Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P3- Sist. Somatossensorial Percepção, Cosnciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 1 Sistema somatossensorial Introdução O sistema somatossensorial é o sistema pelo qual ocorre a codificação da informação sensorial. Essa informação somática é fornecida pelos receptores distribuídos por todo o corpo. Eles abrangem três grandes funções: 1. Propriocepção 2. Exterocepção 3. Interocepção A propriocepção é a sensação de si próprio. Os receptores nos músculos esqueléticos, nas cápsulas articulares e na pele permitem a consciência da postura e dos movimentos do próprio corpo, particularmente dos quatro membros e da cabeça A exterocepção é a sensação de interação direta do mundo externo com o corpo. A principal forma é a sensação de tato, que inclui as sensações de pressão, carícia, movimento e vibração, podendo ser utilizadas para identificar objetos. Ela envolve um componente motor ativo, como afagas, tocar, agarrar ou pressionar, em que uma parte do corpo é movida contra uma superfície ou organismo. Ela também inclui a sensação térmica de calor e frio, controladores dos mecanismos do comportamento e de mecanismos homeostáticos, necessários para a manutenção da temperatura corporal. Além disso, ela também inclui a sensação de dor, ou nocicepção, uma resposta a eventos externos que podem danificar ou prejudicar o corpo, sendo o principal motivador em ações necessárias para a sobrevivência, esquiva e luta A interocepção é a sensação do funcionamento dos principais sistemas de órgãos do corpo e seu estado interno. As informações não se tornam conscientes, mas é fundamental para a regulação das atividades autonômicas. Eles são basicamente quimiorreceptores que monitoram as funções dos órgãos por indicadores, como os gases no sangue e pH Esse sistema difere dos outros por duas maneiras: 1. Receptores estão distribuídos por todo o corpo 2. Ele responde a diferentes estímulos, compondo quatro sentidos: a. Tátil, temperatura, dor e posição do corpo Um único receptor sensorial pode codificar diversas características do estímulo, como a intensidade, a duração, a posição, e algumas vezes a direção. Sendo tudo isso, interpretado pelo sistema nervoso central Tato A sensação tátil começa na pele. Existem dois tipos de pele, chamadas de pilosa e glabra (sem pelos) Ela possui uma camada mais externa, a epiderme, e uma camada mais interna, a derme Mecanorreceptores da pele Eles são sensíveis à deformação física, como flexão ou estiramento. Eles estão presentes em todo o corpo, principalmente na pele, coração, vasos, órgãos digestórios, na bexiga urinária e nos dentes. No seu centro, estão as ramificações de axônios desmielinizados que são sensíveis a estiramento, deformação, pressão ou vibração O corpúsculo de Pacini está localizado na profundida da derme, tendo maior densidade nos dedos. As terminações de Ruffini são encontradas tanto na pele pilosa como na glabra, sendo menores que os corpúsculos de Pacini. Os corpúsculos de Meissner são ainda menores e estão localizados entre as papilas dérmicas da pele glabra Na epiderme estão os discos de Merkel, que consistem em uma terminação nervosa e uma célula epitelial não nervosa e achatada. Existem também os bulbos terminais de Krause, nas regiões limítrofes entre a pele seca e a mucosa Em relação aos campos receptivos, os corpúsculos de Meissner e os discos de Merkel possuem campos receptivos pequenos, enquanto os corpúsculos de Pacini e as terminações de Ruffini possuem grandes campos receptivos M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P3- Sist. Somatossensorial Percepção, Cosnciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 2 Em relação à adaptação, os corpúsculos de Meissner e de Pacini respondem de forma inicialmente rápida, parando de disparar impulsos mesmo que o estímulo continue, com isso, são receptores de adaptação rápida. Já os discos de Merkel e as terminações de Ruffini, são receptores de adaptação lenta, mantendo o estímulo por um tempo mais longo Muitos pelos crescem dos folículos presentes a pele, estes são ricamente inervados por terminações nervosas livres, podendo ser de adaptação tanto lenta quanto rápida Os corpúsculos de Pacini são mais sensíveis a vibrações de cerca de 200 a 300 Hz, ao passo que os corpúsculos de Meissner respondem melhor em torno de 50 Hz. A estimulação a frequências de cerca de 1 a 10 Hz também pode ativar os corpúsculos de Meissner, produzindo uma sensação de tremulação