Buscar

APOSTILA DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 129 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 129 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 129 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O que é a comunicação? 
 
Introdução 
Nesta lição, veremos como a comunicação é fundamental para a existência da 
civilização e mesmo para o sentido de humanidade, entendendo seu 
surgimento e desenvolvimento ao longo da história. Vamos apresentar um 
esquema geral do processo de comunicação, válido para diversas áreas de 
conhecimento e para diferentes tipos de trabalho, e a partir dele iremos estudar 
as diferentes formas pelas quais os seres humanos podem se comunicar. 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 reconhecer processos de comunicação no dia-a-dia 
 identificar os elementos que formam um processo de comunicação 
 classificar os diferentes tipos de comunicação 
Comunicação e civilização 
O que diferencia o ser humano de outros animais? Polegares opositores, 
cérebro mais desenvolvido? O senso artístico, a religião? Mesmo que o debate 
seja antigo, ele está longe de ver uma resolução definitiva. Embora seja uma 
capacidade encontrada em várias espécies animais, a comunicação entre a 
espécie humana adquiriu ao longo da história um nível de complexidade não 
equiparável ao de nenhum outro ser vivo conhecido. Há quem diferencie o ser 
humano por meios de práticas como a religião e as belas artes, por exemplo. 
Mesmo assim, não se pode negar que essas práticas dependem da existência 
da comunicação. As grandes religiões, por exemplo, estão todas 
fundamentadas em textos, no uso da palavra e de símbolos para comunicar o 
sentido de uma vida superior. 
 
A comunicação é a possibilidade de que ideias sejam compartilhadas entre 
duas ou mais pessoas. A própria etimologia da palavra “comunicação” (do 
latim communicare, que significa partilhar, dividir) já dá a noção de que ela trata 
de um acontecimento social. Não existe comunicação se não houver ao 
menos duas pessoas. Sem comunicação, o ser humano seria condenado à 
prisão individual do seu ser e a civilização não seria possível. O 
desenvolvimento de uma linguagem em comum foi essencial para o 
desenvolvimento da civilização. Sem linguagem, não há como preservar o 
conhecimento, não há como compartilhar a observação da natureza e transmiti-
la às futuras gerações. 
 
Se pensarmos no dia-a-dia de qualquer pessoa que viva em sociedade, 
veremos que essa pessoa está sempre sendo envolvida de alguma maneira 
em um processo de comunicação. Ela acorda e pode receber um “bom dia”, ler 
o jornal, escutar o rádio, falar com o vizinho. Ela escolhe a roupa de acordo 
com a situação que vai vivenciar no dia: a roupa de trabalho é uma, a de festa 
é outra. Chega ao trabalho e pelo olhar do chefe já sabe se o dia vai ser 
puxado ou não. Ouve o sino da igreja e, dependendo do número de badaladas, 
sabe qual é o horário. Se ouve uma sirene, sabe que algo grave acontece: 
pode ser a polícia, um acidente, um incêndio. 
 
Todos esses exemplos são formas de comunicação, cada uma delas com 
características diferentes das outras. Quanto mais se desenvolve uma 
civilização, mais complexos se tornam os processos de comunicação. 
 
 
A linguística, a ciência que estuda a linguagem humana, e a semiótica, a 
ciência geral dos símbolos, são duas áreas de conhecimento que dividem 
espaço com a comunicação. Ao estudar a linguagem humana em 
profundidade, a linguística fez descobertas surpreendentes, como, por 
exemplo, afirmar que o pensamento humano só existe por causa da linguagem. 
Você já tentou pensar em alguma coisa que não fosse com palavras? 
 
O surgimento e a evolução da linguagem escrita 
 
Os códigos linguísticos, regidos por um sistema estável de regras, ou seja, 
uma gramática, têm papel preponderante na história da humanidade – e por 
isso compõem um campo de estudo independente. Os primeiros códigos 
nasceram como linguagens orais. Uma característica distintiva dessas 
linguagens é justamente o canal pelo qual as mensagens são emitidas: através 
de sons produzidos pela vibração das cordas vocais humanas. 
 
