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Alterações funcionais benignas da mama As alterações funcionais benignas da mama se caracterizam por dor acompanhada ou não de espessamento mamário que surge no início do menacme e tende a desaparecer na menopausa. Esse termo foi criado na década de 90 para substituir as alterações que eram denominadas displasias mamárias. O quadro clínico geralmente se inicia por volta dos 20 anos, sendo geralmente cíclica e dolorosa, tendo uma tendência de espessamento associado a partir dos 30 anos. Faz-se anamnese procurando dor, presença ou não de tumor e fluxo papilar. A dor deve ser caracterizada em local, fatores de piora e melhora, movimentos de repetição, intensidade, entre outros. Cerca de 65 a 70% apresentam algum quadro de mastalgia, essa que é mais comum no menacme pela etiologia predominantemente hormonal. Geralmente a dor pontual e progressiva deve ser investigada. A fisiopatologia ainda é desconhecida, apesar de sabidamente ter relação com o ciclo menstrual e os níveis de estrogênio e progesterona. Também pode ser causada por algumas medicações como sertralina e espironolactona. Deve ser esclarecido para a paciente que apenas 0,2 a 2% dos casos de câncer de mama apresentam mastalgia, sendo geralmente casos mais avançados. Deve ser analisado no exame se apresenta algum outro sintoma como hiperemia, calor, rubor, entre outros sinais infecciosos, devendo promover tratamento. O estado psicológico da paciente também influencia nos níveis e no sentir da dor. Durante o exame físico a parede torácica deve ser examinada a fim de excluir qualquer lesão que não seja mamária. Realiza-se a inspeção estática e também a dinâmica em que a paciente levanta os braços e comprime contra a cintura para que retrações e alterações possam ser visualizadas. A palpação da fossa supra e infra clavicular e da axila – com o braço solto – deve ser feita para exclusão de metástase para linfonodos. Posteriormente, com a paciente em decúbito dorsal deve ser realizada a palpação das mamas com a mão espalmada para ver grandes nódulos e depois dedilhando. Se algum nódulo for encontrado, o médico descreve se ele é móvel ou fixo, gorduroso ou não, aderido ou não, mensurar seu tamanho e localização. Por fim, realiza-se a expressão mamilar para ver se há saída de alguma secreção, verificando cor e aspecto. Algumas doenças extramamárias como fibromialgia, osteocondrite, herpes zóster, entre outros podem confundir na hora do diagnóstico por gerar dor. Um cisto irá gerar dor, se apresentando como um nódulo mamário que pode ser sentido na palpação. Na ultrassonografia uma ‘mancha branca’ atrás dele é denominada reforço acústico posterior, achado que representa composição de líquido e caráter benigno. Se houver sombra acústica posterior é reforçado possível caráter de malignidade. Se encontrado algum nódulo na palpação serão requeridos exames de imagem. A mamografia não diferencia cistos e nódulos, mas o ultrassom consegue diferenciar bem essas estruturas. Os cistos incidem de 7 a 10% da população feminina de 35 aos 50 anos, sendo menos frequente antes dos 30, podendo desaparecer e aparecer novamente. Se forem < 1 cm não conseguem ser sentidos na palpação, mas promover dor. Assim, cistos < 3 cm ou simples só se faz acompanhamento, devendo promover alguma intervenção apenas se ocasionar muita dor. Os cistos não podem ser biopsiados, já que são compostos por líquido. Assim, se o cisto for complexo faz-se a retirada inteira da lesão, encaminhando para análise. Não existe uma medicação que diminuam ou promovam a regressão do cisto, mas existem fitoterápicos que podem promover a diminuição da dor. Também pode ser utilizado o tamoxifeno ou raloxifeno de 4 a 6 meses para melhora da dor, já que é um antagonista do estrogênio, mas causam muitos efeitos colaterais. O nódulo sólido apresenta uma imagem hipoecoica (cinza), devendo verificar as bordas – se regular ou não – além de ver se ele é espiculado ou tem presença da sombra acústica posterior (suspeita de malignidade). Uma borda regular e circunscrita favorece benignidade, mas bordas irregulares e assimétricas podem significar um câncer. Todavia, a confirmação só é feita com a biópsia. Um nódulo consegue ser sentido na palpação, mas não gera dor. A maioria dos nódulos são benignos, sendo o fibroadenoma o principal deles. Se um nódulo for BI-RADS 3 ele pode ser acompanhado a cada 6 meses durante dois anos, sendo que após dois anos sem alterações, o acompanhamento pode ser feito anualmente, se tornando um BI-RADS 2. Tem-se características ultrassonográficas de benignidade, como bordas redondas com até 3 