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AULA 05 - NEUROLINGUÍSTICA

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NEUROLINGUÍSTICA
AULA 5
Prof.ª Larissa Priscila Bredow Hilgemberg
UNINTER - NEUROLINGUÍSTICA https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c=/gradNova/20...
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CONVERSA INICIAL
Nesta aula, vamos nos aprofundar mais um pouco nos estudos e discussões sobre a linguagem,
compreendendo de que forma se dá a influência biológica em sua aquisição. Assim, vamos estudar os
seguintes temas:
1. Neurofisiologia da linguagem;
2. Morfologia e evolução humana;
3. Caracterização da linguagem;
4. Capacidade linguística;
5. Prejuízos no processo da linguagem.
TEMA 1 – NEUROFISIOLOGIA DA LINGUAGEM
O estudo da neurofisiologia da linguagem nos possibilita compreender como se dão os
processos neurais da constituição da linguagem e da comunicação, bem como quais são as
dificuldades e distúrbios relacionados à linguagem. Esses estudos iniciaram há alguns séculos e ainda
hoje nos trazem novas informações importantes para a compreensão das relações entre cérebro e
linguagem.
Segundo Rocha (1999), a linguagem desenvolveu-se com nossa evolução, sendo que as línguas
vão sendo selecionadas pela capacidade de expressão e pela facilidade de aprendizado. E, antes de
mais nada, a linguagem é uma mímica motora que utiliza o som para ser veiculada entre as pessoas,
som esse que tem como papel servir de estímulo para recriar a mímica do falante por meio da
motricidade do ouvinte.
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 Nossa linguagem é organizada em duas áreas principais que recebem o nome dos estudiosos
que a descobriram: Paul Broca e Carl Wernicke. Vamos compreender um pouco mais sobre cada uma
dessas áreas.
A figura 1 mostra onde estão localizadas as duas áreas no cérebro:
Figura 1 – Localização das áreas de Broca e Wernicke
Crédito:Designua/Shutterstock.
A área de Broca localiza-se, portanto, no córtex pré-motor do hemisfério esquerdo, controlando
a musculatura da face, a língua, a faringe e a laringe. É nessa área que ocorre a organização dos atos
motores para a produção da frase, bem como o planejamento motor da linguagem, na articulação e
no ritmo da fala (Rocha, 1999; Muszkat  e Mello, 2009). 
Essa produção e organização ocorre com a ativação do córtex motor pelos neurônios localizados
na área de Broca.
Informações sobre o desenvolvimento da fala é retransmitida ao cerebelo que, como no caso dos
outros atos motores, está encarregado da sequenciação dos movimentos e da verificação se a
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fonação em produção equivale à pretendida. Enquanto que a área de Broca, encarregada da
organização fonética da fala, localiza-se, em geral, no hemisfério esquerdo; as áreas encarregadas
da organização prosódica (entonação; segmentação supra-fonética; modulação emocional, etc.)
estão localizadas no córtex frontal direito. Por esse motivo, uma intensa troca de informações entre
os dois hemisférios deve ocorrer para integrar, a nível pré-motor, tanto a programação fonética,
quanto a prosódica. A troca inter-hemisférica dessas informações é feita através do corpo caloso.
Devido a essas interações inter-hemisféricas, um mesmo fonema vai ser produzido de maneiras
bem diferentes, dependendo do contexto de frase e prosódico em que estiver inserido. Este é um
fato complicador para o processo de reconhecimento dos fonemas produzidos pelo falante, a nível
do córtex auditivo e verbal do ouvinte. (Rocha, 1999, p.82-83)
Quando ocorre uma lesão na região do córtex do giro frontal inferior do hemisfério esquerdo,
ocorre a afasia de Broca, que é considerada uma afasia não-fluente, ou seja, não há linguagem
expressiva (Muszkat  e Mello, 2009).
