Buscar

Identidade, Raça e Ações Afirmativas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

AULA ATIVIDADE ALUNO 
AULA 
ATIVIDADE 
ALUNO 
 
 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
 
Disciplina: Homem, Cultura e Sociedade 
Teleaula: 03 
 
Prezado (a) discente, seja bem vindo(a) 
 
A aula atividade tem a finalidade de promover o autoestudo das competências e 
conteúdos relacionados ao debate sobre Cultura, Identidade e Formação Nacional. A 
aula atividade terá a duração de 1h20min e está organizada em leituras e reflexões 
sobre “Identidade, raça, etnia e ações afirmativas” 
Siga todas as orientações indicadas e conte sempre com a mediação do(a) seu(sua) 
tutor(a) e a interatividade com a professora. 
Bons estudos! 
___________________***__________________ 
 
Avaliação de resultados de aprendizagem 
 
Objetivo da Atividade: 
Reconhecer a influência das diversas culturas na construção da identidade brasileira, 
tendo como orientação o debate sobre o etnocentrismo e o papel das políticas de ação 
afirmativas. 
 
Orientações do que fazer: 
Nas discussões propostas pela aula 3, você percebe a importância do olhar 
antropológico para a compreensão das contradições inerentes a formação do povo 
brasileiro, sua constituição e relação aos comportamentos preconceituosos e atitudes 
discriminatórias. Propõe-se, portanto, um debate orientado pela análise sobre como 
os indivíduos formam suas identidades. 
Historicamente, a formação da identidade de um povo está diretamente relacionada 
com à nacionalidade, ou seja, um dos elementos principais para construção da 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
identidade dos indivíduos é o país de onde nasce; contudo, não se pode perder de 
vista que, com a globalização e as mudanças ocorridas ao longo do século XX essa 
questão fica um pouco mais complexa. 
 Hoje, o debate em torno da identidade leva em conta muitos processos sociais, 
culturais, políticos e econômicos. Um dos elementos importantes para essa discussão, 
especialmente no Brasil, está relacionado à questão racial e étnica. Muitas pessoas 
argumentam, por exemplo, que no Brasil não existe mais índios, pois esses haveriam 
perdido sua cultura, outros que no Brasil é muito difícil dizer quem é negro, pois 
seríamos uma sociedade mestiça. 
 E você, como analisa essa questão? É possível falar em identidades indígenas 
no Brasil? E o ser negro, como define-se quem é negro? No que tange ao campo 
jurídico e legislativo, no Brasil existem políticas de ações afirmativas para a população 
indígena e negra, a reserva de um número de vagas para disputa entre negros e entre 
indígenas. Você considera que as ações afirmativas são políticas justas e necessárias? 
Partindo desses questionamentos, apresento fragmentos textuais que contribuem 
para o debate. 
 
Orientações de como fazer: 
 
1. Desenvolva a seguinte reflexão: O que faz o indivíduo sentir-se parte de um 
grupo e de sua história? Afinal o que é identidade nacional? 
 
2. O fragmento textual 1, “O que é ser indígena no Brasil hoje” apresenta uma 
análise sobre o processo de aculturação e a representação do senso comum de 
que os indígenas têm uma cultura imutável. Como explicar essa visão do senso 
comum sobre as identidades indígenas? 
 
3. A partir da leitura do fragmento textual 2, explique o que caracteriza a 
identidade racial? 
 
4. No fragmento textual 3, encontramos a seguinte afirmação: “ações afirmativas 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
vão além: realizam a justiça social, enquanto construção moral e política 
baseada na igualdade e nos direitos coletivos”. Comente a afirmação e 
justifique sua veracidade? 
 
Após realizar as anotações da atividade, solicitar ao(a) tutor (a) que encaminhem a 
síntese de entendimento dos conteúdos apresentados para que possamos interagir e 
dialogarmos sobre os conhecimentos. 
 
