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Apresentações Ataxia Espinocerebelar 3 Caroline Fernandes T79 Introdução: Ataxia -> "ausência de ordem"/ Doenças de origem genética e não genética Quadro clínico de síndrome de incoordenação. Grupo de doenças neurodegenerativas em que a ataxia progressiva é a manifestação clínica proeminente, herdadas de forma autossômica dominante. >40 subtipos geneticamente distintos de Ataxias Espinocerebelares (SCAs). A ataxia cerebelar tipo 3, ou doença de Machado-Joseph (SCA3/DMJ), é a SCA bem comum e incurável, representando 30% dos casos. Causada por uma expansão de poliglutamina no gene ATXN3. Pertence à família de doenças de expansão de poliglutamina, que engloba pelo menos nove doenças hereditárias: Doença de Huntington (HD) e as ataxias espinocerebelares SCA1, SCA2, SCA3, SCA6, SCA7 e SCA17. Caracteriza-se por ataxia cerebelar progressiva, resultando em perda do controle muscular e incoordenação; A causa monogênica simples contrasta com a complexidade dos mecanismos patogênicos que atualmente são admitidos como responsáveis pela disfunção neuronal. Os sintomas aparecem em média entre 32 e 40 anos, todavia, podem aparecer na infância. Histórico: Originalmente descrita em membros das famílias de Machado, Thomas e Joseph da Ilha de São Miguel, Açores, Portugal. ● Antone Joseph - imigrante açoriano nos EUA em 1845, a doença se desenvolveu nele e em outros 51 de seus descendentes, ● William Machado - português açoriano. A descrição original é feita com base em 6 membros da família hospitalizados. Apresentavam: ataxia progressiva, nistagmo, disartria, sinais piramidais, amiotrofia e sinais de lesão do cordão posterior da medula. Rosenberg e colaboradores publicaram sobre uma ataxia autossômica dominante, presente na família de Antone Joseph (1976) -Foram descritas 15 famílias da ilha de Açores com ataxia progressiva, autossômica dominante, oftalmoplegia, sinais piramidais, distonia, rigidez e atrofia distal. (1977) A neurologista portuguesa Paula Coutinho descreveu a doença. Em 1980, a doença foi nomeada. (1988-1990) Primeiros achados da SCA3 no Brasil, estudo realizado com duas famílias em Santa Catarina, com uma avaliação clínica e com neuroimagens. (1993) Takiyama et al. mapearam e localizaram o gene responsável pela MJD no braço longo do cromossomo 14 (14q24.3-q32.1) e o gene identificado no ano seguinte por Kawaguchi et al. A distribuição mundial da doença parece estar associada à difusão gênica durante a Era da Navegação Portuguesa, seguida da colonização migratória Epidemiologia: Doença rara -> Estima-se que afete entre 0.3 a 2 pessoas em cada 100.000. Entre as SCAs, possui prevalência relativa importante em países como Brasil, Portugal, Singapura e China. É considerada rara em comparação com outras SCAs na África do Sul e Itália. Quase nula: Grécia, República Tcheca, Itália (1%) e África do Sul (4%). Em Portugal, 3,1: 100.000; ● 39: 100.000 nos Açores ● 158 indivíduos com SCA3 na Ilha das Flores (2016) *SCA3/MJD foi o SCA mais comum, encontrada em 214 famílias (59,6%) e 337 pacientes (62,5%). *65 famílias brasileiras com SCA (18,2%) permaneceram sem diagnóstico -> NE (61,5%), NO (40%) e RJ (35,1%). Aspectos genéticos: Cromossomo 14q32.1; ● 11 éxons e 48 KB;; ● Codifica para a proteína ataxina-3; ● SCA3: expansão anormal e instável do trinucleotídeo CAG, na região codificadora do gene ATXN3 (MJD1)- no éxon 10 a região de repetição ● Número de repetições CAG: 12 a 44 na população saudável: Em 93,5% dos alelos normais apresentam 31 repetições CAG. 45 a 59 (penetrância incompleta da doença)- O menor tamanho de repetições instáveis é 45 60 a 87 em pacientes com SCA3; *A IDADE DE INÍCIO TEM CORRELAÇÃO NEGATIVA COM AS REPETIÇÕES CAG! Ataxina 3: Tem peso molecular aproximado de 42 kDa; É expressa em tecidos periféricos e neuronais; É encontrada em toda a célula, porém, amplamente citoplasmática; Pertence à família das proteases de cisteína, que possuem atividade desubiquitinase; Suas isoformas diferentes resultam de splicing alternativo e variam principalmente na porção C-terminal da proteína; Ubiquitina Atua na regulação de proteínas e marca proteínas defeituosas para que sejam degradadas por um complexo multiprotéico denominado proteossomo. Papel não proteolítico: vias de sinalização por ubiquitina e suas cadeias. ○ Atuação no transporte pela membrana, na estrutura e transcrição da cromatina, na reparação de DNA e diversas outras vias sinalizadoras. Enzimas desubiquitinantes (DUBs): são um grande grupo de proteases que clivam a ubiquitina das proteínas. Herança genética: Filhos: 50% de chances de herdar