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DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

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DOS DIREITOS E 
DEVERES 
INDIVIDUAIS E 
COLETIVOS 
DIREITOS INDIVIDUAIS 
 
 
• Os direitos individuais são prerrogativas fundamentais 
atribuídas aos particulares em face do Estado e de outros 
particulares, visando à proteção de valores como a vida, a 
liberdade, a igualdade e a propriedade. (art. 5º, caput). 
 
• A fim de conferir efetividade a esses direitos, o Estado deve 
proporcionar também, por meio de ações positivas, os meios 
necessários para o seu exercício. 
DIREITOS COLETIVOS 
 
• Os direitos coletivos de caráter fundamental estão 
consagrados, basicamente, nos Capítulos I e II do Título II. 
 
• Fazem parte deste grupo as liberdade de reunião (CF, art. 5.°, 
XVI) e de associação (CF, art. 5.°, XVII a XXI). A rigor, o exercício 
desses direitos é que pressupõe a atuação de uma pluralidade 
de sujeitos, mas a titularidade continua sendo de cada um dos 
indivíduos. 
 
• Coletivos são os instrumentos de exercício e não os sujeitos de 
direitos 
• No Capítulo II, dentre os direitos coletivos caracterizados 
como direitos sociais, podem ser mencionados: 
 
• a liberdade de associação profissional e sindical (CF, art. 8.°); 
• o direito de greve (CF, art. 9.°); 
• o direito de participação de trabalhadores e empregadores nos 
colegiados de órgãos públicos (CF, art. 10); 
• a representação de empregados junto aos empregadores (CF, 
art. 11). 
 
• Por fim, existem ainda os novos direitos fundamentais de 
terceira e quarta gerações, estes sim de titularidade coletiva 
ou difusa 
DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS 
INDIVIDUAIS 
• O caput do art. 5º determina quem são os destinatários dos 
direitos fundamentais ao preconizar: 
 
• Art. 5º: [...] garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito [...] 
 
• Atualmente a jurisprudência do STF e do STJ entende que os 
estrangeiros turistas também são titulares dos direitos 
fundamentais (princípio da dignidade da pessoa humana). 
 
• As pessoas jurídicas, naquilo que lhe couber, também poderão 
ser titulares de direitos fundamentais. 
DESTINATÁRIOS DOS DEVERES: 
EFICÁCIA VERTICAL E 
HORIZONTAL 
• Os principais destinatários dos deveres decorrentes dos 
direitos fundamentais, sem dúvida, são os poderes públicos 
(eficácia vertical). 
 
• No entanto, não se pode negar a possibilidade, em certos 
casos, de aplicação direta dos direitos fundamentais às 
relações entre particulares (eficácia horizontal ou privada). 
 
• Proteção principalmente aos hipossuficientes, em razão da 
desigualdade. 
• Ao estabelecer que as normas definidoras dos direitos e 
garantias fundamentais têm aplicação imediata (CF, art. 5.°, § 
1.°), a Constituição consagra o princípio da máxima 
efetividade. 
 
• Todavia, não se pode ignorar que alguns direitos fundamentais 
são oponíveis exclusivamente ao Estado (CF, art. 5.°, XXXIII a 
LXVII) e que a produção direta de efeitos nem sempre é 
possível (CF, art. 5.°, XXVIII e XXIX). 
 
• Na jurisprudência pátria é possível encontrar decisões nas 
quais ocorre uma aplicação direta dos direitos fundamentais 
às relações entre particulares >>>>>>>>>>> 
DECISÕES DO STF 
• A expulsão de associados de uma Cooperativa sem a observância das 
regras estatutárias, sobretudo a garantia do direito de defesa, foi 
considerada pela Corte Suprema como violação a um direito 
fundamental. 
 
• No julgamento de outro Recurso Extraordinário, o STF adotou o 
entendimento de que o respeito ao princípio da igualdade impõe-se 
não apenas ao Estado, mas também aos particulares, determinando a 
uma companhia aérea que fosse adotado o mesmo estatuto para os 
empregados, independentemente da nacionalidade destes. 
 
• Em julgamento envolvendo a exclusão de um sócio dos quadros da 
União Brasileira de Compositores (UBC), após salientar que violações a 
direitos fundamentais não ocorrem apenas no âmbito das relações 
entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações entre 
particulares, o Min. Gilmar Mendes asseverou que “os direitos 
fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não 
apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção 
dos particulares em face dos poderes privados”. 
A APLICACAÇÁO IMEDIATA DAS 
NORMAS DE DIREITOS 
FUNDAMENTAIS 
• A Constituição estabelece que as normas definidoras dos 
direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata (CF, 
art. 5.°, § 1.°). 
 
• A norma resultante da interpretação do dispositivo (CF, art. 
5.°, § 1.°) tem a estrutura de uma regra, salvo nas hipóteses 
em que o legislador constituinte originário expressamente 
estabelecer uma cláusula de exceção. (Ex: art. 7º, I) 
 
• Direitos de defesa (auto executáveis) x Direitos de Prestação 
(alguns dependerão de intermédio legislativo) 
 
 
TRATADOS INTERNACIONAIS DE 
DIREITOS HUMANOS 
• A Constituição adotou uma concepção material dos direitos 
fundamentais (CF, art. 5.°, § 2.°). 
 
