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AULA 06 - NEUROLINGUÍSTICA

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NEUROLINGUÍSTICA
AULA 6
Prof.ª Larissa Priscila Bredow Hilgemberg
UNINTER - NEUROLINGUÍSTICA https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c=/gradNova/20...
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CONVERSA INICIAL
Nesta aula, vamos estudar a relação entre linguagem e cognição. Para isso, relembraremos as
principais áreas cerebrais responsáveis pela linguagem, analisando mapas cerebrais; entenderemos de
que forma se dá a aprendizagem no cérebro; retomaremos o papel da neurolinguística e refletiremos
sobre o papel social da linguagem. Esses temas serão trabalhados a partir dos seguintes tópicos:
1. Mapa cerebral da linguagem;
2. Comportamento do cérebro e a aprendizagem;
3. Funções cognitivas;
4. Neurolinguística;
5. A linguagem como função social.
TEMA 1 – MAPA CEREBRAL DA LINGUAGEM E COGNIÇÃO
Nas aulas anteriores, aprendemos que o cérebro está dividido em hemisfério direito e esquerdo.
Vimos também que ele divide-se em cinco lobos ou lóbulos: parietal, frontal, temporal, occipital e
límbico, cada um responsável por uma habilidade. Todos eles relacionam-se direta ou indiretamente à
linguagem.
Vamos relembrar o mapa cerebral com relação aos lobos a partir da figura a seguir:
Figura 1 – Hemisférios do cérebro humano
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Crédito: Songkram Chotik Anuchit/Shutterstock.
Há uma teoria sobre a divisão do cérebro apresentada por MacLean (1970 , citado por
Mograbi, 2015) que explica o funcionamento do cérebro humano a partir de três camadas. A primeira,
chamada de cérebro protoreptiliano (ou reptiliano), seria o eixo mais básico do sistema nervoso,
responsável pelos instintos, reflexos e sensações, e composta pela medula espinhal, tronco cerebral,
cerebelo, diancéfalo e gânglios basais. A segunda camada, denominada paleomamífero, é composta
pelo sistema límbico – hipocampo, amígdala, giro cingulado, giro para-hipocampal, tálamo,
hipotálamo e fórnix – e é responsável pela regulação das emoções. Por fim, a última camada,
denominada neomamífero ou neocórtex, é a parte “pensante” do cérebro, responsável pela
aprendizagem, linguagem, racionalidade, entre outras habilidades, sendo composta pelos lobos.
Na figura 2, vemos o esquema da divisão do cérebro segundo a Teoria de Cérebro Triuno:
Figura 2 – Evolução do cérebro
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Crédito: Designua/Shutterstock.
De acordo com a teoria, o que consideramos lobo límbico seria a segunda camada do cérebro, o
paleomamífero. Em relação à teoria do cérebro triuno, Carl Sagan (1985) afirma que as principais
abstrações realizadas pelo neocórtex são as linguagens simbólicas, principalmente a leitura, a escrita e
a matemática.
É notável e relevante que os pacientes portadores de lesão cerebral possam ser inteiramente
competentes na linguagem falada e inteiramente incompetentes na linguagem escrita, ou vice-versa.
Eles podem ser capazes de escrever, mas incapazes de ler; capazes de ler números, mas não letras;
capazes de identificar os objetos pelos nomes, mas não as cores. Existe no neocórtex uma acentuada
separação de funções, que é contrária às noções comuns de que a leitura e a escrita, ou o
reconhecimento de palavras e números, representam atividades muito semelhantes. (Sagan, 1985, p.
50)
Também já aprendemos que as áreas de Broca e Wernicke são responsáveis pela fala e audição
humanas. A área de Broca está localizada na circunvolução frontal inferior no hemisfério esquerdo,
correspondendo à área 44 de Brodmann. Ela é responsável por gerar sinais para a musculatura
produzir sons significativos. Por sua vez, a área de Wernicke está localizada no segmento do giro
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temporal superior, correspondendo às áreas 22, 37, 39 e 40 de Brodmann, e organiza o componente
léxico-semântico da linguagem (Pereira; Reis; Magalhães, 2003).
