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Climatério e Menopausa

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CLIMATÉRIO E MENOPAUSA 
Dos aproximadamente sete milhões de folículos ovarianos presentes em um feto feminino, mais 
de 99% sofrem atrofia durante a vida. E a menopausa é consequência deste processo, onde 
ocorre uma quase cessação completa da produção ovariana de estrógeno e progesterona, 
acompanhada de amenorreia, a qual geralmente ocorre em torno de 51 anos de idade. Durante 
este período, muitas mulheres ovulam irregularmente, devido a um declínio do nível 
estrogênico, com consequente corpo lúteo insuficiente e déficit de progesterona ou resistência 
folicular ao estímulo ovulatório. 
O atendimento à mulher climatérica deve ser voltado para a melhoria da sua qualidade de vida, 
identificando e corrigindo as alterações endócrinas e metabólicas comuns à essa fase da vida, e 
provendo a prevenção particularmente das doenças cardiovasculares, ósseas e neoplásicas. As 
alterações urogenitais, psíquicas e vasomotoras, assim como as alterações de pele, são 
consideradas decorrentes das modificações hormonais deste período e podem ser manejadas 
através da terapia hormonal. Observa-se aumento da expectativa de vida da mulher através dos 
séculos. Tal fato, associado ao aumento da população feminina por grupo etário, faz com que 
esse período constitua prioridade em saúde pública. Segundo dados do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE), a previsão é de aumento crescente nas próximas décadas de 
mulheres acima dos 50 anos, igualando-se em número às mulheres mais jovens. 
CONCEITO 
O climatério é definido pela OMS como o período de vida da mulher compreendido entre o final 
do período reprodutivo até a senilidade, considerado o período não reprodutivo. Apresenta 
duração variável, mas em geral, ocorre entre 40 a 65 anos. 
Dentro deste período de climatério ocorre a menopausa, que é um marco dessa fase e 
corresponde ao último ciclo menstrual espontâneo da mulher, reconhecida após 12 meses 
consecutivos de amenorreia. Se dá em média aos 51 anos de idade, sendo considerada como 
menopausa precoce quando se estabelece antes dos 40 anos de idade, e tardia após os 55 anos. 
Climatério é um PERÍODO. Menopausa é uma DATA. 
FISIOPATOLOGIA 
Alterações do Eixo Hipotálamo-hipófise-ovários 
Durante a vida reprodutiva da mulher, o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) é 
liberado de forma pulsátil pelo hipotálamo e se liga aos seus receptores na hipófise para 
estimular a liberação cíclica das gonadotrofinas: LH e FSH. Essas gonadotrofinas, por sua vez, 
estimulam a produção de estrogênio e progesterona, e também do peptídeo hormonal inibina. 
Durante o ciclo reprodutivo da mulher, o estrogênio e a progesterona exercem feedback 
positivo e negativo sobre a produção das gonadotrofinas hipofisárias e sobre a amplitude e a 
frequência da liberação de GnRH. Já a inibina exerce uma importante influência no feedback 
negativo sobre a secreção de FSH pela adeno-hipófise. Esse sistema endócrino rigorosamente 
regulado produz ciclos menstruais ovulatórios regulares e previsíveis. 
Durante a vida produtiva da mulher, o eixo hipotálamo-hipofisário sofre alterações no 
metabolismo dopaminérgico e diminuição dos receptores estrogênicos. No final da transição 
menopáusica, a mulher passa a apresentar redução da foliculogênese e maior incidência de 
ciclos anovulatórios. Além disso, nesse período, os folículos ovarianos sofrem uma taxa 
acelerada de perda até que, finalmente, ocorre um esgotamento no suprimento de folículos, 
reduzindo ainda mais a secreção de inibina. Com a insuficiência ovariana na menopausa, a 
liberação de estrogênio cessa, ativando o feedback negativo. Como consequência, o GnRH é 
liberado com frequência e amplitude máximas, sendo assim, os níveis circulantes de FSH e LH 
aumentam e se tornam quatro vezes maiores que no ciclo reprodutivo. 
Alterações Ovarianas 
A senescência ovariana é um processo que se inicia efetivamente na vida intrauterina, no 
interior do ovário embrionário, em razão da atresia de oócitos programada. A partir do 
nascimento, os folículos primordiais são ativados continuamente, amadurecem parcialmente e, 
em seguida, regridem. Essa ativação folicular prossegue em um padrão constante, independente 
de estimulação hipofisária. 