Corpúsculos de Pacini e a vibração Os corpúsculos de Pacini possuem uma cápsula com 20 a 70 camadas de tecido conjuntivo, com uma terminação nervosa situada no centro. Quando a capsula é comprimida, a energia é transferida à terminação sensorial, sua membrana é deformada e os canais mecanossensíveis se abrem. Essa corrente gera um potencial de receptor despolarizante, gerando um potencial de ação. As camadas da cápsula são escorregadias, contendo um fluido viscoso entre elas Quando a pressão é aliviada, os eventos ocorrem de maneira inversa, a terminação despolariza novamente e pode disparar outro potencial de ação A cápsula em camadas torna o corpúsculo de Pacini mais sensível a estímulos vibratórios de alta frequência e quase não responsivos à pressão estática Canais iônicos mecanossensíveis Os mecanorreceptores possuem terminações sensoriais não mielinizadas, e as membranas dessas terminações tem canais iônicos mecanossensíveis. As forças aplicadas a esses canais alteram a abertura do poro, tanto aumentando como diminuindo a abertura do canal iônico. Os estímulos mecânicos podem, ainda, dispara a liberação de segundos mensageiros que, por sua vez, regulam os canais iônicos A célula de Merkel possui um canal mecanossensível, chamado de Piezo 2, que abre em resposta à pressão e despolariza a célula. A sua despolarização desencadeia a liberação sináptica de um neurotransmissor, excitando a terminação sensorial. A terminação sensorial também é mecanossensível devido à presença em sua membrana de um segundo tipo de canal iônico. Assim, há uma ação conjunta dos dois canais Alguns canais iônicos da membrana são sensíveis ao estiramento da membrana lipídica. Essa tensão induz diretamente a abertura do canal, permitindo o influxo de íons sódio e cálcio Outros canais abrem quando uma forca é aplicada às estruturas extracelulares acopladas aos canais por peptídeos Os canais mecanossensíveis também podem estar ligados a proteínas intracelulares, sobretudo àquelas do citoesqueleto. A deformação da célula e o estresse sobre seu citoesqueleto geram forcas que regulam a abertura do canal M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P3- Sist. Somatossensorial Percepção, Cosnciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 3 Discriminação de dois pontos A discriminação de dois pontos é a capacidade para discriminarmos características detalhadas de um estímulo, variando consideravelmente ao longo do corpo. As pontas dos dedos das mãos são as áreas de maior resolução O tato fica mais acurado quando os estímulos se movem ao longo da pele, comparado a uma simples pressão Na ponta dos dedos: 1. Existe uma densidade maior de mecanorreceptores cutâneos do que em outras partes do corpo 2. Tem um número maior de receptores com campos receptivos pequenos 3. Existe uma área cerebral maior destinada ao processamento da informação sensorial Axônios aferentes primários A pele é inervada por axônios dos nervos periféricos. Estes que enviam informações para a medula e o tronco encefálico, são os axônios aferentes primários, entrando na medula pelas raízes dorsais, com seus corpos celulares nos gânglios na raiz dorsal Os axônios sensoriais cutâneos sãodesignados Aa, Ab, Ad e C, sendo os C, os menores, e nos tecidos internos, são chamados de grupos I, II, III e IV. Os axônios do grupo C são não mielinizados, ao passo que os demais são mielinizados. Os menores axônios são as fibras C, não possuem mielina e possuem menor diâmetro. As fibras C transmitem sensação de dor, temperatura e prurido, e são os axônios mais lentos Medula espinal A maioria dos nervos periféricos comunica-se com o sistema nervoso central pela medual espinal. Cada nervo espinal consiste em axônios da raiz dorsal e da raiz ventral. Os 30 segmentos espinais estão divididos em quatro grupos, e cada segmento recebe a denominação da vértebra adjacente: 1. Cervical – 1 a 8 2. Torácico – 1 a 12 3. Lombar – 1 a 5 4. Sacral – 1 a 5 M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P3- Sist. Somatossensorial Percepção, Cosnciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 4 A área da pele inervada pelas raízes dorsais direita e esquerda de um único segmento espinal é denominado dermátomo A medula espinal dos adultos termina aproximadamente no nível da terceira vertebra lombar. Os feixes dos nervos espinais que descem por dentro da coluna vertebral lombar e sacral são denominados cauda equina A medula espinal constitui-se de uma área interna central de substância cinzenta, circundada