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1. PRIMEIRO CRITÉRIO O primeiro consiste na classificação pelo grau de ênfase com que as dimensões teórica, metodológica e empírica são abordadas em cada trabalho. Esse grau varia de acordo com cada nível de formação. Assim, em uma monografia, espera-se a introdução aos métodos de pesquisa e de escrita; nas dissertações, a capacidade de formular problemáticas e hipóteses, bem como utilizar adequadamente os conceitos; nas teses, a ênfase reside em maior aprofundamento teórico, que seja capaz de gerar reflexões de maior densidade. 2. SEGUNDO CRITÉRIO O segundo critério é a diferenciação segundo o grau de autonomia esperado no momento da elaboração dos trabalhos de conclusão. Nesse sentido, o nível de autonomia observado para a produção dos trabalhos varia de acordo com o estágio no qual é produzido. 3. TERCEIRO CRITÉRIO Outro ponto a destacar é a atuação do orientador em cada caso. Assim, ao desenvolver uma monografia, o pesquisador iniciante estaria situado no campo da heteronomia, ou seja, não se espera que seu trabalho apresente nenhuma autonomia, sendo acompanhado de perto pelo orientador, que cumpre a função de tutor. 4. QUARTO CRITÉRIO Na confecção da dissertação de mestrado, por sua vez, o estudioso deve realizar um progressivo distanciamento com relação ao estágio da heteronomia, dando os primeiros passos rumo à autonomia. Aqui, as intervenções do orientador são reduzidas: seu papel se restringe a apenas orientar. 5. QUINTO CRITÉRIO Enfim, de uma tese de doutorado, deseja-se, da parte do pesquisador, plena autonomia na elaboração da proposta, na construção do trabalho, nas questões teórico-metodológicas etc. A função do orientador, nesses casos, é a de um interlocutor. Entendemos que esses critérios são os mais indicados para avaliar os trabalhos de conclusão hoje em dia. Como veremos a seguir, a estrutura e os conteúdos de cada um não variam tão significativamente de um para outro. Desse modo, a adoção de quaisquer critérios rígidos e estritamente objetivos não seria capaz de caracterizar e, principalmente, de diferenciar monografias, dissertações e teses. ESTRUTURA DOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO Assim como nos demais trabalhos acadêmicos que apresentamos nos módulos anteriores, a ABNT também conta com uma normativa para elaborar trabalhos de conclusão: a NBR 14724 (ABNT, 2011). De acordo com essa norma, a organização de monografias, dissertações e teses depreende uma estrutura bastante similar à dos artigos científicos, mas com uma diferença: nos trabalhos de conclusão, há uma parte externa e outra interna. EXTERNA A parte externa é composta pela capa e, opcionalmente, pela lombada. INTERNA Já a parte interna engloba componentes que também constatamos nos artigos, isto é, os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Há também, no âmbito dos trabalhos de conclusão, os itens que são considerados obrigatórios, enquanto outros, opcionais, podem ser acrescidos de acordo com os objetivos do autor. Autor: Lipik Stock Media / Fonte: Shutterstock MONOGRAFIA As monografias de graduação são os trabalhos de conclusão mais difundidos no meio acadêmico brasileiro, e, talvez, até no mundo. Como já afirmamos, elas também são chamadas de Trabalhos de Conclusão de Curso e costumam ser exigidas pela maioria dos cursos como contrapartida para a obtenção do grau de bacharel ou licenciado. É, portanto, uma etapa pela qual a maioria dos profissionais em atividade já passaram. Dependendo do curso e da instituição de ensino, pode-se exigir que o concluinte apresente sua monografia para uma banca de professores, que tecerão comentários e críticas, além de perguntas sobre o trabalho. O grau só é obtido mediante a aprovação nesse processo. Essa arguição é chamada de defesa de monografia. No entanto, tal procedimento é mais comum na pós-graduação – defesa de dissertação e defesa de tese –, na qual é uma etapa indispensável para a obtenção dos graus conferidos. Um dado curioso chama a atenção sobre as monografias. Embora seja uma exigência que, habitualmente, impõe-se ao aluno no fim da graduação, o Trabalho de Conclusão de Curso é o momento em que acontece, de fato, a iniciação à pesquisa (NEVES, 1996; MARCONI; LAKATOS, 1992). Cabe, então, desde já, a pergunta: O QUE É MONOGRAFIA? A norma NBR 14724 define monografia como: “DOCUMENTO QUE APRESENTA O RESULTADO DE ESTUDO, DEVENDO EXPRESSAR