Fragmento textual 1 
O que é ser indígena no Brasil hoje, segundo 3 jovens e 2 antropólogos 
 
- Por que o senso comum nega aos indígenas sua identidade quando eles incorporam 
hábitos e tecnologias não indígenas ao seu dia a dia? 
PEDRO CESARINO - O senso comum desconhece a noção de cultura, que é um 
processo contínuo de transformação. Os povos indígenas sempre incorporaram 
hábitos e tecnologias seja uns dos outros, seja de sociedades vizinhas como os Incas, 
com os quais algumas etnias da Amazônia ocidental estabeleciam contato antes da 
invasão dos europeus. Toda cultura é por definição aculturada, isto é, resultado de um 
processo contínuo de apropriação de conhecimentos e práticas alheios. O senso 
comum pode até se dar conta de que tal processo acontece com a sociedade 
brasileira, que é mais brasileira quanto mais incorpora hábitos orientais, europeus ou 
africanos. Mas não quando se trata das sociedades indígenas. A ótica colonialista 
corrente imagina que índios são espécimes de museus, que devem permanecer 
sempre congelados para quem sabe, merecerem os seus direitos. Esquece-se assim de 
que os índios são pessoas reais, dotadas de tradições dinâmicas que, assim como 
outras tantas, são sempre traduções. 
RENATO SZTUTMAN - O "senso comum" - que expressa os valores da sociedade dita 
"moderna" - precisa manter os índios no passado. Sempre foi assim. Os índios são 
parte da pré-história do Brasil. Esse foi o jeito que o Ocidente encontrou para "amar" 
os índios. 'Os índios nos ensinam, entre outras tantas coisas, que é possível coexistir 
com os não índios sem renunciar aos modos de ser específicos’. Veja-se o tão famoso 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
indianismo na literatura brasileira; Índio "bom" é o índio suficientemente distante - no 
tempo, mas também no espaço. São índios "de verdade" os Tupinambá da época da 
Conquista, nos séculos 16 e 17, que chegam a nós pelos relatos de viagem e continuam 
a povoar nosso imaginário com seus lampejos de antropofagia. Ou então os Zo'é, 
também falantes de uma língua tupi-guarani, do Cuminapanema, no Pará, que até 
certo tempo eram categorizados "isolados", o que provocou o interesse retumbante 
de fotógrafos e videastas ávidos por imagens dos "últimos selvagens". 
Não são índios "de verdade", sob esta ótica, os Guarani (plenos falantes de outra 
língua tupi-guarani) espalhados por um vasto território que vai do Mato do Grosso do 
Sul passando por toda a costa Sul e Sudeste, uma vez que vivem na cercania de 
grandes cidades, comem comida de brancos, usam roupas, fazem uso de diferentes 
tipos de tecnologias. 'Ao se apropriarem de nossos hábitos e tecnologias estão criando 
algo, algo que não podemos muito bem dizer o que é ou o que será'. As culturas se 
transformam, são inventivas. Mas a maneira como cada uma se transforma depende 
sempre de um estilo particular. A ideia de que é um destino desejável a ruptura radical 
ou a adesão a um sistema-mundo homogêneo não é algo abraçado por todas as 
sociedades. Os índios nos ensinam, entre outras tantas coisas, que é possível coexistir 
com os não índios sem renunciar aos modos de ser específicos, que no mais das vezes 
se chocam com a ética do neoliberalismo. O problema, claro, é ao mesmo tempo 
conceitual e político. Pois exigir que os índios tenham uma cultura imutável, que eles 
não possam se apropriar de elementos exógenos é mantê-los à distância, no tempo e 
no espaço, é como promover um apartheid. 
O problema passa a ser quando os índios deixam de constituir um imaginário para se 
tornarem nossos vizinhos. Os Tupinambá do passado, os "primeiros habitantes do 
Brasil" que foram banidos de suas terras, podem ter sua cultura admirada. Mas os 
Tupinambá que, na virada do milênio, reivindicam sua ascendência indígena, fazendo a 
