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NEVES, Eduardo Goés . História da Amazônia Antes da Conquista, 2005
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História da ~ - ----; História da ANTESDA NQUISTA EDUARDO CÓES NEVES ., CADERNOS DE ARQUEOLOGIA - 2 Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN . 1a SR 04 05 ~~~~~ ~ __ ~ __ ~~ __ ~~ ~~~~~~06 07 S E O INíC10 DA PR-º.!l~"ºAº,_Çg.R.1f\1JºtL.".""""" ...",""~",.".,,"",,º"~ E SOCIEDADES COMPLEXAS 10--------'--'--=+.".~~ S S~~OS ARQUEOLÓGICOS E CULTURAS DAAMAZÔNIA 11 , , , 14 ."'-I.'~UI~LOGIA - CADERNOS DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL APRESENTAÇÃO Este 2° Caderno de Educação Patrimonial trata de um tema muito especial, no campo da arqueologia, A História da Amazônia Antes da Conquista, cuja leitura vai pouco a pouco povoando questões que passam à margem da educação formal. Na verdade, um belo presente do Prof. Dr. Eduardo Góes Neves dedicado a 1aSR, pleno de sensibilidade e inteligência.Um tema de grande importância para a arqueologia brasileira, embora pouco conhecido pelo homem amazõnida. O texto reflete a experiência e a dedicação do arqueólogo nos seus dez anos de estudo e pesquisa nesta nossa continental e misteriosa Amazônia indígena. Patrimônio das águas, mitos, lendas e florestas. Aqui vive um povo solene, herdeiro da tradição ora e que resiste mesmo vivendo sob o ís, ainda hoje, ouve-se nas ta carapanãs, nos umbrais das casas as as víaqensde barco, como bem cita eves, a voz do índio ou do caboclo celebrando narrativas imemoriais, o que confere valor inestimável à palavra proferida, enquanto construção de uma identidade cultural. Considerando a ausência do documento escrito no período pré-colonial, a arqueologia torna- se fonte única e inesgotável de conhecimento sobre esse passado, marcado pela tradição oral, e nos abre portas para o entendimento da história dos nossos mais arcaicos ancestrais: os povos indígenas. É sobre essa cultura, distante no tempo e no espaço, inscrita na cerâmica e nos seus fragmentas arqueológicos que trata este Caderno, lançando uma nova perspectiva de aprendizagem na esfera da Educação Patrimonial ao privilegiar saberes e memórias subterrâneas. Se por um lado nos dá prazer e alegria à edição deste Caderno, fruto do Projeto Amazônia Central, cuja equipe de arqueólogos, sob a coordenação do Pro{ Eduardo G. Neves, tem caminhado lado a lado conosco na luta pela preservação do patrimônio arqueológico, por outro, causa-nos tristeza a perda brutal de um de seus· pesquisadores, no exato momento em que se comemorava os dez anos de um árduo e grandioso trabalho na Amazônia Central. Portanto, é com enorme pesar que o IPHAN, através de sua 1aSuperintendência Regional, dedica este Caderno, in memorian, ao arqueólogo, Prof. Dr. James Brant Petersen e às futuras gerações da Amazônia, na esperança de ler, em sua verde paisagem, uma outra história, que assimile o respeito sagrado pela vida e pela nossa cultura. Seja no céu ou na terra, saiba, Jim, que seu amor e dedicação pela Amazônia iluminarão sempre os nossos caminhos na defesa desse rico patrimônio arqueológico. Boa Leitura! Maria Bernadete Mafra deAndrade. Superintendente Regional do IPHAN/1 aSR 04 - ""éiZônia Antes da .smo temático ática, clara, conjunta e eó 090 Prof. Dr, Eduardo p'-"~;O. o a Amazônia, eza e a diversidade garculU·ra c;.. •• ~,,;u,."'!.~,·cos, já que as ~:"irir:lelnto sobre a ocupação o averão de ser preenchidas s; miras só possíveis mediante a eoIógicos - o grande os nós, e "' •..••"'-""tC>uede órgão a:::::UE:lO~ógiroe responsável políticas públicas nessa ...c:._.~"1rU r<>c~;.