• Na jurisprudência anterior do Supremo Tribunal Federal, 
os tratados internacionais, independentemente de seu 
conteúdo, sempre tiveram o status de lei ordinária (CF, art. 
102, III, b). 
 
• A partir do novo entendimento adotado pelo Supremo 
Tribunal Federal, de acordo com o conteúdo e a forma de 
aprovação, os tratados internacionais passam a ter três 
hierarquias distintas: 
• I)tratados e convenções internacionais de direitos humanos, 
aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois 
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, 
serão equivalentes às emendas constitucionais (CF, art. 5.°, § 
3.°); 
 
• II)tratados e convenções internacionais de direitos humanos, 
aprovados pelo procedimento ordinário (CF, art. 47), 
terão status supralegal, mas infraconstitucional, situando-se 
acima das leis, mas abaixo da Constituição; 
 
• III)tratados e convenções internacionais que não versem sobre 
direitos humanos ingressarão no ordenamento jurídico 
brasileiro com força de lei ordinária. 
 
DIREITO À VIDA 
Âmbito de proteção 
 
• O conceito de vida, para fins de proteção constitucional, está 
relacionado à existência física do ser humano. 
 
• A inviolabilidade, consistente na proteção do direito à vida 
contra violações por parte do Estado e de terceiros. 
 
• O direito à vida costuma ser compreendido em uma dupla 
acepção. 
 
 
• Em sua acepção negativa, consiste no direito assegurado a 
todo e qualquer ser humano de permanecer vivo. (Direito de 
defesa - um direito à não intervenção em sua existência física 
por parte do Estado e de outros particulares.); CF, art. 5.°, 
XLVII, a 
 
• A acepção positiva costuma ser associada ao direito a uma 
existência digna; 
 
- proteção da vida (como nos casos de ameaça ou de não 
extradição de um estrangeiro pela prática de um crime punido 
com a pena de morte pelo Estado requerente); 
- o amparo material (em espécie, bens ou serviços); 
- e a emissão de normas de caráter protetivo (como no caso 
de proteção a pessoas ameaçadas) e incriminador 
(criminalização de condutas que atentem contra a vida). 
 
 
 
• Os destinatários do dever de respeito, proteção e promoção 
não são apenas os poderes públicos. 
 
• A proibição de violação desse direito é dirigida igualmente ao 
Estado (CF, art. 5.°, XLVII); 
 
• aos particulares (CP, arts. 121); 
 
• incluindo também os deveres de proteção e promoção por 
parte da sociedade e da família (CF 227 e 230); 
 
 
 
 
Restrições (intervenções restritivas) 
 
• O direito à vida, apesar de sua importância axiológica e de ser 
pressuposto elementar para o exercício de todos os demais 
direitos, não possui um caráter absoluto. 
 
• Na Constituição de 1988, única restrição expressamente 
prevista (cláusula restritiva escrita) é a possibilidade de 
imposição de pena de morte em caso de guerra (CF, art. 5.°, 
XLVII, a). A pena de morte está regulamentada pelo Código 
Penal Militar, que prevê sua execução por fuzilamento 
(Decreto-Lei 1.001/1969, art. 56). 
 
• No âmbitoinfraconstitucional: 
 
- excludente de antijuridicidade (CP, arts. 23 a 25); 
 
- aborto terapêutico (aborto necessário) ou aborto sentimental 
(CP, art. 128, I e II); 
 
- interrupção da gravidez de feto anencéfalo (ADPF 54/DF); 
 
- utilização de células-tronco embrionárias para fins 
terapêuticos (ADI 3.510/DF) e de pesquisa não pode ser 
caracterizada como uma intervenção violadora do direito à vida; 
 
- “Lei do Tiro de Destruição” (ou “Lei do Abate”) - Lei 
9.614/1998. 
 
DIREITO À IGUALDADE 
• Liberdade e igualdade são valores jurídicos fundamentais 
unidos de modo indissociável à dignidade humana. 
 
• No caso dos direitos de igualdade, não há um âmbito de 
proteção material e, por consequência, não há que se falar em 
sua restrição. 
 
• Trata-se de um princípio que possui um caráter relacional, ou 
seja, pressupõe a existência de elementos de comparação 
para a análise da igualdade ou desigualdade do tratamento. 
 
• “Igualdade perante a lei” x “igualdade na lei” 
 
Princípio amplo da igualdade 
 
• Deve ser analisado em duas dimensões: igualdade jurídica e 
igualdade fática. 
 
• A igualdade jurídica visa a impedir que sejam adotados 
tratamentos diferenciados para situações essencialmente 
iguais ou tratamentos iguais para situações essencialmente 
diferentes sem uma razão legítima para tal. 
 
• A igualdade fática, por seu turno, tem por objetivo central a 
redução de desigualdades existentes no plano fático, o que 
exige necessariamente a adoção de um tratamento jurídico 
diferenciado. 
 
Princípio da igualdade jurídica formal 
 
• O dever de igualdade jurídica, ao mesmo tempo em que não 
pode exigir que todos sejam tratados exatamente da mesma 
forma, para ter algum conteúdo não pode também permitir 
toda e qualquer diferenciação. 
 
• Nesse sentido, a lição de Rui BARBOSA ao afirmar que “a regra 
da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente 
aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta 
desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é 
que se acha a verdadeira lei da igualdade. Tratar com 
desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria 
desigualdade flagrante, e não igualdade real”. 
 
