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Aula11PED - Obesidade

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Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre 
 
INTRODUÇÃO 
A globalização, principalmente em países desenvolvidos, trouxe a 
padronização dos modos de vida e, com isso, criaram um padrão 
alimentar inadequado, juntamente com a inatividade física cada 
vez maior, fazendo com que a obesidade esteja cada dia mais 
presente e em pessoas adultas e jovens. 
EPIDEMIOLOGIA 
▪ Afeta todas as idades; 
▪ Crianças de 5 a 9 anos de idade: Aumento da prevalência de 
sobrepeso e obesidade; 
▪ A federação mundial de obesidade, em 2015: 
o 11,3 milhões de crianças e adolescentes são obesos; 
o 15 mil crianças e jovens no Brasil com diabetes tipo 2; 
o 1 milhão com pressão arterial elevada; 
o Cerca 1,4 milhão com esteatose hepática. 
▪ Doença de Saúde Pública: 
o Aumento de morbi-mortalidade na fase adulta; 
o Aumento de doenças psiquiátricas. 
▪ Quando crianças, há o predomínio da obesidade nos garotos, 
logo é menos frequente nas garotas. No entanto, na fase 
adulta, há predomínio nas mulheres do que nos homens. 
Quando se fala de obesidade infantil, precisa se tratar o agora 
e prevenir as complicações futuras. 
Tabela 1: Índices antropométricos e demais parâmetros 
adotados para 
a vigilância 
nutricional, 
segundo 
recomendações 
da OMS e MS: 
 
CLASSIFICAÇÃO 
OBESIDADE EXÓGENA E ENDÓGENA 
▪ Obesidade endógena: Existe uma patologia por trás da 
obesidade; 
▪ Obesidade exógena: Causada por excesso de calorias ingeridas 
e é influenciada por fatores determinantes na infância, ex.: 
o Desmame precoce e introdução de alimento 
complementares não apropriados; 
o Emprego de fórmulas lácteas incorretamente 
preparadas; 
o Distúrbios do comportamento alimentar; 
o Inadequação na relação familiar. 
PELA TABELA 
Tabela 2: Medidas para crianças de 0-5 anos e 5-10 anos. 
Está atento a diferença da nomenclatura do IMC para idade 
das crianças de 0-5 anos para as de 5-10 anos. 
o Para obesidade: Crianças menores de 2 anos, usa-se peso para 
estatura, e acima de 2 anos, IMC por idade. 
❖ Para desnutrição: Usa-se peso para estatura até 5 anos, e 
só acima de 5 anos usa-se IMC para idade. 
Tabela 3: 
Medidas 
para ado-
lescentes. 
 
 
 
 
ETIOLOGIA 
Doença crônica, complexa, de etiologia multifatorial (fatores 
genéticos, ambientais e comportamentais), intercambiável e resulta 
de balanço energético positivo. 
▪ Envolve balanço inadequado de gasto X consumo; 
Pediatria 
 
 
 
Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre 
 
▪ Ambiental: Tempo de TV e eletrônico, alimentação 
predominantemente industrializada, alimentos açucarados, 
gordurosos, tamanho das porções; 
▪ Psíquica: Comportamento alimentar próprio e familiar, 
estresse ambiental, autoestima, depressão; 
▪ Genética: Síndromes genéticas respondem a menos de 1% dos 
casos de obesidades. Prader-Willi, mutações nos genes do 
receptor da melanocortina e da leptina, alterações epigenéticas 
(nos primeiros 1000 dias de vida); 
▪ Endócrina: Menos de 1% dos casos. Hipotireoidismo, excesso 
de corticoide, deficiência de hormônio de crescimento. 
Os primeiros 1000 dias são marcado por alterações 
metabólicas: Metilação do DNA, modificação da histona, 
remodelamento da cromatina e rearranjos de micro-RNA, que 
resulta em respostas continuas por toda a vida, visualizadas no 
período pré-natal e pós-natal, ex.: 
▪ No pré-natal: 
o Ganho de peso durante a gestação, tem pouca influência 
na obesidade infantil; 
o A obesidade materna pré-gestacional: 
❖ Aumenta 3x risco relativo da criança nascer GIG; 
Aumenta 5x obesidade na infância. 
o Diabetes gestacional e pré-eclâmpsia aumenta o risco 
relativo de obesidade. 
▪ 1º e 2º ano de vida: 
o Crianças GIG ou PIG: Aumenta o risco de obesidade e 
doenças metabólicas; 
o PIG ou baixo peso: Aumenta o risco de doença coronária, 
obesidade, DM tipo 2; 
o Leite Materno: Diminui 15-25% o risco de obesidade 
(reduz o ganho de peso exagerado nos 2 primeiros anos 
de vida); 
o Ganho de peso exagerado: Aumenta o risco relativo de 
obesidade, geralmente, pelo consumo excessivo de 
proteínas. 
VÍNCULO ENTRE MÃE E FILHO NA GÊNESE DA 
OBESIDADE 
A obesidade é uma doença cuja base emocional pode ser 
identificada conhecendo-se o tipo de vínculo entre mãe e filho(a), 
sem desconsiderar as outras etiologias. 
▪ Aspectos emocionais dos indivíduos e com suas vivências 
psíquicas prévias, desde o útero (ex.: dieta da mãe durante a 
gravidez); 
▪ Personalidade, caráter, reação a emoções, especialmente 
aquelas que geram angústia (ex.: comer como válvula de 
escape); 
▪ Modo como ele se organizará internamente; 
▪ Sensações primitivas: Primeiramente, por meio da boca: 
o Clima repetidamente insatisfatório ou vivido de forma 
impactante pela criança; 
o Superalimentar a criança. 
PREVENÇÃO 
PRÉ-NATAL 
▪ Identificar os fatores de risco familiares; 
▪ Avaliar e monitorizar o estado nutricional da gestante; 
▪ Orientar sobre a alimentação adequada da gestante e estilo de 
vida, evitando o sedentarismo; 
▪ Prevenir o nascimento de RN prematuros ou de baixo peso. 
PUERICULTURA 
▪ Avaliar e monitorar antropometria; 
▪ Estimular o aleitamento materno: 
o Caso não seja possível o leite materno, indicar uma 
fórmula infantil com quantidade de proteína reduzida; 
▪ Sinais de saciedade do lactente, ensinar os pais a identificar os 
diferentes tipos de choro; 
▪ Evolução normal do comportamento alimentar da criança; 
▪ Estimular e orientar o lazer ativo, em detrimento ao lazer 
passivo (uso de telas no máximo duas horas por dia). 
FAMILIAR 
▪ Orientar toda a família sobre os hábitos alimentares: 
▪ Abordar questões relativas ao vínculo mãe-filho; 
▪ Estimular a adesão dos pais ao estilo de vida ativo. 
ESCOLAR 
▪ Educar e capacitar os diversos profissionais envolvidos com a 
criança; 
▪ Orientar os pais sobre o controle da merenda escolar; 
▪ Inserção da educação nutricional no currículo escolar; 
▪ Promoção de atividade física programada e com metas. 
SOCIAL (COMUNIDADE) 
▪ Estimular os pais a reivindicar uma comunidade mais ativa e 
segura; Reivindicação de áreas de lazer e de esporte 
disponíveis no bairro; Promoção de eventos de lazer ativo e 
esportivo; Segurança. 
Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre 
 
COMORBIDADES 
A prevenção da obesidade é mais barata e mais eficiente do 
que o tratamento de suas morbidades. 
Morbidades associadas: HAS, dislipidemias, alterações do 
metabolismo glicídico (resistência Insulínica e hiperinsulinismo), 
doença gordurosa hepática não alcoólica, síndrome metabólicas, 
ortopédicas e dermatológicas, síndrome da apneia obstrutiva do 
sono, síndrome dos ovários policísticos e alterações do metabolismo 
ósseo. 
Observações: 
▪ Síndrome Metabólica: A obesidade favorece ao aumento da 
gordura visceral; Resistência à insulina, hipertensão arterial 
sistêmica, dislipidemia (triglicérides e HDL). Utiliza-se a 
avaliação de Cock; 
▪ Diabetes: O rastreio é feito por screening em pacientes 
assintomáticos, como: crianças na puberdade e em crianças 
acima de 10 anos com sobrepeso ou obesidade somado a DM2 
em parentes de 1º oi 2º grau, ser membro de grupo étnico de 
risco, ter sinais de resistência à insulina e/ou história maternal 
de DM gestacional; 
▪ A investigação inicial de crianças e adolescentes com HAS: 
Hemograma completo, função renal e eletrólitos, perfil 
lipídico, ácido úrico sérico, glicemia em jejum, exame de urina 
tipo 1 e urocultura, fundoscopia, radiografia do tórax, ECG, 
ultrassonografia (US) com doppler de artérias renais; 
▪ Esteatose hepática: 3-10% da população pediátrica em geral e 
34% da população obesa. O diagnóstico é feito por TGO, US e 
biópsia: 
o Evolução: Esteatose –> Esteato-hepatite -> Fibrose –> 
Cirrose –> Hepatocarcinoma. 
o Tratamento: Perda de peso e melhora da resistência 
insulínica por mudança de estilo de vida, vitamina C e 
cirurgia bariátrica. 
▪ Dislipidemia: A triagemé feita na idade entre 2 e 10 anos, em 
crianças que pais ou avós com doença arterial sistêmica 
precoce, pais com CT>240MG/dL; presença de comorbidades 
ou fatores de risco para aterosclerose, portadores de doenças 
que cursam com dislipidemia , uso de medicamentos que 
alteram o perfil lipídico, manifestações clinicas de 
dislipidemias. 
 
