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PEDIATRIA MÓDULO Discente: Anna Beatriz Fonseca MedFTC2020.2 – 3º SEMESTRE – TURMA A – TUT3 Transcrição aula + Tratado de Pediatria – Volume 1 e 2 Anna Beatriz Fonseca 1- Semiologia Pediátrica 2- Atendimento ao Lactente 3- Desenvolvimento 4- Crescimento e avaliação nutricional 5- Aleitamento materno 6- Alimentação complementar 7- Anemias carenciais 8- IVAS 9- Prevenção de acidentes 10- Desnutrição 11- Obesidade Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre RELAÇÃO PEDIATRA + CR IANÇA + FAMÍLIA Em pediatria, a comunicação é extremamente importante, porque, muitas vezes, os pacientes e acompanhantes – na pediatria quase sempre o acompanhante será o relator – estão abalados. A palavra chave é escutar (= compreender). A caractéristica necessária é empatia, mas sem perda de limites, isto é, o médico deve manter a posição que lhe dá a força almejada pela família. ▪ Aspecto particular: Cuidar de um ser em processo de crescimento e desenvolvimento; ▪ Meta: Melhorar a qualidade de vida da criança, possibilitando sua incorporação adequada (crescimento e desenvolvimento) a um mundo cheio de exigências e desafios; ▪ Maior tarefa: Procurar atribuir um sentido ao seu discurso aparentemente incompreensível (adequar a fala); ▪ Evolução histórica: Visão curativa X Visão preventiva (a tentativa dos médicos é sempre ter uma visão preventiva, para que possa acompanhar a criança, porém, muitas vezes o atendimento será de objetivo curativo); ▪ Conceito de integridade da criança: Avaliar aspectos nutricionais, convivência e risco social. ANAMNESE ▪ A semiologia pediátrica é rica em detalhes. IDENTIF ICAÇÃO ▪ Nome completo; ▪ Nome da mãe (prioritariamente)/do pai; ▪ Data de nascimento e idade; ➢ Os meses da idade (Ex.: 0 anos e 10 meses; 1 ano e 2 meses) é fundamental perguntar, pois pode ter diferença em possíveis diagnósticos, por exemplo. ➢ Bebê pré e pós-termo tem idade corrigida. ▪ Cor/Etnia; ▪ Sexo/Gênero; ▪ Naturalidade/Procedência; ▪ Residência; ▪ Estado civil; ▪ Profissão; ▪ Religião; ▪ Informante (acompanhante); QUEIXA PRINCIPAL Motivo principal da consulta + tempo A queixa principal deve ser descrita com as palavras que o paciente ou o informante do paciente usou. Atentar-se ao fato de que, a queixa dos responsáveis pode induzir a um falso diagnóstico; porém não fazer pré- julgamentos; Algumas queixas não vão precisar de tempo, apenas o motivo. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL ▪ Coletar sinais e sintomas de maneira cronológica; ▪ Caracterização adequada: Início, duração, evolução, fatores de melhora e piora, relação com outras queixas, situação do sintoma atualmente e uso de medicações. INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO ▪ Sinais gerais; ▪ Pele e fâneros; ▪ Cabeça e pescoço (crânio, face, pescoço, olhos, ouvidos, nariz, faringe e laringe); ▪ Tórax (aparelho respiratório e cardiovascular); ▪ Abdômen (aparelho digestivo); ▪ Sistema gênito-urinário; ▪ Sistema hemolinfopoiético; ▪ Sistema endócrino; ▪ Sistema musculoesquelético; ▪ Sistema nervoso; ▪ Exame psíquico e avaliação das condições emocionais. PE D 1ª consulta 1ª semana PE D Consultas mensais Até o 6º mês PE D Consultas bimestrais Ate o 12º mês PE D Consultas trimestrais A partir de 1º ano Pediatria LI N K Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ANTECEDENTES ANTECEDENTES F IS IOLÓGICOS ▪ Marcos do desenvolvimento (Utiliza-se a escala de Denver – escala que é esperado que a cada mês/ano que se passa na vida de evolução de uma criança, o mesmo realize determinada funções/atitudes); ➢ Ex.: “Sustentou o pescoço? Sentou com apoio? Sentou sem apoio? Engatinhou? Andou? E os dentinhos? Fala? Rendimento escolar”. Com quanto tempo ou quantos anos ele realizou essas atividades. ▪ Crescimento/Puberdade (Antropometria ou curvas do crescimento, desenvolvimento escolar intelectual e social); ANTECEDENTES PATOLÓGICOS ▪ Patologias; ▪ Comorbidades e traumas; ▪ Cirurgias, transfusões e internamentos; ▪ Alergias e medicamentos em uso; ▪ Imunização: Calendário vacinal. ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS/NEONATAIS Antecedentes gestacionais: ▪ Como decorreu a gravidez que gerou o paciente? – Se foi tranquila ou conturbada, se houve intercorrência sofrimento fetal, como foi e em que período?; ▪ A gestação foi planejada?; ▪ Realizou pré-natal? Quantas consultas?; ▪ Realizou as sorologias? (TO R C HE S + HIV + HEPATITE B e C + HTLV). Ultrassom gestacional? Tipagem sanguínea materno (ABO + RH); ▪ A mãe fez uso de medicações/ drogas/álcool durante a gestação? Quais? Em qual período?; ▪ A genitora teve alguma virose ou doença durante a gestação? Qual? Em qual período?; ▪ Teve exposição ambiental durante a gestação? Onde trabalhou? O que frequentou? É importante perguntar o período, porque o primeiro trimestre demanda maior atenção. Antecedentes neonatais e ao nascer: ▪ Via de parto: Como a criança nasceu (Normal, cesariana, fórceps); ▪ Idade gestacional: Duração da gestação: I. Pré – termo: Menos de 37 semanas. (Pré– termo extremo: menos de 28 semanas. Muito pré-termo: 28 – 31 semanas e 6 dias. Pré – termo moderado: 32 – 33 semanas e 6 dias. Pré – termo tardio: 34 semanas – 36 semanas e 6 dias); II. II. Termo: 38 – 41 semanas; III. Pós – termo: Mais de 42 semanas (nasce tipo um “velhinho”, “irrugadinho”, com unhas grandes, com muito sebo). ▪ Peso e estatura ao nascimento: Apenas para o paciente TERMO: I. Pequeno para idade gestacional: menor que 2.500 g; II. II. Grande para idade gestacional: maior que 4.000 g – Macrossômicos; III. III. Comprimento do RN: Ideal entre 48 aos 52 cm. ▪ Mamou na 1ª hora de vida? – Vínculo mãe e filho, reflexo de sucção; ▪ Eliminou mecônio (fezes – verde petróleo, gosmento) nas 48h – 72h?; ▪ Teve icterícia? (Precoce ou tardia); ▪ Teve alguma intercorrência no parto?; ▪ Quando teve alta hospitalar?; ▪ APGAR: Escala/Índice que consiste na avaliação das características do recém-nascido quando nasce: PONTOS 0 1 2 Frequência cardíaca Ausente <100/min >100/min Respiração Ausente Fraca/Regular Forte/Choro Tônus muscular Flácido Flexão de pernas e braços Movimento ativo/ Boa flexão Cor da pele Cianótico/ Pálido Cianose de extremidades Rosado Irritabilidade reflexa Ausente Algum movimento Espirros/Choro ▪ É realizado no 1º e no 5º minuto; ▪ Considerado bom a partir de 7 pontos. ANTECEDENTES FAMILIARES ▪ Hipercolesterolemia, obesidade, diabetes, infarto, cardiopatias, doenças oncológicas, doenças metabólicas, doenças genéticas, etc. HÁBITOS DE VIDA ▪ Alimentação: Recordatório alimentar: (Analise dos 1ºs anos de vida e do período atual); Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Atividade Física (Qual tipo, frequência – em dias – duração, há quanto tempo prática); ➢ Ex. Classificação Prática: Sedentárias, exercem atividades físicas moderadas e ocasionais (esporte, ballet etc.); ▪ Tabagismo, Etilismo, Uso de drogas: Qual tipo, quantidade, frequência, há quanto tempo (principalmente adolescentes); ▪ Sono; ▪ Lazer; ▪ Exposição a tela (Dispositivos móvel ou imóvel). CONDIÇÕES PSICOSSOCIAIS ▪ Moradia e habitação (Limpeza, Saneamento básico, Eletricidade, coleta de lixo, etc.); ▪ Higiene; ▪ Relacionamento familiar e social (Convivência com os familiares e com as pessoas, aspecto psicológico); ▪ Animais; ▪ Atividades culturais. PECULIAR IDADES Diagnóstico sindrômico se baseia em: ▪ Diagnóstico nutricional, do desenvolvimento, imunológico e patológico propriamente dito. EXAME FÍSICO ▪ Existe variações conforme a idade da criança; ▪ É importante conversar com a criança antes e duranteo exame - adquirir uma confiança com a criança, evitando receios e constrangimentos. 1) Para crianças pequenas: Os sinais vitais são examinados no início do exame (ainda no colo do acompanhante) – para evitar o choro que pode atrapalhar; 2) O exame do ouvido e garganta no final da consulta. FREQUÊNCIA CARDÍACA ( rpm) IDADE VARAIÇÃO Recém-nascido 120-160 Lactante 28d a 2 anos) 90 – 140 Pré-escolar (2 a 4 anos) 80 – 110 Escolar (5 a 10 anos) 75-100 Adolescente 60-90 FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA ( imp.) IDADE VARIAÇÃO Recém-nascido 30-60 Lactante (28d a 2 anos) 24-40 Pré-escolar (2 a 4 anos) 22-34 Escolar (5 a 10 anos) 18-30 Adolescente 12-16 TEMPERATURA CLASSIFICAÇÃO VARIAÇÃO HIPOTERMIA <36ºC NORMOTERMIA 36,1-37ºC FEBRÍCULA 37,1-37,5ºC FEBRE BAIXA 37,6-38,5ºCºC FEBRE MODERADA 38,6- 39,4ºC FEBRE ALTA 39,5-40,5ºC HIPERPIREXIA >40,6ºC PRESSÃO ARTERIAL (PA) ▪ A aferição da PA em crianças deve ser realizada a partir dos 3 anos de idade anualmente, exceto os que possuem comodidades. É influenciada diretamente pelo sexo, altura e idade e para sua verificação precisa, após a checagem desses dados, obter o percentil de altura para, assim, enquadrá-lo no gráfico (feminino e masculino) de PA. ▪ Deve circundar 80 – 100% da circunferência do braço, ter largura correspondente a 40% da circunferência do braço, no ponto médio entre o acrômio e o olécrano. IDADE LARG. X COMP. (manguito) Recém-nascido 2,5-4 x 5-9 Lactente (28d a 2 anos) 4-6 x 11,5-18 Criança 5-9 x 17-19 Adulto 10,5-13 x 22-26 Braço grande de adulto 14-15 x 30,5-33 Coxa de adulto 18-19 x 36-38 Quando não existir o manguito ideal para o tamanho da criança, deve-se escolher o tamanho imediatamente superior, porque o manguito pequeno pode resultar em uma PA elevada. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre TÉCNICA É necessário fazer 3 aferições em diferentes ocasiões. ▪ A aferição da PA deve ser feita no braço direito, com a criança sentada e com as costas apoiadas, os pés no chão e a fossa cubital direita elevada, no nível do coração. Em lactantes, a aferição da PA deve ser feita com a criança deitada. Ao aferir a pressão, irá conferir na tabela - de acordo com o sexo, idade e estatura da criança (5 – baixa/ 10-95 normal/ >95 – alta) – se o percentil PA está adequado. Ex.: Tabela par sexo masculino: ▪ P95: Hipertenso; ▪ P99: Internação e farmacoterapia. Ex.: Garoto de 4 anos no percentil 25 de altura, foi aferida a PA de 105x60 mmHg. Está dentro da normalidade? • Olha o sexo e idade; • Analisa o percentil da altura do paciente, e procura o valor da pressão que foi aferida, exato ou aproximado. A pressão sistólica está entre o percentil 90 e 95 então está boa, e a pressão diastólica no percentil 90, então também está boa. Essa criança não tem pressão alta no momento. MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS PESO O correto é fazer o exame com a criança de calcinha ou cueca. A primeira balança de 15-18kg com o paciente deitado/sentado, depois utiliza- se a segunda, com o paciente em pé. Bebê pré e pós-termo tem peso corrigido até 3 anos. ALTURA Crianças menores de 2 anos, são medidas de comprimento, e não de estatura, pois são medidas em decúbito dorsal. O estadiômetro é utilizado para crianças de até 100cm, ao ultrapassar isso, a balança que possui medidor. Medir a criança com fita métrica não é indicado, por ser mais provável o erro. PERÍMETROS Com fita métrica; ▪ Cefálico (deve ser medida regularmente até os 2 anos): Nível da glabela e proeminência occipital – valor indireto do desenvolvimento neuropsicomotor; ▪ Torácico (linha mamilar); ▪ Abdominal; !!! Lembrar que na carteira de saúde da criança existe curvas e gráficos que ajudam a acompanhar a esperada evolução da criança. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ECTOSCOPIA ▪ Impressão geral; ▪ Nível de consciência e reatividade (atitude); ▪ Estado nutricional e biotipo; ▪ Condições de higiene; ▪ Aspecto da pele e mucosa: o Coloração (icterícia, cianose e palidez): ▪ Icterícia no RN: Região sublingual; ▪ Icterícia fisiológica: 2º ou 3º dia de vida, que persiste até uma semana; o Manchas mongólicas (traço da raça negra, equimoses, hematomas): EM nádegas e região lombo-sacral; Fisiológica ▪ Turgor; ▪ Lesões elementares e descamações; o Miliária (inflamação das glândulas sudoríparas – CD lavagem com água e sabão) e milium facial; o Impetigo (bolhoso e crostoso); ▪ Fâneros: Pelos e alterações em unhas; ▪ Face: Típica ou atípica (sofrimento, medo, etc.). Lembrar que o ideal é fazer a avaliação crânio-caudal, porém a maneira do exame físico na criança, deve ser feito inicialmente no colo da mãe e realiza-lo na ordem que ela começa a permitir. CABEÇA E PESCOÇO ▪ Cabeça: o Inspeção: Conformação, simetria e proporção craniofacial; o Palpação: Consistência, suturas e fontanelas. O perímetro cefálico deve ser medido até os 2 anos da criança e ser analisado nas curvas das cadernetas. Fontanelas: (Medidas indiretas do perímetro) Em caso de deformação, pode ser um sinal de hidratação e de problemas neurológicos (abaulamento e irritabilidade associada). Bossa: Céfalo- hematoma móvel, sem restrição a ossos devido a passagem do bebê no canal vaginal (parto normal). ▪ Pescoço: o Adenomegalias; o Torcicolo congênito; o Assimetrias; o Cadeias ganglionares (crianças pequenas podem ter linfonodos aumentados). OLHOS ▪ Avaliação da visão no RN: Aspecto e simetria, pupila e intensidade de reflexo vermelho; ▪ Pré-escolar: Estrabismo e acuidade visual; ▪ Escolar e adolescente: Acuidade visual; OUVIDOS Avaliação da acuidade auditiva: No lactente, observar “pestanejamento” dos olhos, susto ou direcionamento da cabeça em resposta a um estímulo sonoro e, em crianças maiores, sussurra-se uma ordem a 24cm. CAVIDADE BUCAL ▪ Lesões (língua, palato): o Palpa-se o palato na primeira consulta; o Língua: Teste da linguinha (forma de coração), língua geográfica e em morango; o Dentes: Oclusão, cáries, tártaro, placas bacterianas e defeitos de alinhamento. ▪ Orofaringe: o Presença de úvula; o Não é esperado ter amigdalas (a partir de 1 e funcionante a partir de 2 anos); ▪ Otoscopia - Traciona-se um pouco para tentar retificar: o Avaliação do conduto; o Membrana timpânica; o Apófise lateral do martelo; o Umbo e Uncus; o Apófise longa do martelo; o “Pars” tensa e “Pars” flácida; o Reflexo luminoso; o Cera: Ausência é preocupante (orientar importância e higienização unicamente externa). Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre TÓRAX ▪ Inspeção: Abaulamentos e retrações, cicatrizes, assimetrias, arcabouço crostal e mamilos extra-numéricos; ▪ Aparelho cardiovascular: o Ictus (3 ou 4º EI); o Frêmitos - sentir som e vibração; o Palpação de pulsos (radiais, femorais e/ou tibiais); o Ausculta cardíaca: Focos de ausculta; desdobramentos; sopros (tipos, intensidade e irradiação). ▪ Aparelho respiratório: o Expansibilidade; o Percussão; o Ausculta: (O ideal é o paciente sentado, e se for deitado lembrar de auscultar anterior e posterior; comparar os sons de cada hemitórax; auscultar fossas supra e subclaviculares para depois os ápices pulmonares); • Som traqueal (passagem de ar pela traqueia): Audível na região do pescoço sobre a traqueia; • Som bronquial (passagem de ar pelos brônquios de maior calibre): Audível na face anterior do tórax, próximo ao esterno; • Som vesicular (passagem de ar pelo parênquima pulmonar): Murmúrio vesicular; ▪ Sons pulmonares: o Som broncovesicular; o Estertores secos: Superpõem-se aos ruídos normais: • Roncos (movimentação de muco nos brônquios e modificam-se com a tosse); • Sibilos (obstrução de fluxo aéreo): Monofônico: Asma; Polifônico: DPOC, inspiraçãoforçada; o Ruídos transmitidos; • Egofonia (paciente dizendo “E”, sai o som de “A”) – com a campânula do estetoscópio; • Estridor (obstrução alta de laringe). o Ruídos adventícios (casuais): • Estertores úmidos (abertura dos alvéolos colapsados ou ocluídos com liquido viscoso – crepitantes; não se modificam com a tosse); • Atrito pleural (camadas da pleura com superfície espessada movimentam-se silenciosamente); ABDOME ▪ Inspeção: o Cicatriz abdominal; o Hérnias umbilical (pode esperar até os 4 anos); o Cordão umbilical; ▪ Ausculta (RHA); ▪ Percussão; ▪ Palpação superficial; ▪ Palpação profunda: Fígado, baço e lojas renais o Punho- percussão somente em crianças maiores. GENITAL E PER INEAL ▪ Inspeção; ▪ Características sexuais (escala de Tanner): o Meninos: Aspecto e tamanho do pênis, testículos e bolsa escrotal, exposição da glande e orifício uretral. • Fimose (fisiológica): Aderência de proteção, fisiológica até os 2 anos (lavagem com água e sabão exclusiva); • Criptorquidia: Testículos em região inguinal (cirúrgico caso não consiga descê-los com palpação – risco de infertilidade); • Hérnias inguinais. o Meninas: • Simetria dos lábios, cor, clítoris e hímen; • Sinéquia vulvar (fusão de pequenos lábios – medicação). APARELHO LOCOMOTOR E NEUROLÓGICO O desenvolvimento neuropsicomotor é realizado de forma craniocaudal. ▪ Membros: o Marcha (genovaro e genovago); o Deformidades (dedos alterados, pé torto congênito – quedas frequentes); o Assimetrias; o Amplitude dos movimentos. ▪ Articulações: Aspecto e mobilidade (ativa e passiva): o Barlow test e Ortolani test: Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Coluna vertebral: Simetria, desvios e postura; ▪ Reflexos primitivos: o Tônico-cervical; Moro; Preensão palmar e plantar; Sucção reflexa; Reflexo de busca; Pontos cardeais; Marcha reflexa. Ex. de alguns reflexos: São fisiológicos, mas caso desaparecerem e retornarem, tornam-se patológicos. ▪ Pares cranianos: o Pars olfatório: Potinhos com cheiro; o Pars óptico: Verificação do campo visual; o Pars oculomotor, troclear e abducente: Acompanhamento com olhar e fotoreatividade das pupilas; o Pars trigêmeo: Verbalização (movimentos linguais); o Pars abducente; o Pars facial: Mímica da criança; o Pars vestíbulo-coclear: Equilíbrio; ▪ Reflexo vermelho: Teste do olhinho. QR Code: Caderneta da criança – 2020 Brasil: Respectivamente, da menina e do menino. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre PUERICULTURA Atendimento ambulatorial que compreende a realização periódica de consultas de pacientes de zero a 19 anos com o pediatra para uma avaliação/supervisionamento do crescimento e desenvolvimento, cujo foco é a prevenção e a educação a saúde, sendo fundamental o vínculo do pediatra com a criança e a família. ▪ O pediatra necessita ver as crianças de forma global; não se ater somente à queixa da mãe; e o exame físico deve ser o mais completo possível. Quando deve iniciar a puericultura? ▪ No pré-natal – para dúvidas serem sanadas e começar um laço entre o pediatra e a família: o Reduz morbimortalidade neonatal, melhora assistência ao recém-nascido em sala de parto e possibilita a consulta pós-natal dentro da primeira semana de vida; o Reduz os medos e ansiedades da família. Lactante 0 a 2 anos Pré-escolar 2 a 4 anos Escolar 5 a 10 anos Adolescente 11 a 19 anos 1ª semana 15 meses 5 anos 11 anos 1º mês 18 meses 6 anos 12 anos 2 meses 24 meses 7 anos 13 anos 3 meses 30 meses 8 anos 14 anos 4 meses 36 meses 9 anos 15 anos 5 meses 42 meses 10 anos 16 anos 6 meses 48 meses - 17 anos 9 meses - - 18 anos 12 meses - - 19 anos ▪ Primeira consulta: 7 a 10 dias após a alta; ▪ Revisões mensais: até 6 meses de idade; ▪ Revisões bimestrais ou trimestrais: 6 meses aos 12 meses de idade; ▪ Revisões trimestrais: 12-24 meses; ▪ Revisões semestrais: 2 a 4 anos; ▪ Revisões anuais: dos 4 até a puberdade. A primeira consulta médica deve ser abrangente, pois, além de anamnese e exame físico completo, deve ser bastante explicativa e tranquilizadora para a família. CONSULTA Temas sobre a alta da maternidade e todos os procedimentos e exames feitos com o bebê, ganho e perda de peso, vacinação, testes de triagem – teste do pezinho (identificar doenças metabólicas, hereditárias e infecciosas), teste da orelhinha (detecção precoce de doença auditiva), teste da linguinha (observa a anquiloglossia – língua presa), teste do coraçãozinho (identificar cardiopatia congênita), teste do olhinho/reflexo vermelho (alterações oftalmológicas) – icterícia, adaptação e como lidar com a criança devem ser abordados. Um dos instrumentos mais utilizados para a avaliação e monitoramento do lactante é a caderneta de saúde da criança: ▪ Na consulta deve explicar aos pais a importância da caderneta para o crescimento e desenvolvimento da criança, abrir a caderneta e mostrar o que a compõe, além de, explicar como usar a mesma quando está sem a presença do pediatra. O que é avaliado? o Crescimento – comprimento e estatura – e desenvolvimento neuropsicomotor – se a criança atinge as expectativas no determinado período que está – através das curvas de crescimento. o Estado vacinal; o Estado nutricional – medidas antropométricas – e histórico/recordatória alimentar – se faz aleitamento materno exclusivo (até os 6 meses) e se após os 6 meses introduziu alimentos e continuou o aleitamento ou parou; o que come do café, almoço, jantar; se possui lanche e ceia e o que come; Alimentação passada e atual, sendo essa última – o que e como come, que horas, o que a família come e realizar o recordatório. o Capacidade visual, função auditiva– algum problema pode atrasar o desenvolvimento; o Saúde bocal; o Desenvolvimento da sexualidade – orientação aos pais sobre a forma que irá abordar o tema. o Condições do meio ambiente – comportamento, cuidado com a criança, higiene. Pediatria Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre Hábitos diários: o Padrão de atividades físicas diárias – se pratica atividade física, se briga, se corre; o Sono, quantidade e qualidade – quanto tempo dorme, se ronca, se possui apneia; o Exposição à mídia – quando tempo fica em frente à TV, celular, tablet e aconselhar a mãe a diminuição dessa exposição (não é recomendado nenhum uso até os 2 anos). A orientação de boas condutas dos hábitos diários começa desde cedo, ex.: como prevenir acidentes – escadas, brinquedos –, higiene com a saúde – lavar as mãos antes de alimentar e após ir ao banheiro, lavar frutas e verduras –; ter cuidados na manipulação de alimentos, ter higiene do sono – diminuir as luzes, evitar barulhos –, coibir o uso de telas antes de 2 anos de idade e estimular as atividades lúcidas – leitura, brincadeiras de roda, cantigas, bicicleta. O pediatra, desde a primeira consulta, deve tratar a criança e os pais ou responsáveis com amorosidade, porém sem perder a postura e credibilidade. O “trazer pra perto” cria uma relação de confiança entre a família com o pediatra, ajudando tanto na perda de medo e receios, como também facilita a abordagem sobre a criança. Também cabe ao profissional perceber se há relação de amor, cuidado entre a criança e a família. Lembrar que na consulta de puericultura, nem sempre a foco na queixa principal e na história da moléstia atual, pois o foco é no acompanhamento da criança. o Quando faz o interrogatório sistemático algumas demandas podem aparecer (ex.: perda de peso, alterações na cor da pele, êmese, flatulência). Usar sempre linguagem acessível com os pais e pacientes a fim de sanar todas as dúvidas e questões. O recolhimento dos antecedentes pessoais deve-se ser no pré-natal,caso não, é recolhido na 1ª consulta – preferencialmente na 1 semana de vida da criança. ▪ Antecedentes obstétricos/neonatais: Ex.: idade da mãe, número de consultas pré-natal, sorologias, parto, APGAR, situação neonatal e etc.; ▪ Antecedentes fisiológicos: Ex.: Marcos do desenvolvimento, crescimento (avaliar a curva), puberdade – escalar de Tunner – e etc.; ▪ Antecedentes patológicos: Ex.: patologias prévias, internações, cirurgias e transfusões prévias, alergias, imunizações, medicação em uso e etc. EXAME FÍSICO ▪ Não segue nenhuma ordem, e geralmente se inicia observando a criança – desde o momento que chega no consultório –; a avaliação do desenvolvimento se dá durante toda a consulta. • Para começar a tocar no bebê, comece com ele no colo da mãe, com ele calmo (sugere-se iniciar pelo sistema cardíaco e respiratório) e deixar orofaringe, antropometria e outras etapas mais desconfortáveis para o final. Atentar-se ao exame neurológico. CONCLUINDO A CONSULTA ▪ Diagnóstico sindrômicos, ex.: o Nutricional; o Adequadação do DNPM; o Alimentação; o Situação vacinal; o Condição socioeconômico. ▪ Diagnóstico nosólogico: Realizado através da HMA e do exame físico; ▪ Condultas: (Deve-se anotar a conduta indicada para o diagnóstico. Possíveis condutas: o Profilaxia Anemia x Suplementação vitamina D; o Orientações e prevenção; o Estímulos. EXAMES LABORATORIAIS ▪ De rotina: o Hematimetria com ferritina e os protoparasitológico no 1º ano de vida; Condultas Profilaxia Anemia Se LM A partir de 3 meses (*1/mg/kg/dia) até 24 meses Se fórmula (>500 ml/dia) A partir de 6 meses (1/mg/kg/dia ) até 24 meses Suplementação de vitamina C 400 ul/dia até 12 meses 600 ul/dia de 12 a 24 meses Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Eventuais para com os risco dos antecedentes; o Displêmicos: Incluir, a partir dos 3 anos de idade, perfil lipídico e glicemia; o Obesos e usuários de corticosteroides, Como os atópicos: Dosagem de 25-OH e vitamina D. Obs . : A per igosa cul tura do pronto socorro (PS) de acordo com Iayme Murahovschi : 1ª questão: Qual o objetivo do pronto-socorro? Atender pacientes que estejam em estado de urgência ou emergência; 2ª questão: Por que atualmente se vai tanto ao pronto-socorro? Devido ao acesso rápido ao atendimento e a exames. 3ª questão: E por que se vai tanto ao pronto-socorro sem necessidade real? Muitas vezes, por não sanar as dúvidas na puericultura, e os pais buscam resposta para os problemas do filho. 4ª questão: Porque cuidar das crianças fora das urgências? Para evitar exposição e não é adequado para as medidas preventivas. Quando se deve ir ao PS: ▪ Febre muito alta; criança abatida/gemente; vômitos que não param/ diarreia líquida intenda; dor de cabeça súbita forte; falta de ar, crise asmática forte; acidentes e traumas, intoxicação; urgências em que o pediatra não pode ser encontrado. Obs.: Comunique o ocorrido ao seu pediatra o mais breve possível; nunca fazer tratamentos completos no PS, fazendo retornos frequentes com plantonistas diferentes. ________________________________________________________________________________________________________________________________ QR Code: Caderneta da criança – 2020 Brasil: Respectivamente, da menina e do menino. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre INTRODUÇÃO O termo “desenvolvimento” tem sido o mais utilizado para abranger os vários aspectos interligados que caracterizam a evolução dinâmica do ser humano a partir da sua concepção, ou seja, é o processo de construção da identidade humana, resultante da interação entre as influencias biológicas, a história de vida e seu contexto cultural e social. A genética é um fator determinante para o desenvolvimento humano, porém, o meio ambiente – interação com os fatores ambientais – é crucial para alcançar sua potencialidade, logo, é fundamental que ocorra ampla e adequada variação de estímulos e experiências, para favorecer todo o seu potencial. ▪ O sucesso depende da integridade dos vários órgãos e sistemas (principalmente do sistema nervoso que participa de toda ordenação funcional); o O tecido nervoso cresce e amadurece, tendo o desenvolvimento das sinapses nos primeiros anos de vida (2-3 anos); o Nesse período é mais vulnerável a agravos de natureza diversa (ex. meningite, trauma) que interfiram no desenvolvimento, mas também é nesse período que a criança melhor responde aos estímulos e intervenções devido a sua grande plasticidade. O desenvolvimento compreende alguns domínios de função interligado: ▪ Sensorial; ▪ Motor (grosseiro e fino); ▪ Linguagem (corporal também); ▪ Social (dissociar da família); ▪ Emocional; ▪ Cognitivo; ▪ Adaptativo. PREVALÊNCIA ▪ Estima-se que 1 em cada 8 crianças tenha alterações do desenvolvimento; ▪ Segundo a OMS, 200 milhões de crianças abaixo de 5 anos tem desenvolvimento abaixo do seu potencial; Obs.: Ainda ocorre atraso no diagnóstico, mesmo nas crianças regularmente acompanhadas. Crescimento (físico, é o aumento do tamanho) e desenvolvimento (capacidade funcional) ocorrem de forma mútua. A evolução se dá em uma sequência fixa, mas em ritmo variável. A direção da evolução é céfalo-caudal, crânio-caudal (cima para baixo), e próximo-distal (dentro para fora). AVALIAÇÃO Processo contínuo – rotineiro e sistemático que devem acontecer em todas as visitas de puericultura – de acompanhamento das atividades relativas ao potencial de crianças para detecção precoce de desvios e atrasos. A avaliação é feita de forma individualizada e compartilhada com a família, ou seja, é necessário respeitar a particularidade de cada criança, até porque não existem limites fixos de desenvolvimento, além de levar em conta o contexto psicossocial que a criança está inserida. A meta da avaliação é