• O princípio da igualdade pode ser compreendido como um 
“regulador das diferenças”, cuja função “é muito mais auxiliar 
a discernir entre desigualizações aceitáveis e desejáveis e 
aquelas que são profundamente injustas e inaceitáveis.” 
 
• Nesse sentido, o princípio da igualdade veda diferenciações 
arbitrárias baseadas em critérios discriminatórios, 
preconceituosos, odiosos ou injustificáveis. 
 
• Ao impedir a instituição de distinções sem causa concreta ou 
razão legítima, a igualdade corresponde à noção 
de razoabilidade enquanto exigência de uma “relação 
congruente entre o critério de diferenciação escolhido e a 
medida adotada” (razoabilidade como congruência). 
 
Direito geral e direitos específicos de igualdade jurídica formal 
• Direito Geral: art. 5º, caput 
• Direitos Específicos: 
- No âmbito dos direitos fundamentais, consagrou-se a 
igualdade entre homens e mulheres (CF, art. 5.°, I); entre 
trabalhadores urbanos e rurais, independentemente do sexo, 
idade, cor, estado civil ou tipo de trabalho (CF, art. 7.°, XXX, XXXII 
e XXXIV); entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos 
previstos pela própria Constituição (CF, art. 12, § 2.°); e, entre os 
votos de cada eleitor (CF, art. 14, caput); 
- No Capítulo referente à administração pública: (CF, art. 37, I e 
XXI); 
- Dentre as limitações ao poder de tributar: (CF, art. 150, II/art. 
151, I/art. 152); 
- Título que trata da ordem social foi assegurada a igualdade: 
(CF, art. 196, 206, 226, § 5.° e 227, § 6.°). 
 
Princípio da igualdade jurídica material 
 
• A igualdade jurídica formal, embora relevante e correta, 
mostra-se insuficiente para resolver o problema de saber 
quem deve receber um tratamento igual ou desigual e em que 
medida. 
 
• A dimensão material da igualdade jurídica, impõe que o 
desigual seja tratado desigualmente como uma medida de 
justiça. 
 
• O traço distintivo adotado pelo legislador constituinte 
originário teve como base elementos variados, tais como 
o gênero (CF, arts. 40, § 1.°, III; 143, § 2.°; 201, § 7.°), 
a idade (CF, arts. 203, V) ou alguma hipossuficiência física (CF, 
arts. 40, § 4.°, I; 201, § 1.°; 203, V) ou econômica(CF, art. 5.°, 
LXXIV e LXXVI). 
Princípio da igualdade fática 
 
• O princípio da igualdade fática impõe aos poderes públicos a 
adoção de medidas redutoras ou compensatórias de 
desigualdades de recursos ou de acesso a bens e utilidades 
(CF, art. 5.°, caput c/c art. 3.°, III). 
 
• A Constituição de 1988 consagrou, ainda, dispositivos que 
impõem aos poderes públicos um dever de agir específico no 
sentido de promover a igualdade entre pessoas em 
determinadas situações (CF, arts. 7.°, XX, e 37, VIII) e de 
reduzir desigualdades no âmbito social (CF, art. 170, VII) ou 
regional (CF, arts. 43, 165, § 7.°, e 170, VII). 
 
DIREITO À PRIVACIDADE 
Direito à intimidade, vida privada, honra e imagem 
 
Âmbito de Proteção 
 
• O direito à privacidade confere ao indivíduo a possibilidade de 
conduzir sua própria vida da maneira que julgar mais 
conveniente, sem intromissão da curiosidade alheia. 
 
• A Constituição protege a privacidade (gênero), garantindo a 
inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e 
da imagem das pessoas (espécies) (CF, art. 5.°, X). 
 
 
• Tendo por referencial a teoria das esferas, amplamente 
adotada pela doutrina e jurisprudência alemãs, pode-se 
estabelecer uma variação do grau de proteção à privacidade 
de acordo com a área da personalidade afetada. 
 
• A esfera da publicidade compreende os atos praticados em 
local público com o desejo de torná-los públicos. Não basta 
apenas que o ato seja praticado em local não reservado 
(elemento espacial), exige-se um elemento volitivo interno: a 
renúncia. 
 
- Tácita ou expressa 
- A esfera da publicidade compreende, ainda, fatos pertencentes 
ao domínio público ou informações passíveis de serem obtidas 
licitamente. 
 
 
 
• A esfera privada abrange as relações do indivíduo com o meio 
social nas quais não há interesse público na divulgação. 
Abrange, por exemplo, informações fiscais ou bancárias. 
 
• A esfera íntima se refere ao modo de ser de cada pessoa, ao 
mundo intrapsíquico aliado aos sentimentos identitários 
próprios (autoestima, autoconfiança) e à sexualidade. 
Compreende informações confidenciais e segredos pessoais, 
como, por exemplo, as anotações constantes de um diário. 
 
• A honra consiste na reputação do indivíduo perante o meio 
social em que vive (honra objetiva) ou na estimação que 
possui de si próprio (honra subjetiva). A indenização por danos 
morais decorrentes de uma violação à honra é assegurada 
para pessoas físicas e jurídicas (honra objetiva). 
 
