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Acidentes Com Animais Peçonhentos

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Acidente� Co� Animai� Peçonhent�
● Escorpiã�
Os principais agentes de importância médica são: Tityus serrulatus, responsável por acidentes de
maior gravidade, T. bahiensis e T. stigmurus. Podem ser encontrados nos mais variados ambientes, em
esconderijos junto às habitações humanas, construções e sob os dormentes das linhas dos trens. Procuram
locais escuros para se esconder. O hábito noturno é registrado para a maioria das espécies. São mais ativos
durante os meses mais quentes do ano (em particular no período das chuvas). Das 1.600 espécies
conhecidas no mundo, apenas cerca de 25 são consideradas de interesse em saúde. No Brasil, onde existem
cerca de 160 espécies de escorpiões, as responsáveis pelos acidentes graves pertencem ao gênero Tityus
que tem como característica, entre outras, a presença de um espinho sob o ferrão.
● Tityus serrulatus: Conhecido como escorpião amarelo; é a principal espécie que causa acidentes
graves, com registro de óbitos, principalmente em crianças. Possui as pernas e cauda amarelo-clara,
e o tronco escuro. A denominação da espécie é devida à presença de uma serrilha nos 3º e 4º anéis
da cauda. Mede até 7 cm de comprimento. Sua reprodução é partenogenética, na qual cada mãe tem
aproximadamente dois partos com, em média, 20 filhotes cada, por ano, chegando a 160 filhotes
durante a vida. Distribuição geográfica: Antes restrita a Minas Gerais, devido à sua boa adaptação a
ambientes urbanos e sua rápida e grande proliferação, hoje tem sua distribuição ampliada para Bahia,
Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná,
Pernambuco, Sergipe, Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás, Distrito Federal e, mais recentemente,
alguns registros foram relatados para Santa Catarina.
● Tityus bahiensis: Conhecido por escorpião marrom ou preto, o adulto mede cerca de 7 cm. O macho
é diferenciado por possuir pedipalpos volumosos com um vão arredondado entre os dedos utilizado
para conter a fêmea durante a “dança nupcial” que culmina com a liberação de espermatóforo no solo
e a fecundação da fêmea. Cada fêmea tem aproximadamente dois partos com 20 filhotes em média
cada, por ano, chegando a 160 filhotes durante a vida. Distribuição geográfica: É a espécie que causa
mais acidentes em São Paulo, sendo encontrado ainda em Minas Gerais, Goiás, Bahia, Espírito
Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, e Rio Grande do
Sul.
Os acidentes escorpiônicos são importantes em virtude da grande freqüência com que ocorrem e da
sua potencial gravidade, principalmente em crianças picadas pelo Tityus serrulatus. A partir da implantação
da notificação dos acidentes escorpiônicos no país, em 1988, vem se verificando um aumento significativo no
número de casos. Dados do Ministério da Saúde indicam a ocorrência de cerca de 8.000 acidentes/ano, com
um coeficiente de incidência de aproximadamente três casos/100.000 habitantes. É um problema de saúde
pública devido à elevada incidência em várias regiões do País, com mais de 36.000 casos notificados em
2006.
FISIOPATOLOGIA: Estudos bioquímicos experimentais demonstraram que a inoculação do veneno bruto ou
de algumas frações purificadas ocasiona dor local e efeitos complexos nos canais de sódio, produzindo
despolarização das terminações nervosas pós-ganglionares, com liberação de catecolaminas e acetilcolina.
Estes mediadores determinam o aparecimento de manifestações orgânicas decorrentes da predominância
dos efeitos simpáticos ou parassimpáticos.
QUADRO CLÍNICO LOCAL: Caracteriza-se por dor de intensidade variável, com sinais inflamatórios pouco
evidentes, sendo incomum a visualização da marca do ferrão. De evolução benigna na maioria dos casos,
tem duração de algumas horas e não requer soroterapia.
QUADRO CLÍNICO SISTÊMICO: é o desbalanço entre os sistemas nervosos simpático e parassimpático o
responsável pelas formas graves do escorpionismo que se manifestam inicialmente com sudorese profusa,
agitação psicomotora, hipertensão e taquicardia. Podem se seguir alternadamente com manifestações de
excitação vagal ou colinérgica, nos quais sonolência, náuseas e vômitos constituem sinais premonitórios de
evolução para gravidade e consequente indicação de soroterapia.
