Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Obstetrícia Vitória Araújo ➢Inicia-se após o nascimento do concepto e saída da placenta. ➢Final do puerpério: 6-8 semanas após o parto. ➢ Dextrodesvio (desvio do útero para direita). ➢Consistência firme e gradual involução uterina. ➢Regeneração endometrial (por isso fica um tempo sem menstruar). ➢Alongamento do colo uterino com retomada gradativa de imperviedade. ➢Crise vaginal pós-parto (descamação atrófica de seu epitélio) acompanhada por processo de ressurgimento de pregueamento e tônus de suas paredes. ➢ logo após o parto o útero fica na altura ou abaixo do nível da cicatriz umbilical. Nível de sínfise púbica – 12 cm Cicatriz umbilical – 15 cm (normal) Puerpério fisiológico 📌 Manifestações clínicas © Temperatura – fenômenos fisiológicos como ingurgitamento mamário (relacionado à apojadura – preparo da mama para produção do leite) e proliferação com ascensão de bactérias vaginais à cavidade uterina justificam discreta elevação de temperatura por volta do 3º dia, cuja duração não excede 48h. © Dor abdominal – tipo cólica, exacerbada durante as mamadas, de maior intensidade durante a 1ª semana. Decorre de contrações uterinas por ação local da ocitocina na hipófise posterior pelo reflexo de sucção mamilar. (↑ ocitocina - contração uterina – cólica). © Lóquios – secreção vaginal pós-parto composta por sangue, fragmentos deciduais, bactérias, exsudatos e transudatos vaginais. Apresenta odor forte e característico (normal), com volume e aspecto influenciados por gradual redução do conteúdo hemático. © Aparelho urinário: edema e lesões traumáticas do trígono vesical e uretra podem acarretar retenção urinária. Para alívio passar uma sonda (cateterismo vesical) para urinar enquanto se recupera do trauma. © Aparelho digestivo: comum o retardo na primeira evacuação, pelo relaxamento da musculatura abdominal e perineal, assim como pelo desconforto em caso de episorrafia e hemorróidas. Diminuição dos movimentos peristálticos, ↑ presença de gases. Distensão abdominal com timpanismo e íleo paralítico é comum, principalmente no pós- operatório de cesariana. Deve ser conduzido com antifiséticos, dieta laxativa e deambulação estiulada. © Alterações psíquicas: breves crises de choro por instabilidade emocional com marcantes mudanças de humor (disforia pós-parto ou blues puerperal) incidem mais de 50% das pacientes nas duas primeiras semanas do puerpério. Mais que duas semanas ficar atento a depressão pós-parto. © Mamas: o colostro já pode estar presente desde a 2ª metade da gravidez, ou no mais tardar surge nos primeiros dias pós-parto. Apojadura com ingurgitamento mamária por volta do 3º dia pós-parto. 📌 Alterações laboratoriais ↑ níveis de hemoglobina e hematócrito em relação à gravidez. ➢ Manutenção, por até uma semana, da leucocitose do trabalho de parto, em especial à custa de granulócitos (não infeccioso). Não há PUERPÉRIO 3 etapas: - 1º ao 10º dia: puerpério imediato - 10º ao 45º dia: puerpério tardio - Além de 45º dia: puerpério remoto Obstetrícia Vitória Araújo desvio para esquerda. Linfopenia relativa e eosinopenia absoluta são comuns. ➢ Maior prevalência de complicações tromboembólicas: associação de fatores clínicos (limitação de mobilização) e alterações na coagulação sanguínea (elevação de fibrinogênio e plaquetas com manutenção do nível elevado de fator VIII em relação ao final da gravidez). ➢Evitar complicações trombóticas: deambular precocemente, massagens na panturrilha. Exame físico ➢ Verificação de sinais vitais (PA, frequência cardíaca, temperatura), avalição de coloração da pele e mucosas. ➢ Exame das mamas ➢ Palpação abdominal (importante palpar o útero para verificar se está contraído) e avaliação de peristalse (RHA). ➢ Perdas vaginais: de relevância clínica destacam-se as variações na duração dos Lóquios (não deve exceder o final da 2ª semana), constatação de redução diária de seu volume e eventual evolução patológica para padrão fétido de odor. ➢ Examinar os Lóquios e sentir cheiro, não perguntar ao paciente pois ele não sabe qual o normal. ➢ Inspeção perineal (se pós-parto vaginal) Membros inferiores descartar empastamento de panturrilhas. ➢ Deambulação: deve ser estimulada desde as primeiras horas do pós-parto e perminada, com a supervisão (devido a ocorrência de lipotimias- sensação de desmaio), desde que cessados os efeitos da anestesia. O desconforto causado pela flacidez abdominal nos primeiros dias de puerpério pode ser minimizado com o uso de faixas ou cintas apropriadas. ➢ Alimentação: pode ser liberada logo após o parto transpélvico. Não há restrições alimentares. A dieta pode conter elevado teor de proteínas e calorias. Importante incentivar ingesta hídrica. Cesariana requer restrição da dieta no pós- operatório imediato. ➢ Higiene: a vulva e o períneo devem ser lavados com água e sabão após cada micção e evacuação; orientar a higiene sempre na direção do ânus e evitar o uso de papel higiênico. Não recomendar passar cremes, pomadas etc. ➢ Episiorrafia: desnecessária a prescrição rotineira de antissépticos