por uma área de substância branca, comumente colunas. Os neurônios que recebem sinalização sensorial dos aferentes primários são chamados de neurônios sensoriais secundários ou de segunda ordem, localizados nos cornos dorsais Os axônios mielinizados Ab conduzem a informação tátil cutânea que entram no corno dorsal e se ramificam. O outro ramo eferente primário ascende diretamente para o encéfalo. Essa aferência ascendente é responsável pela percepção Via coluna dorsal-lemnisco medial A via coluna dorsal-lemnisco medial é a via do tato, levando a informação do tato ou vibração da pele. O ramo ascendente entra na coluna dorsal ipsolateral da medula espinal, no trato de substância branca medial ao corno dorsal As colunas dorsais levam informação acerca da sensação tátil em direção ao encéfalo. Estas são constituídas de axônios sensoriais primários, como também de axônios de neurônios de segunda ordem da substância cinzenta espinal Depois os sinais terminam nos núcleos da coluna dorsal, no limite entre a medula e o bulbo. Esta é uma via rápida e direta. Depois, os axônios fazem uma curva em direção ao bulbo ventral e medial, onde cruzam. Os axônios dos núcleos da coluna dorsal ascendem por um trato de substância branca, chamado de lemnisco medial. Depois, os neurônios sobem para o núcleo ventral posterior do tálamo, e projetam-se para regiões especificas do córtex somatossensorial primário M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P3- Sist. Somatossensorial Percepção, Cosnciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 5 A informação é alterada cada vez que passa por sinapses no encéfalo. Em especial, as interações inibitórias entre os grupos adjacentes de aferências, aumentando as respostas aos estímulos táteis. As eferências do córtex podem influenciar as aferências Via tátil trigeminal A sensação somática da face é suprida pelos ramos do nervo trigêmeo, entrando no encéfalo pela ponte. A sensação em torno dos ouvidos, da região nasal, e da faringe são fornecidas por outros nervos: o fácil, o glossofaríngeo e o vago Os axônios sensoriais dos mecanorreceptores enviam informações para o núcleo trigeminal ipsolateral, onde cruzam e projetam-se para a parte medial do núcleo ventral posterior do tálamo, onde a informação é retransmitida para o córtex somatossensorial Córtex somatossensorial Ele realiza os níveis mais complexos do processamento somatossensorial. A maior parte do córtex está localizado no lobo parietal, na área de Brodmann 3b, situado no giro pós-central, logo após o sulco central Outras áreas também processam essas informações, estas incluem as áreas 3ª, 1 e 2 no giro pós-central, e as áreas 5 e 7 no córtex parietal posterior adjacente A área 3b é o córtex somatossensorial primário porque recebe um grande número de aferências do núcleo ventral posterior do tálamo; seus neurônios são muito responsivos aos estímulos. As áreas 1 e 2 recebem densa inervação da área 3b. A projeção da área 3b para a área 1 envia principalmente informação sobre textura, enquanto a projeção para a área 2 enfatiza tamanho e forma O córtex é uma estrutura organizada em camadas, em que as aferências talâmicas para o córtex terminam principalmente na camada IV, em que projetam-se para as células de outras camadas. Os neurônios e suas aferências ficam dispostos em colunas A estimulação elétrica causa sensações somáticas localizadas em uma parte específica do corpo. Os campos receptivos produzem um mapa ordenado no corpo do córtex. O mapeamento das sensações da superfície corporal em uma área do encéfalo é chamado de somatotopia Os mapas lembram um corpo, com suas pernas e pés no topo do giro pós-central e sua cabeça no lado oposto, na extremidade inferior do giro, caracterizando o homúnculo de Penfield. Acredita-se que o mapa da mulher é diferente, chamado de hermunculus M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P3- Sist. Somatossensorial Percepção, Cosnciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 6 O mapa não está na mesma escala do corpo humano. A boca, a língua e os dedos são absurdamente grandes, ao passo que o tronco, os braços e as pernas são pequenos. Isso está relacionado à densidade de aferências sensoriais recebidas daquela determinada parte. O tamanho também está relacionado à importância da aferência sensorial daquela parte do corpo. A importância de uma aferência e o tamanho de sua representação cortical também são reflexos da frequência com que. Essa informação é utilizada. Um