Outros animais possuem sistemas de comunicação mais ou menos 
rudimentares, a maioria deles baseados em conjuntos de sons. A diferença 
desses sistemas para os dos humanos foi a complexidade com que se 
desenvolveram. Os dos outros animais são essencialmente instintivos, 
enquanto que os dos humanos, dada a maior capacidade intelectual da 
espécie, era aprimorado a cada geração, com uma crescente complexidade de 
regras que permitiam gradativamente uma comunicação com mais precisão e 
abstração – capacidade de imaginar conceitos fora da realidade material. 
 
Milhares de anos depois do surgimento das primeiras linguagens orais 
humanas, o aparecimento da agricultura impactou diretamente nas 
comunicações. Com mais tempo livre em virtude do excedente de alimentos, 
começou-se a desenvolver o código escrito: símbolos visuais associados 
primeiramente a ideias gerais e depois aos próprios sons (escritas fonéticas). 
 
O que parece ser uma simples mudança do canal de comunicação, do oral 
para o escrito, representou um dos processos mais importantes da história da 
humanidade. A linguagem escrita permitiu uma incrível expansão do tempo e 
do espaço em que as comunicações poderiam acontecer. Se antes uma 
mensagem só podia ser endereçada a um receptor instantaneamente e no 
espaço que a voz humana alcançasse, com a escrita tudo isso mudou. Cartas 
e pergaminhos viajaram continentes. Inscrições em monumentos milenares 
levaram a mensagem de antigos povos para toda a humanidade. 
Figura 1 - Códigos linguísticos milenares Fonte: Shutterstock 
Desde a invenção da escrita – que se deu aproximadamente 5 mil anos antes 
de Cristo em diferentes civilizações – até o final da Idade Média, as 
comunicações não haviam sofrido tamanha revolução como a que se iniciou no 
Renascimento europeu. A imprensa foi inventada por chineses, mas foram os 
europeus que a puseram para trabalhar. A possibilidade da produção de textos 
e livros em uma escala sem precedentes representou uma mudança profunda 
na história. Por exemplo, as reformas religiosas na Europa só puderam se 
expandir com o aumento da impressão de Bíblias. Antes, a leitura e 
interpretação dos textos sagrados eram exclusivas da Igreja Católica. 
 
Até o século XX, a escrita teve um poder incontestável. No entanto, o 
aparecimento de novas tecnologias, como o telefone, o rádio e a televisão, 
reintroduziram as comunicações orais – agora propagadas para grandes 
massas de receptores – na ordem mundial. A escrita perdeu a hegemonia 
como comunicação dos círculos de poder. 
 
Desde o começo do século XXI, o conjunto de inventos e descobertas que, no 
século anterior, levaram ao surgimento da internet vem alimentando uma nova 
fase no processo de revolução das comunicações. Essa nova fase é marcada 
pela possibilidade de uma infinidade de linguagens e códigos coexistirem no 
ambiente da internet, sem que haja uma hierarquia definida. 
 
O processo de comunicação 
Vimos que as comunicações são tão antigas que sua origem não pode ser 
separada da própria origem das civilizações humanas. Foi somente no século 
XX, no entanto, que a comunicação passou a se consolidar como uma área 
científica própria. Desde então, um modelo universal para explicar as 
comunicações passou a ser amplamente utilizado. 
Figura 2 - Diagrama geral do processo de comunicação Fonte: Elaborado 
por André Ribeiro Vicente 
Esse modelo originou-se na área da teoria da informação, cujos principais 
objetos de estudo na segunda metade do século XX foram os sistemas de 
informática. A preocupação desse modelo era pensar sistemas de 
comunicação físicos, garantido a qualidade do sinal e das informações 
transmitidas. 
 
