninérgico mais para estruturas da linha média. As áreas do tronco cerebral, no cérebro humano, ativam quatro sistemas neuro-hormonais, sendo o quarto, o sistema de acetilcolina. Algumas das M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P6- Emoção Tutoria- Percepção, Consciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 8 funções específicas desses mecanismos são as seguintes: 1. O locus ceruleus e o sistema da norepinefrina. O locus ceruleus é a pequena área situada bilateral e posteriormente na junção entre a ponte e o mesencéfalo. Fibras nervosas dessa área se espalham por todo o encéfalo, liberando norepinefrina. A norepinefrina, em geral, excita o cérebro para aumentar sua atividade. Entretanto, ela tem efeito inibitório em algumas áreas cerebrais, por causa de receptores inibitórios em certas sinapses neuronais 2. A substância negra e o sistema dopaminérgico. Ela se localiza anteriormente na parte superior do mesencéfalo, e seus neurônios se projetam em sua maioria para o núcleo caudado e para o putâmen do prosencéfalo, onde liberam dopamina. Outros neurônios, situados nas regiões adjacentes, também secretam dopamina, mas enviam suas projeções para áreas mais ventrais do encéfalo, em especial para o hipotálamo e para o sistema límbico. Acredita-se que a dopamina atue como transmissor inibitório nos gânglios da base, mas em algumas regiões ela é, possivelmente, excitatória. A destruição dos neurônios dopaminérgicos na substância negra é a causa básica da doença de Parkinson 3. Os núcleos da rafe e o sistema serotoninérgico. Na linha média da ponte e do bulbo, existem diversos núcleos estreitos, chamados núcleos da rafe. Muitos dos neurônios, nesses núcleos, liberam serotonina. Eles enviam fibras para o diencéfalo e algumas fibras para o córtex cerebral; ainda, outras fibras descem para a medula espinal. A serotonina, liberada nas terminações nervosas da medula, tem a capacidade de suprimir a dor. A serotonina liberada no diencéfalo e no prosencéfalo quase certamente desempenha papel inibitório essencial para a indução do sono normal 4. Os neurônios gigantocelulares da área reticular excitatória e o sistema colinérgico. Antes, discutimos os neurônios gigantocelulares (células gigantes) na área reticular excitatória da ponte e do mesencéfalo. As fibras dessas grandes células se dividem imediatamente em dois ramos, um que se dirige para cima, para níveis superiores do cérebro, e outro que se dirige para baixo, pelos tratos reticuloespinais, para a medula espinal. A substância neuro-hormonal liberada em suas extremidades é a acetilcolina. Na maioria dos locais, a acetilcolina funciona como neurotransmissor excitatório. A ativação desses neurônios colinérgicos promove um sistema nervoso abruptamente desperto e excitado. Outras substâncias neuro-hormonais que funcionam tanto em sinapses específicas quanto por sua liberação nos líquidos do cérebro: encefalinas, ácido gama-aminobutírico, glutamato, vasopressina, hormônio adrenocorticotrópico, hormônio estimulador de a- melanócito (a-MSH), neuropeptídeo Y (NPY), epinefrina, histamina, endorfinas, angiotensina II e neurotensina.
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