Em síntese:
a) Gerais: hipo ou hipertermia e sudorese profusa.
b) Digestivas: náuseas, vômitos, sialorréia e, mais raramente, dor abdominal e diarréia.
c) Cardiovasculares: arritmias cardíacas, hipertensão ou hipotensão arterial, insuficiência cardíaca
congestiva e choque.
d) Respiratórias: taquipnéia, dispnéia e edema pulmonar agudo.
e) Neurológicas: agitação, sonolência, confusão mental, hipertonia e tremores.
CLASSIFICAÇÃO: Com base nas manifestações clínicas, os acidentes podem ser inicialmente classificados
como:
A) LEVES: apresentam apenas dor no local da picada e, às vezes, parestesias.
B) MODERADOS: caracterizam-se por dor intensa no local da picada e manifestações sistêmicas do
tipo sudorese discreta, náuseas, vômitos ocasionais, taquicardia, taquipnéia e hipertensão leve.
C) GRAVES: além dos sinais e sintomas já mencionados, apresentam uma ou mais manifestações
como sudorese profusa, vômitos incoercíveis, salivação excessiva, alternância de agitação com prostração,
bradicardia, insuficiência cardíaca, edema pulmonar, choque, convulsões e coma.
EXAMES COMPLEMENTARES
A) ELETROCARDIOGRAMA - ECG: Pode mostrar taquicardia ou bradicardia sinusal, extra-sístoles
ventriculares, distúrbios da repolarização ventricular como inversão da onda T em várias derivações,
presença de ondas U proeminentes, alterações semelhantes às observadas no infarto agudo do miocárdio
(presença de ondas Q e supra ou infradesnivelamento do segmento ST) e bloqueio da condução
atrioventricular ou intraventricular do estímulo (fig. 35). Estas alterações desaparecem em três dias na
grande maioria dos casos, mas podem persistir por sete ou mais dias.
B) EXAMES DE IMAGEM: pode evidenciar aumento da área cardíaca e sinais de edema pulmonar agudo,
eventualmente unilateral (fig. 36). A ecocardiografia tem demonstrado, nas formas graves, hipocinesia
transitória do septo interventricular e da parede posterior do ventrículo esquerdo, às vezes associada à
regurgitação mitral.
C) EXAMES LABORATORIAIS: A glicemia geralmente apresenta-se elevada nas formas moderadas e
graves nas primeiras horas após a picada. A amilasemia é elevada em metade dos casos moderados e
em cerca de 80% dos casos graves. A leucocitose com neutrofilia está presente nas formas graves e em
cerca de 50% das moderadas. Usualmente há hipopotassemia e hiponatremia. A creatinofosfoquinase e
sua fração MB são elevadas em porcentagem significativa dos casos graves.
TRATAMENTO
SINTOMÁTICO: Consiste no alívio da dor por infiltração de lidocaína a 2% sem vasoconstritor (1 ml a 2 ml
para crianças; 3 ml a 4 ml para adultos) no local da picada ou uso de dipirona na dose de 10 mg/kg de peso a
cada seis horas. Os distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos devem ser tratados de acordo com as
medidas apropriadas a cada caso. Dose tóxica lidocaína: 5 mg/kg
ESPECÍFICO: Consiste na administração de soro antiescorpiônico (SAEEs) ou antiaracnídico (SAAr) aos
pacientes com formas moderadas e graves de escorpionismo. Deve ser realizada, o mais precocemente
possível, por via intravenosa e em dose adequada, de acordo com a gravidade estimada do acidente. O
objetivo da soroterapia específica é neutralizar o veneno circulante. A dor local e os vômitos melhoram
rapidamente após a administração da soroterapia específica. A sintomatologia cardiovascular não regride
prontamente após a administração do antiveneno específico.
MANUTENÇÃO DAS FUNÇÕES VITAIS: Os pacientes com manifestações sistêmicas, especialmente
crianças (casos moderados e graves), devem ser mantidos em regime de observação continuada das funções
vitais, objetivando o diagnóstico e tratamento precoces das complicações. A bradicardia sinusal associada a
baixo débito cardíaco e o bloqueio AV total devem ser tratados com injeção venosade atropina na dose de
0,01 a 0,02 mg/kg de peso. A hipertensão arterial mantida associada ou não a edema pulmonar agudo é
tratada com o emprego de nifedipina, na dose de 0,5 mg/kg de peso. Nos pacientes com edema pulmonar
agudo, além das medidas convencionais de tratamento, deve ser considerada a necessidade de ventilação
artificial mecânica, dependendo da evolução clínica. O tratamento da insuficiência cardíaca e do choque é
complexo e geralmente necessita do emprego de infusão venosa contínua de dopamina e/ou dobutamina (2,5
a 20 mg/kg de peso/ min), além das rotinas usuais para estas complicações.