retomada de suas terras no sul da Bahia ou no Pará, são vistos como impostores, como 
mestiços que se fingem de índios para apropriar-se de pequenas porções de terra, 
detidas sabe-se lá como por latifundiários. E aqueles que os defendem, mobilizando 
conceitos que escapam à imutabilidade, são vistos como igualmente impostores. O 
direito de mudar torna-se, assim, o direito de mudar em umaúnica direção, a direção 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
do sistema-mundo neoliberal, isto é, um jeito de mudar que só conduz ao mesmo. 
Mas os índios estão sempre mudando ao seu modo particular. Ao se apropriarem de 
nossos hábitos e tecnologias estão criando algo novo, algo que não podemos muito 
bem dizer o que é ou o que será. Isso nos incomoda, pois acreditamos que 
conhecemos o sentido da história e que exercemos o controle sobre ele. 
- É possível definir os limites de onde começa e termina a identidade indígena no 
Brasil? 
PEDRO CESARINO - Essa definição não pode ser feita apenas da perspectiva do Estado. 
O Estado classifica e divide coletivos com critérios quantitativos e substantivos. Ele 
imagina que a identidade indígena tem um limite dado por sua noção engessada e 
equivocada de cultura. 'Não é bem a cor da pele ou o uso de um cocar que define o 
processo do parentesco, sempre dinâmico e flexível'. Assim, quantifica-se como 
indígena aquele que vive segundo uma noção arbitrária de tradição e exclui-se outros 
que não seguem tais padrões. Ora, os pressupostos indígenas são qualitativos: a 
identidade se dá de acordo com o parentesco, com um modo de vida que envolve um 
vínculo com a terra, com a alimentação e a manutenção de relações sociais. Não é bem 
a cor da pele ou o uso de um cocar que define o processo do parentesco, sempre 
dinâmico e flexível. Como quantificar essa dinâmica em um censo? A definição sobre a 
identidade, então, só poderia ser feita através de um amplo debate, no qual os 
pressupostos dos índios ocupariam o lugar central. 
RENATO SZTUTMAN - Definir "limites" é pressupor que temos o direito de dizer quem 
é e quem não é índio no Brasil. Índio é, antes de tudo, quem se reconhece como tal. 
Mas isso não é simples! Antropólogos como Manuela Carneiro da Cunha e Eduardo 
Viveiros de Castro têm reflexões brilhantes sobre esse problema. 
'Nomear-se índio é um ato de resistência. Como o é nomear-se negro, gay, trans'. 
Não vou aqui acompanhar seus argumentos, mas apenas improvisar a partir deles. 
Índios são aqueles que se reconhecem como tais, e não aqueles que são reconhecidos 
por nós. E esse reconhecimento se dá por múltiplos fatores, por exemplo, a relação 
com um determinado território ou ambiente, o que passa necessariamente por 
relações de parentesco e vizinhança, por histórias que circulam entre diferentes 
gerações. Como diz Viveiros de Castro em uma entrevista de 2006, "índio é quem se 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
garante". Isto é, aquele que para se reconhecer como tal tem o aporte de uma 
comunidade. Não se trata de uma questão individual, de foro íntimo. E essa 
comunidade tem de bancar um estilo de vida que escapa, digamos, à gramática de 
uma sociedade estatal neoliberal. Isso posto, há modalidades e modulações do "ser 
índio". Aliás, "índio" é uma categoria que fomos nós que impusemos a eles. Se hoje 
pode-se falar de um "movimento indígena", de uma "causa indígena" é porque foi 
construída historicamente uma conexão entre esses diferentes povos, que passaram a 
reconhecer formas de vida comuns, para além das disparidades e dos conflitos. 
(José Orenstein - 29 de abr de 2017 Disponível em: 
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/04/29/O-que-%C3%A9-ser-
ind%C3%ADgena-no-Brasil-hoje-segundo-3-jovens-e-2-antrop%C3%B3logos. Acesso 12 
de mar de 2021). 
 