 
• O direito à imagem impede, prima facie, sua captação e difusão sem 
o consentimento da própria pessoa. A proteção a este direito é 
autônoma em relação à honra. Por isso, ainda que não haja ofensa à 
estimação pessoal ou à reputação do indivíduo, é vedada, prima 
facie, a utilização da imagem sem o consentimento de seu titular. 
• Liberdade jornalística x Direito à imagem – STJ: 
 
• Conforme assinalado pelo Min. Raul Araújo, em decisão proferida 
pelo STJ, “para verificação da gravidade do dano sofrido pela 
pessoa cuja imagem é utilizada sem autorização prévia, devem ser 
analisados: (i) o grau de consciência do retratado em relação à 
possibilidade de captação da sua imagem no contexto da imagem do 
qual foi extraída; (ii) o grau de identificação do retratado na imagem 
veiculada; (iii) a amplitude da exposição do retratado; e (iv) a 
natureza e o grau de repercussão do meio pelo qual se dá a 
divulgação. De outra parte, o direito de informar deve ser 
garantido, observando os seguintes parâmetros: (i) o grau de 
utilidade para o públicodo fato informado por meio da imagem; (ii) 
o grau de atualidade da imagem; (iii) o grau de necessidade da 
veiculação da imagem para informar o fato; e (iv) o grau de 
preservação do contexto originário do qual a imagem foi colhida” 
(Informativo 493/STJ). 
 
Dados bancários, fiscais, informáticos e telefônicos 
 
• O sigilo de dados consiste na proteção conferida ao conteúdo de 
informações constantes de extratos bancários (sigilo bancário), 
declarações de Imposto de Renda (sigilo fiscal), registro de ligações 
telefônicas (sigilo telefônico) e arquivos de computadores (sigilo de 
dados informáticos). 
• Na doutrina constitucional brasileira e na jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal há divergências sobre o enquadramento: 
privacidade (CF, art. 5.°, X) ou sigilo de dados (CF, art. 5.°, XII)? 
• Duplo enquadramento: 
i) a comunicação dos dados (vedação de sua interceptação) faz parte 
do âmbito de proteção da liberdade de comunicação pessoal (CF, art. 
5.°, XII); 
ii) o conteúdo dos dados, quando relacionado à vida privada ou à 
intimidade do indivíduo, faz parte do âmbito de proteção do direito 
à privacidade (CF, art. 5.°, X). 
 
Interceptação ambiental 
 
• A interceptação ambiental consiste na captação de um diálogo 
no local em que se realiza, sem o conhecimento de, pelo 
menos, um dos interlocutores. 
 
• As interceptações ambientais devem ser consideradas lícitas, 
desde que não violem a expectativa de privacidade. 
 
• Quando realizadas em um ambiente no qual haja expectativa 
de privacidade, apesar de não serem admitidas como provas 
processuais lícitas, podem servir como notitia criminis. 
 
Restrições (intervenções restritivas) 
 
• Intervenções no âmbito de proteção do direito à privacidade 
serão consideradas legítimas quando: 
 
I) adequadas para fomentar outros princípios constitucionais; 
 
II) necessárias, por não haver outro meio similar com igual 
eficácia; 
 
III) proporcionais em sentido estrito, por fomentarem princípios 
constitucionais que, diante das circunstâncias do caso concreto, 
fornecem razões mais fortes que as oferecidas pelo direito à 
privacidade. 
 
• Distinções: 
 
- Interceptação telefônica 
Terceiro intercepta 
 
- Escuta telefônica 
Um dos interlocutores autoriza a interceptação 
 
- Gravação telefônica 
O próprio interlocutor grava a ligação 
 
- Quebra de sigilo telefônico 
Dados da chamada 
 
 
 
Quebra do sigilo de dados 
 
• Acesso a informações particulares relativas a movimentações 
bancárias (dados bancários), ou referentes a declarações 
feitas à Receita Federal (dados fiscais), ou constantes dos 
registros das operadoras de telefonia (dados telefônicos), ou, 
ainda, contidas em arquivos eletrônicos (dados informáticos). 
 
• A legitimidade da intervenção estatal no âmbito de proteção 
do direito à privacidade está subordinada ao atendimento de 
dois pressupostos: 1) a existência de justificativa 
constitucional para acessar dados protegidos pelos sigilos 
bancário, fiscal, telefônico ou informático (pressuposto 
material); 2) a competência da autoridade responsável pela 
adoção da medida (pressuposto formal). 
 
Inviolabilidade do domicílio 
Âmbito de proteção 
 
• A inviolabilidade do domicílio (CF, art. 5.°, XI) é uma das 
posições jurídicas específicas que integram, de forma 
expressa, o direito à privacidade como um todo. 
 
• De todos os locais, aquele que recebeu o maior grau de 
proteção constitucional foi a casa, considerada asilo inviolável 
do indivíduo. 
 
• O conceito jurídico de casa - No Código Penal, a abrangência 
da definição de “casa” compreende “qualquer compartimento 
habitado”, “aposento ocupado de habitação coletiva” e 
“compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce 
profissão ou atividade” (CP, art. 150, § 4.°). 
 
 
Restrições (intervenções restritivas) 
 
• A Constituição estabelece, no mesmo dispositivo que protege 
a inviolabilidade do domicílio, algumas cláusulas restritivas ao 
âmbito de proteção do direito. (art. 5º XI) 
 
• Em virtude do caráter emergencial, nas três primeiras 
hipóteses (flagrante delito, desastre ou para prestar socorro), 
a casa poderá ser invadida a qualquer hora do dia ou da noite. 
 
• Para cumprimento de determinação judicial, se não houver 
consentimento do morador, a entrada somente é permitida 
durante o dia. 
 