verificar se a criança acompanha o potencial adequado para a idade, ou, caso não tenha atingido, identificar precocemente crianças em risco e intervir. ▪ Fatores de risco para distúrbios do desenvolvimento: Ausência de pré-natal, problemas na gestação, prematuridade, baixo peso ao nascer, icterícia grave, hospitalização no período neonatal, doenças graves (ex.: meningite, traumatismo craniano e convulsões), parentesco entre os pais, casos de deficiências ou doença mental na família (principalmente na mãe durante a gestação), fatores de riscos ambientais (ex.: violência doméstica, drogas e álcool), além de alterações físicas (ex.: perímetro cefálico e presença de alterações fenotípicas). O momento da avaliação também serve para estimular e ensinar aos pais ou responsáveis. ▪ Caderneta de saúde da criança: Disponibiliza uma sistematização para vigilância do desenvolvimento e isso permite acompanhar aquisição dos principais marcos do desenvolvimento, tanto os médicos como os pais. Pediatria Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre MARCOS DO DESENVOLVIMENTO São referências usada para acompanhar o desenvolvimento. Idade/tempo que são analisados os marcos do desenvolvimento. ▪ Recém-nascido; ▪ Lactente: 3, 6, 9, 12, 18 e 24 meses; ▪ Dos 3 aos 7 anos; ▪ Após: Avaliação das funções corticais superiores e desempenho escolar. Tabela disponível na caderneta da criança sobre os marcos de desenvolvimento, como analisar, classificar e a conduta que deve tomar: NEURODESENVOLVIMENTO MOTOR A primeira musculatura a ser controlada é a ocular, depois há o controle progressivo da musculatura para sustentação da cabeça e depois do tronco. Por volta do 3º trimestre, a criança adquire a posição ortostática, garantindo as primeiras tentativas de engatinhar. Algumas crianças andam sem ter engatinhado, e isso não indica anormalidade. ▪ Grosseiro: Pega um objeto coma mão inteira; ▪ Fino (dependente da visão): Quando objeto é pego com a mão, como se fosse uma pinça. COGNITIVO ▪ Aprendizagem; ▪ Linguagem (dependente da audição): Oral e corporal: o Pelos 2-3 meses, há gritos (vogais); o Pelos 6 meses, há lalalismos (ex. lala, papa, mama); o Fala: Só quando o bebê tem a intenção de falar. PSICOLÓGICO ▪ Comportamento. REFLEXOS ▪ Marcha reflexa: Até 2° mês; ▪ Reflexo de Galant (encurvamento do tronco ao apoiar a mão no tronco do bebê): Até 2° mês; ▪ Reflexo de Busca: Até o 3° mês; ▪ Sucção reflexa: Até o 4° mês; ▪ Preensão palmar: Até o 4° mês; ▪ Reflexo de Moro: Até o 6° mês; ▪ Reflexo tônico-cervical assimétrico: Até o 6° mês; ▪ Reflexo extensor cutâneo plantar: Até o 10° mês; ▪ Preensão plantar: Até o 12° mês. RECÉM-NASCIDO O que esperar do recém-nascido? ▪ Reflexos profundos (tono): o Hipertonia flexora dos 4 membros; o Hipotonia axial (de cabeça para baixo, com os braços e pés soltos); o Hiper-reflexia profunda. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Reflexos primitivos: Todos presentes no RN a termo, já os bebês prematuros podem não ter desenvolvido ainda; ▪ Funções cerebrais superiores: Pode seguir objetos com os olhos, iniciando a corticalização. 3 MESES ▪ Reflexos profundos (tono): Iniciando hipotonia fisiológica; ▪ Reflexos primitivos: o Presentes: Sucção, Moro, mão-boca, preensão palmar, preensão plantar, cutâneo-plantar extensor; o Desapareceram: Marcha reflexa, apoio plantar, tônico- cervical assimétrico/esgrimista; ▪ Equilíbrio estático: Firma o pescoço; ▪ Equilíbrio dinâmico: Movimenta a cabeça; ▪ Coordenação: Junta as duas mãos na linha média (centro do corpo); ▪ Funções corticais superiores: Fixa o olhar, sorri socialmente, atende ao som com procura da fonte emissora, além de reconhecer a voz dos cuidadores, e usa vogais (gorjeio, ex.: aa). 6 MESES ▪ Reflexos profundos (tono): Hipotonia fisiológica importante e reflexos profundos semelhantes ao adulto (ex. cubital, patelar); ▪ Reflexos primitivos: o Presentes: Preensão plantar e cutâneo plantar extensor; o Desaparecem: Sucção, preensão palmar, moro e mão- boca; ▪ Equilíbrio estático: Senta com apoio, iniciando sem apoio; ▪ Equilíbrio dinâmico: Muda de decúbito (rodar); ▪ Coordenação: Retira pano do rosto e preensão voluntária (pegar de forma grosseira); ▪ Funções cerebrais superiores: Atende pelo nome, demonstra estranheza diante de desconhecidos, localiza o som lateralmente e usa vogais associadas a consoantes. 9 MESES ▪ Reflexos profundos (tono): Hipotonia fisiológica em declínio; ▪ Reflexos primitivos: o Presentes: Preensão plantar e desaparecendo o cutâneo plantar extensor; ▪ Equilíbrio estático: Senta sem apoio e fica na posição de engatinhar; ▪ Equilíbrio dinâmico: Engatinhar (nem todas as crianças) e pode andar com apoio; ▪ Coordenação: Pega objetos em cada mão e troca, preensão manual de (pinça superior em escada); ▪ Funções cerebrais superiores: Localiza o som de forma indireta para cima e para baixo – Palavras de sílabas repetidas com significado (primeiras palavras) palavras-frase. 12 MESES ▪ Reflexos profundos (tono): Semelhantes ao do adulto; ▪ Reflexos primitivos: o Presentes: Preensão plantar e em desaparecimento cutâneo-plantar extensor; ▪ Equilíbrio estático: Em pé com apoio; ▪ Equilíbrio dinâmico: Iniciando a marcha sem apoio; ▪ Coordenação apendicular: Pinça superior individualizada (dedão com dedão); ▪ Funções cerebrais superiores: Localiza a fonte sonora direto para baixo e indireto para cima, usa palavras corretamente e produz jargão. 2 ANOS ▪ Aprimoramento dos movimentos e equilíbrio; ▪ Sobe e desce escada; ▪ Fala mais de 10 palavras; ▪ Começa a correr; ▪ Pula com 2 pés; ▪ Inicia controle de esfíncteres. TREINAMENTO ESFINCTERIANO Deve ser feito com 36-39 meses (limite de 42 meses – 3 anos e meio), quando a criança se conscientiza sobre sua própria necessidade de eliminar urina e fezes (sinais de prontidão), estando apta a ser “treinada”, e não forçada. ▪ Recomenda-se que as crianças não sejam forçadas a iniciar o processo de treinamento até que apresentem sinais de prontidão, ex.: o Obedecer a sinais simples; o Reconhecer o sinal de fazer xixi (Obs.: o controle da evacuação, em geral, precede o controle da micção); Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ É recomendado somente o uso de elogios para reforços, e desencoraja o uso de recompensas de doces e bem materiais, além disso, não deve brigar com a criança quando ela não fizer no lugar correto (ex. pinico); Motivos de insucesso do treinamento: ▪ Aproximadamente 2% a 3% das crianças apresentam problemas durante o processo do treinamento esfincteriano e isso acontece, em geral, quando iniciado na ausência de sinais de prontidão ou quando falta de homogeneidade na orientação por parte de um dos pais; ▪ O treinamento deve ser feito no ambiente em que a criança convive, e não em vários lugares (ex.: casa + casa do avô). Passos para o sucesso do treinamento esfincteriano: 1. Procurar por sinais de prontidão; 2. Falar sobre o banheiro com a criança; 3. Escolher o pinico ou o vaso sanitário com redutor de assento e apoio dos pés adequado a criança; 4. Escolher o momento certo; 5. Demonstrar o método; 6. Realizar o reforço positivo; 7. Lidar com naturalidade e paciência; 8. Ensinar higiene adequada. AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ▪ Anamnese; ▪ Exame neurológico; ▪ Escalas. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ▪ Teste de Gesell; ▪ Teste de triagem Denver II (muita utilizada pelos neurologistas); ▪ Escala de desenvolvimento infantil de Bayley; ▪ Albert Infant Motor Scale; ➢ Caderneta da criança: De acordo com esses testes foi montado a caderneta, onde tem o nome do marco do desenvolvimento, quais são eles e com quantos anos a criança deve atingi-lo, deve ser marcado da seguinte maneira: o P: Marco presente; o A: Marco ausente; o NV: Marco não verificado. Ex.: Marcos de desenvolvimento do 0-6 meses na caderneta da criança: Apresentação dos marcos + a maneira que os pais ou responsáveis devem analisar/estimular os marcos + a idade esperada para atingi-lo. QR Code: Caderneta da criança – 2020 Brasil: Respectivamente, da menina e do menino. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre INTRODUÇÃO Avaliar o crescimento da criança é uma atividade fundamental da prática pediátrica. O acompanhamento do peso, da altura (comprimento) e do perímetro encefálico (este nos 3 primeiros anos de vida) pode orientar o pediatra sobre as condições de saúde de seu paciente. A avaliação da evolução física (crescimento) e mental (desenvolvimento) devem ser rotina na pratica pediátrica; a fim de reduzir a morbi-mortalidade. QR Code: Caderneta da criança – 2020 Brasil: Respectivamente, da menina e do menino. QR Code de todos os gráficos de crescimento pela SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria: CONCEITO É um processo biológico – aumento linear continuo – que representa o desenvolvimento físico, sendo a expressão da hiperplasia e hipertrofia celulares. ▪ O primeiro sinal de algumas patologias importantes podem ser alterações no crescimento. O acompanhamento sistemático do crescimento e do ganho de peso permite a identificação de crianças em risco de subnutrição, desnutrição e obesidade; ▪ Tem início na vida intrauterina e termina ao final da adolescência. Existe uma maior vulnerabilidade nos períodos de maior velocidade do crescimento. ▪ O pediatra deve se atentar aos períodos críticos do paciente: 1º ano e a puberdade. É um processo complexo e multifatorial: fatores genéticos, hormonais, nutricionais e psicossociais: 1. Fatores extrínsecos: ▪ Alimentação, condições