CONHECIMENTO DO ASSUNTO ESCOLHIDO, QUE DEVE SER OBRIGATORIAMENTE EMANADO DA DISCIPLINA, MÓDULO, ESTUDO INDEPENDENTE, CURSO, PROGRAMA E OUTROS MINISTRADOS”. Fonte: ABNT (2011, p. 4). De maneira complementar, Severino (2002) e Marconi e Lakatos (2017) apontam que também se deve levar em consideração três fatores, os quais devem estar presentes em todos os trabalhos de conclusão: unidade temática, problema e metodologia. Além disso, nas monografias, o enfoque está na qualidade da análise, e não na quantidade de páginas. ATENÇÃO As formas como os elementos textuais da monografia são estruturadas também é uma questão fundamental para que os propósitos do trabalho de conclusão possam ser plenamente satisfeitos. DISSERTAÇÃO O mestrado consiste na primeira etapa dentro da pós-graduação, excetuando-se as especializações. Por isso, está situado em um meio termo no que tange à formação do pesquisador. Em outras palavras, o mestrando é aquele que já concluiu uma graduação, tendo, muito provavelmente, escrito uma monografia. Porém, ainda não chegou, em sua área de formação, à etapa do doutorado. No ponto em que se encontra, para obter o título de mestre, esse pesquisador precisará redigir uma dissertação e defendê-la na chamada defesa de dissertação. De acordo com a norma NBR 14724, dissertação é o: ESPECIALIZAÇÕES Esta modalidade de pós-graduação, também conhecida como lato sensu, não confere grau a seu concluinte. “DOCUMENTO QUE APRESENTA O RESULTADO DE UM TRABALHO EXPERIMENTAL OU EXPOSIÇÃO DE UM ESTUDO CIENTÍFICO RETROSPECTIVO, DE TEMA ÚNICO E BEM DELIMITADO EM SUA EXTENSÃO, COM O OBJETIVO DE REUNIR, ANALISAR E INTERPRETAR INFORMAÇÕES. DEVE EVIDENCIAR O CONHECIMENTO DE LITERATURA EXISTENTE SOBRE O ASSUNTO E A CAPACIDADE DE SISTEMATIZAÇÃO DO CANDIDATO”. javascript:void(0) Fonte: ABNT (2011, p. 2). Nesse sentido, por um lado, espera-se que o texto apresente maior aprofundamento com relação àqueles pontos típicos da monografia, como a metodologia, por exemplo. Por outro, deseja-se que conte com aspectos próprios de uma tese, como uma reflexão mais sólida e embasada sobre o problema levantado. Marconi e Lakatos (2017) compreendem a dissertação como um estudo teórico e reflexivo, que requer que os dados sejam sistematizados, ordenados e interpretados. Esse estudo deve, ainda, apresentar uma metodologia própria. Contudo, tal característica não deve ser confundida com a simples reprodução de textos produzidos por terceiros. Como Severino (2002) destaca, a dissertação precisa ser propositiva, e não apenas expositiva. As dissertações também podem ser divididas em mais de um tipo quanto ao conteúdo. Medeiros (2006) e Salvador (1980 apud MARCONI; LAKATOS, 2017) identificam a existência de dois tipos de trabalho: o expositivo e o argumentativo. TRABALHO EXPOSITIVO No trabalho expositivo, o autor realiza grande levantamento de materiais – das mais diversas fontes – relacionados ao tema da pesquisa. O que é avaliado aqui é a capacidade para coletar e organizar tudo o que foi reunido. TRABALHO ARGUMENTATIVO Já o trabalho argumentativo exige a interpretação das ideias apresentadas e um posicionamento por parte do autor. Os argumentos servem de sustentação tanto à interpretação quanto à posição adotada pelo pesquisador. No que diz respeito à forma, também há mais uma classificação aplicável às dissertações: elas também podem ser categorizadas de acordo com a maneira que resolvem proceder. Nesse sentido, Medeiros (2006) aponta que há três “movimentos” que uma dissertação pode adotar: para fora, para dentro e “zigue-zague”. No movimentopara fora, o texto parte de algo próximo, específico, e vai em direção ao geral, em um processo tipicamente indutivo. Em outras palavras, procede do particular para o universal. No movimento para dentro, o sentido vai na direção oposta, ou seja, trata-se de uma dedução. Aqui, o ponto de partida é uma generalização qualquer. Avança-se até alcançar um caso específico. Por fim, no chamado “zigue-zague”, o autor utiliza contraposições e comparações tanto de ideias quanto de fatos e contextos. TESE As teses são trabalhos de conclusão produzidos com vistas à obtenção de dois títulos: DOUTOR Grau que se conquista após a conclusão de um curso de doutorado. LIVRE DOCENTE Grau de titulação acadêmica mais alto a que se pode chegar (apenas pesquisadores que já tenham o título de doutor podem consegui-lo). Assim como a dissertação, para a obtenção de tais