As áreas de Brodmann consistem em regiões funcionais correspondentes às diversas funções que
nosso cérebro é capaz de realizar, e recebem esse nome em homenagem ao seu descobridor,
Korbinian Brodmann.
Retomando as áreas de Broca e Wernicke, é importante ressaltar que ambas se conectam por
uma rede de fibras nervosas chamada fascículo arqueado. Essa conexão é bidirecional, ou seja,
comunicam Broca a Wernicke e de Wernicke a Broca. O fascículo arqueado é formado por axônios de
neurônios curtos em forma arqueada, razão pela qual recebe esse nome (Saint-Anastasie, 2020).
Além de fazer a conexão entre Broca e Wernicke, as principais funções do fascículo arqueado são
informar sobre o som, proporcionar a capacidade de repetição, a aprendizagem de palavras, a
percepção musical e a habilidade de escrita.
 A seguir, vamos verificar a localização do fascículo e das áreas de Broca e Wernicke:
Figura 3 – Localização das áreas de Broca e Wernicke e fascículo cerebral
Crédito: Songkram Chotik Anuchit/Shutterstock.
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A seguir, resta-nos compreender a relação entre linguagem e cognição. Vygotsky (1934) afirma
que as conexões entre palavra e pensamento e aprendizagem e linguagem se dão de forma
intrínseca, mudando e moldando-se a partir das necessidades e desafios propostos pelas relações
sociais.
De acordo com Morato (2016), a cognição é um conjunto de processos motivados com os quais
atuamos que resultam das nossas múltiplas experiências. Para a autora, não é possível separar a
linguagem da aprendizagem.
Se formos estudar cada um dos lobos, verificaremos que a cognição está conectada direta ou
indiretamente a cada um deles, assim como a linguagem. No processo de aprendizagem, utilizamos e
desenvolvemos diversas habilidades, como pensamento e raciocínio (Lobo Frontal), recepção e
processamento sensorial (Lobo Parietal), memória (Lobo Temporal) e visão (Occipital).
Por fim, Morato afirma que:
Linguagem e interação são decisivas para o desenvolvimento cognitivo e para a sociabilidade
humana. Entre as teses associadas a essa perspectiva está a da indissociabilidade entre linguagem e
outros aspectos da cognição humana; a da plasticidade cerebral enquanto plasticidade sociocognitiva
(portanto, não inata e não baseada apenas e tão somente em mecanismos neurobiológicos); a do
contexto como construção sociocognitiva (e não mero entorno físico que ancora os atos de
significação); a da não dicotomia entre “fatores de ordem cognitiva” e “fatores de ordem social”. O
domínio empírico de exploração dessas teses revela uma grande preocupação com a visibilidade dos
dados e com a constituição de corpora linguísticos autênticos e sociolinguisticamente variados.
(Morato, 2016, p. 585)
Nos próximos temas, vamos compreender de forma mais aprofundada as relações entre
aprendizagem, linguagem, cérebro e interação.
TEMA 2 – COMPORTAMENTO DO CÉREBRO E A APRENDIZAGEM
Para que possamos aprender, nosso cérebro entra em ação e realiza conexões e ativações em
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diferentes áreas. Ainda que utilizemos outras partes do corpo e existam outros fatores envolvidos no
processo de aprendizagem, tais como o ambiente e as pessoas envolvidas, não é possível aprender
sem a ativação cerebral.
O processo de aprendizagem é um evento sináptico em que há duas etapas, a de aquisição e a
de consolidação. A etapa de aquisição ocorre quando novas sinapses surgem e modificam-se a partir
de sinapses já existentes. A etapa de consolidaçãoocorre quando há modificações bioquímicas e
moleculares referentes à memória (Ohlweiler, 2015).
Pantano e Zorzi (2009) afirmam que o cérebro é a matéria-prima do processo de aprendizagem,
tendo uma estrutura com cerca de 100 bilhões de neurônios que se comunicam entre si utilizando
prolongamentos curtos, os dentritos, ou longos, os axônios, e formando infinitas possibilidades de
conexões neuronais, as chamadas sinapses.