Uma depleção mais rápida dos folículos ovarianos se inicia no final da quarta e início da quinta 
décadas de vida e se mantém até o momento em que o ovário menopáusico é praticamente 
destituído de folículos. 
Em média, uma mulher pode ter aproximadamente 400 eventos ovulatórios durante sua vida 
reprodutiva. Isso representa um percentual muito pequeno quando comparado aos 6 a 7 
milhões de oócitos presentes na 20ª semana de gestação, ou mesmo dos 400.000 oócitos 
presentes no nascimento. O processo de atresia dos folículos não dominantes é o principal 
evento que leva, finalmente, à perda da atividade ovariana e à menopausa. 
É no período do climatério que se verifica redução progressiva importante das dimensões dos 
ovários. Mulheres após a menopausa apresentam menor volume ovariano que na pré-
menopausa, sugerindo que a alteração volumétrica seja principalmente relacionada com a 
redução da capacidade funcional. 
Alterações nos Esteroides Suprarrenais 
O sulfato de desidroepiandrosterona (SDHEA) é produzido quase exclusivamente pela 
suprarrenal. Com o avanço da idade, observa-se declínio na produção suprarrenal de SDHEA. 
Outros hormônios suprarrenais também são reduzidos com a idade. A androstenediona atinge 
seu ponto máximo entre 20 e 30 anos de idade, e caindo para 62% em relação a esse nível em 
mulheres com idade entre 50 e 60 anos. A pregnenolona diminui em 45% entre a vida 
reprodutiva e a menopausa. Os ovários contribuem para a produção desses hormônios durante 
os anos reprodutivos, porém, após a menopausa, somente a glândula suprarrenal mantém essa 
síntese hormonal. 
Alterações no Nível de Globulina de Ligação ao Hormônio Sexual 
Os principais esteroides sexuais, estradiol e testosterona, circulam no sangue ligados a um 
transportador de glicoproteínas produzido no fígado, conhecido como globulina de ligação ao 
hormônio sexual (SHBG). A produção de SHBG declina após a menopausa, o que pode aumentar 
os níveis de estrogênio e testosterona livres ou não ligados. 
Alterações Endometriais 
As alterações microscópicas que ocorrem no endométrio refletem diretamente o nível sistêmico 
de estrogênio e de progesterona e, consequentemente, podem ser muito diferentes 
dependendo da fase da transição menopáusica. Durante a fase inicial da transição menopáusica, 
o endométrio reflete ciclos ovulatórios que prevalecem nesse período. 
Durante o estágio final da transição menopáusica, a anovulação é muito comum, e o endométrio 
refletirá o efeito do estrogênio atuando sem oposição à progesterona. Portanto, alterações 
proliferativas ou alterações proliferativas desordenadas são achados frequentes no exame 
patológico de amostras de biópsia endometrial. Com a menopausa, o endométrio se torna 
atrófico em razão da ausência de estimulação estrogênica. 
FATORES INFLUENCIADORES 
A idade da ocorrência da menopausa parece geneticamente programada para cada mulher, 
através do número de folículos ovarianos, mas inúmeras condições podem influenciar no 
envelhecimento ovariano, como: 
✓ Fatores socioeconômicos: Mulheres que têm longas jornadas de trabalho e exercem 
atividades estressantes têm mais chances de entrar na menopausa mais cedo; 
✓ Paridade: Mulheres nulíparas têm menopausa mais precocemente, enquanto o 
aumento da paridade correlaciona-se à menopausa mais tardia devido a diminuição do 
número de ciclos menstruais ovulatórios; 
✓ Tabagismo: nesse caso, a idade da instalação da menopausa é antecipada de 12 a 18 
meses. Essa antecipação em fumantes tem sido explicada pela deficiência estrogênica 
causada diretamente pelo tabaco, podendo não só antecipar o aparecimento de 
sintomas da menopausa, mas também das doenças estrógeno-relacionadas,como a 
osteoporose e doenças cardiovasculares; 
✓ Altitude: Mulheres que vivem em países de altitudes maiores podem apresentar a 
menopausa em idade mais precoce; 
✓ Nutrição: Deficiência nutricional e baixo peso levam à ocorrência precoce da idade da 
menopausa; 
✓ Fatores Cirúrgicos e Medicamentosos: quimioterapia, radioterapia pélvica, cirurgias 
ovarianas e histerectomia também podem resultar em antecipação da menopausa. 