● Himenópter�
Ordem: Hymenoptera; Únicos insetos que possuem ferrões verdadeiros; Três famílias de importância médica:
Apidae (abelhas); Vespidae (vespa amarela, vespão e marimbondo); Formicidae (formigas). Problema de
saúde pública, pois ocasionam reações graves e de evolução rápida com possibilidade de óbito.
Epidemiologia: A maioria dos casos acontece com homens (63%) em idade produtiva (20-59 anos); A
gravidade dos acidentes depende do local, número de picadas, sensibilidade do sujeito exposto e da
toxicidade do veneno; O veneno de inseto da ordem Hymenoptera está em terceiro (14%) entre as causas de
anafilaxia; Durante muito tempo, os acidentes por picadas de abelha foram subnotificados: Busca de
assistência apenas nos casos mais graves; Equipe de profissionais de saúde não sensibilizada; Ausência de
especificação na ficha de notificação de acidentes por animais peçonhentos do Sistema de Informação de
Agravos de Notificação (SINAN). Em 2006, houve alteração da ficha e inclusão de registro dos acidentes por
picadas de abelha.
FISIOPATOLOGIA: As abelhas africanizadas são a espécie que mais produzem e liberam veneno. Ele é
composto por: Enzimas degradativas (fosfolipase A e B, ácido hialurônico e esterease); Grandes peptídeos
(melitina, que compõe 50% do veneno; apamina e peptídeos de degradação de mastócitos); Pequenos
peptídeos (serotonina, norepinefrina, histamina, etc).
PATOGÊNESE: As enzimas degradativas contribuem para penetração do veneno e seu acesso à corrente
sanguínea, causando: Lise nos eritrócitos, leucócitos, plaquetas e células endoteliais resultando na hemólise
intravascular; Aumento de bilirrubina e LDH; Hemoglobinúria e trombocitopenia → CID (raro); Além disso, o
veneno pode causar: Bloqueio neuromuscular e paralisia respiratória → hemólise e miotoxicidade → lesão
cardíaca (múltiplas picadas).
QUADRO CLÍNICO: As manifestações clínicas podem ser: alérgicas (mesmo com uma só picada) e tóxicas
(múltiplas picadas). Locais: Logo após a ferroada, há dor aguda local, que tende a desaparecer
espontaneamente em poucos minutos, deixando vermelhidão, prurido e edema por várias horas ou dias.
Regionais: São de início lento e além do eritema e prurido, o edema flogístico evolui para enduração local
que aumenta de tamanho nas primeiras 24-48 horas, diminuindo gradativamente nos dias subsequentes.
Podem ser tão exuberantes a ponto de limitarem a mobilidade do membro. Sistêmicos: Apresentam-se como
manifestações clássicas de anafilaxia, com sintomas de início rápido (2 a 3 minutos). Além das reações
locais, podem estar presentes sintomas gerais como cefaleia, vertigens e calafrios, agitação psicomotora,
sensação de opressão torácica e outros sintomas e sinais. Tegumentares: prurido generalizado, icterícia,
eritema, urticária e angioedema. Respiratórias: rinite, edema de laringe, dispneia, rouquidão, outros. Pode
haver broncoespasmo. Digestivas: prurido no palato ou na faringe, edema dos lábios, língua, úvula e
epiglote, disfagia, náuseas, cólicas abdominais ou pélvicas, vômitos e diarreia. Cardiovasculares: a
hipotensão é o sinal maior, manifestando-se por tontura ou insuficiência postural até colapso vascular total;
mialgia; taquicardia. Manifestações tóxicas. Nos acidentes provocados por ataque múltiplo de abelhas
(acima de 100 picadas), desenvolve-se um quadro tóxico generalizado denominado de síndrome de
envenenamento, por causa de quantidade de veneno inoculada. Além das manifestações já descritas, há
dados indicativos de hemólise intravascular (anemia) e rabdomiólise (IRA); Alterações neurológicas como
torpor e coma, hipotensão arterial, oligúria/anúria, e outros.