A cada novo estímulo, que gera um novo conhecimento, uma nova rede se forma conectando-se
às antigas, sendo infinitas as possibilidades de formação de redes. Assim, para que se estabeleça uma
adequada utilização destas conexões existe um sistema complexo de processamento que seleciona as
redes importantes para cada ocasião, a fim de possibilitar respostas rápidas a cada estímulo, seja ele
verbal ou não verbal. Por exemplo, se estamos estabelecendo um diálogo sobre borboletas, o sistema
nervoso central seleciona as redes neuronais em que este inseto está inserido, facilitando a fluidez e
ritmo da conversação. (Pantano; Zorzi, 2009, p. 13)
Assim, cada neurônio funciona como se fosse uma bateria elétrica. Quanto mais os usamos, mais
carregados eles ficam e mais aumentamos o número de conexões. Por outro lado, o desuso diminui
essas conexões, as quais formam-se por meio de sinapses que possibilitam a nossa aprendizagem.
Pantano e Zorzi (2009) identificam três fases da chamada lapidação cerebral. A primeira fase
ocorre no momento do nascimento. Ao nascer, o bebê tem uma perda significativa de neurônios,
uma vez que todos aqueles que não funcionam ou não têm serventia são descartados. Assim, esses
seriam os primeiros cortes da pedra bruta do nosso “diamante”. A segunda fase ocorre em torno dos
cinco anos, quando uma nova lapidação e descarte de neurônios acontece. Por fim, na adolescência
ocorre a última lapidação cerebral, fase em que a nossa massa cinzenta chega ao auge do lobo
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frontal.
Luria (citado por Ohlweiler, 2015) dividiu os sistemas funcionais – que são conjuntos de
neurônios responsáveis pelas funções cerebrais e que são a base da aprendizagem – em três
unidades: a primeira, de vigília, tem como função manter o estado de alerta do córtex cerebral e se
relaciona com a atenção; a segunda unidade é responsável pela recepção, análise e armazenamento;
e a terceira unidade se responsabiliza pela programação, regulação e verificação da atividade
cerebral.
Além dos neurônios, as células gliais também são importantes para o desenvolvimento da
aprendizagem pelo viés cerebral. As células gliais são células de suporte responsáveis pela
comunicação, sobrevivência e comunicação dos neurônios (Riesgo, 2015; Pantano; Zorzi, 2009).
Segundo Riesgo (2015), a aprendizagem ocorre no Sistema Nervoso Central, composto pelo
cérebro, cerebelo e medula. As diferentes aprendizagens ocorrem de diversas formas em nosso
cérebro, como é o caso da habilidade de atenção, requisito básico para que ocorra a aprendizagem,
que depende dos hemisférios cerebrais e de interações complexas entre as estruturas do tronco
encefálico e do córtex frontal. Por outro lado, aprendizados motores, como aquele envolvendo o
processo de aprender a andar, necessitam de estruturas profundas do encéfalo, incluindo o cerebelo.
A aprendizagem cerebral se dá por meio das práticas e exercícios de habilidades, necessidades,
motivação, repetição, curiosidade e do desenvolvimento neuro-cognitivo natural. O nosso cérebro
está sempre aprendendo, pois o processo de aprendizagem inicia no nascimento e continua por toda
a vida.
TEMA 3 – FUNÇÕES COGNITIVAS
O que é cognição? Quais são as funções cognitivas do cérebro? Vamos responder essas
perguntas ao longo desta seção.
De acordo com o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (2020), cognição refere-se à “função
da inteligência ao adquirir um conhecimento”.
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Fonseca (2014) indica que o termo cognição é sinônimo de ato ou processo de conhecimento, e,
para que esse processo ocorra, é necessária a ativação integrada de diversas ferramentas mentais,
como a atenção, a percepção, o processamento, a memória, o raciocínio, entre outros.