A outra área relacionada à linguagem chama-se área de Wernicke. Esta área está localizada na
primeira circunvolução temporal esquerda, entre os lóbulos temporal e parietal, sendo responsável
pela organização auditiva da fala (Muszkat  e Mello, 2009).
As afasias de Wernicke são afasias fluentes, em que há déficit de compreensão das palavras e
frases da língua falada. Os sujeitos com esta afasia, dessa forma, perdem a capacidade de
compreender a linguagem (Muszkat  e Mello, 2009; Rocha, 1999).
É possível, ainda, relacionar a neurofisiologia da linguagem a cada uma das facetas da língua,
sendo elas a fala, a leitura, a escrita e a audição.
A fala necessita de uma elaboração pré-linguística, ou seja, antes de falarmos, precisamos
organizar os signos linguísticos em nosso pensamento. A área cerebral que controla o sistema
fonatório é a área de Broca, mas para que consigamos falar, também é necessária a movimentação de
outros órgãos, como a mandíbula, a língua, os músculos torácicos e o diafragma.
Para que nossa fala seja desenvolvida, é necessário que ocorram diferentes eventos, como a
definição das posições de articulação dos diversos fonemas; o cálculo dos movimentos para produzir
estes fonemas; o cálculo das trajetórias para as transições entre os diferentes fonemas em uma frase e
a modulação da motricidade para inserção das influências da prosódia. Ainda, é interessante verificar
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que o aparelho fonador da criança e do adulto é diferente. Quando nasce, a criança tem trato vocal
mais curto, a forma da língua é diferente e a laringe está em posição mais alta que a do adulto,
motivo pelo qual as crianças pequenas têm dificuldade em produzir certos sons. Essa diferença vai
diminuindo à medida que a criança cresce e se desenvolve (Rocha, 1999).
A leitura em voz alta, de acordo com Rocha (1999), envolve o reconhecimento visual das palavras,
a ativação da área de Wernicke e a utilização da área de Broca para a fonação das palavras.
Entretanto, para que seja possível lermos (em voz alta ou de forma silenciosa), é necessário que os
dois hemisférios entrem em ação. O hemisfério esquerdo irá processar as informações verbais, seriais
e temporais, enquanto o hemisfério direito responsabiliza-se pelas análises visuais, espaciais e
holísticas.
Além da ativação das áreas da linguagem, a escrita requer controle geral da motricidade para
que nossa mão realize o processo de escrever. Assim, ocorre uma integração do sistema visual e
auditivo que facilita o planejamento do controle da mão.
A audição é possibilitada por nosso ouvido, que está contido a maior parte no osso temporal do
crânio. O ouvido se constitui de orelha externa, média e interna (composta pelo labirinto e pela
cóclea). O cérebro precisa primeiramente ligar as ondas sonoras que entram pelos ouvidos, testando
as diferenças nos sons e decodificando o significado do que foi ouvido. Esse trabalho de
processamento das relações significativas entre as frequências sonoras é realizado pelos neurônios
localizados no sistema nervoso central (Rocha, 1999; Muszkat  e Mello, 2009). Assim, com a ativação
de diferentes regiões em uma orquestrada organização, o cérebro permite que nos comuniquemos,
seja de forma oral ou escrita.
TEMA 2 – MORFOLOGIA E EVOLUÇÃO HUMANA
De que forma a morfologia se relaciona- à evolução para nos proporcionar a linguagem? Já
sabemos que a linguagem evoluiu junto com nosso cérebro, mas o que foi necessário em nosso
corpo para que pudéssemos chegar onde estamos hoje?
Henrique (2016) afirma que a articulação de palavras só é possível por conta de mudanças
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específicas que tivemos em nossa estrutura da boca e garganta. Ao compararmos a laringe dos
humanos com a dos primatas, percebemos que a nossa é muitomais baixa. Ao longo de nossa
evolução, a laringe mudou de posição, ocasionando um espaço entre a laringe e a faringe, o que
permite que consigamos produzir sons nasais, entre outros, o que não era possível aos nossos
“primos” (ancestrais). Esse fato possibilitou o aparecimento da linguagem.
