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DOENÇAS DO TECIDO CONJUTIVO OSTEOGENESE IMPERFEITA É uma condição rara do tecido conjuntivo, de caráter genético e hereditário, que afeta aproximadamente uma em cada 20 mil pessoas. É caracterizada por fraturas com trauma mínimo ou ausente, dentinogênese imperfeita variável (DI) e, em adultos, perda auditiva. Os indivíduos possuem mutações nos genes COL1A1 ou COL1A2, que codificam as cadeias de colágeno tipo I. A heterogeneidade clinica é explicada tanto pela heterogeneidade de locus quanto alélica; os fenótipos são influenciados por qual cadeia de colágeno I é afetada e de acordo com o tipo e a localização de mutação no locus. TIPO FENÓTIPO HERANÇA BIOQUÍMICA GENÉTICA I Esclera azul, ossos frágeis, sem deformidade óssea AD Colageno é produzido mas em quantidade reduzida Alelos são nulos em grande parte, prejudicando a produção das cadeias (ex: defeitos no RNAm) II Anomalias esqueléticas graves, esclera escura, letal perinatal – 1 mês. AD Produção de moléculas anormais de colágeno devido a substituição da glicina Mutações missense (alteração no nucleotídeo que resulta em um códon que codifica um aminoácido diferente) III Esclera azul, fraturas congênitas, deformidade óssea progressiva, crescimento limitado. AD, AR* IV Deformidade óssea leve a moderada, fraturas leves AD O diagnóstico considera o exame clínico, a recorrência das fraturas e o resultado dos seguintes exames: raios X, ultrassonografia e densitometria do esqueleto. Podem ser necessários, ainda, exames complementares, como os marcadores do metabolismo ósseo e do colágeno e a análise do DNA. Ainda não existe a cura, o tratamento visa à melhor qualidade de vida e envolve equipe multidisciplinar, uma vez que o portador do distúrbio requer atendimento clínico, cirúrgico e de reabilitação fisioterápica. SÍNDROME DE EHLERS-DANLOS A síndrome clássica de Ehlers-Danlos (cEDS) é uma desordem do tecido conectivo caracterizada por hiperextensibilidade da pele, cicatrização atrófica e hipermobilidade articular generalizada (HAG). A pele é macia e pastosa ao toque e hiperextensível, estendendo-se facilmente e recuando após a liberação. A cicatrização de feridas é deficiente e o alongamento das cicatrizes após a cicatrização primária de feridas é característico. Outras características incluem hipotonia com atraso no desenvolvimento motor, fadiga e cãibras musculares e fácil hematomas. É herdada de maneira autossômica dominante. A maioria das variantes patogênicas no COL1A1 está associada à osteogênese imperfeita (OI). Raramente, variantes patogênicas específicas em COL1A1 estão associadas à EDS. O diagnóstico de é estabelecido o com os critérios diagnósticos clínicos mínimos (hiperextensibilidade da pele e cicatrização atrófica e GJH ou ≥3 critérios clínicos menores) e identificação no teste genético molecular de uma variante patogênica heterozigótica em COL5A1, COL5A2 ou (menos comumente) COL1A1. Tratamento das manifestações. EPIDERMOLISE BOLHOSA A epidermólise bolhosa (EB) simples caracteriza-se pela formação de bolhas dentro da epiderme, usualmente após fricção mecânica e trauma, as lesões regridem sem deixar cicatrizes. Ocorre por meio da transmissão autossômica dominante, contudo já foram documentados casos mais raros de herança autossômica recessiva. O diagnóstico é estabelecido pela identificação de variantes patogênicas KRT5 ou KRT14 (queratina 5 e 14) por testes genéticos moleculares. Tratamento das manifestações. Na EB distrófica ocorre a clivagem na sublâmina densa. Quando cicatrizadas, as bolhas são seguidas por lesões distróficas. Ela é dividida em dois tipos principais, dependendo do padrão de herança: EB distrófica recessiva (RDEB) - as bolhas estão presentes no nascimento ou tornam-se aparentes no período neonatal; EB distrófica dominante (DDEB) - O fenótipo pode ser leve, com formação de bolhas localizadas nas mãos, pés, joelhos e cotovelos, bem como unhas distróficas, ou relativamente mais difundido, incluindo áreas de flexão e tronco, mas sem a cicatrização severa e mutilante. O diagnóstico de é estabelecido com achados clínicos característicos e a identificação de variantes em COL7A1 (colágeno tipo VII) por testes. Tratamento das manifestações. A EB juncional é uma desordem autossômica recessiva, caracterizada pela separação da lâmina lúcida, ao nível da junção dermo-epidérimica. As bolhas geralmente cicatrizam sem cicatrizes significativas. O diagnóstico é estabelecido com achados clínicos característicos e testes genéticos que identificam variantes em COL17A1 ou LAM5. SÍNDROME DE MARFAN A síndrome de Marfan, um distúrbio sistêmico autossômico dominante do tecido conjuntivo com alto grau de variabilidade clínica, compreende um amplo continuo fenotípico que varia de leve (características em um ou alguns sistemas) até doença multiorgânica neonatal grave e rapidamente progressiva. Manifestações envolvem os sistemas ocular, esquelético e cardiovascular. Os achados oculares incluem miopia (a característica ocular mais comum); ectopia lentis (descolamento do cristalino); e um risco aumentado de descolamento de retina, glaucoma e catarata precoce. Manifestações do sistema esquelético incluem supercrescimento ósseo e frouxidão articular; extremidades desproporcionalmente longas para o tamanho do tronco (dolicostenomelia); supercrescimento das costelas que podem empurrar o esterno em (pectus excavatum) ou fora (pectus carinatum); escoliose que varia de leve a grave e progressiva; e aracnodactilia. A maior morbidade e mortalidade precoce da síndrome de Marfan está relacionada ao sistema cardiovascular e incluem dilatação da aorta no nível dos seios de Valsalva (predisposição para rotura e ruptura da aorta), prolapso da válvula mitral, tricúspide, e aumento da artéria pulmonar proximal. A regurgitação grave e prolongada da valva mitral e / ou aórtica pode predispor à disfunção ventricular esquerda e ocasionalmente à insuficiência cardíaca. Com o manejo adequado, a expectativa de vida de alguém com síndrome de Marfan aproxima-se da da população em geral. A síndrome é um distúrbio com mutações no gene do cromossomo 15 que codifica a fibrilina (gene FBN1), afentando sua síntese, processamento, secreção, polimerização ou estabilidade. A síndrome de Marfan deve ser suspeitada em indivíduos com os achados clínicos e história familiar; não há tratamento curativo, baseia-se em cuidados sintomático e preventivos.
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