maternas (nutrição, uso de drogas, infecções,condição placentária), condições pessoais (atividade física, doenças crônicas), condições psíquicas (afeto, autoestima, relação familiar); 2. Fatores intrínsecos: ▪ Herança genética (ex.: pais altos podem ter filhos de diferentes alturas, então é preciso estimar a estatura alvo; síndromes genéticas podem cursar com baixa estatura – Turner, down, noonam – ou estatura elevada – Marfan e Soto) e endocrinologia (hormônio do crescimento, insulina, e etc.). o Em lactentes: Os fatores ambientais e nutricionais prevalecem; o Em maiores de 3 anos, os fatores genéticos e hormonais predominam. O QUE É AVALIADO? ▪ Crescimento intrauterino (ex.: crescimento restrito, prematuridade); ▪ Crescimento extrauterino; ▪ Avaliação da evolução do crescimento: o Antropometria; o Curvas de crescimento (caderneta da criança); o Estatura alvo, velocidade de crescimento e idade óssea. ▪ Maturação sexual e crescimento na adolescência. CRESCIMENTO INTRAUTERINO ▪ Período de maior velocidade do crescimento – comprimento: 2º trimestre da gravidez, e do peso: último trimestre –, logo o mais vulnerável; ▪ Influenciado por fatores extrínsecos, principalmente maternos; ▪ Avaliação: o Mensurações indiretas: Fundo uterino, ultrassonografia, peso materno. DCIU (Déficit de crescimento intrauterino): Maior prevalência de distúrbios nutricionais a curto e longo prazo. AO NASCIMENTO O tamanho ao nascer pode indicar se um comprometimento ocorreu ao final da gestação ou durante um período mais prolongado. Pediatria Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Estimar riscos: o Hipoglicemia ↦ Bebês GIGs (gigantes para idade) ou PIGs (pequenos para idade) tendem a alterações metabólicas e suas doenças; ▪ Classificação do peso ao nascimento: o Peso normal: >2500 e <4000g; o Peso baixo ≤2500g; o Muito baixo peso: <1500g; o Extremo baixo peso: <1000g; o Peso elevado: ≥4000g; Média ao nascimento: Peso: 3300g; Estatura 50 cm (menino) 49 cm (menina), com variação de 2 cm; Perímetro cefálico: 35 cm. Prematuro: Existe uma curva – InterGrowth – que avalia peso, crescimento e perímetro cefálico da criança nascidas pré-termo: Ex.: da curva de crescimento e perímetro cefálico para meninas de 27-64 semanas. o A curva de inergrownt-21 pode ser usadas até 6 meses de idade corrigida ou 64 semanas de idade gestacional; o Se não tiver disponível as curvas intergrownt-21, ou quando a criança atinge os 6 meses, usar idade corrigida para 40 semanas até 24 meses de idade na curva de normalidade. Mas o que é idade corrigida para pré-termos? E como é calculada? ▪ É a idade que o bebê teria se tivesse nascido de 40 semanas. Ex.: Um bebê que nasceu há 2 meses atrás (o equivalente a 8 semanas) com 29 semanas de gestação, dizemos que sua idade corrigida atual é 37 semanas. Como? Somamos sua idade gestacional em semanas (29 semanas) ao tempo (também em semanas) transcorrido após seu nascimento (8 semanas), e teremos como resultado 37. É como se hoje ele tivesse 37 semanas de gestação. Teoricamente não deveria nem ter nascido ainda. CRESCIMENTO EXTRAUTERINO ▪ As velocidades são diferentes para o sexo feminino e masculino e para as faixas etárias. ▪ Até os 2 anos, déficits de crescimento são passíveis de recuperação total (acima dessa idade, a reversibilidade é mais difícil); ▪ A diferença média entre a estatura entre meninos e meninas é de 13 cm. FATORES DE R ISCO Baixo peso ao nascer; Baixa escolaridade materna; Idades maternas extremas (< 19 e > 35 anos); Gemelaridade (fator de crescimento intrauterino restrito - espaço); Intervalo intergestacional curto (inferior a 2 anos); Criança indesejada; Desmame precoce; Mortalidade em crianças menores de 5 anos na família; Condições inadequadas de moradia; Baixa renda e desestruturação familiar. ACOMPANHAMENTO ▪ Antropometria: o Peso, estatura, perímetro cefálico (90% do tamanha final é atingido aos 3 anos de idade), índice de massa corpórea, 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝐴𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 , circunferência do braço/idade; ▪ Linfoide: Imunidade (timo, gânglios linfáticos e folículos linfoides intestinais); o Tecido linfoide aumenta ate 8º ano e depois começa a involuir; o Timo é o principal órgão linfoide do bebê; o Amígdala e adenoide são geralmente hipertrofiadas nas crianças; ▪ Genital: Surgimento dos caracteres secundários (puberdade). AVALIAÇÃO NUTRICIONAL A avaliação nutricional é investigada e analisada durante a puericultura. A seguir relembrando pontos importantes para a avaliação do crescimento e nutricional: Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ANAMNESE ▪ Hábitos alimentares: Dia alimentar ou recordatório de 24h (dinâmica da refeição e lanche escolar – tanto no bebê como no adolescente); ▪ Hábitos de vida diária: Creche, atividade física, hábitos de sono, tempo gasto com telas, brincadeiras preferidas e exposição regular ao sol (vitamina D – cresc. ósseo saudável); ▪ Dinâmica familiar: Estrutura da família e qualidade do vínculo com pais e irmãos (fatores psicossociais); ▪ Interrogatório sobre diferentes aparelhos; ▪ Antecedentes pessoais: Peso e comprimento ao nascer, idade gestacional e intercorrências neonatais; ▪ Antecedentes patológicos: Doenças agudas (ex. pneumonia), crônicas e medicamentos que podem interferir no crescimento; ▪ Antecedentes socioeconômicos: Ocupação e escolaridade dos pais, saneamento, animais domésticos e habitação; ▪ Antecedentes familiares: Obesidade, alergias e doenças cardiovasculares; ▪ Antecedentes nutricionais: Aleitamento materno e introdução de novos alimentos, além da utilização de suplementos vitamínicos e minerais. EXAME FÍSICO ANTROPOMETRIA Principal ferramenta para avaliação do crescimento físico. Faixa etária 0-5 anos incompletos 5-10 anos incompletos Adolescen tes (10-19 anos) Índice Peso para idade Peso para idade antropo- métrico Peso para estatura IMC para estatura IMC para estatura IMC para estatura Estatura para idade Estatura para idade Estatura para idade Indíce antropométrico relevante para cada faiza etária. Para adolescentes: Classificação do estado nutricional de crianças para cada índice antropométrico, segundo recomendações do SISVAN. ▪ Estatura: o 0 a 23 meses (comprimento): Usa a régua antropométrica com a criança (sem adereços) deitada, com braços ao longo do corpo, nádegas, joelho e calcanhares na superfície de apoio; o Acima dos 24 meses (altura): Usa o estadiômetro de parede ou balança plataforma com antropômetro, com cabeça, ombros, nádegas e calcanhares encostados na parede. ➢ Crianças com limitações físicas: É realizado medidas estimadas através das medidas: Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Peso: o 0 a 23 meses: Usa a balança mecânica ou eletrônica, com a criança deitada ou sentada e despida; o Acima dos 24 meses: Criança de costas para o medidor da balança, ereta, no centro do equipamento, pés juntos, descalça, mínimo de roupas, braço estendido ao longo do corpo. Deve ficar parada nesta posição até que se complete a aferição. ▪ Perímetro cefálico: Reflete de forma indireta o crescimento cerebral nos 2 primeiros anos, medindo sobre as sobrancelhas, acima das orelhas, proeminência occipital; ▪ Perímetro torácico: Proporcionalidade da parede torácica, medido sobre os mamilos; ▪ Circunferência abdominal: Reflete de forma indireta a adiposidade central, medindo a partir do ponto médio entra a última costela fixa e a crista ilíaca, 2 dedos acima da cicatriz umbilical; ▪ Circunferência de braço e perna; ▪ Pregas cutâneas; ▪ Envergadura; ▪ IMC: 𝑷𝒆𝒔𝒐 (𝒌𝒈) 𝑬𝒔𝒕𝒂𝒕𝒖𝒓𝒂𝟐 (𝒄𝒎) . REGISTRO DE DADOS PELAS CURVAS DO CRESCIMENTO PRESENTE NA CADERNETA EVOLUÇÃO DO PESO A partir do peso de nascimento,a criança pode perder até 10% desse peso nos 4 a 5 primeiros dias de vida, mas que se recupera em torno do 8º ao 10º dia. ▪ Ganho de peso (g/dia): Referências em tabelas de distribuição em escore z do ganho ponderal com base no referencial da OMS: o 1º trimestre: 25 a 30g/dia (700g/mês); o 2º trimestre: 20g/dia (600g/mês); ➢ Lactantes dobram o peso de nascimento com 4 meses de vida. o 3º trimestre: 15g/dia (500g/mês); ➢ No 6º mês, com a introdução alimentar, é natural que o ganho de peso por dia diminua. o 4º trimestre: 10g/dia (300g/mês); o 12º mês: Peso ao nascer triplica (tem cerca de 10kg); o 2 anos: Peso ao nascer quadruplica. Obs.: Classificação nutricional de Gomez: %𝑃 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑜𝑏𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑑𝑜 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑒 𝑠𝑒𝑥𝑜 𝑥100 Porcentagem de adequação do peso normal por idade Classificação do estado nutricional Entre 110 e 91% Normal ou Entre 90 e 76% Desnutrição grau I (leve) Entre 75 3 61% Desnutrição grau II (moderado) Menos de 60% Desnutrição grau III (grave) Obs.2: Classificação de Waterlow: 𝑃/𝐸 = 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝑝/𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑜𝑏𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑑𝑎 𝑥 100 𝐸/𝐼 = 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 𝑥100 P/E > 90% P/E < 90% E/I > 95% Eutrófico Desnutrido atual ou agudo E/I < 95% Desnutrição progresso Desnutrido crônico EVOLUÇÃO DA ESTATURA Idade Crescimento (cm/ano) Até 1 ano + 25 cm 1-2 anos + 12-13cm 2-3 anos + 8 cm 3-4 anos + 7 cm 4-9 anos (pré-puberes) + 4-6 cm Tabela da velocidade de crescimento anual durante a infância. o No primeiro ano, o primeiro semestre média de 15 cm e no segundo semestre 10 cm. ▪ Estirão da puberdade: o 8 a 9 cm/ano no sexo feminino (pico antes da menarca); o 10 a 11 cm/ano sexo masculino (pico antes de G3 e antes de atingir voz adulta). EVOLUÇÃO DO CRESCIMENTO Avaliação evolutiva através da velocidade de crescimento (é a quantidade, em cm, que uma criança deve crescer em determinado período e expresso em centímetros por ano). Idade Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ É preciso relacionar ao padrão da população e valorizar a estatura dos pais; ▪ Estatura alvo (TH): é um critério para se avaliar se o canal ou percentil de crescimento no qual a criança está crescendo, é ou não o esperado para aquela criança, com base na altura de seus pais (em cm): o Feminino: (𝐸𝑝𝑎𝑖 − 13) + 𝐸𝑚ã𝑒)/2 o Masculino: (𝐸𝑝𝑎𝑖) + (𝐸𝑚ã𝑒 + 13)/2 o Canal alimentar: ±9cm, o seja, o resultado do cálculo da estatura alvo, é adicionado e subtraído 9 cm e os valores são a previsão da estatura. ▪ Idade Óssea (IO – método de Greulich e Pyle): Aparecimento progressivo de núcleos de ossificação em RX da mão não dominante (comparado com o RX esperado para tal idade); ▪ Quando é preciso investigar? o Velocidade de crescimento abaixo do esperado; achatamento da curva de estatura; estatura abaixo da prevista pelo cálculo da estatura-alvo; idade óssea com atraso maior de 2 anos em relação a idade cronológica; alterações fenotípicas. PECULIAR IDADES Existe algumas curvas especiais para: ▪ Síndrome de Down, paralisia cerebral, acondroplasia, síndromes genéticas (síndrome de Tunner, Noonan, Siver- Russel); ▪ Crianças prematuras; ▪ Crianças PIG (Pequenas para idade gestacional). Tabela da velocidade de crescimento: o Peso em gramas e altura e perímetro cefálico em cm. PDF sobre orientações para coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde pelo MDS. PUBERDADE E ADOLESCÊNCIA Através das etapas da maturação sexual: 1. Estágio 1: Pré-puberal; 2. Estágio 2: 11 anos (9 a 13 anos); 3. Estágio 3: 12 anos (10 a 14 anos) 4. Estágio 4: 13 anos (10 a 15 anos); 5. Estágio 5: adulto. FASES DA ADOLESCÊNCIA ▪ Precoce ou inicial (10 aos 14 anos): As características infantis começam a ser substituídas por outras mais maduras; ▪ Média (15 aos 17 anos): A maioria dos jovens nessa faixa etária já completaram suas modificações biológicas mais importantes e buscam pelo desenvolvimento da sexualidade; ▪ Tardia (17 aos 20 anos): Emergem os valores e comportamentos adultos e predomina uma identidade mais estável. PUBERDADE FEMININA ▪ Telarca: Aparecimento do broto mamário entre 8 e 13 anos (1° sinal); pubarca ou adrenarca: Surgimento dos pelos pubianos; menarca: 1ª menstruação (ocorre 2 a 2,5 anos depois da telarca). PUBERDADE MASCULINA ▪ Aumento do volume dos testículos em torno dos 10 anosl; surgimento dos pelos pubianos; aumento do pênis em comprimento e espessura; semenarca: 1ª ejaculação com sêmen; surgimento de pelos axilares e faciais; mudança do voz: Estimulação androgênica; DESENVOLVIMNTO SEXUAL (ESTÁGIOS DE TANNER) Avaliam pelos pubianos (P), mamas (M) e genitais (G), variando de 1 a 5. o Exemplo: M3 P2 (feminino) e G4 P4 (masculino) MAMAS Mama infantil (M1): Pré-adolescente; mama infantil, apenas com elevação da papila/mamilo; Idade + peso diário + peso mensal + altura p/mês + PC p/mês Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Broto mamário (M2): Aumento inicial da glândula mamária, com elevação da aréola (aumenta diâmetro e modifica textura) e mamilo, formando uma pequena saliência; ▪ M3: Maior aumento da mama e da aréola, mas sem separação de seus contornos; ▪ M4: Maior crescimento da mama,da aréola e mamilo, formando uma segunda saliência acima do contorno da mama; ▪ M5: Estágio maduro, mamas com aspecto adulto e contorno areolar novamente incorporado ao contorno da mama. PELOS PUBIANOS NAS MENNAS E MENINOS ▪ P1: Fase da pré-adolescência, Ausência de pelos pubianos, mas pode ter leve penugem (pelo corporal) semelhante à da parede abdominal; ▪ P2: Surgem pelos longos e finos nos grandes lábios e base do pênis, sendo pouco pigmentados, lisos ou pouco encaracolados; ▪ P3: Maior quantidade de pelos, agora mais grossos, encaracolados e escuros, que se espalham esparsamente pela sínfise púbica; ▪ P4: Pelos do tipo adulto, cobrindo mais densamente a região púbica, mas sem atingir a face interna das coxas; ▪ P5: Pilosidade pubiana igual à do adulto em quantidade e distribuição, que invade a face interna das coxas e assume tamanho e forma adulta. GENITAIS (PÊNIS) ▪ G1: Fase pré-adolescência, pênis, testículos e escroto de tamanho e proporções infantis; ▪ G2: Aumento inicial do volume testicular (> 4ml) e mudança de cor (avermelhada) e textura da pele escrotal, mas com aumento do mínimo ou ausente do pênis; ▪ G3: Crescimento peniano (comprimento) com maior crescimento dos testículos e escroto; ▪ G4: Crescimento peniano (diâmetro) com maior desenvolvimento da glande e maior crescimento de testículos e escroto (pele mais pigmentada); ▪ G5: Desenvolvimento completo da genitália em tamanho e forma. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre INTRODUÇÃO É a mais sábia estratégia natural envolvendo interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional; é eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe. ▪ O profissional de saúde deve abordar: o Aspectos técnicos; o Aspectos emocionais; o Cultura familiar; o Rede social. TIPOS DE ALEITAMENTO MATERNO (AM) No geral, consiste em quando a criança recebe leite materno (LM) (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos. O padrão de AM pode ser classificado: ▪ AM Exclusivo (AME): Quando a criança recebe somente leite materno sem outros líquidos ousólidos (Exceção de vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou remédios); o Não é indicado dar água para o bebê no aleitamento materno e no uso de fórmula, já que a primeira porção do leite materno é majoritariamente composto por água, não necessitando desse aporte extra. ▪ AM Predominante: Quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões) e sucos de fruta; ▪ AM Complementado: Quando a criança recebe, além do leite materno, alimentos complementares, definidos como qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo; ▪ AM Misto ou parcial: Quando a criança recebe, além do leite materno, outros tipos de leite. DURAÇÃO DA AMAMENTAÇÃO Recomendação do Ministério da Saúde e da OMS: ▪ Aleitamento materno exclusivo (AME) nos primeiros 6 meses de vida; ▪ O leite materno deve ser mantido, no mínimo, até os dois anos de vida; o A duração na espécie humana é, em média, de dois a três anos, e então o desmame ocorre naturalmente; o A amamentação por 2 anos ou mais pode ser vantajosa em razão do valor nutritivo do leite materno e da proteção contra doenças infecciosas, que se mantém enquanto a criança for amamentada, independentemente da idade; o As crianças não amamentadas no 2º ano de vida tendem a possuir uma chance quase duas vezes maior de morrer por doenças infecciosa quando comparadas com crianças amamentadas; o Dois copos (correspondente a 500mL) de leite materno no segundo ano de vida, contém: ➢ 95% de vitamina C, 45% das de vitamina A; 38% de proteína; 31% do total de energia. ▪ Não é recomendado a introdução de outros tipos de leite, como: industrializado de vaca, soja, cabra e etc.; ▪ Introdução alimentar complementar a partir dos 6 meses. O leite humano possui numerosos fatores imunológicos que protegem a criança contra infecções: A IgA secretória é o principal anticorpo, atuando contra microrganismos presentes nas superfícies mucosas. Os anticorpos IgA no leite humano são um reflexo dos antígenos entéricos e respiratórios da mãe, ou seja, ela produz anticorpos contra agentes infecciosos com os quais já teve contato, proporcionando, dessa maneira, proteção à criança contra os germens prevalentes no meio em que a mãe vive; Outros fatores de proteção, tais como anticorpos IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina e lisozima – ação bacteriostática – e fator bífido – favorece o crescimento do Lactobacilos bifidus, uma bactéria não patogênica que acidifica as fezes, dificultando a instalação de bactérias que causam diarreia, tais como Shigella, Salmonella e E. coli –. IMPORTÂNCIA DO LEITE MATERNO ▪ Melhor nutrição: O leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e o desenvolvimento ótimos da da criança, sendo a melhor nutrição e o alimento mais bem digerido, quando comparado com leites de outras espécies. É capaz de suprir as necessidades nutricionais da criança nos primeiros seis meses e é uma importante fonte de nutrientes no 2º ano de vida – proteínas, gorduras e vitaminas; Pediatria Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Redução da mortalidade infantil: Nenhuma outra estratégia alcança o impacto da amamentação na redução das mortes de crianças, isso por todos os nutrientes adquiridos ao longo da vida da mãe que é passado para o bebê (principalmente IgA); ▪ Redução da incidência e gravidade da diarreia: A IgA tem papel importante para evitar a diarreia, pois protege contra os enteropatógenos, além de diminuir a gravidade dos casos, pois a criança vai estar sendo hidratada e recebendo os nutrientes perdidos. Logo, essa proteção tende a diminuir quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo; o Oferecer à criança amamentada água ou chás pode dobrar o risco de diarreia nos primeiros seis meses. ▪ Evita infecção respiratória e diminui a gravidade (hospitalizações por pneumonia e bronquiolite); o Previne otites: Ig de germes favoráveis na nasofaringe que reduz OMA (otite média