Fragmento textual 2 
 
No Brasil, é sempre uma confusão: meu pai é branco, minha mãe é negra, tenho a pele 
clara e o cabelo crespo. Ou, meu pai é negro, minha mãe é branca, meu cabelo é 
cacheado, minha pele é clara e meu nariz é bem arredondado. Pele branca, pele 
negra... pele meio a meio... como o mundo te define e como você se define no 
mundo? O que é a identidade racial de uma pessoa? Afinal, o que eu sou? Essa 
incerteza de pertencimento é muito mais comum do que se imagina. 
(...) Tivemos centenas de anos de construção de um país sob um regime escravocrata 
que, com a tentativa de embranquecer a população, forçou a miscigenação a partir do 
abuso sexual de mulheres negras o que, posteriormente, daria pano de fundo para 
justificar erroneamente a chamada “democracia racial”. O fato é que, atualmente, 
somos um país bastante miscigenado, não só pelas chamadas raças brancas e 
africanas, mas por diversas etnias do mundo inteiro, sem contar a indígena. E 
classificar este processo sempre foi um desafio. No século XVIII, por exemplo, a 
sociedade brasileira era classificada entre índios civilizados, brancos e africanos e seus 
descendentes. No século seguinte, as classificações já haviam mudado: brancos, 
negros e mulatos. Hoje, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que atua 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
desde 1936, tipifica a sociedade em cinco categorias: branca, preta, amarela, parda 
(incluindo-se nesta categoria a pessoa que se declarou mulata, cabocla, cafuza, 
mameluca ou mestiça de preto com pessoa de outra cor ou raça) e indígena 
(considerando-se nesta categoria a pessoa que se declarou indígena ou índia). 
Nesta metodologia adotada, em cada domicílio brasileiro apenas uma pessoa 
responde por todos os moradores, valendo a “autodeclaração” da pessoa que está 
respondendo a pesquisa. A somatória da população preta e parda é o que configura, 
hoje, a população negra do país. 
No Brasil, a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) 
divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em maio, revelou 
um aumento na população que se autodeclara negra e uma redução na que se 
identifica como branca. Segundo a pesquisa, em 2018, a população branca 
representava 43,1% , a parda 46,5% e a preta 9,3%. Os registros do IBGE apontam que, 
se comparado com os últimos seis anos, a população que se declara negra aumentou 
em 4,7 milhões. Isso significa que no ano passado 19,2 milhões de pessoas passaram a 
se entender como negras (pretas ou pardas) no país. 
(...) A identidade racial ou grupal está ligada ao lugar que uma pessoa está relacionada 
na estrutura social. Ou seja, a identidade racial não é uma escolha do sujeito, elas 
estão relacionadas a uma ideia de raça construída historicamente no nosso país que 
está ligada ao fenótipo do sujeito. O Estatuto da Igualdade Racial define como 
“população negra o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, 
conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga. O preto seria caracterizado 
como uma identificação de cor e o negro como raça. 
E há uma complexidade maior quando analisamos, principalmente, a população parda 
do país. “A gente tem uma parcela de problemática na identidade racial para o que o 
IBGE classifica como pardo porque eles podem nascer fenotipicamente brancos ou 
negros”, explica Lia Vainer Schucman, doutora em Psicologia Social pela Universidade 
de São Paulo (USP). Para esta população, muitas vezes, o que vai definir seu grupo 
racial socialmente é a sua identificação enquanto sujeito, que está relacionada aos 
seus processos emocionais ou psíquicos, ou seja, com as identificações culturais ou 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
relacionais familiares; ou ainda como esta pessoa é lida pela sociedade. 
(Preto, pardo, negro, branco, indígena: quem é o que no Brasil? 
https://almapreta.com/editorias/realidade/preto-pardo-negro-branco-indigena-quem-
e-o-que-no-brasil . Acesso 12 de março de 2021). 
 