EXAMES COMPLEMENTARES: Não há exames específicos para o diagnóstico; Em quadros sistêmicos,
urina I e hemograma completo são recomendados inicialmente; ´ Em casos graves, recomenda-se: CPK,
LDH, TGO, TGP, bilirrubina, ureia, creatinina, sódio, potássio.
TRATAMENTO: Enquanto o soro ainda não está disponível, as medidas de suporte clínico disponíveis devem
ser utilizadas de modo a minimizar os casos graves e reduzir os óbitos: Remoção dos ferrões: A retirada
dos ferrões da pele deverá ser feita por raspagem com lâmina e não pelo pinçamento de cada um deles, pois
a compressão poderá espremer a glândula ligada ao ferrão e inocular no paciente o veneno ainda existente.
Inflamação: Uso tópico local de corticoide e anti-histamínicos podem amenizar os sinais e sintomas. Dor:
Quando necessária, a analgesia poderá ser feita pela Dipirona, via parenteral - 1 (uma) ampola (500 mg) em
adultos e até 10 mg/kg peso - dose em crianças. Reações anafiláticas: Remover o agente causal; Iniciar
imediatamente epinefrina intramuscular no m. vasto lateral (não atrasar seu uso!). Não fazer via SC. A dose
é de 0,3 a 0,5 mg e pode ser repetida em intervalos de 5 a 15 minutos em pacientes com sintomas sistêmicos
persistentes. Alguns pacientes são refratários à adrenalina devido ao uso de β-bloqueadores. Nesse caso,
deve-se utilizar glucagon para reverter os efeitos do β-bloqueador e permitir a ação da epinefrina.
● Pe�e� Marinh� O� Fl�iai�:
Ictismo; Acidentes por ingestão (passivo); Acidentes por ferroadas ou mordeduras (ativo); Acidentes
acantotóxicos (arraias) → caráter necrosante e a dor é o sintoma proeminente. Acidentes sarcotóxicos
(baiacus) → ingestão de peixes e frutos do mar.
As arraias de água doce são animais de hábito bentônico, costumando ficar escondidas sob a areia, no
fundo dos rios ; São criaturas dóceis e não costumam atacar os humanos, No entanto, se são acidentalmente
pisadas ou têm suas nadadeiras tocadas, a arraia gira o corpo em comportamento defensivo, movimentando
a cauda rapidamente e, assim, introduzindo, o ferrão na vítima; As regiões anatômicas mais afetadas são os
pés e os calcanhares, no caso dos banhistas, e as mãos, no caso dos pescadores. Os ferrões (podem chegar
a 37 cm) são pontiagudos e retrosserrilhados, envolvidos por bainha de tegumento sob a qual estão as
glândulas de veneno existentes nas nadadeiras dorsais, peitorais ou na cauda. No ferrão das espécies de
água doce existe um maior número de células secretoras de proteína, de dois tipos diferentes; Os
envenenamentos por arraias de água doce são, geralmente, mais graves e apresentam maior porcentagem
de necrose que os acidentes causados por arraias marinhas.
EPIDEMIOLOGIA: Os acidentes considerados peçonhentos ou acantotóxicos são causados principalmente
por arraias marinhas (Dasyatis guttatus, D. americana, Gymnura micrura, etc), arraias fluviais (Potamotrygon
hystrix, P. motoro); ´ As espécies de água doce, da família Potamotrygonidae, estão presentes nos rios das
regiões Norte, Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Existem registros de acidentes nas bacias dos rios Paraná,
Paraguai e Araguaia, porém, são mais comuns na floresta Amazônica. O tamanho do animal pode variar de
25 cm de comprimento do disco a 100 cm. Os acidentes considerados peçonhentos ou acantotóxicos são
causados principalmente por arraias marinhas (Dasyatis guttatus, D. americana, Gymnura micrura, etc),
arraias fluviais (Potamotrygon hystrix, P. motoro); As espécies de água doce, da família Potamotrygonidae,
estão presentes nos rios das regiões Norte, Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Existem registros de acidentes nas
bacias dos rios Paraná, Paraguai e Araguaia, porém, são mais comuns na floresta Amazônica.
PATOGÊNESE: É um veneno termolábil; Foram identificados, em sua composição, polipeptídeosde alto
peso molecular: serotonina, a fosfodiesterase e a 5-nucleotidase; Além do veneno, o ferrão causa uma
laceração que, frequentemente, leva à infecção secundária (Pseudomonas spp., e Staphylococcus spp.) e
necrose, especialmente em locais de clima quente e úmido. Em 24 horas, já é possível observar necrose da
pele, do tecido subcutâneo e do músculo esquelético.