aguda) bacteriana. ▪ Diminui os riscos de alergias: APLV (Alergia a proteína do leite de vaca): IgA no leite humano que faz uma camada de proteção no epitélio intestinal contra patógenos em geral e proteínas que não estão digeridas adequadamente; o Ex.: Dermatite atópica; asma e sibilos recorrentes. ▪ Diminui a chance de obesidade: Quanto maior o tempo em que o indivíduo foi amamentado, menor será a chance de ele vir a apresentar sobrepeso/obesidade, e consequentemente diminui os riscos de doenças metabólicas: (HAS, hipercolesterolemia, DM 1 e 2); o Melhor desenvolvimento da auto-regulação de ingestão de alimentos das crianças amamentadas; o Composição do LM interfere na programação metabólica. ▪ Melhor desenvolvimento da cavidade bucal: A interrupção precoce do exercício que a criança faz para retirar o leite do seio mãe pode determinar má conformação do palato duro, além da ruptura do desenvolvimento motor-oral, prejudicando o alinhamento adequando dos dentes e as funções de mastigação, deglutição, respiração e fala; ▪ Melhor desenvolvimento cognitivo e inteligência: Substâncias. do leite ajuda na mielinização dos neurônios, além de está logada a fatores comportamentais; ▪ Proteção contra doenças na mulher que amamenta: Ex.: Câncer de mama, de ovário e de útero, hipercolesterolemia, hipertensão e doenças coronárias, obesidade e etc., além de evitar nova gravidez por ter efeito anticoncepcional; ▪ Fortalecimento do laço afetivo entre mãe e filho: Oportunidade ímpar de intimidade e afeto, gerando sentimentos de segurança e proteção na criança e de autoconfiança e realização como mãe na mulher; ▪ Menor custo financeiro: Não amamentar, aumenta gastos com leites industrializados, mamadeiras, bicos e gás de cozinha, além de eventuais gastos decorrentes de doenças, que são mais comuns em crianças não-amamentadas. COMPOSIÇÃO E ASPECTO DO LEITE MATERNO ▪ Colostro: Nos primeiros 3-5 dias de vida, tem cor amarelada, contendo mais proteínas e cálcio e menos gordura do que o leite maduro, e é rico em imunoglobulinas; ▪ Leite de transição: Após 1 semana; ▪ Leite maduro: Após 2-4 semanas. A concentração de gordura no leite aumenta no decorrer de uma mamada. Assim, o leite do final da mamada (chamado leite posterior) é mais rico em energia (calorias) e sacia melhor a criança, daí a importância de a criança esvaziar bem a mama. ▪ Qualidade da proteína do leite (do soro): o A Proteína do leite materno: Lactoalbumina; ➢ O coalho do leite humano é mais macio, facilitando a digestão. o Proteína do leite de vaca: β-lactoglobulina; O principal carboidrato do leite materno é a lactose, e a principal proteína é a lactoalbumina. As gorduras são o componente mais variável do leite materno e são responsáveis por suprir até 50% das necessidades energéticas da criança pequena. Os ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa são essenciais no desenvolvimento cognitivo e visual, e na mielinização dos neurônios. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre D IFERENÇA DO LEITE MATERNO E LETE DE VACA ▪ Gorduras: o LM e LV: 3,5% semelhantes; Lembrar que no LM a concentração é maior no final da mamada. ▪ Carboidratos: o LV: 4,5%; o LM: 6,5 - 7% (mais doce e mais lactose); ▪ Minerais: LV 3,6x mais que LM (exceto Ferro e Cobre); o Ferro é melhor absorvido (melhor biodisponibilidade). FIS IOLOGIA A sucção estimula o hipotálamo anterior a produzir prolactina (produção de leite) e o hipotálamo posterior produz a ocitocina (ejeção de leite). TÉCNICAS DE AMAMENTAÇÃO A maneira como a dupla mãe/bebê se posiciona para amamentar/mamar é a pega/sucção do bebê que são muito importantes para que o bebê consiga retirar, de maneira eficiente, o leiteda mama e também para não machucar os mamilos. Obs.: Reflexos infantis: Ajudam na amamentação. ▪ Busca ou procura; o Sucção é fraca (< 34 semanas e/ou 1500g). ▪ Deglutição: Necessário coordenação para deglutir e respirar; o Incoordenação < 32 semanas. Apesar de a sucção do recém-nascido ser um ato reflexo, ele precisa aprender a retirar o leite do peito de forma eficiente. Quando o bebê pega a mama adequadamente, forma-se um lacre perfeito entre a boca e a mama, garantindo a formação do vácuo, indispensável para que o mamilo e a aréola se mantenham dentro da boca do bebê. A língua eleva suas bordas laterais e a ponta, formando uma concha (canolamento) que leva o leite até a faringe posterior e esôfago, ativando o reflexo de deglutição. A retirada do leite (ordenha) é feita pela língua, graças a um movimento peristáltico rítmico da ponta da língua para trás, que comprime suavemente o mamilo. Enquanto mama no peito, o bebê respira pelo nariz, estabelecendo o padrão normal de respiração nasal. ▪ Boa pega: Abocanha a aréola, fazendo respiração nasal, que causa crescimento da face do bebê, esvaziamento da mama e proteção dos mamilos. ▪ Má pega: Posição inadequada, encaixe da boca do bebê na aréola, que dificulta esvaziamento da mama e diminui a produção de leite, causa dor e lesões nos mamilos; o Muitas vezes, o bebê com pega inadequada não ganha o peso esperado apesar de permanecer longo tempo no peito. Isso ocorre porque, nessa situação, ele é capaz de obter o leite anterior, mas tem dificuldade de retirar o leite posterior, mais calórico. Tipos de posições para amamentação. SINAIS DE QUE A TÉCNICA ESTÁ ADEQUADA ▪ Boa posição: Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz em oposição ao mamilo e o corpo voltado para o corpo da mãe, recebendo sustentação em sua integridade; Cabeça alinhada e pescoço ereto ou um pouco curvado para trás, sem estar distendido; Barriga encostada na barriga da mãe. ▪ Boa pega: Aréola um pouco mais visível acima da boca do bebê do que abaixo; Boca bem aberta; Lábio inferior virado para fora; Queixo tocando a mama; Mãe sem dor. DIFICULDADES NO LEITAMENTO BEBÊ QUE NÃO SUGA OU TEM SUCÇÃO FRACA PROBLEMAS ▪ Quando, por alguma razão, o bebê não estiver sugando ou a sucção é ineficaz: Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre o Algumas vezes ela pode estar associada ao uso de bicos artificiais ou chupetas ou ainda à presença de dor quando o bebê é posicionado para mamar ou pressão na cabeça do bebê ao ser apoiado; o O bebê pode não abocanhar adequadamente a mama porque elas estão muito tensas, ingurgitadas, ou os mamilos são invertidos ou muito planos. AÇÕES ▪ Orientar a mãe a estimular a mama regularmente (mínimo de 5 vezes/dia) com ordenha manual ou bomba de sucção; ▪ Acalmar a mãe e o bebê; ▪ Suspender o uso de chupetas ou bico quando presentes; ▪ Insistir nas mamadas por alguns minutos cada vez; ▪ Um recurso que se utiliza para fazer o bebê mamar na mama “recusada”, muitas vezes com sucesso, é o uso da posição “jogador de futebol americano” (bebê apoiado no braço do mesmo lado da mama a ser oferecida, mão da mãe apoiando a cabeça da criança, corpo da criança mantido na lateral, abaixo da axila); ▪ Nos casos que o bebê recusa uma das mamas – porque existe alguma diferença entre elas (mamilos, fluxo de leite, ingurgitamento) – é possível manter aleitamento materno exclusivo utilizando apenas uma das mamas. DEMORA NA “DESCIDA DO LEITE ” PROBLEMA Em algumas mulheres a “descida do leite” ou apojadura só ocorre alguns dias após o parto. AÇÕES ▪ O profissional de saúde deve desenvolver confiança na mãe, além de orientar medidas de estimulação da mama, como sucção frequente do bebê e ordenha. ▪ É muito útil o uso de um sistema de nutrição suplementar (translactação): o Consiste em um recipiente (pode ser um copo ou uma xícara) contendo leite (de preferência leite humano pasteurizado), colocado entre as mamas da mãe e conectado ao mamilo por meio de uma sonda. A criança, ao sugar o mamilo, recebe o suplemento. MAMILOS PLANOS OU INVERTIDOS PROBLEMA Podem dificultar o início da amamentação, mas não necessariamente a impedem, pois o bebê faz o “bico” com a aréola. AÇÕES ▪ Promover a confiança e empoderar a mãe – deve ser transmitido a ela que com paciência e perseverança o problema poderá ser superado e que com a sucção do bebê os mamilos vão se tornando mais propícios à amamentação; ▪ Ajudar a mãe a favorecer a pega do bebê – a mãe pode precisar de ajuda para fazer com que o bebê abocanhe o mamilo e parte da aréola se ele, inicialmente, não conseguir; ▪ Tentar diferentes posições para ver em qual delas a mãe e o bebê adaptam-se melhor; ▪ Mostrar à mãe manobras que podem ajudar a aumentar o mamilo antes das mamadas. INGURGITAMENTO MAMÁRIO PROBLEMA ▪ Congestão/aumento da vascularização da mama; ▪ Retenção de leite nos alvéolos; ▪ Edema decorrente da congestão e obstrução da drenagem do sistema linfático. Como resultado, há compressão dos ductos lactíferos, o que dificulta ou impede a saída do leite dos alvéolos. Não havendo alívio, a produção do leite pode ser interrompida, e o leite acumulado na mama sob pressão torna-se mais viscoso; daí a origem do termo “leite empedrado”. SINTOMAS NA MÃE ▪ Mama excessivamente distendida; ▪ Febre e mal estar; ▪ Áreas difusas brilhantes, avermelhadas e edemaciadas; Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Mamilos achatados, dificultando a pega do bebê; ▪ O leite muitas vezes não flui com facilidade; ▪ Ocorre com mais frequência entre as primíparas, aproximadamente 3-5 dias após o parto. FATORES DE R ISCO Mama excessivamente distendida, leite em abundância, início tardio da amamentação, mamadas infrequentes, restrição da duração e da frequência das mamadas, sucção ineficaz do bebê. PREVENÇÃO ▪ Amamentação em livre demanda; iniciar amamentação o mais cedo