a expansão CAG; Mutações de novo são raras. Apesar de ser uma herança dominante, há um possível efeito de gene dosage: ○ Indivíduos homozigotos: progressão mais rápida e estabelecimento mais precoce. Tendência de agravamento a cada geração: fenômeno de antecipação (mais cedo após vários casos). Neurofisiopatologia: Despigmentação da substância negra, atrofia considerável do cerebelo, ponte e bulbo, bem como uma atrofia dos nervos cranianos III ao XII. Menor peso do cérebro. Estudos anatomopatológicos mais recentes: cerebelo, mesencéfalo, ponte, bulbo, além da medula espinhal e tálamo. Fenótipos parkinsonianos e atáxicos: Substância negra (despigmentação); Núcleo denteado do cerebelo (regeneração grumosa) + alterações na medula espinhal e lesões de núcleos motores no tronco encefálico. Sinais e sintomas: Caracterizada principalmente por ataxia cerebelar e sinais piramidais variavelmente associados à síndrome extrapiramidal e amiotrofia periférica; A idade (média) de início da doença varia de acordo com a população: ○ 32-35 anos - brasileiros; ○ 34-37 - japoneses; ○ 38-40 - europeus; ● Incoordenação dos movimentos e perda do equilíbrio, Marcha atáxica Ataxia de membros Síndrome do neurônio motor Superior: hiperreflexia e .espasticidade. Inferior: arreflexia, atrofia, perda sensorial distal, fasciculações. Sintomas extrapiramidais: Rigidez e distonia Envolvimento oftalmológico (muito frequente): Paralisia progressiva dos movimentos dos olhos; Retração palpebral -> olhar persistente; Nistagmo Sintomas não motores: ● Déficit cognitivo, com perda da memória verbal e visual; ● Disfunção autonômica, com sintomas como intolerância ao frio, noctúria e tontura ortostática; ● Disartria e disfagia (disfunção do tronco cerebral); ● Distúrbios do sono, como o transtorno comportamental do sono REM O primeiro sintoma é a ataxia cerebelar apendicular, mas a axial é a mais importante. Em virtude da variação entre as formas de manifestação, foi feita uma subdivisão da SCA3/DMJ em 6 subtipos (subfenótipos), são eles: Tipo 1(13% dos casos): Caracterizado pelo início jovem com espasticidade proeminente, rigidez e bradicinesia, poucos sinais atáxicos Tipo 2 (57% dos casos): Caracterizada por ataxia, sinais de neurônio motor superior e idade de início entre 20 a 45 anos. Tipo 3 (30% dos casos): Caracterizada por mainestações mais tardias com polineuropatia periféria e idade de início entre 40 a 60 anos. Tipo 4: semelhante ao parkinsonismo com resposta a dopa. Tipo 5: Seria uma forma mais grave do tipo 1. Tipo 6: Seria uma forma mais grave do tipo 3. O comprimento das repetições CAG no gene ATXN3 é o fator de risco mais estudado. Responsável por 55.2% da variância da idade de início dos sintomas Em média, os sintomas costumam surgir mais cedo nos homens, especialmente quando possuem grandes sequências CAG. Acredita-se que a sobrevida de um paciente diagnosticado com SCA3/DMJ chegue a algo em torno de 21 anos após o primeiro sintoma. Diagnóstico: Ocorre em em indivíduos com os achados clínicos característicos, história familiar e testes genéticos. Sinais clínicos: Ataxia cerebelar progressiva (frequentemente) e, variavelmente, associada a: ● Sinais piramidais ● Síndrome extrapiramidal rígida distônica ● Amiotrofia periférica e arreflexia generalizada ● Oftalmoplegia externa progressiva ● Fasciculações faciais e linguais induzidas por ação ● Retração da pálpebra OBS:Distonia e características parkinsonianas, pode causar confusão diagnóstica com distonia responsiva à dopa e doença de Parkinson. A amostra de sangue é testada para mutações em todos os genes que causam ataxias espinocerebelares (SCA) de uma só vez. Esta lista inclui SCA1, SCA2, SCA3, SCA6, SCA7, SCA8, SCA10, SCA17 e DRPLA. O diagnóstico molecular é atualmente baseado na determinação do comprimento (CAG) => PCR de longo alcance dimensionado por eletroforese em gel e Southern blotting OBS: Detecta, mas não consegue informar o tamanho das repetições nos casos intermediários e patogênicos Ainda não existem medicamentos farmacológicos eficazes na abordagem da MJD. Os objetivos do tratamento de suporte são maximizar a funcionalidade e reduzir complicações. O manejo do paciente deve envolver uma equipe multidisciplinar. O teste preditivo para parentes em risco é possível uma vez que o teste genético molecular tenha identificado uma expansão de repetição ATXN3 CAG em um membro da família afetado . Este teste não é útil para prever a idade de início, gravidade, tipo de sintomas ou taxa de progressão em indivíduos assintomáticos. SCA3: 28 clinical trials disponíveis
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