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FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA MÉDICA III | CARDIOLOGIA GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A Hipertensão Secundária A hipertensão de uma maneira geral é a principal causa para o desenvolvimento de complicações cardíacas e pode causar lesões em órgãos alvo como encefalopatias, AIT, AVC, demência vascular, angina, IAM, IC, arritmia, aneurismas… Logo é importante identificar as causas de hipertensão e as tratar. Todo paciente hipertenso deve realizar medidas acuradas da PA para a confirmação diagnóstica e além disso questionar sua história familiar, identificar fatores de risco cardiovasculares e renais, pesquisar lesões em órgãos alvo, investigar outras comorbidades, questionar sobre fármacos e drogas que possam interferir na condição e rastrear indícios de uma hipertensão secundária (1 em cada 10 hipertensos tem). Dentre os indícios de HA Secundária tem-se: - Resistente: 3 tipos de medicamento (classes) em doses adequadas e não atinge o controle - Refratária: incontrolável mesmo com múltiplos esquemas de tratamento. Classificação de HA 2020 - Diretriz Brasileira: OBS: Encontra-se os pacientes com HA Secundária principalmente no estágio 3. - Sabe-se que entre as causas da pseudo hipertensão resistente estão os pacientes que não aderem ao tratamento, evento avental branco, tratamento subótimo, medidas não acuradas da PA FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA MÉDICA III | CARDIOLOGIA GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A Causas da HA Secundária: são divididas em 3 principais → Não endócrinas: - Apneia Obstrutiva do Sono: AOS → caracteriza-se por obstruções recorrentes de vias aéreas superiores durante o sono, promovendo reduções na pressão intratorácica, hipóxia intermitente e fragmentação do sono. Evidências sugerem que está relacionada ao desenvolvimento de hipertensão arterial independentemente da obesidade e sua prevalência em pacientes hipertensos é de 30 a 56% atingindo 64 a 83% em pacientes com hipertensão arterial resistente. O diagnóstico é confirmado por polissonografia ou poligrafia residencial e alterações no padrão do descanso fisiológico do sono podem indicar a presença dessa patologia. - Classificada em: 5 a 15 episódios de apneia e/ou hipopneia = leve; 15 a 29 = AOS moderada; 30 ou mais = grave. - DRC: Define-se a doença renal crônica por RFG-e < 60 ml/minuto ou anormalidade na urinálise e/ou morfologia renal mantida por 3 meses. A hipertensão arterial aumenta progressivamente com o avanço da doença renal crônica, atingindo 90% dos pacientes em estágio 5. Para todos os pacientes hipertensos deve-se dosar a creatinina sérica e calcular o RFG-e realizar análise de urina para o rastreamento de doença renal crônica. a investigação adicional inclui ultrassom renal para todos e outros métodos são atc ressonância magnética ou albuminúria. A biópsia renal é indicada quando ocorre declínio rápido da filtração glomerular ou proteinúria > 3,5g/g de creatininúria OBS: Rins policísticos também ocorrem com frequência em pacientes com disfunção renal e hipertensão. - Hipertensão renovascular: É secundária a estenose parcial ou total, Uni ou bilateral da artéria renal ou de um de seus ramos, desencadeada e mantida por isquemia do tecido renal. Sua prevalência é de 5% em pacientes hipertensos e a principal causa é a aterosclerose (90%), seguida por displasia fibromuscular, sendo a arterite de takayasu (criança jovem e estenose grave) a menos frequente. Endócrinas: grupo importante - Obesidade: quando removida controla a PA. FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS CLÍNICA MÉDICA III | CARDIOLOGIA GABRIELA PICCHIONI BAÊTA - 68A - Hiperaldosteronismo primário: É uma condição Clínica determinada por produção excessiva, inadequada e autônoma da aldosterona. Como causas tem-se a hiperplasia bilateral das adrenais, adenoma unilateral produtor de aldosterona e, mais raramente, por hiperplasia adrenal unilateral, carcinoma adrenal ou de origem genética. A prevalência dessa patologia em hipertensos é de 3 a 22%, sendo mais altas e hipertensos estágio três e/ou resistentes. A suspeita ocorre quando a hipertensão se associa a hipocalemia espontânea ou induzida por diuréticos, incidentaloma de adrenal, hipertensão arterial resistente, história familiar de hipertensão ou de DCbV antes dos 40 anos, síndrome metabólica. A prevalência de hipocalemia é de 9 a 37%. - Feocromocitoma: são tumores de células cromafins do eixo simpático-adrenomedular produtores de catecolaminas. Em 90% o FEO está na adrenal, 10% são extra adrenais. 10% são bilaterais, 10% são malignos. Formas familiares apresentam um traço autossômico dominante ou são partes de síndromes com mutações genéticas reconhecidas. A presença de hipertensão arterial persistente ou paroxística ocorre em 50% dos casos. A tríade clássica é: paroxismos de cefaleia, sudorese profunda e palpitações. Se com crises hipertensivas tem sensibilidade de 89% e especificidade de 67% para o diagnóstico. - Síndrome de Cushing: é causada por excesso de cortisol associado a deficiência do mecanismo de controle do eixo adrenal hipotálamo-hipofisário e do ritmo circadiano de secreção do cortisol a prevalência de hipertensão arterial na síndrome é de 80% em adultos e 47% em crianças. Os principais sinais e sintomas são diminuição de libido, obesidade central, fácies em lua cheia, estrias, fraqueza muscular e hirsutismo. Os exames realizados são o cortisol livre em urina de 24 horas, cortisol salivar à 0:00, teste de supressão com Dexametasona, teste da Dexametasona com hormônio liberador de corticotropina, dosagem de ACTH. - Existem outras como o hipotireoidismo (HA diastólica), hipertireoidismo (descompensado, sistólica), hipercalcemia e hiperparatireoidismo, hiperplasia congênita adrenal, acromegalia... Hormônios exógenos, medicamentos, drogas ou substâncias exógenas: - Fármacos que podem induzir ou exacerbar a pressão arterial: anti inflamatórios, ACO, simpaticomiméticos, ciclosporinas, eritropoetina, alguns medicamentos oncológicos, álcool, cocaína, anfetaminas, antidepressivos (principalmente tricíclicos), glico e mineralocorticóides
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