SINTOMAS DO CLIMATÉRIO 
Embora o climatério e a menopausa sejam eventos fisiológicos na biologia da mulher, o 
aparecimento ou não de sintomas dependerá não somente de variações hormonais próprias 
desse período, mas também de fatores socioeconômicos. 
No período do climatério ocorrem alterações na fisiologia da mulher, caracterizadas por 
alterações hormonais, modificações funcionais, como disfunções menstruais e sintomas 
vasomotores, modificações morfológicas, como atrofia mamária e urogenital, alterações da pele 
e mucosas, além de alterações em sistemas hormônio-dependentes, como o cardiovascular e 
esquelético. Tais mudanças repercutem na saúde geral da mulher, podendo alterar sua 
autoestima e qualidade de vida, e também na longevidade. 
Manifestações Menstruais 
No período da perimenopausa o intervalo entre as menstruações pode diminuir devido ao 
rápido amadurecimento dos folículos, o que ocorre pelos elevados níveis de gonadotrofinas ou 
os intervalos menstruais podem estar aumentados pela persistência dos níveis de estrógeno e 
ausência de progesterona. Quando ocorre a menstruação, como o endométrio está 
hiperplasiado por essas alterações hormonais, o sangramento pode ser abundante e com maior 
duração. 
A anovulação é a causa mais comum de sangramentos erráticos durante a transição, no 
entanto é importante considerar outras causas como hiperplasia e carcinoma endometrial, 
neoplasias sensíveis ao estrogênio, como pólipos endometriais e leiomiomas uterinos, e 
episódios relacionados com gravidez. 
Manifestações Neurogênicas/ Vasomotoras 
As manifestações neurogênicas compreendem os sintomas mais comuns da síndrome do 
climatério: ondas de calor, conhecidas como fogachos, sudorese, calafrios, palpitações, cefaleia, 
tonturas, parestesia, insônia, perda da memória e fadiga. 
O fogacho é o segundo sintoma mais frequente na perimenopausa, sendo experimentado por 
cerca de 80% das mulheres. A sua frequência não segue um padrão, podendo ser diário, semanal 
ou mensal. Cessa, na maioria das vezes, sem que qualquer tratamento seja feito, entretanto, 
algumas mulheres irão experimentar estes desconfortos por vários anos após a menopausa. 
A patogênese dos fogachos não é conhecida, mas é aparentemente originária no hipotálamo e 
pode estar relacionada com a queda estrogênica, levando à formação diminuída de 
catecolestrógenos no cérebro. Outra hipótese é que a diminuição nos níveis estrogênicos levaria 
à queda nas concentrações dos receptores de β-endorfinas, resultando na perda da inibição da 
atividade noradrenérgica e, consequentemente, estimulação dos neurônios produtores de 
GnRH. 
A maioria das mulheres que experimenta os fogachos descreve sensações de ondas de calor que 
ocorrem no tórax, pescoço e face, esse desconforto dispara a resposta termorreguladora normal 
para o calor, incluindo sudorese e vasodilatação cutânea, o que leva à ruborização da pele. 
Os fogachos se caracterizam por aumento na pressão arterial sistólica tanto na vigília quanto 
durante o sono. Além disso, a frequência cardíaca aumenta entre 7 e 17 batimentos por 
minuto, aproximadamente no mesmo período em que ocorrem vasodilatação periférica e 
sudorese. Sua duração é variável e ocorre principalmente à noite, atrapalhando o sono e 
apresentando um efeito dominó sobre o humor, podendo surgir irritação, insônia e depressão. 
Manifestações Psicogênicas 
As limitações impostas e a insegurança proveniente do quadro clínico exacerbado, em 
decorrência de forte deficiência estrogênica, possam influir desfavoravelmente no estado 
emocional da mulher e interferir no relacionamento familiar, na adaptação sexual e na 
integração social. Alguns sintomas psíquicos atribuídos a essa fase são: diminuição da 
autoestima, irritabilidade, labilidade afetiva, sintomas depressivos, dificuldade de concentração 
e memória, dificuldades sexuais e insônia. 