A mudança de posição da laringe ocorreu pela alteração também da posição do osso hioideo. O
osso hioideo se localiza na parte anterior do pescoço, abaixo da mandíbula, e funciona como base
para quatro cartilagens. A laringe se posiciona entre os músculos que ficam na região do entorno do
osso hioide (Henrique, 2016).
Esses músculos sustentam toda nossa estrutura maxilar e bucal, permitindo que produzamos e
articulemos sons, além de mastigar e engolir (Henrique, 2016).
Figura 2 – Osso hioide e sua localização
Crédito: SciePro/Shutterstock.
Mas não é apenas a mudança de posição da laringe que permite que os humanos modernos
consigam desenvolver sua linguagem. O linguista Daniel afirma que o esqueleto
humano evoluiu nos últimos sete milhões de anos e que há características que nos diferenciam de
outras espécies, como o bipedismo, a encefalização, a otimização da visão, a diminuição do tamanho
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do tubo digestivo, a formação da arcada dentária em formato de U, o desenvolvimento do queixo,
entre outras.
O processo de encefalização também foi importante para nossa evolução e a evolução da
linguagem. Com a caixa encefálica maior, o cérebro também aumentou de tamanho, possibilitando o
desenvolvimento do pensamento (Everett, 2016).
A mudança em nossa arcada dentária foi muito importante para a linguagem. Os dentes do
homem moderno são menores se comparados aos neandertais. Com dentes menores, há mais espaço
para a articulação de diferentes consoantes e para uma melhor ressonância das vogais, o que por
consequência, aumenta a variedade de sons articulados (Everett, 2019).
Foram necessárias diversas mudanças estruturais e cerebrais para dar conta da aquisição e
evolução da linguagem, cognição e pensamento, responsáveis por nos trazer onde estamos hoje.
TEMA 3 – CARACTERIZAÇÃO DA LINGUAGEM
Como podemos caracterizar a linguagem humana? Do que ela é composta?
Como verificamos em aulas anteriores, a linguagem é muito mais do que apenas fala e escrita.
Segundo ), todas as manifestações de vida em nós seres humanos podem ser
consideradas como linguagem, e ainda, todas as formas como nos comunicamos são linguagens – há
a linguagem musical, a linguagem artística, a linguagem jurídica, a linguagem corporal e tantas outras
formas de linguagem.
No entanto, vamos nos ater neste tópico à linguagem verbal, aquela que utilizamos em uma
conversação, em uma carta ou a que estamos utilizando nesta aula!
De acordo com Faraco (2012), a linguagem verbal é característica básica da humanidade,
havendo uma relação de mútua dependência entre as duas.
A linguagem verbal humana se caracteriza por diversas particularidades e encontra diversas
características importantes para existir. De acordo com Faraco (2012), algumas características são
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específicas da linguagem humana: nós conseguimos articular infinitos enunciados; os signos
linguísticos não estão limitados à situação imediata, ou seja, conseguimos falar sobre o passado e
sobre o futuro, conseguimos falar sobre situações hipotéticas ou imaginárias, conseguimos falar
sobre coisas/pessoas/situações que estão longe de nós e conseguimos mentir; os signos também
permitem uma significação figurada, ou seja, não há uma significação fixa para eles, mas é na
utilização dos signos (e na junção deles em frases e histórias) que damos a significação a cada um.
