Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A Caolha Júlia Lopes de Almeida Sobre a autora Júlia Valentina da Silveira Lopes de Almeida, nasceu no Rio de Janeiro em 1862 e morreu em 1934. Participou das reuniões para formação da Academia Brasileira de Letras, mas ficou de fora por ser mulher. Seu marido, Filinto de Almeida, diz-se, foi eleito em sua homenagem. Análise A Caolha foi publicado em 1922. A autora faz, com peças do realismo brasileiro, a composição da vida ordinária e expressa uma necessidade de contribuir para a construção ideológica do Brasil República enquanto dá voz ao seu pensamento feminista. Amor de mãe A Caolha, conto escrito por Júlia Lopes de Almeida, reforça o estereótipo de mãe, no qual o amor incondicional está presente. Essa mãe foge aos padrões da sociedade da época, uma vez que cria seu filho sozinha, sofrendo diversas humilhações por parte de uma sociedade conservadora. Desconstrução da beleza feminina A tragédia anunciada no próprio título do conto, uma vez que há uma desconstrução da beleza da mulher. Aparência descuidada e deficiência física no olho esquerdo que a faz ser repugnante. Masculino X Feminino Caolha( maiúsculo) X Antonico (minúsculo). A Caolha é reconhecida pela sociedade por sua deformidade. Já Antonico é o único personagem masculino da trama e que possui um nome. Porém, o nome dele é um diminutivo. Ele é um rapaz influenciável, fraco. Sua mãe é uma mulher forte. E dedicada ao filho. Dois personagens Antonico é uma pessoa fraca e, ao conhecer outra mulher e apaixonar-se por ela, o amor filial perde espaço para o amor sensual. Tem personalidade instável e vulnerável. A madrinha é uma personagem secundária, mas que tem grande importância para o desfecho do conto. É ela quem chama a atenção de Antonico e quem revela o segredo da amiga. Considerações finais A Caolha é um conto sobre o desassossego que é ser mãe, sobre o amor incondicional e sobre os desafios da maternidade. É sobre uma mulher que não é aceita na sociedade por um “defeito” que a torna repugnante. É sobre uma mulher que recebe ódio e ingratidão de um filho que projeta nela as frustrações causadas pela rejeição da sociedade. É sobre a força da mulher numa sociedade machista. É sobre julgamentos e preconceitos. É, por fim, para fazer pensar em alguns estereótipos sociais de ontem e de hoje. Considerações finais A Caolha faz o leitor olhar bem pra o olho murcho que falta e escorre pus de quem gera, acolhe e dá amor. Olhar bem e analisar com mais compaixão, com gratidão e empatia. É sentir a imperfeição da genetriz, sua fragilidade e, ainda assim, compreendê-la. Bom dia!
Compartilhar