Manifestações no Metabolismo Ósseo 
Sabe-se que a idade está associada com progressiva rarefação do esqueleto, dessa forma, a 
perda óssea e as fraturas osteoporóticas são bastante comuns nas mulheres na menopausa. 
Essa situação acontece devido à queda de estrogênio que diminui a atividade dos osteoblastos 
e aumenta a atividade dos osteoclastos. Assim, não se forma osso e, o que é mais importante, 
há reabsorção; a matriz óssea se desfaz e libera cálcio, ocorrendo alta remodelação óssea e 
instalando-se progressivamente a osteopenia e a osteoporose. 
Manifestações no Metabolismo Lipídico 
Os esteroides sexuais podem influenciar o metabolismo lipídico e induzir alterações nas 
apolipoproteínas que constituem a parte proteica do sistema de transporte dos lipídeos. Tanto 
a apolipoproteína A (apo-A) como a apolipoproteína B (apo-B) mostram aumento significativo 
como resultado do decréscimo dos estrógenos sanguíneos. 
Antes da menopausa, os níveis de LDL são menores e os de HDL são maiores nas mulheres se 
comparados com homens da mesma idade. Após a menopausa, os níveis de LDL aumentam, com 
tendência para partículas menores, mais densas e potencialmente mais aterogênicas, enquanto 
os níveis de HDL diminuem. 
A deficiência estrogênica da pós-menopausa é considerada como fator relevante na 
etiopatogenia da doença cardiovascular e das doenças cerebrovasculares isquêmicas. 
Manifestações Urogenitais 
Devido à origem embriológica comum, tanto a bexiga quanto a uretra e órgãos genitais têm 
respostas semelhantes às mudanças hormonais, especialmente ao estrógeno. Sendo assim, a 
deficiência estrogênica ocasiona atrofia epitelial de tais órgãos e dos tecidos de sustentação, 
manifestando-se com prolapsos genitais, sintomas vaginais como ressecamento, sangramento 
e dispareunia, e sintomas uretrais como disúria, frequência e urgência miccional. 
Manifestações Tegumentares 
No climatério ocorrem alterações em todas as camadas da pele, que variam com a 
vulnerabilidade individual, determinada geneticamente, e a influência de agentes externos e 
internos, que agem sobre ela durante a vida. 
O hipoestrogenismo atua diminuindo a produção de colágeno pela alteração da polimerização 
dos mucopolissacarídeos. Consequentemente a derme diminui a síntese de ácido hialurônico 
resultando na diminuição do conteúdo de água. 
Com o avançar da idade, a pele perde a elasticidade, os músculos enfraquecem e ficam frouxos, 
o coxim subcutâneo dissolve-se e a pele mais afinada perde o apoio, permitindo o aparecimento 
das rugas. Dada à redução no número de melanócitos, podem aparecer manchas hipocrômicas 
ou formação de sardas e melanose nas áreas expostas ao sol, devido à hiperplasia de 
melanócitos da junção dermoepidérmica. 
Outras alterações 
À medida que as mulheres evoluem para a menopausa, elas experimentam mudanças na função 
sexual que são multifatoriais e compreendem domínios biológicos, psicológicos e sociais. Os 
sintomas climatéricos, principalmente os fogachos e a dispareunia são fatores associados à 
disfunção sexual. 
A histologia das mamas após a menopausa é de progressiva involução de todos os tecidos 
componentes da glândula, exceto o adiposo, ficando mais pesadas, flácidas e pêndulas. 
DIAGNÓSTICO 
De maneira geral, o diagnóstico de transição menopáusica é essencialmente clínico, e pode ser 
feito com a comprovação de sintomas próprios da idade e exame físico completo. 
Entretanto, muitos sintomas característicos da menopausa também podem refletir condições 
patológicas e, em muitos casos, há indicação de realizar exames para excluir outrascausas. 
Além disso o rastreamento e a identificação das doenças crônicas, em especial daquelas de mais 
interesse para esse período da vida, deve fazer parte obrigatória do protocolo de investigação 
de mulheres no climatério. Segue os exames que podem ser solicitados: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Poucas alterações hormonais no eixo hipotálamo-hipófise-ovários apresentam variações 
suficientemente distintas para serem usadas como marcadores séricos da transição para a 
menopausa. Na pós-menopausa, entretanto, em razão do aumento acentuado nos níveis de 
FSH que foi descrito, esta gonadotrofina se torna um marcador mais confiável. 