Assim, a cognição é um processo sistêmico, que “emerge do cérebro como o resultado da
contribuição, interação e coesão do conjunto de funções mentais” (Fonseca, 2014, p. 239). Por
conseguinte, nossa aprendizagem surge a partir das nossas habilidades cognitivas que estão
interligadas. Toda a arquitetura do funcionamento cognitivo é desenhada em nosso cérebro de forma
a permitir a interação contígua, contínua e holística da informação processada e, a partir disto, as
redes neuronais tornam-se uma rede neurofuncional especial apta para aprender (Fonseca, 2014).
Diferentes funções entram em jogo no desenvolvimento do sistema cognitivo. A linguagem, a
memória, a atenção e a percepção são extremamente importantes para o desenvolvimento da
aprendizagem.
Para Fonseca (2014), a função cognitiva do cérebro faz parte de uma tríade funcional de
aprendizagem humana, que é a grande responsável pela nossa aprendizagem. Nessa tríade,
encontramos a função cognitiva, a função conativa e a função executiva:
Figura 4 – Funções cognitiva, conativa e executiva
A função cognitiva é a responsável por processar o conhecimento. Embora menos estimuladas,
as demais funções são tão importantes quanto a primeira. Elas estão atreladas ao sistema límbico e às
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nossas emoções, sentimentos, motivação, temperamento e afetividade.
A função conativa se responsabiliza por sentir, registrar e internalizar o conhecimento. Além
disso, ela coloca em jogo três faces da aprendizagem: a de valor, a de expectativa e a afetiva, ou seja,
porque faço algo, o que faço e como me sinto acerca do que estou fazendo (Fonseca, 2014).
Por fim, a função executiva é importante para nossa adaptação ao meio, sobrevivência e
aprendizagem. É por meio das funções executivas que somos capazes de elaborar e organizar
estratégias, sustentar a atenção, ter inibição e autocontrole, avaliar e verificar respostas adaptativas
ou comportamentais, entre outras atividades. As funções executivas são complexos processos mentais
ativados e coordenados pelo córtex pré-frontal, que possibilitam aprender a aprender. Uma vez que o
córtex pré-frontal é a área do cérebro que lidera todas as outras do ponto de vista neurofuncional, a
função executiva coordena a cognitiva e a conativa (Fonseca, 2014).
A chave do sucesso na vida escolar é o treino dessas três funções, pois quanto mais antecipado
for o início da utilização e exercícios delas, mais cedo ocorrerá a consolidação de diferentes
aprendizagens.
Assim, a aprendizagem envolve as três funções, e para que seja legítima, deve integrar
harmoniosamente a todas.
TEMA 4 – NEUROLINGUÍSTICA
Nas aulas anteriores, vimos sobre a neurolinguística e sua importância tanto para entendermos
de que forma a linguagem verbal organiza-se em nosso cérebro quanto para identificarmos as
diferentes patologias da linguagem a fim de estudá-las. Vimos também nomes importantes na
neurolinguística, como Broca, Wernicke e Chomsky.
Nesta seção, vamos realizar uma breve linha do tempo e conhecer outros estudiosos e pesquisas
importantes para esse campo de estudo.
As primeiras pesquisas e preocupações dos estudiosos eram voltadas às dificuldades, transtornos
e patologias ligadas à linguagem. O olhar acercada linguagem sob outro viés, como o da
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aprendizagem da língua materna e de segundas línguas iniciou muito depois.
A existência de um papiro com escritos acerca da relação entre transtornos de linguagem e
lesões cerebrais, datado de cerca de 1550 a.C., mostra que já nos tempos do Egito Antigo havia
curiosidade e estudos preocupados em desvendar a linguagem (Pinheiro, 2012). Na Grécia Antiga,
Hipócrates de Cós (c. 460-377 a.C.) elaborou um conjunto de escritos médicos sobre a relação entre
mente e cérebro, além de se debruçar sobre os estudos da fala (Pinheiro, 2012).
