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3 ou + evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24h Início ABRUPTO, etiologia presumivelmente infecciosa, potencialmente AUTOLIMITADO, com duração <14 dias, aumento no volume e/ou na frequência de evacuações com consequente aumento das perdas de água e eletrólitos EPIDEMIOLOGIA → Diminuição da mortalidade nos últimos anos → Alta morbidade especialmente em países subdesenvolvidos (1-5 episódios diarreicos/ano em cçs <5 anos) → FATORES DE RISCO: desmame precoce, ausência de saneamento básico, más condições de higiene e serviços públicos deficientes CLASSIFICAÇÃO → Diarreia aguda aquosa – perda de grande volume de fluidos – desidratação (coloração esbranquiçada). → Diarreia aguda com sangue (desinteria) – representa lesão da mucosa intestinal – pode associar-se com infecção sistêmica e outras complicações, incluindo desidratação. Pode haver agentes bacterianos com disfunção orgânica – normalmente entra com ATB. → Diarreia persistente – quando a diarreia aguda se estende por 14 dias ou mais. Pode provocar desnutrição e desidratação – alto risco de complicações e letalidade ETIOLOGIA 1. Causas infecciosas → Maior prevalência → < 5 anos → Vírus, bactérias, protozoários → Transmissão fecal-oral 2. Causas não infecciosas → Alergias e intolerâncias → Erros alimentares → Medicamentos → Intoxicações AGENTES ETIOLÓGICOS a. Vírus - Rotavírus (40% dos casos graves, c/ hospitalização) - Coronavírus - Adenovírus - Norovírus - Astrovirus b. Bactérias - E. coli (enteropatogênica, enterotoxigênica, enterohemorrágica, enteroinvasiva, entero- agregativa) - Aeromonas - Pleisiomonas - Salmonella - Shigella* - Campylobacter jejuni - Vibrio cholerae (água de arroz) - Yersinia c. Parasitas - Entamoeba histolytica - Giardia lamblia - Clyptosporidium (imunossuprimidos) - Isosopora (imunossuprimidos) d. Fungos - Candida albicans e. Pct imunocomprometidos ou em ATB prolongada – Klebsiella, Pseudomonas, Aerobacter, C. difficile* (principalmente devido ao uso prolongado de ATB /diarreia nosocomial), Cryptosporidium, Isosopora, VIH, outros agentes *A investigação da etiologia não é obrigatória em todos os casos. Deve ser realizada nos casos graves e nos pacientes hospitalizados (comprometimento sistêmico, sinais de toxemia, taquicardia, alteração da perfusão); coletar em lactente <4 meses/<3 meses se houver febre. C. difficile – pesquisar por toxinas A e B Outros – coprocultura/hemocultura AVALIAÇÃO CLÍNICA 1. Classificação do tipo de diarreia (aquosa/desinteria?) 2. Avaliação do estado nutricional 3. Avaliação de condições mórbidas (DM1? Obesidade? Câncer? Uso de ATB? HIV? Imunossuprimido?) 4. Avaliação do estado de hidratação AGENTES INFECCIOSOS MAIS FREQUENTES • Rotavírus (crianças <2 anos) • Cryptosporidium • Shigella (criança 2-5 anos) • Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC) na Pediatria DIAGNÓSTICO CLÍNICO → Duração da diarreia → Característica das fezes → Nº diário de evacuações → Presença de sangue nas fezes → Nº episódios de vômitos → Presença de febre ou outra manifestação clínica → Praticas alimentares prévias e vigentes → Outros casos de diarreia em casa ou na escola → Avaliar a oferta e consumo de líquidos, além do uso de medicamentos e histórico de imunizações → Diurese – volume, cor, tempo decorrido da ultima micção e peso recente → Oliguria? – Desidratação/ou até uma insuficiência renal PACIENTES DE RISCO! Idade <2 meses Doença de base – DM, insuficiência renal ou hepática Vômitos persistentes Perdas diarreicas volumosas e frequentes (>8 episódios diários) Percepção dos pais de que há sinais de desidratação EXAME FÍSICO ❖ AVALIAÇÃO DO ESTADO DE HIDRATAÇÃO Observar A B C Condição Bem alerta Irritado, intranquilo Comatoso, hipotônico* Olhos Normais Fundos Muito fundos Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes Boca/língua Úmidas Secas Muito secas Sede Bebe normalmente Sedento, bebe rápido e avidamente Bebe mal ou não é capaz de beber* Diurese Presente Oligúria Oligoanúria Examinar Sinal da prega Desaparece rapidamente Desaparece lentamente Desaparece muito lentamente (>2s) Pulso Cheio Fino Muito fino, ausente* TEC Normal (até 3s) Prejudicado (3-5s) Muito prejudicado* (>5s) Conclusão Não tem desidratação 2 ou + dos sinais = existe Desidratação 2 ou + dos sinais, incluindo pelo menos 1 c/ asterisco = Desidratação Grave Tratamento Plano A Tratamento domiciliar Plano B Terapia de reidratação oral no serviço de saúde Plano C Terapia de reidratação parenteral ❖ DEFINIÇÃO DE HIPOTENSÃO POR PA SISTÓLICA 0-20 dias PAS <60 mmHg 1-12 meses PAS <70 mmHg 1-10 anos PAS <(70 + idade x 2 idade) >10 anos PAS <90 mmHg ❖ DESIDRATAÇÃO PELA % PESO PERDIDO Grau 1 / Leve <5% Grau 2 / Moderado 6-9% Grau 3 / Grave >10% EXAMES COMPLEMENTARES → Exames laboratoriais, em geral, não são necessários → Casos com evolução atípica, grave ou arrastada, presença