DIREITO DE PROPRIEDADE 
Âmbito de proteção 
 
 
• A Constituição assegura, prima facie, o direito de propriedade 
(CF, art. 5.°, XXII) tanto de bens móveis e imóveis, como de 
bens materiais e imateriais (CF, art. 5.°, XXVI a XXXI). Por ter o 
seu estatuto fundamental previsto na Constituição, a 
propriedade é uma instituição submetida ao regime do direito 
público. 
 
Restrições (intervenções restritivas) 
 
• O direito de propriedade está submetido a diversas restrições 
constitucionais diretas e indiretas que limitam seus caracteres 
tradicionais. 
 
• O caráter absoluto (CF, art. 5.°, XXIII); 
 
• O caráter exclusivo é limitado pelas requisições civis e 
militares (CF, arts. 5.°, XXV e 139, VII); 
 
• O caráter perpétuo pela possibilidade de desapropriação (CF, 
art. 5.°, XXIV), confisco (CF, art. 243) e usucapião (CF, arts. 183 
e 191). 
 
Princípio da função social da propriedade 
 
• A Constituição dispõe no Título VII, que trata da “ordem econômica 
e financeira”. 
 
• No caso da propriedade rural, a função social é cumprida quando 
ela atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência 
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: 
 
I) aproveitamento racional e adequado; 
II) utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação 
do meio ambiente; 
III) observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV) exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos 
trabalhadores (CF, art. 186). 
 
 
• A função social da propriedade urbana é cumprida quando 
esta atende às exigências fundamentais de ordenação da 
cidade expressas no plano diretor (CF, art. 182, § 2.°). 
 
• No caso de solo urbano não edificado, subutilizado ou não 
utilizado, se o proprietário não promover seu adequado 
aproveitamento, o Poder Público municipal poderá impor 
sanções progressivas. (art. 182, §4º). 
 
• O imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social 
poderá ser desapropriado, pela União, para fins de reforma 
agrária. (art. 184). 
 
Desapropriação 
 
• Desapropriação é a transferência compulsória da propriedade 
particular por determinação do Poder Público, nos casos de 
necessidade pública, utilidade pública ou interesse social. (CF, 
art. 5.°, XXIV) 
 
• O procedimento para desapropriação deve ser estabelecido 
por lei federal (CF, art. 22, II). 
 
• A Lei 4.132/1962 define os casos de desapropriação 
por interesse social e dispõe sobre sua aplicação. 
 
 
• O Decreto-Lei 3.365/1941 dispõe sobre desapropriação 
por necessidade e utilidade públicas. 
 
• A indenização a ser paga na desapropriação deve ser prévia, 
justa e em dinheiro, exceto nas hipóteses em que a 
propriedade não cumpre sua função social (desapropriação-
sanção). 
 
• A Constituição veda a desapropriação, para fins de reforma 
agrária, de propriedades produtivas e de pequenas e médias 
propriedades rurais, desde que o proprietário não possua 
outra (CF, art. 185). A definição de pequena, média e grande 
propriedade rural para fins de reforma agrária é dada pela Lei 
8.629/1993. 
 
Requisição civil e militar 
• A requisição consiste na ocupação ou uso temporário, por 
autoridades públicas, de bens ou serviços, em casos de 
necessidades transitórias da coletividade, em caso de iminente 
perigo público (CF, art. 5.°, XXV), ou militares, em tempo de guerra 
(CF, art. 139, VII). 
 
Usucapião constitucional 
• A Constituição prevê duas hipóteses excepcionais de usucapião, cujo 
prazo é de apenas cinco anos. Além dos requisitos tradicionais – 
posse mansa, pacífica e ininterrupta –, é necessárioque o possuidor 
tenha a posse do imóvel como se fosse seu, não possua outro imóvel 
urbano ou rural e o utilize para sua moradia ou de sua família. 
• No caso de imóvel urbano, a área deve ser de até duzentos e 
cinquenta metros quadrados (CF, art. 183). O imóvel rural não pode 
ser superior a cinquenta hectares, sendo necessário, ainda, tornar a 
propriedade produtiva (CF, art. 191). 
 
• Confisco 
 
• A Constituição prevê esta hipótese de sanção no caso de 
glebas utilizadas para culturas ilegais de plantas 
psicotrópicas, as quais deverão ser expropriadas e destinadas 
ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos 
alimentícios e medicamentosos (CF, art. 243). 
 
• A Constituição autoriza, ainda, o confisco de qualquer bem 
apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes 
e drogas afins, o qual deverá ser revertido em proveito do 
combate a este tipo de crime (CF, art. 243, parágrafo único). 
 
DIREITOS DE LIBERDADE 
 
 
• A liberdade positiva – também denominada de liberdade 
política ou liberdade dos antigos ou liberdade de querer; 
 
 
• A liberdade negativa – conhecida também como liberdade 
civil ou liberdade dos modernos ou liberdade de agir. 
 
Liberdade de manifestação do 
pensamento 
CF, art. 5.°, IV, V e IX 
 
• A liberdade de manifestação do pensamento impede que o Poder 
Público estabeleça punições para os que rejeitam opiniões 
amplamente aceitas ou censure discursos não aprovados pelo 
governo. 
 
• É o direito de não ser impedido de exprimir-se. Ao titular da 
liberdade de expressão é conferido o poder de agir, pelo qual 
contará com a abstenção ou com a não interferência de quem quer 
que seja no exercício do seu direito. 
 