Ao longo da Idade Média e Renascença, as pesquisas continuaram, ainda que de forma mais
escassa. Há algumas publicações e pesquisas realizadas ao longo do século XVII e XVIII, porém, esses
estudos não tiveram muita relevância.
Afirma-se que a neurolinguística surgiu em 1861 a partir dos estudos e pesquisas de Paul Broca
(1824-1880) acerca de um paciente, chamado de  “Senhor Tan” devido ao fato de esta ser a única
sílaba que ele produzia. Broca propôs que havia regiões específicas do cérebro relacionadas a
diferentes funções cognitivas, e que o cérebro de seu paciente apresentava uma lesão na base do
terceiro giro frontal esquerdo, impossibilitando-lhe a fala desenvolvida, patologia denominada pelo
estudioso de afemia (Pinheiro, 2012).
Carl Wernicke (1848-1905) baseou-se nos estudos de Broca e em 1874, propôs que haveria um
giro da linguagem específico que variava entre a área receptora e a área expressiva (mais tarde
denominadas respectivamente de área de Wernicke e área de Broca). Lesões em uma ou outra área
geraria uma afasia (Luchesa, 2020).
Ludwig Lichtheim (1845-1928) continuou as pesquisas a partir dos apontamentos dos dois
pesquisadores e em 1885, propôs que haveria uma terceira área da linguagem, porém sem
localização específica, que seria o centro conceitual da língua (Luchesa, 2020).
Os três pesquisadores citados trabalhavam suas teorias a partir do que chamamos de
localizacionismo, ou seja, a linguagem teria uma localização específica no cérebro. Essa teoria foi
criticada e refutada por pesquisadores posteriores. O primeiro estudioso a refutar essa ideia foi
Armand Trousseau (1801-1867), que concluiu que a inteligência sempre será prejudicada na afasia,
termo cunhado pelo próprio Trousseau (Luchesa, 2020; Pinheiro, 2012).
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Outros especialistas que negaram a teoria localizacionista e defenderam a abordagem anti-
localizacionista foram Sigmund Freud (1856-1939), Frances Pierre Marie (1853-1940) e John
Hughlings Jackson (1835-1911). Para eles, a afasia era uma desordem intelectual e unitária, não
havendo uma área específica relacionada somente à linguagem (Pinheiro, 2012).
De acordo com Pinheiro (2012), Jackson propôs uma teoria de organização neurológica, tendo
como base observações clínicas que o fizeram observar que a organização de processos mentais
deveria ser abordada não por áreas específicas do cérebro, mas a partir do nível de construção dos
processos desenvolvidos. Os estudos de Jackson contribuíram para o que viria a ser uma teoria do
sistema funcional e inspirou estudiosos como Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) e Aleksander
Romanovich Luria (1902-1977).
A partir de 1950, as teorias localizacionistas de Broca e Wernicke voltam a ser estudadas. Na
década de 1960, as teorias levantadas por Avram Noam Chomsky iniciam um novo momento na
neurolinguística. A teoria gerativista, embora não seja uma teoria voltada apenas à neurolinguística,
auxilia no entendimento de um novo olhar para a linguagem como um todo, bem como no
entendimento de casos afásicos.
Contemporaneamente, temos diversos pesquisadores e estudiosos debruçando-se sobre as
antigas teorias, aplicando-as e ressignificando-as em novas teorias. Entre eles, citamos Elisabeth
Ahlsén e Antonio Damásio.
TEMA 5 – A LINGUAGEM COMO FUNÇÃO SOCIAL
A linguagem verbal é característica da espécie humana e funciona como base para a nossa
comunicação e transmissão de pensamentos, ideias, anseios e cultura.
Vygotsky (1934) afirma que a primeira função da linguagem é social, ou seja, a utilizamos para
nos comunicar uns com os outros. Assim, a criança aprende a língua materna para entender e fazer-se
entender por aqueles que a rodeiam. Ela aprende a falar antes mesmo de pensar sobre o que é a
linguagem e compreender sua necessidade e importância. Antes de a criança ser capaz de realizar
operações lógicas, a palavra se mostra como substituta do gesto. 