TRATAMENTO 
O tratamento é focado no alivio de sintomas climatéricos, sendo os principais sintomas tratados 
os fogachos e a secura vaginal. A terapia de reposição hormonal (TRH) continua sendo uma 
possibilidade terapêutica importante para mulheres no climatério, devendo-se sempre lembrar 
que quando bem indicada, ela deve fazer parte de uma estratégia global que inclua 
recomendações concernentes a atividade física, alimentação saudável, combate ao tabagismo 
e ao excesso de peso, entre outros. 
A orientação é tratar as sintomáticas com menopausa menor que 10 anos ou abaixo dos 60 anos, 
sendo contraindicada nos casos de câncer de mama, doença hepática ativa, Ca de mama e 
endométrio, porfiria, sangramento vaginal de causa desconhecida, doenças coronarianas ou 
cerebrovascular, LES, meningioma, histórico de trombose venosa profunda, tromboembolismo 
pulmonar, infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral. 
O principal hormônio utilizado na terapêutica é o estrogênio, que é o melhor para minimizar os 
fogachos. A reposição hormonal pode ser por esquema puro estrogênico ou combinado a 
progesterona. Em pacientes histerectomizadas a reposição deve-se apenas por estrogênio, em 
contrapartida, mulheres com útero a terapêutica é combinação do estrogênio e da 
progesterona, já que a progesterona é usada para proteção endometrial. 
Ao se indicar e escolher a forma apropriada de reposição hormonal a cada caso deve-se levar 
em conta os seguintes parâmetros fundamentais: 
 
 
Janela de Oportunidade 
A Associação Brasileira de Climatério (SOBRAC) cunhou em 2004 o termo “janela de 
oportunidade”, indicando que haveria um momento propício para o início da terapia de 
reposição hormonal após a menopausa. Dessa forma, a terapia de reposição hormonal deveria 
ser iniciada nos primeiros meses ou anos após a menopausa para que se pudesse pensar em 
ausência de risco cardiovascular. 
Enquanto isso, a International Menopause Society (IMS) publicou recomendações em 2007 que 
consideraram a existência de tal “janela de oportunidade”. Segundo a posição oficial da IMS, 
não há evidência de benefício da terapia de reposição hormonal em doença cardiovascular 
instalada, mas existe potencial para prevenção se iniciada na transição menopáusica, no 
entanto, não se recomenda a indicação da terapêutica apenas com a finalidade de proteção 
cardiovascular. 
Vias de Administração da terapia de reposição hormonal 
Os hormônios da terapia de reposição hormonal podem ser administrados por via oral ou 
parenteral. A via oral é mais difundida pela facilidade de administração e a via parenteral é 
representada no Brasil principalmente por via transdérmica, via percutânea, implante 
subdérmico, via vaginal e via intramuscular. Dentre estes, os mais utilizados são os 
transdérmicos e os percutâneos. 
Quando o hormônio é administrado por via oral, ele é absorvido no tubo digestivo, atinge o 
sistema porta chegando ao fígado, no qual os esteroides são parcialmente metabolizados e 
também exercem influências no metabolismo. Apenas após essa passagem hepática é que os 
hormônios da terapia de reposição hormonal chegarão à circulação sistêmica que os levará aos 
diversos órgãos e tecidos onde seus efeitos são desejados. 
Com isso, a “primeira passagem hepática” favorece mudanças enzimáticas impactando na 
cascata de coagulação e, portanto, aumentando o risco de doença tromboembólica venosa. 
Além disso, o elevado nível do estrogênio no fígado na administração por via oral também 
interfere nos processos hepáticos do metabolismo dos lipídeos e das lipoproteínas. É por este 
motivo que o estrogênio por via oral eleva os níveis séricos de HDL e diminuiu os de LDL. Todavia, 
faz também com que os níveis de triglicerídeos sejam aumentados. 
Com a administração parenteral, o estradiol administrado atinge primeiramente a circulação 
sistêmica e apenas depois chega ao fígado onde será metabolizado. Isso é mais próximo de como 
o ovário entrega o estradiol endógeno na circulação, ou seja, via circulação sistêmica. Sendo 
assim, a dose administrada pode ser menor, adquirindo o mesmo efeito, não apresentando os 
efeitos da primeira passagem hepática. Observando então os efeitos da via de administração do 
estrogênio, pode-se fazer uma escolha mais adequada a cada caso. 