A comunicação é, portanto, um processoque pressupõe a 
existência de um emissor, ou remetente, que é a pessoa ou 
grupo de pessoas que produz a mensagem; um receptor ou 
destinatário, que é a pessoa ou grupo de pessoas que recebe a 
mensagem; a mensagempropriamente dita, que contém as 
informações transmitidas; um canal de comunicação ou de 
contato, que é o meio usado para a transmissão da mensagem; 
um código, que, no caso de uma mensagem escrita, é a língua; 
além da língua, outros códigos poderão ser usados, tais como 
cores, formas, sinais, entre outros, sendo importante salientar 
que, para a comunicação se estabelecer com eficiência, o 
emissor e o receptor devem utilizar o mesmo código; 
o contexto ou referente, que é a situação ou objeto a que a 
mensagem se refere; já quanto aos ruídosexistentes, são 
interferências externas que prejudicam em qualquer ponto o bom 
andamento do processo. 
Acontece, no entanto, de o emissor e o receptor, no processo de comunicação, 
não dominarem o mesmo código. A mesma pessoa que costuma usar as cores 
do seu time no Brasil, quando em outro país, pode sem querer comunicar uma 
mensagem diferente usando as mesmas cores. Isso acontece porque os 
códigos culturais são diferentes. Um determinado gesto que em dada 
sociedade é visto como amigável, em outra sociedade pode ser considerado 
ofensivo. 
 
Percebe-se, portanto, que o domínio do código é um pré-requisito para o 
processo de comunicação. Os códigos são as chaves, portanto, que abrem 
universos culturais específicos. Para um viajante realmente entender a 
sociedade basca, na Espanha, seria necessário conhecer o euskera, a língua 
local. Da mesma maneira, para poder modificar um determinado software, um 
programador precisa conhecer o código-fonte. 
 
Em uma das cenas do clássico filme O Poderoso Chefão, a família Corleone 
infiltra um de seus homens de confiança, Luca Brasi, na família rival para 
descobrir o que eles tramam. As duas famílias entram em guerra aberta, e os 
membros da família Corleone querem saber onde está Luca Brasi, quando 
então recebem um embrulho com um peixe morto. Só quem conhece os 
códigos da máfia siciliana sabe o que o peixe significa: que Luca Brasi foi 
descoberto como um espião e assassinado. 
 
Formas de comunicação 
As formas de comunicação são as mais variadas possíveis. Uma maneira de 
classificá-las é analisar os seus elementos constituintes e agrupá-los pelas 
semelhanças, pelo tipo de emissor, pelo tipo de receptor. Mas os processos de 
comunicação se diferenciam principalmente pelos códigos e canais que 
utilizam e pelas mensagens que permitem transmitir. 
 
Por exemplo, quando falamos em oralidade e escrita, estamos tratando de dois 
códigos linguísticos parecidos, ainda que não idênticos. A principal diferença 
entre eles é o canal que utilizam, fato que acaba conferindo às mensagens 
materialidade diferente. Palavras são vibrações sonoras. Tão rápido quanto se 
propagam, também desaparecem, não deixando provas da sua existência. A 
escrita, por sua vez, não consegue a mesma propagação – por outro lado, 
possui uma materialidade que permite que suas mensagens perdurem por 
muitos anos. Outro código linguístico é o sistema de libras, que utiliza como 
canal de comunicação os gestos. 
 
Existe ainda uma infinidade de formas de comunicação não linguísticas, isto 
é, que não utilizam palavras. Um programador de computador usa determinada 
linguagem de programação para criar sistemas lógicos (ou softwares) que 
processam informações. Trata-se de uma forma de comunicação bastante 
específica e importante para os dias de hoje. O programa de computador é a 
maneira pela qual o programador comunica um sistema de ideias de 
processamento de dados. 
 
Vale ressaltar que os computadores nunca são os destinatários finais de 
qualquer comunicação. Eles podem ser canal, codificador, decodificador, mas 
uma mensagem humana tem sempre outro ser humano como destinatário final. 
 
O vestuário é outra forma de comunicação bastante importante nas sociedades 
humanas. As roupas há muito deixaram de ser apenas tecidos para proteger o 
corpo das intempéries do clima. Elas são uma importante forma de comunicar 
qual o grupo social com que uma pessoa se identifica. 
 
O mundo do trabalho é pródigo em criar sistemas de comunicação. O trânsito 
no mundo inteiro, por exemplo, é orientado por sinais mais ou menos 
universais, como acontece com a navegação de navios e aviões, todos 
organizados por uma infinidade de códigos e sistemas específicos. 
 
