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Princípios processuais penais

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alicelannes alicelannes9@gmail.com www.alicelannes.com 
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS 
1. PRINCÍPIO DA INÉRCIA 
O juiz não pode dar início ao processo penal, pois isso violaria a sua imparcialidade. É materialização do sistema acusatório, 
ou seja, a clara separação entre as funções de acusar e julgar. 
Um dos arts. da CF que faz menção a esse princípio é o: 
Art. 129, I, CF: são funções institucionais do MP: promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei. 
Assim, a ação penal pública é de iniciativa privativa do MP, que é seu titular. Já a ação penal privada é de titularidade do 
ofendido. 
Entretanto, esse princípio não impede que o juiz determine a realização de diligências que entender necessárias para 
elucidar questão relevante para o deslinde do processo. Isso porque no processo penal, diferentemente do que ocorre no 
processo civil, vigora o princípio da busca pela verdade real ou material (e não a formal). Assim, no processo penal não há 
presunção de veracidade das alegações da acusação em caso de ausência de manifestação em contrário pelo réu, pois o 
interesse público pela busca da efetiva verdade impede isto. 
 
2. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL 
É a base do direito processual penal, pois todos os outros princípios, de uma forma ou de outra, encontram nele seu 
fundamento. 
Art. 5º, LIV, CF: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. 
Assim, ninguém poderá sofrer privação de sua liberdade ou de seus bens sem que haja um processo prévio, em que lhe 
seja assegurada toda a sorte de instrumentos de defesa. 
O princípio do devido processo legal tem como corolários os postulados da ampla defesa e do contraditório: 
Art. 5º, LV, CF: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o 
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 
 
2.1. OS POSTULADOS DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA 
Contraditório: estabelece que os litigantes têm o direito de contradizer os argumentos trazidos pela parte contrária e as 
provas por ela produzidas. 
Entretanto, esse princípio sofre limitações quando a decisão a ser tomada pelo juiz não possa esperar a manifestação do 
acusado ou a ciência do acusado possa implicar a frustração da decisão. 
alicelannes alicelannes9@gmail.com www.alicelannes.com 
Ampla defesa: não basta dar ao acusado ciência das manifestações da acusação e facultar-lhe se manifestar, se não lhe 
forem dados instrumentos para isso (entre esses instrumentos estão os recursos contra as decisões judiciais, direito à 
produção de provas, assistência jurídica integral e gratuita pela DP, entre outros). 
Ao contrário da defesa técnica (feita por advogado), que não pode faltar no processo criminal, sob pena de nulidade 
absoluta, o réu pode se recusar a exercer a autodefesa, fixando em silêncio no interrogatório, por exemplo (o que não 
impede que o acusado sofra as consequências da sua inércia). 
 
3. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE (PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA) 
Segundo a presunção de inocência, nenhuma pessoa pode ser considerada culpada e sofrer as consequências disto antes 
do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
Art. 5º, LVII, CF: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
Atenção: sentença penal condenatória é aquela que não pode mais ser modificada por recurso. 
Desse princípio decorrem duas regras: 
● Regra probatória: o ônus da prova cabe ao acusador 
● Regra de tratamento: o réu deve ser tratado como inocente 
Atenção: a existência de prisões provisórias (decretadas no curso do processo) não ofende a presunção de inocência, uma 
vez que não é uma prisão para cumprir a pena, e sim cautelar, para garantir que o processo seja devidamente instruído ou 
eventual sentença condenatória seja cumprida. 
STF e STJ: processos criminais em curso e inquéritos policiais em face do acusado não podem ser considerados como maus 
antecedentes, pois em nenhum deles o acusado foi condenado de maneira irrecorrível. 
Súmula 444 STJ: é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena base. 
STF e STJ: não há necessidade de condenação penal transitada em julgado para que o preso sofra a regressão do regime 
de cumprimento de pena mais brando para o mais severo. Nesses casos, basta que o preso tenha cometido novo crime 
doloso ou falta grave, durante o cumprimento da pena pelo crime antigo, para que haja a regressão, não havendo 
necessidade, sequer, de que tenha havido condenação criminal ou administrativa. 
STF e STJ: descoberta a prática de crime pelo acusado beneficiado com a suspensão do processo, o benefício da suspensão 
condicional do processo em razão do cometimento do crime deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das 
condições, não havendo necessidade de trânsito em julgado da sentença condenatória do crime novo. 
Cuidado: recentemente (em um habeas corpus) o STF relativizou o princípio da inocência permitindo que o cumprimento 
da pena pode se iniciar com a mera condenação em 2ª instância por um órgão colegiado, admitindo que a culpa já estaria 
formada nesse momento (apesar da CF entender que não), ainda que não tenha havido o trânsito em julgado. 
alicelannes alicelannes9@gmail.com www.alicelannes.com 
4. PRINCÍPIO DA ORBIGATORIEDADE DA FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS 
Art. 93, IX, CF: todos os julgamentos dos órgãos do judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena 
de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente 
a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse 
público à informação. 
Assim, quando o juiz indefere uma prova requerida, ou prolata uma sentença, deve fundamentar seu ato, dizendo em que 
fundamento se baseia para indeferir a prova ou para tomar a decisão que tomou na sentença. 
Esse princípio decorre do dever de transparência, em que o acusado e acusador devem saber exatamente em que o juiz 
se baseou, para verificar se ele agiu dentro da legalidade. 
Alguns pontos sobre a fundamentação: 
● A decisão de recebimento da denúncia ou queixa, apesar de possuir forte carga decisória, não precisa de 
fundamentação complexa 
● A fundamentação referida é constitucional, que é aquela na qual um órgão do judiciário se remete às razões 
expostas por outro órgão do judiciário 
● As decisões proferidas pelo tribunal do júri não são fundamentadas, pois os julgadores não possuem 
conhecimento técnico, proferindo seu voto conforme sua percepção de justiça 
 
5. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE 
Os atos processuais e as decisões judiciais serão públicas, ou seja, de livre acesso a qualquer do povo. 
A CF determina que os julgamentos dos órgãos do judiciário serão públicos, e esses “julgamentos” são entendidos como 
qualquer ato processual. Entretanto, essa publicidade não é absoluta, podendo sofrer restrição: 
Art. 5º, LX, CF: a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse 
social o exigirem. 
A publicidade pode ser restringida: 
● Às partes e seus procuradores 
● Aos procuradores 
Existem casos (um crime de estupro, por exemplo) em que a publicidade será restringida até mesmo para a parte. Mas, 
aos procuradores (advogado, membro do MP, defensor etc), nunca se pode negar a publicidade dos atos processuais. 
 
 
 
alicelannesalicelannes9@gmail.com www.alicelannes.com 
6. PRINCÍPIO DA ISONOMIA PROCESSUAL OU PAR CONDITIO OU PARIDADE DE ARMAS 
Decorre da ideia que todos são iguais perante a lei. A lei processual deve tratar ambas as partes de maneira igualitária, 
conferindo-lhes os mesmos direitos e deveres. Exemplo: os prazos recursais devem ser os mesmos para acusação e defesa, 
o tempo para sustentação oral nas sessões de julgamento também deve ser o mesmo etc. 
 
7. PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
Embora não expresso na CF, grande parte dos doutrinadores o aceita como um princípio constitucional implícito, e prevê 
que as decisões judiciais devem estar sujeitas à revisão por outro órgão do judiciário. 
Exceção em que não haverá duplo grau: casos de competência originária do STF. 
 
8. PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL 
Art. 5º, LIII, CF: ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. 
Esse princípio estabelece que toda pessoa tem direito de ser julgada por um órgão do judiciário brasileiro, devidamente 
investido na função jurisdicional, cuja competência fora previamente definida. Logo, há vedação ao tribunal ou juízo de 
exceção, que são os criados especificamente para o julgamento de determinado caso. 
Atenção: as varas especializadas não ferem o princípio do juiz natural, uma vez que elas são criadas para otimizar o trabalho 
do judiciário e sua competência é definida de forma abstrata, e não por um fato isolado. 
Assim, proposta a ação penal, ela será distribuída para um dos juízes com competência pré definida para julgá-la. 
 
9. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO ÀS PROVAS ILÍCITAS 
Conforme o princípio do livre convencimento motivado do juiz, ele não está obrigado a decidir conforme determinada 
prova, podendo decidir da forma que entender justa, desde que fundamente sua decisão em alguma das provas produzidas 
nos autos. 
Assim, as partes podem produzir as provas que entendas ser necessárias, desde que não sejam obtidas por meios ilícitos. 
Art. 5º, LVI, CF: são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. 
Meios ilícitos = todos os meios em que para a obtenção da prova tenha que ser violado um direito fundamental de alguém. 
Atenção: a doutrina majoritária admite a utilização de provas ilícitas quando esta for a única forma de se obter a absolvição 
do réu. 
alicelannes alicelannes9@gmail.com www.alicelannes.com 
Segundo a teoria dos frutos da árvore envenenada, também é vedada a utilização de provas ilícitas por derivação, que são 
as obtidas licitamente, mas que derivam de uma prova ilícita. Exemplo: João é testemunha de um fato criminoso e, sob 
tortura, indica que Maria também presenciou o crime. Então, Maria é devidamente ouvida no processo como testemunha, 
e seu depoimento é usado para a condenação do réu. Nesse caso, apesar do depoimento da Maria ser lícito, ele foi obtido 
por meio ilícito (João só indicou Maria como testemunhada ocular do crime porque estava sob tortura). 
 
10. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO À AUTOINCRIMINAÇÃO OU NEMO TENETUR SE DETEGERE 
Tem por finalidade impedir que, de alguma forma, o Estado imponha ao réu alguma obrigação que possa colocar em risco 
o seu direito de não produzir provas prejudiciais a si mesmo. O ônus da prova é da acusação, e não do réu. 
Esse princípio implica nos seguintes direitos: 
● Direito ao silêncio 
● Inexigibilidade de dizer a verdade 
● Direito de não ser compelido a praticar comportamento ativo (para o comportamento passivo, como audiência 
de reconhecimento, ele pode ser compelido) 
● Direito de não se submeter a procedimento probatório invasivo 
● Direito à ampla defesa 
● Presunção de inocência 
 
11. PRINCÍPIO DO NON BIS IN IDEM 
Uma pessoa não pode ser punida duplamente pelo mesmo fato. Aliás, uma pessoa não pode, sequer, ser processada duas 
vezes pelo mesmo fato. 
Atenção: uma pessoa não pode ser duplamente processada pelo mesmo fato quando já houve decisão capaz de produzir 
coisa julgada material, ou seja, a imutabilidade da decisão. Quando a decisão não faz coisa julgada material, é possível 
novo processo. 
O princípio da non bis in idem abarca: (1) vedação à dupla condenação pelo mesmo fato; (2) vedação ao duplo processo 
pelo mesmo fato; e (3) vedação à dupla consideração do mesmo fato, condição ou circunstância na dosimetria da pena.

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