agrupamento bem definido de neurônios do córtex são chamados de barris Os mapas das áreas 3b e 1 representam as mesmas partes do corpo, literalmente em paralelo ao longo de faixas adjacentes do córtex. Eles não são idênticos, porém um é a imagem especular do outro Plasticidade do mapa cortical Se um dedo for removido cirurgicamente, a área do córtex destinada originalmente ao digito amputado, passa a responder agora à estimulação dos dígitos adjacentes, ocorrendo reorganização da circuitaria subjacente da somatotopia cortical. Isso ocorre devido a ausência de aferências do dígito que estava faltando. Se algum dígito for estimulado de forma seletiva, as suas representações corticais também aumentam Os mapas corticais são dinâmicos e que seu ajuste depende da quantidade de experiência sensorial, sendo essa plasticidade no mapa cortical bem comum, variam com o uso das aferências e as suas experiências de vida Córtex parietal posterior Os neurônios subcorticais e os das áreas corticais 3ª e 3b não são sensíveis à direção de um estímulo de movimento sobre a pele, porém as células das áreas 1 e 2 têm essa sensibilidade. Certas áreas corticais parecem ser locais onde simples fluxos de informação sensorial segregados convergem para gerar representações neurais particularmente complexas No córtex parietal posterior, seus neurônios possuem campos receptivos grandes com estímulos preferenciais. Essa área não está relacionada apenas com a sensação somática, mas também com estímulos visuais, com planejamento dos movimentos e, inclusive, com o nível de atenção de uma pessoa Lesões às áreas do parietal posterior podem causar agnosia, a incapacidade de reconhecer objetos, apesar de a capacidade sensorial mais simples parecer normal, e podem não ter problema em reconhecer o objeto pela visão ou pelo som As lesões também podem causar uma síndrome de negligência, na qual uma parte do corpo ou uma partedo mundo é ignorada ou suprimida, e sua própria existência é negada No geral, ele é essencial para a percepção e interpretação das relações espaciais, a noção exata do corpo e o aprendizado das tarefas que envolvem a coordenação do corpo no espaço. Essas funções envolvem uma complexa integração da informação somatossensorial com a de outros sistemas sensoriais, principalmente com o visual M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P3- Sist. Somatossensorial Percepção, Cosnciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 7 Dor Os nociceptores são terminações nervosas livres, ramificadas, não mielinizadas que sinalizam lesão ou risco de lesão. A sua ativação seletiva pode levar à experiência consciente da dor A nocicepção e a dor não são sempre a mesma coisa. A dor é a sensação, ou percepção, de sensações, como irritação, inflamação, fisgada, ardência, latejo, ou seja, sensações insuportáveis que surgem de uma parte do corpo. A nocicepção é o processo sensorial que fornece as sinalizações que disparam a experiência da dor. A dor pode ser agonizante, mesmo sem atividade dos nociceptores Tipos de nociceptores As terminações nervosas livres são fibras não mielinizadas do tipo C e as pobremente mielinizadas A A maioria dos nociceptores respondem a estímulos mecânicos, térmicos e químicos, sendo chamados de nociceptores polimodais. Existem outros que são mais seletivos. Nociceptores mecânicos, ou mecanonociceptores, que mostram respostas à pressão intensa. Nociceptores térmicos, ou termonociceptores, que respondem ao calor queimante ou ao frio extremo. Nociceptores químicos, que respondem à histamina e a outros agentes químicos Eles estão presentes na maioria dos tecidos corporais, não estando presentes no sistema nervoso, exceto nas meninges Transdução do sinal Os nociceptores são ativados por estímulos que tem o potencial de causar lesão ao tecido, podendo resultar de uma estimulação mecânica forte, temperaturas extremas, privação de oxigênio e exposição a certos agentes químicos, entre outras causas As membranas dos receptores contêm canais que são ativados por esse tipo de estímulos. A ativação desses canais leva a despolarização da célula e ao disparo de potenciais de ação As células danificadas no local da lesão podem liberar uma série de substâncias que provocam a abertura de canais iônicos. Um exemplo são as proteases, ATP e íons potássio. As proteases clivam um peptídeo, o cininogênio, formando a bradicinina. Ela liga-se a um receptor específico, que aumenta a condutância iônica desses receptores. O ATP causa a despolarização dos