 
DIAGNÓSTICO 
CLÍNICO 
História clínica e nutricional (quantitativa e qualitativa), 
juntamente com o exame físico. 
ANAMNESE 
História da obesidade; Antecedentes pessoais; Antecedentes 
familiares; Antecedentes alimentares e hábitos alimentares; 
Comportamento e estilo de vida. 
Figura 5: Achados frequentes nos exames físicos e 
complementares de crianças e adolescentes com excesso de peso. 
INTERROGATÓRIO SISTEMÁTICO 
▪ Respiração oral, roncos, parada respiratória noturna, 
sibilância e/ou fadiga ao esforço; 
▪ Lesões de pele; 
▪ Dor ou edema em articulações; 
▪ Dor abdominal, retroesternal e hábito intestinal; 
▪ Alterações menstruais; 
▪ Sono agitado; 
▪ Alterações comportamentais. 
EXAME FÍSICO 
Medidas antropométricas; Peso e estatura; Índice de massa 
corporal; Pressão arterial sistêmica; Circunferência abdominal; 
Prega cutânea tricipital (PCT) e circunferência do braço (CB); 
Estadiamento puberal. 
MÉTODOS PROPEDÊUTICOS COMPLEMENTARES 
Determinação mais precisa da composição corporal. 
Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre 
 
Pregas cutâneas e da circunferência do braço; Impedância 
bioelétrica; Curvas de Crescimento; Curva de Pressão Arterial; 
Curva de Circunferência Abdominal; Estadiamento Tanner. 
TRATAMENTO 
▪ Políticas de saúde em prol de educação nutricional, práticas 
recreativas e de exercício físico; 
▪ Legislação apropriada para a rotulagem; 
▪ Controle da propaganda e publicidade de alimentos; 
▪ Atendimento individualizado da criança e do adolescente com 
excesso de peso; 
▪ Envolvimento de toda a família é fundamental. 
DIVISÃO EM ETAPAS 
▪ Etapa 1: Esclarecimentos; 
▪ Etapa 2: Avaliação do Comportamento; 
▪ Etapa 3: Quantidade; 
▪ Etapa 4: Qualidade (etapa final do tratamento dietético); 
▪ Etapa 5: Manutenção. 
DIETÉTICO 
Plano terapêutico baseado numa dieta balanceada, implantada de 
forma lenta e gradual, com base na pirâmide dos alimentos 
(educação nutricional). 
▪ Manutenção do peso para crianças menores de 7 anos; 
▪ Redução gradativa do peso para as acima desta idade; 
▪ Redução das morbidades; 
▪ Adoçantes e alimentos diet e light: Não são recomendados. 
PREVENÇÃO DE SOBREPESO 
▪ Consumo diário de até 30% do valor energético total (VET) em 
gorduras; 
▪ Restrição do consumo de sódio; 
▪ Redução do consumo de alimentos carboidratos simples; 
▪ Estimulação ao consumo de aves e carnes vermelhas magra e 
de peixes, pelo menos duas vezes por semana; 
▪ Estimulação ao consumo de mais de cinco porções por dia de 
frutas e hortaliças, não necessariamente em horários 
diferentes. 
ATIVIDADE FÍS ICA 
▪ Praticar diariamente atividade física moderada ou vigorosa 
durante 60 minutos (no mínimo); 
▪ Para adolescentes, exercícios de resistência de intensidade 
moderada com aeróbico; 
▪ Diminuir o tempo das atividades sedentárias; 
▪ Mudança de pequenos hábitos no dia a dia: 
o Usar as escadas em vez do elevador; Incentivar a ajuda 
nas tarefas domésticas; Alongar; Caminhar ou andar de 
bicicleta; Incentivar e brincar (família e criança) com 
jogos recreativos. 
MEDICAMENTOSO 
Situações de agravo à saúde que têm influência direta do ganho de 
peso e precisam ser tratadas paralelamente ao processo de 
reeducação alimentar. 
▪ Uso de metformina, sibutramina, Orlistrat e fluoxetina 
tiveram poucos efeitos na redução do peso. 
OUTROS 
▪ Cirurgia Bariátrica: 
o Estudos mostram grande perda de peso quando 
comparado com mudança de estilo de vida: 
❖ Dados não podem ser generalizados por ter 
números pequenos de casos; 
❖ Poucos estudos confiáveis; 
o Necessidade de mais estudos e com acompanhamento a 
longo prazo. 
CONCLUSÃO 
O tratamento da obesidade na infância representa um processo 
dinâmico e reconstrutivo de um novo estilo de vida na família, que 
deve ser co-construído por profissionais e famílias, levando-se em 
consideração que pais, mães, filhos e filhas precisam ser acolhidos 
e compreendidos em suas histórias, em seus sofrimentos, conflitos, 
valores, crenças e saberes. 
MONITORANDO O TRATAMENTO 
Acompanhamento de parâmetros clínicos e laboratoriais. 
EQUIPE MULTID ISCIPLINAR 
Psicologia, nutricionista, pediatra, assistente social, educador físico, 
ortopedia, endocrinologia e cirurgião.

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