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Não é apenas a linguagem que surge a partir das interações, mas também as funções cognitivas
superiores, que se fundamentam nas relações sociais. A linguagem torna-se a ferramenta de apoio,
pois é por meio dela que a cultura e os conhecimentos são interiorizados. Também é por meio da
linguagem que nós podemos interagir uns com os outros (Vygotsky, 1978).
A evolução da linguagem humana se deu em grande parte para atender nossas mudanças e
organizações culturais. A cultura e a transmissão de valores e crenças se mostra indispensável para a
vida humana, uma vez que é o conhecimento implícito de nossos papéis sociais em comunidade. E
nós não nascemos com este conhecimento, mas o adquirimos ao longo de nossa vida e para isto,
dependemos das muitas linguagens (verbal entre outras).
A capacidade de interpretar as informações culturais vem lentamente. Todos nascem fora de uma
cultura e uma língua. Nós todos somos parcialmente alienígenas quando saímos do útero de nossa
mãe (“parcialmente”, porque o aprendizado da nova cultura e da nova língua começa no útero).
Quando nascemos, somos separados do olhar que nossa mãe tem de sua cultura. Os nossos sentidos
nos fornecem informações. Mas leva tempo para interpretar o que estamos vendo, sentindo,
degustando, tocando e ouvindo. (Everett, 2019, p. 366)
Assim, embora seres humanos aprendam a utilizar a linguagem e a desenvolver a aprendizagem
por meio dela, as diferentes línguas e culturas são aprendidas de formas diferentes, pois as relações
sociais em diferentes partes do mundo ocorrem de forma díspar.
Além disso, não há como afirmar se uma habilidade vem antes da outra ou é mais importante do
que a outra. A linguagem não é um código computacional. Nós não desenvolvemos primeiro a
gramática para só então utilizá-la em nossas interações e cultura. A cultura, a gramática e o
significado estão vinculados em nossa linguagem (Everett, 2019).
Dessa forma, para que possamos entender as relações e interações humanas, além de aprofundar
nosso entendimento acerca das dificuldades de aprendizagem, devemos voltar nossa atenção para os
estudos da linguagem. Ao estudarmos o processamento da linguagem, desde sua evolução até as
complexas operações que ocorrem em nosso cérebro para que ela exista, seremos capazes de
compreender que linguagem e sociedade estão atreladas de forma que a existência de uma depende
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da existência da outra.
NA PRÁTICA
A atividade desta aula tem por objetivo a fixação e o entendimento do mapa cerebral. Você
consegue apontar, na figura 5, onde se localizam os itens listados abaixo?
Figura 5 – Mapa cerebral
Crédito: Taleseedum/Shutterstock.
FINALIZANDO
Nesta aula, estudamos os seguintes conteúdos:
Mapa dos lobos cerebrais;
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Cérebro triuno: protoreptiliano, paleomamífero e neomamífero;
Áreas de Broca e Wernicke;
Fascículo arqueado;
Cérebro como matéria-prima do processo de aprendizagem;
As três fases da lapidação cerebral;
Três funções cerebrais base para a aprendizagem: vigília, recepção e programação;
Conceito de cognição;
Função cognitiva do cérebro;
Tríade funcional de aprendizagem humana: cognição, conação e execução;
Histórico da neurolinguística;
Linguagem como função social;
Linguagem e cultura.
REFERÊNCIAS
COGNIÇÃO. In: Dicionário da Língua Portuguesa. Lisboa: Priberam Informática, 2020. Disponível
em: <https://dicionario.priberam.org/cogni%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 11 dez. 2020.
EVERETT, D. Linguagem: a história da maior invenção da humanidade. São Paulo: Contexto,
2019.
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LUCHESA, M. M. Neurolinguística. 1. ed. Curitiba: InterSaberes: 2020.
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MORATO, E. Das relações entre Linguagem, Cognição e Interação – algumas implicações para o
campo da Saúde. Linguagem em (dis)curso – LEMD, Tubarão, SC, v. 16, n. 3, p. 575-590, set./dez.
2016.
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