possível, preferencialmente logo após o parto; utilizar técnica correta e o não utilizar complementos (água, chás e outros leites). AÇÕES ▪ Ordenha manual da aréola; o Se o bebê não sugar, a mama deve ser ordenhada manualmente ou com bomba de sucção. ▪ Mamadas frequentes, sem horários pré-estabelecidos (livre demanda); ▪ Massagens delicadas das mamas; ▪ Uso de analgésicos sistêmicos/anti-inflamatórios; ▪ Suporte para as mamas, com o uso ininterrupto de sutiã com alças largas e firmes, para aliviar a dor e manter os ductos em posição anatômica. DOR NOS MAMILOS/ MAMILOS MACHUCADOS PROBLEMA ▪ Principalmente posicionamento e pega inadequados; ▪ Outras causas incluem mamilos curtos, planos ou invertidos, disfunções orais na criança e freio de língua curto, sucção não nutritiva prolongada, uso impróprio de bombas de extração de leite, não interrupção adequada da sucção da criança quando for necessário retirá-la do peito, uso de cremes e óleos que causam reações alérgicas nos mamilos, uso de protetores de mamilo (intermediários) e exposição prolongada a forros úmidos. AÇÕES Trauma mamilar, traduzido por eritema, edema, fissuras, bolhas, “marcas” brancas, amarelas ou escuras, hematomas ou equimoses, é uma importante causa de desmame e, por isso, a sua prevenção é muito importante: ▪ Amamentação com técnica adequada; ▪ Manter mamilos secos; ▪ Não uso de produtos que retiram a proteção natural do mamilo; ▪ Amamentação em livre demanda; ▪ Evitar ingurgitamento mamário; ▪ Ordenha manual da aréola antes da mamada; ▪ Início da mamada pela mama menos afetada e o uso de diferentes posições para amamentar; ▪ Evitar o contato da área machucada com a roupa; ▪ Enxaguar os mamilos com fissura ou escoriação com água limpa após a mamada; ▪ Único agentes tópicos com base científica é a compressas de água morna; ▪ Utilizar antibiótico(tópico ou sistêmico) em suspeita de infecção (mupirocina a 2%); ▪ Interromper temporariamente a amamentação na mama afetada, se houver dor ou lesão mamilar intensas, e ordenhar. MASTITE PROBLEMA ▪ Processo inflamatório de um ou mais segmentos da mama, que pode progredir ou não para uma infecção bacteriana; ▪ Diminuição na mamada e na produção de leite. FATORES DE R ISCO Qualquer fator que favoreça a estagnação do leite materno predispõe ao aparecimento de mastite, incluindo mamadas com horários regulares, redução súbita no número de mamadas, longo período de sono do bebê à noite, uso de chupetas ou mamadeiras, não esvaziamento completo das mamas, freio de língua curto, criança com sucção fraca, produção excessiva de leite, separação entre mãe e bebê e desmame abrupto. SINTOMAS A parte afetada da mama encontra-se dolorosa, vermelha, edemaciada e quente. Quando há infecção, costuma haver mal- estar importante, febre alta (acima de 38oC) e calafrios. ▪ Complicação: Abcesso mamário. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre TRATAMENTO E AÇÕES ▪ Identificação e tratamento da causa que provocou a estagnação do leite; ▪ Esvaziamento adequado da mama: esse é o componente mais importante do tratamento da mastite; ▪ Antibioticoterapia; ▪ Suporte emocional; ▪ Outras medidas de suporte: Repouso da mãe, analgésicos ou AINEs, líquidos abundantes, iniciar a amamentação na mama não afetada e usar sutiã bem firme. POUCO LEITE OU LEITE FRACO ▪ Uma queixa comum durante a amamentação é “pouco leite” ou “leite fraco”. Muitas vezes, essa percepção é o reflexo da insegurança materna quanto a sua capacidade de nutrir plenamente o seu bebê; ▪ Uma mulher amamentando exclusivamente produz 800mL, em média, de leite/dia (capacidade que costuma ser maior que as necessidades dos filhos). IND ICATIVOS ▪ Bebê não ficar saciado após as mamadas, chorar muito, querer mamar com frequência e ficar muito tempo no peito nas mamadas; ▪ O melhor indicativo de que a criança não está recebendo volume adequado de leite é a constatação, por meio do acompanhamento de seu crescimento, de que ela não está ganhando peso adequadamente. PROBLEMAS ▪ Fatores materno ou da criança que limitam o esvaziamento; ▪ Má pega; ▪ Mamadas infrequentes e/ou curtas e ausência de mamadas noturnas, ▪ Amamentação com horários pré-estabelecidos; ▪ Ingurgitamento mamário; ▪ Uso de complementos e uso de chupetas e protetores de mamilo; ▪ E outras situações menos frequentes associados com sucção ineficiente do bebê. AÇÕES ▪ Observar e melhorar o posicionamento e a pega do bebê, quando não adequados; ▪ Massagear a mama durante as mamadas ou ordenha; ▪ Aumentar a frequência das mamadas; ▪ Oferecer as duas mamas em cada mamada; ▪ Dar tempo para o bebê esvaziar bem as mamar; ▪ Trocar de mama várias vezes numa mamada se a criança estiver sonolenta ou se não sugar vigorosamente; ▪ Após a mamada, ordenhar o leite residual; ▪ Evitar o uso de mamadeiras, chupetas e protetores (intermediários) de mamilos; ▪ Consumir dieta balanceada e ingerir líquidos em quantidade suficiente; ▪ Repousar, sempre que possível. Medicamentos que estimulam a lactação: Indicado para amamentação de criança adotada (relactação) e mãe de bebês prematuros: Domperidona: 10 a 20 mg, 3 a 4 vezes ao dia, por 3 a 8 semanas e Metoclopramida: 10 mg, 3 vezes ao dia por 1 ou 2 semanas. OUTRAS DIF ICULDADES ▪ Fenômeno de Raynaud: Isquemia causada por vasoespasmos no mamilo. Manifesta-se inicialmente por palidez dos mamilos, procedido de cianose até ficar avermelhado (por falta de irrigação sanguínea) e dor. Compressas mornas ajudam a aliviar a dor na maioria das vezes e o uso de analgésico e anti- inflamatório em casos menos graves; ▪ Bloqueio de ductos lactíferos: Ocorre quando o leite produzido numa determinada área da mama, por alguma razão, não é drenado adequadamente. Tipicamente, apresenta nódulos localizados, sensíveis e dolorosos, acompanhados de dor, vermelhidão e calor na área envolvida. O tratamento (para não evoluir para mastite) consiste em Mamadas frequentes, uso de diferentes posições para amamentar, calor local, ordenha manual ou com bomba de extração e remoção do ponto esbranquiçado na ponta do mamilo, caso esteja presente; ▪ Reflexo anormal de ejeção do leite: Algumas mulheres têm o reflexo de ejeção do leite exacerbado, o que pode provocar engasgos na criança. Ordenhar um pouco de leite antes da mamada até que o fluxo diminua geralmente é suficiente no manejo do problema; ▪ Galactocele: Formação cística nos ductos mamários contendo líquido leitoso, acredita-se que seja causada por um bloqueio de ducto lactífero. O tratamento é feito com aspiração, no entanto, com frequência, a formação cística deve ser extraída cirurgicamente porque o cisto enche novamente após a aspiração. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre MÃE QUE TRABALHA FORA AÇÕES ▪ Seio em livre demanda; ▪ Ordenha e estoque de leite; ▪ Oferecer leite e outros alimentos de colher; ▪ No trabalho, esvaziar as mamas a cada 2-3 h. CONSERVAÇÃO Temperatura ambiente: 2h; Geladeira: 12h; Congelador: 15 dias (ferver em banho maria). CONTRAINDICAÇÕES À AMAMENTAÇÃO RELATIVA ÀS CR IANÇAS ▪ Galactosemia (doença rara em que ela não pode ingerir leite humano ou qualquer outro que contenha lactose); Síndrome do xarope de bordo; Fenilcetonúria. RELATIVA ÀS MÃES ▪ Doença materna grave; Doença mental; HIV; HTLV1 e HTVL2; uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação; AMAMENTAÇÃO X COVID-19 Não há documentação de transmissão vertical ou pela amamentação, entretanto o consenso chinês é contrário à evidência disponível (mas não apontaram nenhum caso de transmissão vertical). ▪ Caso seja de interesse materno, deverá ser esclarecida e estar de acordo com as medidas preventivas necessárias: o Lavar as mãos antes de tocar no bebê na hora da mamada; o Usar máscara facial durante a amamentação. Materiais complementares para estudo: 1. QR Code: Caderno da atenção básica de saúde, do MS, sobre aleitamento materno e alimentação complementar. 2. QR Code: Caderneta da criança – 2020 Brasil: Respectivamente, da menina e do menino. Paginas de aleitamento materno: 25-31. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre INTRODUÇÃO A introdução de alimentos na dieta da criança após os seis meses de idade deve complementar as numerosas qualidades e funções do leite materno. Além disso, a introdução da alimentação complementar aproxima progressivamente a criança aos hábitos alimentares de quem cuida dela e exige todo um esforço adaptativo a uma nova fase do ciclo de vida, na qual lhe são apresentados novos sabores, cores, aromas, texturas e saberes. ▪ Qualquer alimento, que não o leite materno, oferecido à criança amamentada: o Não existe evidência suficiente para introduzir um alimento ou outro preferencialmente, e na maioria das vezes, sem sequência pré-definida; o Considerar as limitações fisiológicas do lactente: Os tratos digestório e renal e o sistema imunológico encontram-se em fase de maturação. ▪ Quando iniciar é um tema controverso e discutível, mas a OMS recomenda o aleitamento exclusivo até os 6 meses; o O lactente está pronto fisiologicamente para receber alimentos sólidos a partir de 4 meses; o A sociedade europeia (ESPGHAN), através de estudos, recomenda aleitamento materno até dois anos, entretendo à dieta complementar deve ser iniciada entre 17 e 26 semanas de vida. MOTIVOS PARA ESTUDAR A criança é um ser em evolução e, assim, necessita de substrato para crescer e se desenvolver adequadamente, com aquisição de capacidades psicomotoras e neurológicas que podem ser observadas a cada mês. Ganho anual desejável: ▪ 1°
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