títulos, exige-se o rito chamado defesa de tese. As teses consistem em um grande esforço de sistematização de uma pesquisa em um trabalho acadêmico. Espera-se do investigador que está concluindo esta etapa que seja capaz de proporcionar uma descoberta ou contribuição significativa para a ciência (MEDEIROS, 2006). Por isso, alguns autores afirmam que se deve esperar a originalidade apenas em uma tese de doutorado. ORIGINALIDADE Como frisa Severino (2002), para sustentar sua posição, originalidade nada tem a ver com novidade, mas, sim, com um retorno às origens. De acordo com o autor: javascript:void(0) “[...] [explicita-se], assim, um esclarecimento original ao assunto, até então não percebido. A descoberta original lança novas luzes sobre o objeto pesquisado, superando seja o desconhecimento, seja, então, a ignorância”. Fonte: Severino (2002, p. 148). A tese é descrita pela NBR 14724 como: “DOCUMENTO QUE APRESENTA O RESULTADO DE UM TRABALHO EXPERIMENTAL OU EXPOSIÇÃO DE UM ESTUDO CIENTÍFICO DE TEMA ÚNICO E BEM DELIMITADO. DEVE SER ELABORADO COM BASE EM INVESTIGAÇÃO ORIGINAL, CONSTITUINDO-SE EM REAL CONTRIBUIÇÃO […]”. Fonte: ABNT (2011, p. 4). Para além da definição técnica, Marconi e Lakatos (2017) destacam que é esperado que tais trabalhos contemplem três pontos em especial. O primeiro deles é que sejam precisos, ou seja, os dados apresentados precisam ser exatos, sem erros ou inconstâncias. O segundo é a exaustão: a tese deve exaurir o assunto ao qual se dedica. Por fim, o terceiro aspecto diz respeito à clareza, isto é, a tese precisa ser inteligível e transparente. Você se lembra do que vimos no início deste módulo? O trabalho de conclusão é feito para o outro, e não para si mesmo. VÍDEO Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre o processo de desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. INDEPENDENTEMENTE DE SUA MODALIDADE, OS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO, GERALMENTE, COSTUMAM ASSUSTAR O PESQUISADOR NESTA FASE DE SEU PROCESSO ACADÊMICO. É CLARO QUE, SEM NECESSIDADE DE PÂNICO, DEVEMOS ESTAR ATENTOS A ALGUNS PONTOS ESSENCIAIS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO APRESENTA UM DESSES PONTOS: A) Permitir a outro pesquisador reproduzir os procedimentos nele realizados. B) Contribuir para o desenvolvimento de outras pesquisas. C) Desenvolver o trabalho em linguagem clara e simples. D) Apresentar resultados de uma pesquisa ainda em andamento. 2. DEVIDO AOS DISTINTOS ENTENDIMENTOS DE CADA AUTOR, UM FATOR CONSEGUE GERAR DESENCONTROS NO MOMENTO DE SE DELIMITAR O QUE SÃO MONOGRAFIAS, DISSERTAÇÕES E TESES. QUE FATOR É ESSE? A) A divisão dos elementos textuais em introdução, desenvolvimento e conclusão. B) A questão do nível de autonomia esperado. C) A demanda para que o trabalho seja original. D) O seguimento das normas da ABNT. GABARITO 1. Independentemente de sua modalidade, os Trabalhos de Conclusão de Curso, geralmente, costumam assustar o pesquisador nesta fase de seu processo acadêmico. É claro que, sem necessidade de pânico, devemos estar atentos a alguns pontos essenciais. Assinale a alternativa que não apresenta um desses pontos: A alternativa "D " está correta. Apresentar os resultados de uma pesquisa em andamento, ou seja, conclusões ainda parciais, é esperado em artigos científicos, e não em trabalhos de conclusão. Nestes, espera-se o registro dos resultados relativos a uma pesquisa. Todos os demais pontos apresentados são essenciais a um trabalho de conclusão. 2. Devido aos distintos entendimentos de cada autor, um fator consegue gerar desencontros no momento de se delimitar o que são monografias, dissertações e teses. Que fator é esse? A alternativa "C " está correta. Como vimos, a originalidade é ponto conflitante entre os autores consultados. Enquanto, para uns, ela deve estar presente em todos os trabalhos de conclusão, para outros, é uma exigência que deve ser circunscrita às teses de doutorado. A divisão do texto em introdução, desenvolvimento e conclusão é esperada em todos os trabalhos, não influenciando no processo de classificação dos trabalhos de conclusão. A verificação do nível de autonomia serve justamente como um dos mecanismos adotados para superar o problema da delimitação, não contribuindo para possíveis confusões. Além disso, espera-se que todos os trabalhos sejam realizados obedecendo às orientações das normas da ABNT.
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