• A Constituição veda expressamente qualquer tipo de censura à livre 
manifestação do pensamento, cujo exercício é assegurado 
independentemente de licença (CF, art. 5.°, IX). 
 
Restrições (intervenções restritivas) 
 
• Em determinadas hipóteses, a manifestação do pensamento 
pode atingir direitos fundamentais de terceiros, tais como a 
honra e a imagem (CF, art. 5.°, X), razão pela qual a 
identificação de quem emitiu o juízo é necessária, a fim de 
que seja viabilizada eventual responsabilização nos casos de 
manifestação abusiva. 
 
• A vedação do anonimato, cláusula restritiva expressa 
consagrada no próprio dispositivo (CF, art. 5.°, IV), possui 
basicamente duas finalidades: 
 
i) de forma preventiva, desestimular manifestações abusivas do 
pensamento; 
ii) de forma repressiva, permitir o exercício do direito de 
resposta e a responsabilização civil e/ou penal (CF, art. 5.°, V). 
 
• A vedação constitucional do anonimato impede que denúncias 
ou bilhetes anônimos sirvam como fundamento para a 
instauração de inquérito policial ou como prova processual 
lícita (CF, art. 5.°, LVI). 
 
• No âmbito penal, são tipificadas como crimes de calúnia, 
difamação e injúria (CP, arts. 138 a 145) as manifestações 
abusivas do pensamento que violem a honra de terceiros. 
 
• Outra relevante restrição imposta pelo Código Penal a esta 
liberdade são os delitos de incitação ao crime e de apologia de 
crime ou criminoso. 
 
Liberdade de consciência, de 
crença e de culto 
Âmbito de proteção 
 
• A inviolabilidade da liberdade de consciência, de crença e de 
culto (CF, art. 5.°, VI) constitui a resposta política adequada 
aos desafios do pluralismo religioso. 
 
A liberdade de consciência consiste na adesão a certos valores 
morais e espirituais, independentes de qualquer aspecto 
religioso: 
- crer em conceitos sobrenaturais propostos por alguma religião 
ou revelação (teísmo); 
- acreditar na existência de um Deus, mas rejeitar qualquer 
espécie de revelação divina (deísmo); 
- de não ter crença em Deus algum (ateísmo). 
 
• Como pode ser observado, o âmbito de proteção da liberdade de 
consciência abrange a liberdade de crença. 
 
• Esta, por sua vez, é garantida inclusive em entidades civis e militares 
de internação coletiva, nas quais a Constituição assegura a prestação 
de assistência religiosa (CF, art. 5.°, VII): 
 
- No âmbito das Forças Armadas, o serviço de assistência religiosa está 
disciplinado na Lei 6.923/1981. 
 
- Nas entidades hospitalares públicas e privadas, bem como nos 
estabelecimentos prisionais civis e militares, a prestação de assistência 
religiosa está regulamentada pela Lei 9.982/2000. 
 
• A liberdade de culto é uma das formas de expressão da liberdade de 
crença, podendo ser exercida em locais abertos ao público, desde 
que observados certos limites, ou em templos, aos quais foi 
assegurada a imunidade fiscal (CF, art. 150, VI, b). 
 
Objeção de consciência (escusa de consciência ou imperativo 
de consciência) 
 
• CF, art. 5.°, VIII 
 
• O reconhecimento da inviolabilidade da liberdade de 
consciência e de crença somente faz sentido se conferida ao 
indivíduo a faculdade de agir conforme suas convicções. 
 
• É com este objetivo que a Constituição, ao mesmo tempo em 
que proíbe a privação de direitos por motivo de crença 
religiosa ou de convicção filosófica ou política, assegura ao 
indivíduo a possibilidade de se recusar a agir contrariamente a 
tais crenças e convicções. 
 
I) Invocação do imperativo de consciência para a realização de 
provas em data alternativa 
• No julgamento da STA 389, o STF suspendeu decisão do 
Tribunal Regional Federal da 3.ª Região que obrigava a União a 
marcar data alternativa para a realização das provas do ENEM 
a fim de que não coincidisse com o Shabat, período sagrado 
judaico. 
 
II) Objeção de consciência e recusa de transfusão de sangue 
pelas Testemunhas de Jeová 
• Como em toda colisão de direitos fundamentais, o conflito 
entre a irrenunciabilidade do direito à vida e a liberdade 
religiosa deve ser solucionado mediante a análise das 
particularidades do caso concreto para que se possa chegar ao 
resultado constitucionalmente desejado, razão pela qual se 
torna necessário distinguir algumas situações. 
 
Liberdade religiosa e dever de neutralidade do Estado 
 
CF, art. 19, I 
 
• A proclamação da República (15.11.1889) instaurou a 
separação entre o Estado e a Igreja, tornando o Brasil 
um Estado laico (ou Estado secular, ou Estado não 
confessional). 
 
• A laicidade protege o Estado da influência das religiões, 
mesmo daquela majoritária, impondo uma separação entre a 
autoridade secular e a religiosa. 
 
I) Laicidade estatal e colocação de símbolos religiosos em 
locais públicos 
 
• A presença de crucifixos nas dependências do Poder Judiciário 
foi questionada perante o Conselho Nacional de Justiça, por 
meio de quatro pedidos de providência (1.344, 1.345, 1.346 e 
1.362). 
 