Fragmento textual 3 
O direito a uma política de discriminação positiva 
 
A prerrogativa do poder público de agir positivamente, assegurando a representação 
de grupos tradicionalmente excluídos do mercado de trabalho e dos processos de 
educação formal se consolidou no pós-guerra. (...)O projeto de Estado providência 
pressupõe uma igualdade substancial (material), na qual as políticas de discriminação 
positiva estão necessariamente inseridas. Essas políticasassumem que, para 
concretizar a igualdade material deve se assegurar um estímulo para que 
determinados grupos sociais estejam representados e sejam reconhecidos no mercado 
de trabalho e nas instituições de ensino, por exemplo. 
Ações afirmativas é uma denominação genérica para um conjunto amplo de políticas, 
das quais as cotas são tão somente uma das formas de execução. A “natureza 
multifacetária” das ações afirmativas visa a impedir que a discriminação se manifeste 
tanto formalmente quanto nas práticas cotidianas. Desde a adoção das políticas de 
ação afirmativa no Brasil, na década de noventa, a sua conformidade à Constituição 
brasileira de1988 tem sido objeto de estudo e questionamento judicial. 
Concretamente, o constitucionalismo contemporâneo seria o resultado de tensões 
entre um modelo liberal e social de Estado de Direito. A análise da constitucionalidade 
das políticas de discriminação positiva busca enfrentar a questão: “que espécie de 
igualdade veda e que tipo de desigualdade faculta a discriminação de situações e de 
pessoas, sem quebra e agressão aos objetivos transfundidos no princípio 
constitucional da isonomia?” 
No questionamento, restam implícitas outras discussões do direito constitucional, 
como os critérios de justiça distributiva e de justiça compensatória. De fato, as 
políticas públicas de ação afirmativa devem se prestar tanto a realização da justiça 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
distributiva quanto da reparadora. Logo, enquanto esta objetiva reparar os danos 
causados no passado, por isso devendo atingir a própria pessoa que sofreu a 
discriminação, aquela corrige as injustiças presentes. 
Fato é que a justiça meramente reparadora não modifica a situação de desigualdade, 
apenas a alivia. Assim, a ênfase na complementariedade entre justiça distributiva e 
compensatória, assinala que não se trata de casos isolados de discriminação, mas de 
repensar a forma como toda a sociedade tratou historicamente os grupos excluídos. 
Avançando nesse argumento, tendo em consideração o princípio da diversidade, 
sustenta se que as ações afirmativas vão além: realizam a justiça social, enquanto 
construção moral e política baseada na igualdade e nos direitos coletivos. 
A aplicação do princípio da igualdade, tendo em vista o nexo de causalidade entre a 
conduta analisada e o ordenamento constitucional é motivo de longa análise 
jurisprudencial, repercutindo em diversas áreas do direito. Reconhece se o caráter 
dúbio do princípio da igualdade a que se denomina o “paradoxo da igualdade”. De 
fato, toda igualdade de direito gera uma desigualdade de fato. 
Por sua vez, toda desigualdade de fato tem como consequência uma desigualdade de 
direito. Enfim, no debate constitucional parece ser consenso que a mera igualdade 
formal não efetiva quaisquer direitos. A simples “vedação da desigualdade, ou da 
invalidade do comportamento motivado por preconceito manifesto ou comprovado 
(ou comprovável), não pode ser considerado o mesmo que garantir a igualda de 
jurídica” 
(LOBATO, ANDERSON O. C.; BENEDETTI, EDUARDO J. B. NEGROS E ÍNDIOS: AÇÕES 
AFIRMATIVAS E A REALIZAÇÃO DA JUSTIÇA SOCIAL SOCIAL. JURIS, Rio Grande, 17: , 
2012, p.84-85. Disponível em: https://periodicos.furg.br/juris/article/view/3608/2155 
acesso em: 12. Mar. 2021) 
 
Preparando-se Para a Próxima Teleaula 
 
Prepare-se melhor para o nosso próximo encontro organizando o autoestudo da 
seguinte forma: 
1. Planeje seu tempo de estudo prevendo a realização de atividades diárias. 
 
 
 AULA ATIVIDADE ALUNO 
2. Estude previamente as webaulas e a Unidade de Ensino antes da teleaula. 
3. Produza esquemas de conteúdos para que sua aprendizagem e participação na 
teleaula seja proveitosa. 
4. Utilize a ferramenta de comunicação online para registro das atividades e 
atendimento às dúvidas e/ou dificuldades. 
 
Conte sempre com o(a) seu(sua) tutor(a) a distância e o professor da disciplina para 
acompanhar sua aprendizagem. 
 
Bons Estudos! 
Professora Maria Gisele de Alencar

Outros materiais