· ~-se a apoiar o IPHAN e e ção do ~~:>nTO sobre os bens arqueo ógicos da ;;azônia, e tem como pressuposto uma certeza: tal reta só poderá ser realizada satisfatoriamente com artícipação das comunidades na azonas, essas ações foram a sistemática, em 2004, no âmbito e antamento de Sítios e Coleções édio Amazonas, quando uma ; TESDA CONQUISTA equipe de educadores e a q eólogos visitou a sede dos municípios Itacoatiara, Parintins, Barreirinha, Boa Vista do Ramos, Maués, Urucurituba, São Sebastião do Uatumã, Itapiranga; Silves, Urucará e undá, no baixo Amazonas. Nessa expedição, foram cadastrados 61 sítios, visitados outros 46 já conh e ci do s , inventariadas 47 coleções arqueológicas aos cuidados de outras instituições e terceiros e 66 objetos avulsos. A informação sobre arqueologia atingiu cerca de 540 pessoas e foram realizadas oficinas em 11escolas. Em 2005, a proposta é dar continuidade ao trabalho, avaliando o estado de conservação dos sítios arqueológicos já conhecidos no município de Manaus e atualizar seus registros. Os objetivos perseguidos são, além de estabelecer parcerias locais, dispor de dados atualizados sobre os sítios, de maneira a permitir implementar, juntamente com as municipal idades, as medidas de proteção necessárias à sua preservação . O IPHAN agradece ao caro professor Eduardo Neves por aceitar o convite para a realização desta produção e tê-Ia concretizado com tanta competência. Catarina Eleonora Ferreira da Silva, Arqueóloga IPHAN Patrícia Maria Costa Alves, Chefe da Divisão Técnica 1a SR/IPHAN 05 A5.j~I:Ol'OGIA-CADER os DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL I. INTRODUÇÃO Existem diferentes maneiras de se aprender sobre o passado. Normalmente, essa aprendizagem se faz na escola, através da leitura dos livros. Em outros casos, pode-se aprender sobre o passado através das estórias contadas dos pais para os filhos, ao longo do tempo. Na verdade, é justamente fora da sala de aula, em conversas em longas viagens de barco, ou à noite na rede, que o conhecimento sobre passado é transmitido dos mais velhos para os mais novos de uma maneira mais viva e significativa. a Amazônia tem sido assim, desde que os primeiros índios aqui chegaram há mais de dez mil anos. a ela época, e em alguns casos até o presente, era apenas através da tradição oral, repetida de geração a geração, que a história dos povos indígenas era contada. eo oqía oferece uma outra maneira de re passado porque é a ciência ,'tõC'....ILJ""r es do, no presente, dos restos . dígenas que viveram há a res de anos atrá a maioria dos casos, esses povos não deixaran escrito sobre sua cultura, sua religião, suas foi.. ..> ••• de vida. O que resta apenas são objetos por eles produzidos e abandonados. É a partir do estudo desses objetos que sua história pode ser contada. O raciocínio empregado pelos arqueólogos é relativamente simples: ele funciona do mesmo modo que o de um caçador que, andando pelo mato, encontra um tapiri abandonado ou uma capoeira velha. Esse tapiri e essa capoeira indicam que aqueles locais, em algum momento do passado, já foram uma casa ou uma roça, que alguém ali já viveu ou plantou, mesmo que não haja ali nada escrito sobre essas atividades. Na Amazônia, a arqueoloqia apresenta uma perspectiva privilegiada para o entendimento da história dos povos indígenas que aqui viviam antes do início da colonização européia em 1500. O que é mais 06· interessante é que essa história parece ser diferente do que as crianças brasileiras, índias ou não, têm aprendido na escola, conforme será visto nesse texto. A região amazônica apresenta condições únicas para a realização de atividades de educação ligadas ao conhecimento, estudo e valorização do patrimônio arqueológico. Tais condições estão ligadas ao fato de que, na Amazônia, há uma forte continuidade cultural e biológica entre, por um lado, as antigas populações indígenas que ocuparam os sítios arqueológicos e, por outro, as populações caboclas e indígenas contemporâneas, dispersas pela vastidão da floresta e áreas ribeirinhas, pelas cidades do interior ou pelas grandes cidades como Manaus, Belém, Porto Velho Macapá, Boa Vista ou Rio Branco. Em outras partes do Brasil, atividades de educação patrimonial, voltadas para a arqueologia têm um caráter mais artificial, uma vez que houve em muitos casos uma total substituição das populações indígenas pré- coloniais por populações contemporâneas mestiças ou de origem européia, africana ou asiática. Em linhas gerais, há no interior da Amazônia pelo menos dois grupos sociais geralmente distintos. Em