nociceptores por meio da ligação direta a canais iônicos que dependem de ATP para a sua ligação. Além disso, o aumento de potássio extracelular despolariza diretamente as membranas neuronais O calor acima de 43 graus causa queimadura nos tecidos, com isso, os canais iônicos termossensíveis das membranas dos nociceptores se abrem. Essas sensações dependem dos termorreceptores, porém, seguem vias neurais distintas Quando os níveis de oxigênio de seus tecidos forem inferiores a demanda de oxigênio, as suas células utilizarão o metabolismo anaeróbio para gerar ATP. Nesse processo, ocorre a liberação de ácido láctico, levando ao excesso de íons hidrogênio, ativando canais iônicos dependentes de íons hidrogênio dos nociceptores, causando a sensação de dor Quando ocorre alguma lesão na pele, os mastócitos ali presentes são ativados pela exposição a substâncias exógenas, levando-os à liberação de histamina. A histomina pode ligar-se aos receptores específicos na membrana do nociceptor, causando a despolarização de membrana. A histamina também aumenta a permeabilidade dos capilares sanguíneos, levando ao edema e ao rubor no local da reação Hiperalgesia e inflamação Quando a pele, as articulações ou os músculos que já estão lesionados ou inflamados estão mais sensíveis que o normal, em que um toque leve pode causar gritos e uma dor insuportável. Isso é chamado de hiperalgesia. Ela pode ser um limiar reduzido à dor, uma intensidade aumentada os estímulos dolorosos ou, até mesmo, dor espontânea A hiperalgesia primária ocorre na área do tecido lesado, porém os tecidos que envolvem a região da lesão também podem se tornar supersensíveis, pelo processo de hiperalgesia secundária Quando ocorre uma lesão na pele, diversas substâncias são liberadas, formando a sopa inflamatória. Ela contém neurotransmissores, peptídeos, lipídeos, proteases, neurotrofinas, citocinas, quimiocinas, íons. Elas causam uma inflamação, também podendo modular a excitabilidade dos nociceptores, tornando-os mais sensíveis a estímulos térmicos ou mecânicos A bradicinina despolariza diretamente os nociceptores, estimulando mudanças intracelulares de longa duração, que tornam mais sensíveis os canais iônicos ativados por calor As prostaglandinas não causam dor diretamente, elas aumentam muito a sensibilidade dos nociceptores aos estímulos. O ácido acetilsalicílico inibe as enzimas necessárias para a síntese das prostaglandinas, sendo utilizado em fármacos anti- inflamatórios A substância P é um peptídeo sintetizado pelos nociceptores. A ativação de uma ramificação do neurito periférico do nociceptor pode levar à secreção de susbtância P por outras ramificações do neurito do mesmo nociceptor nas áreas vizinhas da pele. Ela causa vasodilatação e a liberação de histamina pelos M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P3- Sist. Somatossensorial Percepção, Cosnciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 8 mastócitos. A sensibilização dos nociceptores vizinhos causa hiperalgesia secundária Após a lesão, a ativação dos axônios mecanorreceptores Ab por um toque leve pode resultar em dor, envolvendo uma interação sináptica de linha cruzada entre a via do tato e a via da dor na medula espinal Prurido É uma sensação desagradável que induz um desejo ou um reflexo de coçar, podendo servir como uma defesa natural contra parasitos e toxinas de plantas sobre a pele e a cabeça. É, em geral, uma irritação breve e de menor importância, porém, pode se tornar uma condição crônica e seriamente debilitante. O prurido crônico pode ser causado como reações alérgicas, infecções, infestações, psoríase e pode ser causado por distúrbios A dor e o prurido são distintos, mas possuem características em comum: 1. São mediados por axônios sensoriais de pequeno calibre 2. Ambos podem ser ativados por vários estímulos 3. Moléculas sinalizadoras podem traduzir ambas as sensações A dor pode suprimir o prurido, pois, quando coçamos de forma agressiva, lesionamos a área. Alguns tipos de prurido são transduzidos por moléculas e circuitos neurais específicos, com fibras axonais C, responsivas a histamina, já que essas se ligam a receptores histaminérgicos, ativando canais de TRPV1 Aferentes primários e mecanismos espinais As fibras Ad e C levam as informações em velocidades diferentes, produzindo duas sensações de dor, uma dor primária, mais rápida e aguda, produzida por fibras Ad, e uma dor secundária, lenta e contínua, produzida por fibras C As fibras de pequeno calibre possuem seus