QUADRO CLÍNICO: O ferimento pode ser puntiforme ou lacerante, acompanhado por dor imediata e intensa
no início, durando horas ou dias; Eritema e edema são regionais e em alguns casos, acomete todo o membro
atingido; Nos casos graves, segue-se linfangite, reação ganglionar, abscedação e necrose dos tecidos no
local do ferimento; Podem ocorrer manifestações gerais como: fraqueza, sudorese, náuseas, vômitos,
vertigens, depressão respiratória, entre outros. Lesões letais raramente ocorrem, exceto em casos onde o
ferrão atinge órgãos vitais.
TRATAMENTO: A inativação das toxinas é a forma ideal de neutralizar os sintomas dos acidentes. Não há
um antiveneno específico e a abordagem terapêutica é baseada no uso de analgésicos, anti-inflamatórios,
água morna para aliviar a dor intensa e uso de antibióticos para prevenir infecção secundária. Primeiro: lavar
ferimento em água corrente ou solução salina, a fim de remover a maior quantidade possível de toxina;
Segundo: imergir o membro ferido em água morna (aproximadamente 45°C). Com isso, espera-se que haja
um alívio da dor entre 30 e 90 minutos. Pode-se utilizar lidocaína a 2% (sem epinefrina) para a exploração
cirúrgica do ferimento, visando-se retirar restos de tecido e possíveis fragmentos do ferrão, visíveis em exame
de raios-X; A epinefrina não é recomendada por causar vasoconstrição cutânea, aumentando o risco de
necrose; Usar lidocaína sem vasoconstritor. Se necessário, realiza-se uma sutura, deixando-se um dreno no
local da lesão; Antibióticos de amplo espectro são usados em casos de pacientes com lesões profundas e
muito necrosadas (por exemplo, 100 mg de doxiciclina por dia ou 500 mg de ciprofloxacina 2x ao dia, ou
conforme determinado por culturas bacterianas do ferimento); É recomendado também que a vítima receba
imunização antitetânica; Não é recomendado uso de urina, ervas, óleos fitoterápicos, borra de café, e, nos
casos mais bizarros, diesel ou querosene
● Acident� Ofídic�
EPIDEMIOLOGIA: Sexo: Masculino (70%); Idade: 15 a 49 anos; Sazonalidade: Setembro à Março; Local: Pé
e Perna (70,8%); Mão e Antebraço (13,4%). Fauna ofídica de interesse médico no Brasil: Bothrops (Jararaca);
Crotalus (Cascavél); Lachesis, Micrurus (Coral-verdadeira).
IDENTIFICAÇÃO: Dispensa imediata de pacientes picados por serpentes não peçonhentas; Dados
epidemiológicos; Indicação precisa do antiveneno a ser administrado. É importante saber identificar serpentes
peçonhentas!
JARARACA: Responsável por 90,5% dos acidentes; Letaliade de 0,31%.
AÇÕES DO VENENO
Proteolítica
Coagulante
Hemorrágica
MANIFESTAÇÕES LOCAIS MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS
Dor e edema no local da picada (instalação precoce e
progressiva)
Hemorragias (gengivas, epistaxe, hematêmese e
hematúria)
Equimoses no ponto da picada Náuseas e vômitos
Bolhas e Necrose Oligúria/ Anúria
Hipotensão/ Choque
O tratamento depende das manifestações Clínicas; Alterações sistêmicas definem o quadro como
grave.
CLASSIFICAÇÃO: LEVE: Dor e edema local pouco intenso ou ausente; Manifestações hemorrágicas locais
discretas ou ausentes; Com ou sem alteração do Tempo de Coagulação. MODERADO: Dor e edema que
ultrapassa o segmento anatômico picado; Acompanhados ou não de alterações hemorrágicas locais ou
sistêmicas; GRAVE: Edema local endurado extenso (pode atingir todo o membro); Acompanhado de dor
intensa e bolhas; Sinais de isquemia local devido à compressão dos feixes vásculo-nervosos (edema).
COMPLICAÇÕES: Locais: Síndrome Compartimental (Fasciotomia); Necrose (Debridamento); Abscesso
(Drenagem). Sistêmicas: Choque; Insuficiência Renal Aguda
CONDUTA:
- Exames Complementares: Tempo de Coagulação; Hemograma; Exame de Urina; Eletrólitos,
creatinina e ureia.