Assim, vamos compreender as características mais importantes da linguagem verbal, pois não
seria possível elencar todas as características existentes, uma vez que:
Diante de todo esse quadro praticamente inesgotável de recursos é que podemos afirmar que uma
língua é um universo infinito e em contínuo movimento. Mesmo que conseguíssemos juntar num
mega dicionário todas as palavras da língua (com os diferentes sentidos de cada uma delas) e
conseguíssemos apresentar numa mega gramática todos os princípios que regem a construção dos
enunciados estruturalmente possíveis na língua (cobrindo toda a gama de suas variedades), ainda
assim a língua como tal nos escaparia. (Faraco, 2012, p.43)
Assim, é necessário que alguns sistemas estejam ativos para que a linguagem (e nossa língua) se
desenvolva:
O uso pragmático da linguagem está relacionado a como o falante a utiliza em sua comunicação.
Assim, entendemos como a linguagem funciona em contextos situacionais e comunicativos,
compreendendo que há alterações, regras reguladores e um sistema social que levamos em conta ao
utilizar a linguagem. O uso pragmático da linguagem, portanto, “envolve o conhecimento
sociolinguístico que representa as regras culturalmente determinadas que regulam como a linguagem
deve ser usada em certos contextos sociais (Almeida e Rocha, 2009, p.71).
A estrutura fonológica refere-se à produção e à percepção dos sons. Esta é a capacidade de
entendermos auditivamente as palavras e sentenças, ao mesmo tempo em que verbalizamos esses
sons. Cabe à essa capacidade o que é denominado consciência fonológica, “a consciência fonológica
diz respeito à habilidade de conscientemente manipular não apenas os sons individuais, mas também
as sílabas, as partes das sílabas (rimar) e as palavras” (Silva, 2020).
A estrutura morfológica diz respeito à combinação das palavras em orações e sentenças. A
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morfologia está relacionada à formação das palavras do ponto de vista da fala, do sentido e da
estrutura gramatical, desde a formação das palavras até sua combinação em sentenças para dar
sentindo a uma frase (Cagliari, 2002).
Uma pessoa comum consegue segmentar palavras pelo significado de alguns elementos, cujo
reconhecimento é mais fácil ou familiar, comparando palavras entre si. Por exemplo, algodoal,
laranjal, bananal, etc. revelam que há a referência a um produto agrícola: algodão, laranja, banana -
e uma referência à plantação desses produtos. Este último significado aparece porque a palavra
original foi acrescida de um sufixo -al. O significado é, pois, um bom ponto de partida para
segmentar palavras e revelar sua estrutura interna. (Cagliari, 2002, p. 28)
Por fim, o sistema semântico refere-se ao sentido da palavra e da linguagem. É por ele que
entendemos o que o outro quer dizer e vice-versa. O sistema semântico, dessa forma, traz significado
à conversação e comunicação.
A língua está, portanto, em contínuo movimento. Isso ocorre porque a nossa experiência
enquanto humanidade também está sempre em movimento, “o ilimitado e a dinamicidade da língua
têm a ver com o ilimitado e a dinamicidade da vida humana” (Faraco, 2012, p.13).
TEMA 4 – CAPACIDADE LINGUÍSTICA
No tema anterior, relembramos que a linguagem é muito mais abrangente que apenas a
linguagem verbal. De acordo com Faraco (2012), a linguagem é um conjunto complexo de
comunicação e significação que nos constitui como seres históricos e individualiza a nossa espécie.
A linguagem se desenvolveu e tem se desenvolvido por um motivo bastante específico e
importante: comunicar. A comunicação é necessidade básica de sobrevivência, assim como comer e
dormir. Entretanto, ao contrário dessas necessidades, a comunicação e a linguagem nãose
manifestam naturalmente, mas passam por um processo de aquisição e aprendizagem (Fiorin, 2013).
A aprendizagem da linguagem verbal se dá por meio de uma língua e a primeira língua
aprendida é chamada língua materna. A língua, sendo viva, modifica e é modificada pelas relações
humanas.
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A língua, dada sua importância nas relações humanas, é mote para histórias, estórias e literatura.
Ela é o Verbo, é motivo de dispersão e êxodo em Babel. Ela é musa e inspiração de poetas. Ela é
objeto de estudo desde a Grécia Antiga (ou antes) até os períodos atuais.