de sangue nas fezes, lactentes <4 meses e pacientes imunossuprimidos: Hemograma – anemia, padrão leucocitário Eletrólitos, gasometria venosa, ureia, creatinina – DHE e impacto na função renal Fezes (pH fecal, substância redutoras, leucócitos, hemácias, sangue oculto, coprocultura, antibiograma, ELISA para vírus, pesquisa de toxina para Clostridium) COMPLICAÇÕES → Desidratação → Distúrbios ácido-básicos e hidroeletrolíticos (K+, Na+) → Choque hipovolêmico → Sepse com disfunção orgânica → Convulsões – Toxinas Shigela sp, distúrbios do Na, hipoglicemia → Síndrome Hemolítico-urêmica (SHU) – E. coli, Shigela TRATAMENTO ❖ PLANO A (NÃO HÁ DESIDRATAÇÃO) → Tratamento DOMICILIAR → Aumentar oferta de líquidos → Soro de reidratação oral (SRO) – reposição para prevenir a desidratação → Manutenção de alimentação que não agrave a diarreia → Zinco 1x/dia, 10-14 dias OBS – Orientar retorno se o paciente não melhorar em 2 dias ou se apresentar SINAIS DE PERIGO: Piora na diarreia Vômitos frequentes Muita sede / recusa da ingestão de líquidos Recusa de alimentos Sangue nas fezes Diminuição da diurese Piora do estado geral ❖ PLANO B (HÁ ALGUM GRAU DE DESIDRATAÇÃO) → Tratamento no SERVIÇO DE SAÚDE → Administrar SRO sob supervisão médica – reparação das perdas vinculadas à desidratação → Reavaliar o estado de hidratação do paciente, se desaparecerem os sinais de desidratação, reinicie a alimentação na unidade de saúde e, em seguida, utilize o plano A (→DOMICILIAR) → Se continuar desidratado, indicar sonda nasogástrica → Se evoluir para desidratação grave, seguir plano C ❖ PLANO C (DESIDRATAÇÃO GRAVE) → Tratamento no SERVIÇO DE SAÚDE → Reidratação por via parenteral – expansão (SF 0,9%/Ringer lactato), manutenção e reposição (soro glicosado 5% + SF 0,9%, KCl) → Indicações para reidratação venosa – desidratação grave, contraindicação de hidratação oral (íleo paralítico, abdome agudo, alterações do estado de consciência ou convulsões), choque hipovolêmico → Critérios para internação hospitalar – choque hipovolêmico, desidratação grave (perda de peso ≥10%), manifestações neurológicas, vômitos biliosos ou de difícil controle, falha terapêutica na reidratação oral, suspeita de doença cirúrgica, falta de condições para TTO domiciliar ou acompanhamento ambulatorial. → Iniciar reidratação via oral com SRO, quando o paciente puder beber, mantendo a hidratação venosa → Interromper a reidratação EV somente quando o paciente puder ingerir SRO em quantidade suficiente para se manter hidratado ❖ ANTIBIOTICOTERAPIA → Maioria das vezes NÃO é necessário (episódios autolimitados, virais) → Uso restrito: Diarreia com sangue Infecção aguda comprovada por Giardia ou Entamoeba hystolitica Imunossuprimidos Anemia falciforme Portadores de prótese Sinais de disseminação bacteriana extra-intestinal → SANGUE NAS FEZES + Reidratar o paciente com os planos A, B ou C Iniciar antibioticoterapia – Ciprofloxacino VO (3 dias) ou Ceftriaxona IM (2-5 dias) – direcionada contra espécies de Shigella Reavaliar o paciente após 2 dias, se mantiver sangue nas fezes após 48h do início do tratamento, encaminhar para internação OBS – a desinteria amebiana devido a E. histolytica pode ser clinicamente indistinguível da shigelose, e não responde a terapia anti- shigella Shigella Ciprofloxacino, azitromicina, ceftriaxona, cefotaxima Giardíase Metronidazol, tinidazol, secnidazol Ameba invasiva Metronidazol + nitazoxanida Campylobacter Azitromicina, ciprofloxacino E. coli enteropatogênica, enterotoxigênica, invasiva Ciprofloxacino, ceftriaxona Clostridium difficile Metronidazol, vancomicina Cólera Azitromicina, ciprofloxacino ❖ PROBIÓTICO → Coadjuvantes → Ajudam a reduzir aproximadamente 24h na média de duração da diarreia aguda → Saccharomyces boulardii (250-750mg/dia, 5-7 dias), lactobacillus reuteri e lactobacillus GG ❖ RACECADOTRILA → Inibidor de encefalinase – reduz a secreção intestinal de água e eletrólitos (se encontra aumentada na diarreia aguda) → Redução das perdas diarreicas e duração da diarreia aguda → Sachês 10/30mg ou cp 100mg → 1,5mg/kg, 3x/dia, até melhorar o quadro → Contraindicado para <3 meses ❖ OUTROS TRATAMENTOS → Zinco VO → Antieméticos (clorpromazina, proclorperazina, prometazina e metoclopramida) – tem efeitos sedativos e que podem interferir na reidratação e podem causar reações extrapiramidais e depressão respiratória NÃO devem ser utilizados no tto da diarreia aguda Vômitos tendem a desaparecer concomitante à correção da desidratação Pode ser necessário – redução na frequência de vômitos, necessidade de hidratação parenteral, internação hospitalar Ondansetrona (0,1mg/kg) OBS – crianças com diarreia aguda NÃO devem receber agentes antimotilidade (loperamida, difenoxilato-atropina e tintura de ópio); estes prolongam algumas infecções bacterianas e podem causar íleo paralítico fatal
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