- Tratamento:
LEVE MODERADO GRAVE
Soro
Antibotrópico
03
ampolas
06 ampolas 8 a 12
ampolas
- Medidas Gerais: Internar para avaliação tardia; Membro em posição de drenagem postural;
Analgésico para alívio da dor; Hidratação (diurese entre 30ml/h e 40ml/h); Antibioticoterapia –
Cloranfenicol. Se após 24h o Tempo de Coagulação permanecer alterado, deve-se fazer uma dose
adicional de duas ampolas.
· CASCAVEL: Responsável por 7,7% dos acidentes; Letaliade de 1,87%.
AÇÕES DO VENENO
Neurotóxica
Miotóxica
Coagulante
MANIFESTAÇÕES LOCAIS MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS
Discreto eritema no ponto da picada Gerais (náuseas, vômitos, sudorese, xerostomia)
Parestesia local Neurológicas (Face miastênica)
Edema discreto Musculares (mialgia)
Sem dor Colúria (hemoglobinúria)
Sangramento gengival
Mais raramente, as ações neurotóxica e miotóxica do veneno podem precipitar uma Insuficiência Respiratória
Aguda.
CLASSIFICAÇÃO: LEVE: Sinais e sintomas neurotóxicos discretos, de instalação tardia; Sem mialgia; Sem
alterações de cor na urina. MODERADO: Sinais e sintomas neurotóxicos discretos, de instalação precoce;
Mialgia discreta; Urina pode apresentar alterações de cor. GRAVE: Sinais e sintomas neurotóxicos evidentes
e intensos (fácies miastênica, fraqueza muscular); Mialgia intensa e generalizada. Urina escura com possível
oligúria ou anúria.
COMPLICAÇÕES: Locais: Parestesia local autolimitada. Sistêmicas: Insuficiência Renal Aguda, com necrose
tubular nas primeiras 48h.
CONDUTA
Exames Complementares: Tempo de Coagulação; Hemograma; Exame de Urina.
Tratamento:
LEVE MODERADO GRAVE
Soro
Anticrotálico
05 ampolas 10 ampolas 20 ampolas
Medidas Gerais: Internar para avaliação tardia; Hidratação (diurese entre 30ml/h e 40ml/h); Controle
gasométrico com possível administração de bicarbonato. Manter pH urinário acima de 6,5 para evitar a
precipitação tubular de mioglobulina.
· CORAL VERDADEIRA
● Responsável por 0,4% dos acidentes;
● Letalidade de 0,36%.
AÇÕES DO VENENO
Neurotoxina pós-sinápica
Neurotoxina pré-sinápitica
- Ação semelhante aos Bloqueadores Neuromusculares;
- Competem com Acetilcolina na junção neuromusuclar;
- Uso de substâncias anticolinérgicas (neostigmina).
MANIFESTAÇÕES LOCAIS MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS
Parestesia com progressão proximal Fraqueza muscular progressiva:
Ptose Palpebral;
Discreta dor local Fácies Miastênica;
Dificuldade de manutenção da posição ereta;
Paralisia do véu palatino (disfagia);
Paralisia da musculatura respiratória.
Todos os Acidentes Elapídicos com repercussões clínicas devem ser considerados graves.
CONDUTAS
Tratamento:
LEVE MODERADO GRAVE
Soro
Anti-elapídico
---- 05 ampolas 10 ampolas
Manter o paciente adequadamente ventilado; Atropina 0,5mg anteriormente à Neostigmina; Neostigmina
0,05mg/kg a cada 4 horas.
Teste da Neostigmina: Aplicar 1 ampola de neostigmina IV. Ocorre rápida resposta e melhora evidente do
quadro neurotóxico nos primeiros 10 minutos.
Terapêutica de Manutenção: se houver melhora dos fenômenos neuroparalíticos com o teste acima referido,
a neostigmina pode ser utilizada na dose de manutenção, a cada quatro horas, precedida da administração
de atropina para neutralizar os efeitos muscarínicos.