Pode-se afirmar que cada língua se desenrola de uma maneira diferente, e é aprendida e
organizada de formas distintas. Essas mudanças entre línguas também influenciam o modo como
vivemos e percebemos o mundo ao nosso redor. As conexões realizadas para aprender e utilizar uma
língua atingem a forma como compreendemos a vida, a moral, as emoções e a nossa própria
aprendizagem.
A língua, aqui representada pela palavra, mostra-se fundamental na interação com o outro e,
logo, na aquisição de conhecimento. Essa importância da palavra é explicada por Bondía (2002),
quando este afirma que nós somos a própria palavra, não existimos enquanto não verbalizamos e
ainda, que tudo surge a partir da palavra, uma vez que não pensamos com pensamentos, mas com
palavras. Afinal, são as palavras que orientam nosso pensar.
De acordo com Nunes e Vieira (2020), o conhecimento acerca da língua depende da consciência
sobre ela, de modo que quanto mais percebemos e entendemos a língua, mais o nosso uso se torna
consciente. Os autores apresentam três níveis de consciência linguística: o inconsciente, quando não
se encontra na consciência; o plenamente consciente, quando é possível refletir inteiramente acerca
de determinado assunto e, no meio, há a sensibilidade linguística, quando se sabe que determinado
assunto existe, mas nem por isso pensa-se sobre ele.
Chomsky (1998) afirma que não é possível separar as partes da língua, nem dizer o que vem
primeiro e o que vem depois. Para a audição, há uma ordem, primeiro o som e então o significado;
mas do ponto de vista da fala e da própria linguagem não há uma ordem – se primeiro é questão
fonológica e depois a semântica ou o contrário – “a linguagem em si mesma é um sistema de
informação armazenada, e num sistema de informação armazenada nada vem primeiro. Cada uma
das partes está simplesmente lá (Chomsky, 1998, p.63).
TEMA 5 – PREJUÍZOS NO PROCESSO DA LINGUAGEM
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Ao longo das nossas aulas, verificamos a importância e necessidade da linguagem para nós,
humanos. Além disso, também identificamos que há diferentes dificuldades relacionadas à linguagem,
as quais podem atrapalhar nossa comunicação. Também apuramos que a linguagem que temos hoje
é decorrente de uma evolução biológica e sociológica. Essa evolução nos proporcionou mudanças
estruturais e cerebrais que propiciaram nossa linguagem.
Mas a evolução responsável por propiciar um pensamento mais elaborado e completo junto da
linguagem também nos trouxe desvantagens e possíveis prejuízos.
Uma das mudanças que proporcionou o surgimento e evolução da linguagem foi o crescimento
do nosso cérebro. Para que ele pudesse crescer, nossa caixa craniana também precisou expandir e
criar uma incompatibilidade feto-pélvicas, ou seja, o tamanho da cabeça do bebê tornou-se maior
que a pelve da mãe, o que ocasionou um parto muito mais arriscado. Para que o bebê conseguisse
nascer, o parto também passou a ser antecipado (Vieira, 2010).
Como o parto foi antecipado, os bebês nascem com o cérebro imaturo, tornam-se dependentes
por muito mais tempo e o processo de desenvolvimento (com relação a outros animais) se torna mais
demorado.
A seguir, verificamos a diferença nos tamanhos das cabeças desde os Australopitecos até o Homo
Sapiens:
Figura 3 – Evolução do crânio
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Crédito: Usagi-P/Shutterstock.
Outros prejuízos também apareceram por conta do tamanho do cérebro, como a dificuldade de
regular a sua temperatura, sonos longos e vulnerabilidade psicopatológica.
Outras modificações anatômicas, como a da faringe, também trouxeram desvantagens. A forma
que temos de boca, maxilar, faringe, entre outros órgãos da cavidade oral não permite que
respiremos e engulamos ao mesmo tempo, dessa forma, o risco de engasgamento é acentuado.
