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Um dos primeiros grupos de pensadores na Grécia Antiga foi chamado
de sofistas. Seus pensamentos eram diversificados, mas,
essencialmente, convergiam para a superação da fundamentação mítica
do universo e das sociedades humanas.
Muitos sofistas dominavam, entre outras técnicas, a “arte da palavra” ou
do “discurso”. Estudavam os mecanismos de argumentação e
convencimento utilizados nas discussões e cobravam para ensiná-los.
Alguns afirmam que foram os primeiros professores particulares da
história.
No contexto da democracia ateniense, a importância dos sofistas cresce
significativamente. É interessante ter em mente que a base da política
de Atenas era a participação dos cidadãos na Assembleia em igualdade
de condições (isegoria), ou seja, todos tinham o mesmo direito de falar
em público. Se o peso inicial da palavra era o mesmo, destacar-se-ia
aquele cidadão que pudesse fazer o melhor discurso.
Os sofistas, entre outras coisas, ensinavam técnicas para se fazerem
discursos convincentes. Daí muitos cidadãos passarem a procurá-los,
pagando altas somas, para educarem seus filhos, na expectativa de que
se tornassem ótimos oradores e, por consequência, atenienses
memoráveis.
Se eram procurados e cobravam caro por seus ensinamentos, estavam
também sujeitos a críticas. Por um lado, os cidadãos tradicionais,
dotados de um pensamento aristocrático (governo dos melhores),
questionavam os ensinamentos sofísticos. Segundo eles, os sofistas
ensinavam a persuadir, mas não ensinavam as virtudes cívicas, que
dependiam de outros fatores, como a estirpe e o caráter. Assim, os
jovens educados pelos sofistas seriam ótimos oradores, mas não
necessariamente teriam os outros requisitos indispensáveis para serem
bons cidadãos.
Por outro lado, os sofistas eram criticados pelos filósofos adeptos de
Sócrates (socráticos). O foco da crítica estava no fato de a maioria dos
sofistas não acreditarem na existência de uma verdade universal
(alethéia), mas apenas de uma verdade relativa derivada do debate e do
convencimento (doxa).
MARINA ALVES
SOFISTAS
Independentemente das críticas, o papel dos sofistas é dos mais
relevantes na formação da cultura democrática ateniense. Seja atuando
enquanto professores, seja participando de infindáveis discussões
públicas, eles disseminam entre os jovens e os cidadãos uma grande
paixão pelo debate e pelo questionamento, incentivando o uso da
palavra e da argumentação. Tal ambiente culmina nas discussões
realizadas na Assembleia, moldando democraticamente a cidade de
Atenas.
Os sofistas problematizam a completude do mundo grego. Não
acreditam, no geral, que seja possível encontrar um fundamento na
natureza (phýsis) para a existência humana na cidade (Pólis), sob a égide
das normas (nómos).
Enquanto o desafio dos filósofos era demonstrar que as normas criadas
pelos gregos derivavam harmonicamente do universo e da natureza, os
sofistas negavam tal derivação.
Dois grandes grupos de sofistas podem ser apontados. Os sofistas
naturalistas não acreditavam que as normas humanas pudessem
corresponder às normas naturais, por incapacidade dos homens. Já os
sofistas convencionalistas, por sua vez, não acreditavam que as normas
humanas tivessem que corresponder às normas naturais, sendo
autônomas e construindo uma realidade própria.
Infelizmente, durante séculos, os sofistas foram considerados
pensadores menores e desprezados por uma tradição socrática que
sequer os nomeia como filósofos. Há um movimento no sentido de
reabilitarmos seus pensamentos e os problemas que trouxeram à busca
da verdade que não recorre aos mitos.

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