Para mulheres as quais haja maior preocupação com o risco de doença tromboembólica 
venosa, deve-se evitar a via oral e, caso indicada a terapia de reposição hormonal, deve-se 
escolher a via transdérmica. Com relação ao perfil lipídico, o estrogênio por via oral é mais 
eficaz para melhorar o padrão das frações do colesterol, já que diminui LDL e aumenta HDL. 
Todavia, é necessário observar que a via oral aumenta os níveis de triglicerídeos, assim para 
mulheres que os apresentem elevados, deve-se escolher a via não oral. 
Esquemas de TH 
Os esquemas podem ser estrogênicos puros, estroprogestagênicos/terapia hormonal 
combinada e outras opções terapêuticas, como: tibolona, anticonvulsivantes ou inibidores 
seletivos da recaptação da serotonina. 
Esquemas de Estrogênios Puros 
Esse esquema apresenta indicação exclusivamente para mulheres histerectomizadas. Pela via 
oral, podem ser utilizados o estradiol ou os estrogênios conjugados, enquanto que pela via 
transdérmica, percutânea ou subdérmica, o estradiol é o esteroide disponível. 
O estrogênio deve ser administrado de forma contínua, uma vez que podem ocorrer sintomas 
climatéricos nos intervalos de esquemas cíclicos. Os esquemas com dose baixa são os preferidos 
para iniciar o tratamento, pois apresentam grande eficácia no controle dos sintomas, e é 
recomendado que seja utilizada a menor dose para atingir o efeito desejado. 
Esquemas Estroprogestativos/ Combinados 
Podem ser realizados em esquemas contínuos ou cíclicos, sendo recomendado um mínimo de 
12 ou 14 dias de administração de progestagênio por ciclo, a fim de se reduzir o risco de 
hiperplasia e de carcinoma endometrial. No entanto, o esquema cíclico vem sendo questionado, 
por ter a possibilidade de não evitar as alterações endometriais neste esquema. 
Em geral, os progestagênios são administrados por via oral, com exceção do acetato de 
norestisterona que também está disponível em associação com estradiol por via transdérmica. 
O dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel é uma alternativa a fim de se obter 
redução dos eventos adversos associados ao progestagênio sistêmico. 
Um terceiro esquema estroprogestativo é o de progestagênio intermitente, no qual há 
alternância de períodos de três dias só de estrogênio seguidos por três dias com estrogênio e 
progestagênio e assim, sucessivamente. O produto disponível no mercado traz estradiol 
associado ao norgestimato. 
As doses de progestagênios empregadas são extremamente variáveis a depender do tipo de 
progestagênio, do esquema escolhido, da dose de estrogênio cujo efeito endometrial deve ser 
contraposto pelo progestagênio e da via de administração. 
Outras opções 
A tibolona é um esteróide sintético proveniente do noretinodrel, derivado da 19-
nortestosterona, com propriedade estrogênica, progestagênica e androgênica. Ao contrário da 
terapia hormonal combinada tradicional, a tibolona não estimula o tecido mamário. 
Além disso, dificulta aconversão para estrogênios ativos no tecido mamário. Em resumo, a 
tibolona se comporta em nível uterino como uma terapia hormonal combinada contínua, 
porém, sem efeito estimulante no tecido mamário, com ação menos favorável nas lipoproteínas, 
efeito protetor ósseo com redução do risco de fraturas, associado a efeito androgênico. 
Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina são eficazes nas queixas vasomotoras, os 
mais usados na terapêutica são Desvenlafaxina, Venlafaxin, Paroxetina, Escitalopram e 
Citalopram. 
A Síndrome geniturinária da menopausa surge muitas vezes após a menopausa e caracteriza-
se pela secura vaginal, irritação e flacidez da mucosa, diminuição da líbido, dores durante o 
ato sexual e associação com incontinência urinária de urgência. A principal causa é a 
diminuição dos estrogénios. À medida que os estrogénios diminuem, as paredes da vagina 
ficam mais finas, mais secas e menos elásticas, provocando frequentemente ardor. Também 
pode ocorrer um desequilíbrio da flora vaginal, aumentando o risco de infeções vaginais e 
urinárias. A terapêutica utiliza-se de estrogénios locais, com aplicação vaginal na forma de 
creme, gel, ou comprimidos, existe também hidratantes vulvovaginais.

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