• O CNJ considerou que a exposição dos símbolos religiosos nas 
dependências do Poder Judiciário, enquanto prática cultural e 
costumeira, não contraria nenhum dispositivo legal nem viola 
direitos ou discrimina os indivíduos, razão pela qual os 
tribunais possuem autonomia administrativa para decidir a 
respeito do assunto. 
 
II) Dever de neutralidade e ensino religioso confessional 
 
• Após quatro sessões de intenso debate, o Plenário do Supremo 
Tribunal Federal declarou constitucional, por 6 votos a 5, o ensino 
religioso confessional na rede pública de ensino brasileira. 
• Ao prever a facultatividade da matrícula na disciplina, a Constituição 
Federal resguardou a laicidade do Estado e a liberdade de crença da 
população. Assim, entendeu a maioria, não faz sentido alterar a 
interpretação vigente da Constituição e aplicar o ensino não 
confessional nas escolas públicas do Brasil. 
• No modelo não confessional, as aulas de ensino religioso consistem 
na exposição neutra e objetiva da prática, história e dimensão social 
das diferentes religiões, incluindo posições não religiosas. No 
modelo confessional, uma ou mais confissões são objeto de 
promoção; no interconfessional, o ensino de valores e práticas 
religiosas se dá com base em elementos comuns entre credosdominantes na sociedade. 
 
Restrições (intervenções restritivas) 
 
• Uma intervenção no âmbito de proteção da liberdade religiosa 
só será considerada legítima se tiver uma justificação 
constitucional. Diante da inexistência de reserva legal 
expressa, a medida estatal deve ser apta para fomentar outro 
valor constitucionalmente protegido e a menos gravosa 
dentre as similarmente eficazes para atingir o fim almejado. 
 
• Podem ser consideradas desta espécie, por exemplo, medidas 
que estabeleçam restrições à liberdade de culto em razão do 
barulho excessivo211 ou da prática de crueldade com animais. 
À guisa de ilustração, vale mencionar decisão do TJ/RS que 
considerou constitucional dispositivo de lei estadual que 
permite o sacrifício de animais em cultos religiosos, “desde 
que sem excessos ou crueldade”. 
 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/978-85-309-5496-3/epub/OEBPS/Text/ch23.xhtml
Liberdade de comunicação 
pessoal 
 
Âmbito de proteção 
 
• A proteção conferida pela norma consagrada no inc. XII, do 
art. 5.°, da Constituição abrange dois aspectos: 
a comunicação e o sigilo. 
 
• A liberdade de comunicação se encontra protegida em seus 
aspectos positivo (“transmitir” e “receber”) e negativo (“não 
transmitir” e “não receber”), o que impede, prima facie, 
qualquer tipo de intervenção. A proteção ao objeto da 
comunicação deve ser assegurada independentemente de seu 
conteúdo ser sigiloso. 
 
 
• O sigilo expresso no dispositivo “está referido à comunicação 
no interesse da defesa da privacidade”. 
 
 
• A inviolabilidade do sigilo de dados, estaria assegurado pelo 
inc. XII no âmbito da comunicação e no caso de dados que não 
tenham sido objeto de comunicação, a proteção constitucional 
deverá ser assegurada com fundamento no direito à 
privacidade (à intimidade ou à vida privada - CF, art. 5.°, X). 
 
Restrições (intervenções restritivas) 
 
• A interceptação da comunicação consiste na sua interrupção 
ou intromissão por terceiro, sem o conhecimento de um (ou 
ambos) dos interlocutores. 
 
• A interceptação de uma correspondência deve ser admitida 
quando justificada por questões de segurança pública ou 
quando estiver sendo utilizada como instrumento 
para práticas ilícitas. Ex: interceptação da correspondência de 
um presidiário, quando utilizada para práticas ilícitas, desde 
que mediante ato motivado do diretor do estabelecimento 
prisional, nos termos da Lei 7.210/1984. 
 
• A forma e as hipóteses nas quais as interceptações telefônicas 
poderão ser determinadas judicialmente estão 
regulamentadas na Lei 9.296/1996, cujos dispositivos se 
aplicam também à interceptação do fluxo de comunicações 
em sistemas de informática e telemática (Lei 9.296/1996, art. 
1.°, parágrafo único), como, por exemplo, mensagens enviadas 
por correio eletrônico ou por SMS. 
 
• A interceptação poderá ser determinada pelo juiz ex officio, a 
requerimento da autoridade policial ou de representante do 
Ministério Público. 
 
Liberdade de exercício 
profissional 
Âmbito de proteção 
CF, art. 5.°, XIII 
 
• A escolha do trabalho é uma das expressões fundamentais da 
liberdade humana. Seus fundamentos são: de um lado, 
o princípio da livre-iniciativa e de outro, a própria condição 
humana, cumprindo ao homem dar um sentido a sua 
existência. 
 
• O direito ao trabalho é um direito social fundamental (CF, art. 
6.°), cuja importância é destacada por diversos dispositivos 
constitucionais e a proteção é assegurada, de forma 
específica, pelo art. 7.° da Constituição de 1988. 
• A liberdade de exercício profissional, que por sua vez 
pressupõe a liberdade de escolha da profissão, consiste em 
um direito individual fundamental (CF, art. 5.°, XIII). 
 