 Há também a facilitação do contágio de doenças pelas vias aéreas, uma vez que, durante a
nossa fala, emitimos centenas (se não, milhares) de microgotículas de saliva no ar. Se estivermos com
alguma doença transmissível, ela facilmente se espalha pelo ar.
Ainda assim, apesar das desvantagens, a linguagem e a possibilidade de comunicação nos dão
vivências e experiências que nossos ancestrais não puderam experimentar.
NA PRÁTICA
Nesta aula, compreendemos que a linguagem, principalmente a verbal, é característica da
espécie humana e é habilidade desenvolvida com vistas à comunicação e sobrevivência.
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Vamos, agora, fazer um exercício de imaginação. Primeiro, lembre-se do seu cotidiano. Quais são
as atividades que você desenvolve todos os dias? O que você faz desde que acorda e levanta da sua
cama até o momento em que deita novamente para descansar?
Com base nisso, faça este exercício: comece a retirar todas as interações realizadas ao longo do
dia. Como seria seu dia a dia sem nenhuma comunicação? Tanto a comunicação falada quanto a
escrita. Como seria seu dia sem o celular, a rede social, a conversa com um amigo ou familiar? Depois
disso, retire também as outras linguagens, como a música, as artes e outras linguagens presentes em
seu dia. O que restaria para você? Seria possível realizar todas as suas atividades cotidianas sem se
comunicar e sem utilizar a linguagem?
Agora, reflita sobre a importância da linguagem em sua vida, não apenas para sobrevivência, mas
para suas vivências e experiências de vida.
FINALIZANDO
Nesta aula, estudamos os seguintes conteúdos:
As principais áreas referentes à linguagem: área de Broca e área de Wernicke;
As áreas cerebrais ativadas na leitura, na escrita, na audição e na fala;
A morfologia necessária para nossa linguagem: a laringe e o osso hioide;
A evolução morfológica e a linguagem;
As linguagens e a linguagem verbal;
A linguagem enquanto característica básica do ser humano;
Sistemas da linguagem: uso pragmático, estrutura fonológica, estrutura morfológica e sistema
semântico;
A capacidade linguística;
A língua como interação;
Os níveis de consciência linguística;
Os prejuízos atrelados à linguagem a partir da evolução.
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REFERÊNCIAS
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e escolar. Cadernos de Comunicação e Linguagem. ISSN 1647-3485. v. 1, n. 2, p. 69-86, 2009.
BENJAMIN, W. Linguagem, tradução, literatura: filosofia, teoria e crítica. 1. ed. Belo Horizonte:
Editora Autêntica, 2018.
BONDÍA, J. L. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Revista brasileira de
educação. 2002.
CAGLIARI, L. C. Questões de morfologia e fonologia. Campinas: L.C. Cagliari, 2002.
CHOMSKY, N. Linguagem e mente: pensamentos atuais sobre antigos problemas. Brasília:
Editora Universidade de Brasília, 1998.
EVERETT, D. Linguagem: a história da maior invenção da humanidade. SãoPaulo: Contexto,
2019.
FARACO, C. A. Linguagem, escrita e alfabetização. São Paulo: Contexto, 2012.
FIORIN, J. L. Introdução ao pensamento de Bakhtin. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2016
HENRIQUE, D. A evolução do Homo sapiens e o desenvolvimento da fala. Revista Só
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MUSZKAT, M; MELLO, C. B. Neurodesenvolvimento e linguagem. In: BARBOSA, T. (Org). Temas
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NUNES, N.;VIEIRA, A. Con(s)ciência linguística: a etimologia e a ironia do significado das
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1999.
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<http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes
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(rimar)%20e%20as%20palavras>.Acesso em: 8 dez 2020.
VIEIRA, A. Evolução humana e origem da linguagem. Revista Expresso, set. 2010. Disponível
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