corpos celulares nos gânglios da raiz dorsal segmentar e entram no corno dorsal da medula espinal. Elas ramificam-se e percorrem uma curta distância nos sentidos rostral e caudal no trato de Lissauer, fazendo sinapse com neurônios da parte mais periférica do corno dorsal, na substância gelatinosa Os neurotransmissores liberados são o glutamato e o peptídeo substância P (estocada em grânulos de secreção das terminações axonais e necessária para sensações de dor moderada e intensa). Os axônios dos nociceptores viscerais entram na medula pelo mesmo trajeto, ocorrendo uma mistura nas informações, originando a dor referida, na qual a ativação do nociceptor visceral épercebida como uma sensação cutânea Vias ascendentes da dor A via da dor possui apenas terminações nervosas livres. Ela é lenta e utiliza fibras de pequeno calibre, fibras pouco mielinizadas Ad e fibras C não mielinizadas. Ramificações dessas fibras percorrem pelo trato de Lissauer e terminam na substância gelatinosa Via da dor espinotalâmica Essa via transmite as informações sobre a dor corporal ao encéfalo. Os axônios cruzam no mesmo M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P3- Sist. Somatossensorial Percepção, Cosnciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 9 nível em que fizeram sinapse na medula espinal, ascendendo no trato espinotalâmico na superfície ventral da medula As fibras espinotalâmicas projetam-se da medula, passando pelo bulbo, pela ponte e pelo mesencéfalo, sem sinapses, até o tálamo. No tronco encefálico, essas fibras posicionam-se ao longo do lemnisco medial, porém, em separado das fibras mecanossensoriais. A informação do tato sobe ipsilateralmente, enquanto as informações de dor sobrem contralateralmente Essa via pode se dividir em duas: 1. Trato neoespinotalâmico 2. Trato paleoespinotalâmico Trato neoespinotalâmico Utilizam as fibras Ad para dor rápida, terminando na lâmina I dos cornos dorsais, e excitam os neurônios de segunda ordem do trato neoespinotalâmico. Elas dão origem a fibras que cruzam para o lado oposto da medula espinal pela comissura anterior, e ascendem para o encéfalo pelas colunas anterolaterais Algumas fibras terminam nas áreas reticulares do tronco, mas pode seguir ao tálamo terminando no complexo ventrobasal, com o trato da coluna dorsal lemnisco medial, também podem ir para o grupo nuclear posterior do tálamo Via paleoespinotalâmica Ele envia informações de dor sobretudo por fibras periféricas crônicas lentas do tio C. as informações terminam na medula nas lâminas II e III dos cornos dorsais, sendo referido como substância gelatinosa. Os sinais podem passar por um ou mais neurônios de fibras curtas, dentro dos cornos dorsais, até entrar na lâmina V no corno dorsal Dão origem a axônios longos que se unem as fibras de dor rápida, passando pela comissura anterior para o lado oposto da medula e depois para a via anterolateral As fibras chegam no tronco encefálico em uma de três áreas: 1. Núcleos reticulares do bulbo, da ponte e do mesencéfalo 2. Área tectal do mesencéfalo até os colículos superiores e inferiores 3. Região cinzenta periaquedutal, que circunda o aqueduto de Sylvius Das áreas do tronco encefálico, os sinais ascendem para os núcleos intralaminar e ventrolateral do tálamo, depois para regiões basais do hipotálamo e outras regiões basais do encéfalo Via da dor trigeminal Essa via envia as informações de dor da face e do terço anterior da cabeça. As fibras do nervo trigêmeo fazem sinapse no núcleo espinhal do trigêmeo no tronco encefálico. Os seus axônios cruzam e ascendem ao tálamo pelo lemnisco trigeminal Tálamo e córtex As informações terminam no núcleo ventral posterior do tálamo, quando seguem pelo lemnisco medial, ou terminam nos núcleos intralaminares do tálamo, projetando-se para várias áreas do córtex cerebral Formação reticular, tálamo e córtex cerebral Os impulsos podem chegar a formação reticular, do tálamo e outras regiões inferiores do encéfalo, causando percepção consciente da dor Sinais dolorosos e a excitabilidade geral do cérebro A estimulação das áreas reticulares do tronco cerebral e dos núcleos intralaminares do tálamo, tem efeito de alerta sobre a atividade neural de todo o encéfalo, constituindo um sistema de alerta M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P3- Sist. Somatossensorial Percepção, Cosnciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 10 Regulação da dor Regulação aferente A dor provocada também pode ser reduzida pela atividade simultânea de