Ex: art. 197, CP 
 
Restrições (intervenções restritivas) 
 
• O dispositivo constitucional que consagra a liberdade de 
profissão (CF, art. 5.°, XIII) determina sejam atendidas 
as qualificações profissionais que a lei estabelecer. 
 
Ex: Art. 47 da LCP. 
 
Liberdade de informação 
Âmbito de proteção 
CF, art. 5.°, XIV, XXXIII e Art. 220. 
 
• A liberdade de informação abrange os direitos de informar, de se 
informar e de ser informado. 
 
• O direito de informar, enquanto prerrogativa constitucionalmente 
assegurada de transmitir uma informação, não deve ser confundido 
com a liberdade de manifestação do pensamento (CF, art. 5.°, IV). 
 
• O direito de transmitir informação recebe uma proteção 
constitucional específica para os casos em que é exercido 
profissionalmente por intermédio dos meios de comunicação social 
(CF, arts. 220 a 224). A forma institucionalizada deste direito é 
conhecida como liberdade de imprensa. 
 
• O direito de se informar consiste na faculdade conferida ao 
indivíduo de buscar informações sem obstáculos ou de 
restrições desprovidas de fundamentação constitucional (CF, 
art. 5.°, XIV). 
 
• Com o objetivo de garantir a ampla divulgação para a 
sociedade de notícias de interesse público, a Constituição de 
1988 resguardou o sigilo da fonte quando necessário ao 
exercício profissional (CF, art. 5.°, XIV). 
 
• Por seu turno, o direito de ser informado consiste na 
faculdade de receber dos órgãos públicos informações de 
interesse particular, coletivo ou geral (CF, art. 5.°, XXXIII). 
 
Restrições (intervenções restritivas) 
 
• Viola a liberdade de informação a intervenção em seu âmbito de 
proteção que não seja constitucionalmente fundamentada, isto é, 
que não encontre uma justificação baseada em direitos 
fundamentais de terceiros – e.g., o direito à privacidade (CF, art. 5.°, 
X); 
• Em relação ao direito de receber informações de interesse 
particular, ou de interesse coletivo ou geral, foram ressalvadas 
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e 
do Estado (CF, art. 5.°, XXXIII). 
• No que se refere à liberdade de informação jornalística, a 
Constituição estabeleceu expressamente restrições impostas pelo 
princípio do direito à privacidade e pelas regras de vedação do 
anonimato, do direito de resposta, de atendimento às qualificações 
profissionais legalmente estabelecidas e de respeito ao sigilo da 
fonte (CF, art. 220, § 1.°) 
 
Liberdade de locomoção 
Âmbito de proteção 
 
• A liberdade de locomoção (CF, art. 5.°, XV) é um dos aspectos 
fundamentais da liberdade física do homem e engloba não 
apenas o direito de ir e vir, mas também o de permanecer. 
 
• Nas hipóteses de intervenção ilegal ou abusiva na liberdade de 
locomoção poderá ser impetrado um habeas corpus (CF, art. 
5.°, LXVIII). 
 
• Restrições (intervenções restritivas) 
 
• São restrições legítimas, por exemplo, a imposição legal de 
penas privativas de liberdade ou a autorização legislativa 
conferida à Administração Pública para disciplinar a forma de 
circulação das pessoas em determinados locais, como ocorre 
na regulamentação do uso de vias e logradouros públicos. 
 
• Questão que tem suscitado polêmica envolve a 
constitucionalidade da cobrança de pedágio nos casos em que 
o Poder Público não disponibiliza uma via alternativa gratuita 
para o usuário. 
 
Liberdade de reunião 
CF, art. 5.°, XVI 
 
• A liberdade de reunião é um direito individual de exercício 
coletivo. 
 
• Trata-se de um direito de aspecto eminentemente 
instrumental, que visa a assegurar a livre expressão das ideias, 
incluindo-se, em seu âmbito de proteção, o direito de 
protestar. 
 
• A Constituição protege, prima facie, o exercício deste direito 
fundamental independentemente do local em que se realize 
(reservado ou aberto ao público) ou de qualquer autorização 
dos poderes públicos (CF, art. 5.°, XVI). 
 
Restrições (intervenções restritivas) 
 
 
• Há duas espécies de restrições estabelecidas com a estrutura 
de regras: uma de caráter material consistente na exigência 
de que a reunião seja pacífica e sem armas; 
 
• outra, de caráter formal, consistente na observância 
da precedência na escolha do local e na exigênciade prévio 
aviso à autoridade competente. 
 
Liberdade de associação 
• A liberdade de associação, assim como a liberdade de reunião, 
é um direito individual de exercício coletivo. A principal 
diferença é que a reunião possui uma duração limitada 
(caráter episódico), enquanto a associação tem um caráter 
permanente. 
 
• A associação (CF, art. 5.°, XVII a XXI) é uma das formas de 
organização coletiva, ao lado dos sindicatos (CF, art. 8.°) e dos 
partidos políticos (CF, art. 17). 
 
• A liberdade de associação é um direito de defesa que exige, 
precipuamente, uma abstenção estatal. A Constituição veda 
expressamente a intervenção estatal na criação e 
funcionamento das associações (CF, art. 5.°, XVIII). 
 
Restrições (intervenções restritivas) 
 
 
 
• O dispositivo que consagra a liberdade de associação 
estabelece, como restrição expressa ao âmbito de proteção 
deste direito, a vedação de associações para fins ilícitos e 
de caráter paramilitar (CF, art. 5.°, XVII).

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