e pomadas cicatrizantes; Compressas de gelo na região perineal pode reduzir o edema e o desconforto da episiorrafia nas primeiras horas. Aleitamento ➢ Manutenção das mamas limpas e elevadas, através de sutiã apropriado. ➢ Ingurgitamento mamário por ocasião da apojadura deve ser abordado com esvaziamento manual, compressa gelada após amamentação e, eventualmente, uso de ocitócico, spray nasal antes da mamada. Em casos de ingurgitamento mamário na ocasião de apojadura: ➢ Retirar o excesso de leite, após amamentação, por esvaziamento manual. ➢ Bombas de sucção devem ser evitadas Compressa de gelo após amamentação por, no máximo, 10 minutos. Orientações 📌 Sutura perineal Examinar, observar se tem sinais flogísticos (inflamação), secreção purulenta, abalamento, flutuação, edema – EXAME FÍSICO. Se tudo bem, orientar uma higiene rigorosa (ao urinar, jogar água gelada, e quando defecar, lavar com sabonete e bastante água gelada para não ocorrer o risco de infeccionar). Se dor – analgésico. Ingurgitamento Classificação do ingurgitamento é feito em relação ao local da mama: Lobular, lobar, ampolar, glandular obstrutivo e não obstrutivo Causa principal: sucção inadequada, mamada ineficaz (livre demanda), não uso de sutiã (causa dobramento dos ductos). Sintomatologia: volume aumentado da mama, endurecimento das mamas, áreas vermelhas e brilhantes, desconforto e dor. Conduta: uso de sutiã adequado de modo que a mama fique suspensa, evitando, assim, dobramento dos ductos. Higiene das mamas com próprio leite. Não deixar de amamentar. Obstetrícia Vitória Araújo ➢ Alta obstértrica: salvo intercorrências, pode ser autorizada após 48 horas. Em se tratando de parto vaginal, admite-se antecipá-la quando, além de evolução puerperal fisiológica em parto eutócico (parto sem intervensão médica), constata-se ausência de comorbidades materna. ➢ Atividade sexual: liberada após 4 semanas de parto, respeitando o corpo e desejo do paciente. ➢ Revisão: consulta obstétrica deverá ser agendada para 30 a 40 dias após o parto, ocasião em que, demais do exame ginecológico, reassegura-se manutenção da amamentação e procede-se orientação individualizada quanto à contracepção. Exames antes da alta: ➢ Checagem sistemática da tipagem sanguínea materna, titulações de sífilis e HIV ➢ Puérpera Rh negativo não sensibilizada torna- se obrigatório a verificação da tipagem sanguínea do recém-nato, se Rh positivo, é necessário aplicação de imunoglobulina na mãe do bebê, além do Coombs direto (sinaliza se a mãe está protegida). ➢ Em casos de pacientes HIV positivo, suspensão da amamentação com comunicação imediata à pediatria. A paciente toma um medicamentopara cessar a produção de leite. ➢ VDRL sugestivo de sífilis (sempre após análise comparativa com titulação pré-natal), contactar a pediatria. Medicamentos: Sulfato ferroso ➢ Não faz parte da rotina a prescrição de ocitocina no pós-parto transvaginal, após a saída do centro obstétrico. ➢ 300 mg/dia via oral deve ser mantido pelo menos até o 3º mês de puerpério. ➢ Profilática no pós-operatório de cesariana se justifica por reduzir a incidência de hemorragia puerperal, por atonia uterina. 📌 Teste de Homans e de Bandeira – exames realizados para eliminar diagnóstico de trombose. 📌 Ocitocina administrada logo pós-parto para rcontração uterina e evitar hemorragias. 📌 Hemorroidas, paciente muitas vezes tem medo de evacuar, por isso deve ser prescrito pomadas analgésicas, banhos de assento com água morna. Infecção puerperal Infeção pós-parto. É a terceira causa de mortalidade materna. Diagnóstico ➢ Clínico ➢ Temperatura > 38º com duração superior a 48 horas, que surge nos 10 primeiros dias de pós- parto, excluídas as primeiras 24 horas. ➢Podem auxiliar na identificação do provável agente etiológico, na localização da infecção e na avaliação da gravidade do caso: ➢Hemograma e hemocultura. ➢Rotina e cultura de urina. ➢Se não estiver encontrando o foco infeccioso pode solicitar: - Raio X do abdome e tórax; - Ultrassonografia: útil na suspeita de coleções e abcessos. Manifestações clínicas - Sinais e sintomas flogísticos locais: dor, rubor e calor. - Febre moderada ocasional - Secreção, por vezes purulentas. - Em casos raros, quando existe contaminação por Clostridium perfringens, a infecção pode evoluir com necrose dos tecidos afetados. Conduta - Higiene local com soluções antissépticas. - Quando o abcesso é localizado sem indícios de infecção sistêmica e a paciente está em bom estado geral, apenas drenagem e cuidados locais são suficientes. Medicamentos: - Dicofenaco sódico - Paracetamol - Antimicrobianos: Cefalosporina, cefalexia e oxacilina. Endometrite/ endomiometrite 📌 Manifestações clínicas Febre, Lóquios purulentos e com odor fértido Útero amolecido e doloroso. Secreção purulenta quanto a manipulação do colo uterino. 📌 Conduta - Curetagem, indicada quando tiver restos ovulares, praticada após iniciar a antibioticoterapia e com a paciente em uso de ocitocina venosa. - Nos pacientes refratárias ao tratamento clínico indicar histerectomia. - Profilaxia antitetânica.
Compartilhar