mecanorreceptores de limiar baixo, ou fibras A A teoria do portão da dor sugere que certos neurônios do corno dorsal, os quais projetam seus axônios pelo trato espinotalâmico, são excitados tanto por axônios sensoriais de grande diâmetro como por axônios não mielinizados O neurônio de projeção também é inibido por um interneurônio, e o interneurônio é simultaneamente excitado pelo axônio sensorial calibroso e inibido pelo axônio nociceptivo. Nesse circuito, a atividade apenas do axônio nociceptivo resultaria em excitação máxima do neurônio de projeção, permitindo que os sinais nociceptivos cheguem ao encéfalo. Contudo, se os axônios de mecanorreceptores dispararem conjuntamente, eles ativarão o interneurônio que suprimirá a sinalização nociceptiva Regulação descendente Emoções fortes, estresse ou determinação estoica podem suprimir as sensações dolorosas. Uma delas é uma região de neurônios do mesencéfalo, chamada de substância cinzenta periaquedutal (PAG). Sua estimulação elétrica causa analgesia profunda. Ela recebe aferências de várias estruturas do encéfalo, que são responsáveis pela transmissão de informações relacionadas ao estado emocional Os neurônios da PAG enviam axônios descendentes na linha média do bulbo, principalmente os núcleos da rafe, liberando serotonina. Depois, eles enviam axônios para os cornos dorsais da medula, deprimindo a atividade dos nociceptores Opioides – endorfinas e encefalinas Essas substâncias são encontradas em diferentes pontos do sistema nervoso. Todas elas são produtos da degradação de três grandes moléculas proteicas: 1. Pró-opiomelanocortina 2. Proencefalina 3. Prodinorfina Entre as mais importantes estão a beta endorfina, a metencefalina, a leuencefalina e a dinorfina. As duas encefalinas são encontradas no tronco cerebral e na medula espinal, nas porções do sistema da analgesia, e a beta endorfina está presente no hipotálamo e na hipófise. A dinorfina se encontra principalmente nas mesmas regiões em que ocorrem as encefalinas, mas em quantidades muito menores Seus receptores estão amplamente distribuídos no SNC, principalmente em áreas que modulam ou processam a informação nociceptiva. Quando chegam nos núcleos da rafe, PAG ou no corno dorsal, podem produzir analgesia Temperatura Termorreceptores Os termorreceptores são os neurônios sensíveis a temperatura devido a seus mecanismos específicos da membrana. Existem grupos desses neurônios no hipotálamo e no sistema nervoso central, identificando a temperatura corporal estável, além disso, existem desses receptores na superfície cutânea, que contribuem para a percepção da nossa temperatura A sensibilidade a temperatura não está distribuída uniformemente por toda a pele, existindo pequenas áreas de superfície sensíveis ao frio ou ao calor, mas não a ambos. Além disso, algumas áreas são insensíveis a temperatura A sensibilidade depende a canais iônicos que o receptor expressa Canais iônicos que respondem a temperaturas acima de 43 graus são os receptores de calor. Eles expressam proteínas para o calor denominadas TRPV1. Canais iônicos que respondem a temperaturas não dolorosas abaixo de 25 graus são os receptores de frio, estimulando um receptor denominado TRPM8 Existem 6 canais de TRP distintos, conferindo sensibilidades diferentes, sendo que cada neurônio expressa apenas um Alguns receptores para frio, com canais de TRPV1 também são estimulados para temperaturas acima de 43 graus, transmitindo uma sensação paradoxal ao frio. Assim, o sistema nervoso não sabe qual tipo de estímulo levou a ativação do receptor, mas M e d ic in a U N IC ID T X X IX Tutoria- M2 P3- Sist. Somatossensorial Percepção, Cosnciência e Emoção- 3ª Etapa Rodrigo Barbosa Guerra 11 segue interpretando toda a atividade do receptor para o frio como uma resposta ao frio As respostas adaptam-se durante estímulos de longa duração. Uma quedarepentina na temperatura da pele faz o receptor para o frio disparar de modo intenso, enquanto silencia o receptor para o calor As diferenças entre a frequência de respostas são maiores durante, e logo após, as mudanças de temperatura, sendo que nossas percepções de temperatura afetam essas respostas Via da temperatura A sua organização é praticamente idêntica a via da dor. Os receptores para o frio estão ligados a fibras Ad e C, enquanto os receptores para o calor estão ligados apenas a fibras C. Eles fazem sinapse na substância gelatinosa do corno dorsal. Logo seus axônios cruzam e ascendem pelo trato espinotalâmico lateral
Compartilhar