nodulações, margens bem definidas, mais larga que alta, sombra acústica ausente e geralmente nodulação < 2 cm. O derrame papilar é qualquer secreção que sai dos seios, devendo ser classificado. Alguns fatores extramamários devem ser excluídos, como hiperprolactinemia e efeitos colaterais de fármacos como tricíclicos, iMAO, anti- hipertensivos, entre outros. O derrame bilateral geralmente é benigno, devendo gerar preocupação se for unilateral. Também se analisa se a secreção é espontânea ou somente quando se faz expressão. Além disso, deve ser classificado conforme a origem, se é multi ou uniductal. Se for unilateral, espontâneo uniductal e associados a nódulo geralmente tendem a ser malignos. A cor também deve ser observada, sendo que os mais perigosos possuem aspecto sanguinolento ou transparente (água de rocha). Uma secreção sanguinolenta pode ser câncer, mas a principal causa é um papiloma. Uma citologia do bico do peito é realizada para ver se tem ou não hemácia, de modo que não é tão utilizada. A mamografia e o ultrassom são utilizados para verificar se há associação de nódulo com o derrame papilar. Se a lesão for suspeita ela deve ser resolucionada e não apenas acompanhada. Um nódulo será ressecado, podendo utilizar AINEs e analgésicos para dor. Em caso de nódulo ou dor, faz-se exame físico, ultrassom e mamografia. Se vier normal, realiza-se apenas orientação verbal. Um nódulo sem sinais de malignidade faz-se acompanhamento, podendo fazer uma punção e aspiração para resolução, podendo também fazer a retirada inteira se a lesão for maior. Uma lesão suspeita, faz se biópsia, mas mesmo se não vier nada positivo faz-se retirada da lesão como prevenção de que esse nódulo vire um câncer. Câncer de mama É uma proliferação maligna das células epiteliais que margeiam os ductos e lóbulos, sendo que é o tumor mais frequente em mulheres, em que quanto mais precoce for detectado menor a mortalidade, tendo chance de cura. É realizado o exame clínico para diagnóstico em todos os pacientes, assim como o estudo mamográfico de rastreamento a partir de 40 anos (a partir dos 50 de acordo com o Ministério da Saúde). A principal característica que a paciente queixa é um tumor, em que o quadrante lateral superior da mama é o local com mais tecido e ductos, sendo onde mais se encontram as lesões de malignidade. Geralmente ele será unilateral, indolor e de aspecto endurecido, podendo estar associado ou não a descarga papilar. A localização do nódulo também pode ser descrita em horas, podendo realizar o acompanhamento caso apareça um novo nódulo, relatando distância da borda mamária e da aréola. A mama se forma com ductos que se confluem para o mamilo e é revestida pelo ligamento de Cooper, de modo que um crescimento tumoral irá promover retração da pele e do mamilo (mamilo invertido). Além disso, como possíveis achados tem-se alteração da cor, espessura ou aspecto da pele, edema, vermelhidão, alteração na forma, entre outros. Durante a anamnese faz-se necessário questionamento sobre histórico familiar ou pessoal de câncer. Como fatores de risco tem-se: ▪ Ser do sexo feminino ▪ Idade > 40 anos ▪ Antecedente pessoal de câncer de mama ▪ Lesões histológicas que indiquem risco ▪ Cicatriz radial ▪ Menarca precoce emenopausa tardia (maior exposição ao estrogênio) ▪ História obstétrica ▪ Reposição hormonal ▪ Uso crônico de bebida alcoólica e cigarro ▪ Mutações genéticas de BRCA1 e BRCA2 Se houver uma lesão suspeita o primeiro passo é a punção para biópsia guiada com ultrassom (PAF). Um líquido não suspeito é amarelo, não suspeito. Se forem aspiradas apenas células, faz-se análise com microscópio. Um cisto complexo deve ser retirado e não aspirado. Algumas microcalcificações só aparecem na mamografia, precisando ressecar com estereotaxia guiada com mamografia. O exame de congelação é um procedimento anatomopatológico rápido realizado durante o ato cirúrgico, em que o patologista fornece informações importantes, podendo modificar a conduta cirúrgica prévia. O linfonodo sentinela é o primeiro da axila que drena a mama, esse que será identificado com um corante azul injetado na aréola, que será drenado para a axila em 10 minutos, realizando a inspeção da axila e pesquisa do linfonodo. Assim, faz-se a retirada desse primeiro para análise. Se estiver limpo provavelmente não tem metástase para axila, mas se vier positivo necessita realização de esvaziamento. O tratamento depende do tipo e do tamanho do tumor, além da existência de metástases e estado do paciente. Se o tumor tiver mais que 20% do tamanho da mama, faz-se necessário retirar a mama toda.
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