● ARANHAS Grande diversidade de hábitos e características; Hábitos diurnos e noturnos, domiciliares,
peridomiciliares ou diversos, Notificação compulsória mesmo quando não há uso de soroterapia
Todas as aranhas têm veneno e podem causar acidentes, no entanto, a grande parte delas causa
acidentes com repercussões não graves (sintomas leves e reações alérgicas) por conta da baixa
toxicidade do veneno para seres humanos, da pequenas quantidade de veneno injetada e das
quelíceras incapazes de perfurar a pele. Três gêneros, com 20 espécies, são de interesse médico no
Brasil: Latrodectus (viúva-negra), Lexoceles (aranha marrom) e Phoneutria (armadeira).
ARMADEIRA: Posição de “armação” de defesa. Atinge 3 cm a 4 cm ou até15 cmde envergadura contando
as pernas. Podem saltar a uma distância de aproximadamente 40 cm. Hábitos noturnos e não vivem em teias.
Durante o dia, permanecem escondidas sob troncos, em bananeiras, palmeiras e bromélias. Nos domicílios,
podem ser encontradas em locais úmidos e escuros, como dentro de sapatos, atrás de móveis, cortinas,
entulhos, lenha etc. Picadas ocorrem preferencialmente em mãos e pés e crianças e idosos devem receber
atenção especial. Alto risco de edema pulmonar e sequelas neurológicas e respiratórias. Dor intensa e
imediata no local da picada, podendo estar acompanhada de sintomas como: edema, eritema, parestesia e
sudorese no local da picada com visualização de dois pontos de inoculação.
● - Veneno neurotóxico. Manifestações clínicas muito semelhantes ao acidente escorpiônico.
● - Em acidentes graves em crianças, verificaram-se leucocitose com neutrofilia, hiperglicemia, acidose
metabólica e taquicardia sinusal.
● - Importante monitorar as condições cardiorrespiratórias nos acidentes graves.
● - Tratamento sintomático pode ser feito com infiltração anestésica local, meperidina (casos
específicos), analgésico sistêmico e compressas quentes locais.
● - Tratamento específico com soroterapia é indicado em manifestações sistêmicas em crianças e em
todos os acidentes graves.
ARANHA MARROM: Forma mais grave de araneísmo no Brasil. Sempre estão ao abrigo da luz direta, com
teias irregulares em fendas de barrancos, sob cascas de árvores, telhas e tijolos empilhados, atrás de
quadros e móveis, cantos de parede. Acomete partes cobertas do corpo, como coxa, tronco ou braços. Não é
agressiva, com picadas quase sempre imperceptíveis, geralmente durante o sono.
- Forma cutânea (dermonecrose local): instalação lenta e progressiva, caracterizada por dor, edema endurado
e eritema no local da picada que são pouco valorizados pelo paciente, evoluindo com acentuação dos
sintomas locais entre 24 a 72 horas:
- Lesão incaracterística: bolha de conteúdo seroso, edema, calor e rubor, com ou sem dor em queimação.
- Lesão sugestiva: enduração, bolha, equimoses e dor em queimação.
- Lesão característica: dor em queimação, lesões hemorrágicas focais, mescladas com áreas pálidas de
isquemia (placa marmórea) e necrose.
- Geralmente o diagnóstico é feito quando da lesão característica.
- Pode estar acompanhado de astenia, febre alta nas primeiras 24 horas, cefaleia, prurido generalizado,
mialgia, náuses, vômitos, diarreia, irritabilidade, coma.
- Cuidados com a ferida (infecção secundária, perda tecidual).
A picada ocorre com mais frequência no corpo (e não na mão)
Forma cutâneo-visceral (hemolítica ou cutâneo-hemolítico): além do comprometimento cutâneo, observam0se
manifestações clínicas em virtude de hemólise intravascular como anemia, icterícia e hemoglobinúria que se
instalam geralmente nas primeiras 24 horas.
- Os casos graves podem evoluir com insuficiência renal aguda, podendo chegar ao óbito. Pode haver
necessidade de transfusão de sangue ou concentrado de hemácias.
- A presença de hemólise, independente do tamanho da lesão cutânea e do tempo decorrido pós-acidente,
classifica o quadro como grave.
Leve: lesão incaracterística sem alterações clínicas ou laboratoriais e com a identificação da aranha
causadora do acidente. Acompanhar por pelo menos 72 horas (pode haver reclassificação de gravidade).
Moderado: lesão sugestiva ou característica, mesmo sem a identificação do agente causal, podendo
ou não haver alterações sistêmicas do tipo rash cutâneo, cefaleia e mal-estar.
Grave: lesão característica e alterações clínico-laboratoriais de hemólise intravascular.

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