Música, literatura, pintura, escultura, dança, teatro e cinema são 
considerados formas artísticas de expressão. Ainda que muito 
próximas da comunicação, o grande objetivo delas é retratar 
sentimentos, impressões subjetivas e pessoais, construir o belo. 
Não há a obrigação de seguir regras ou códigos para que a 
mensagem seja clara e compreensível, como se exigiria das 
formas de comunicação em si. Por exemplo: um aviso de como 
se deve realizar o despacho de um dado produto frágil tem que 
ser comunicado com um diagrama claro e organizado, não 
através de uma tela abstracionista. 
 
 
Fechamento 
Chegamos ao final desta lição! Aprendemos como a comunicação mudou e 
ainda muda a história e a vida dos seres humanos. O modelo de comunicação 
visto aqui – de emissor, canal, código, mensagem e receptor – será utilizado 
em vários momentos da disciplina. Começamos a ver, ainda, que o código 
linguístico tem um papel preponderante nas comunicações entre as pessoas. 
Nesta aula, você teve a oportunidade de: 
 entender o desenvolvimento da comunicação ao longo da história humana 
 identificar os elementos necessários para que se efetue a comunicação 
 diferenciar tipos de comunicação a partir de características específicas 
 
 
 
Referências 
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa. 
40 ed. São Paulo: Saraiva, 1995. 
BRASIL. Presidência da República. Manual de redação da presidência da 
república. 2 ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da República, 2002. 
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 8 ed. São Paulo: Ática, 1997. 
DUBOIS, Jean et al. Dicionário de linguística. Trad. Izidoro Blikstein. São 
Paulo: Cultrix, 1998. 
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de texto: língua 
portuguesa para nossos estudantes. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1992. 
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Trad. Roberto Cabral 
de Melo Machado e Eduardo Jardim Moraes. 3 ed. Rio de Janeiro: Nau, 2002. 
OLIVEIRA, Luciene de Lima. A arte retórica aristotélica: um legado clássico 
até os dias atuais. In: Revista Gaia, n. 7, p. 69-84, Rio de Janeiro, 2010. 
PAES, José Paulo. Poesias Completas. Apresentação Rodrigo Naves. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2008. 
PARKER, Frank. Linguistics for non-linguists. Austin: Pro-ed, 1986. 
SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Trad. Pedro Süssekind. Porto 
Alegre: L&M Pocket, 2009. 
TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. 2º Ed. São Paulo: Editora 
Perspectiva, 1970. 
WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa. São Paulo: Martins 
Fontes, 2008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
O 
que as pessoas falam e não dizem 
 
Introdução 
Nesta lição, veremos como os textos transmitem ideias que muitas vezes nem 
percebemos. Veremos também o que são discursos e como podemos extrair 
mais informações de um texto indo além de uma simples leitura literal. 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 classificar as comunicações em relação ao contexto em que elas ocorrem 
 identificar as diferentes formas de discurso 
 empregar a mensagem conforme o contexto e os destinatários 
DiscursosUma área de interação entre estudos da comunicação e de outras áreas de 
conhecimento, como a linguística, a sociologia, a política, é o estudo dos 
discursos. Diferentemente do que está no senso comum, o discurso que se 
estuda aqui vai além do simples ato de falar para uma grande plateia. Discurso 
social é o conjunto de ideias e valores comunicados pelos diferentes grupos 
sociais de maneira mais ou menos uniforme. Partes desses discursos sociais 
vão estar presentes, em menor ou maior escala, nos discursos dos indivíduos 
(FOUCAULT, 2002). 
 
O mais interessante do estudo do discurso é perceber que as pessoas 
comunicam muito mais informações sobre elas mesmas do que elas 
acreditam que estão fazendo. A dificuldade no estudo do discurso, por outro 
lado, está no fato de que boa parte das mensagens discursivas estão implícitas 
e não explícitas. O explícito é aquilo que podemos ver, ouvir diretamente, 
enquanto o implícito é aquilo que exige uma reflexão e uma análise para 
entendermos. 
A importância do contexto na análise de um discurso 
O modelo de comunicação ajuda-nos a entender como decifrar discursos. 
Sabemos que todo processo de comunicação sempre tem, obrigatoriamente, 
um emissor, uma mensagem e um destinatário. Muitas vezes acontece de, 
numa análise de discurso, confundirmos quem são os elementos. Ao analisar 
um discurso precisamos pensar não somente nas palavras escritas, mas 
no contexto em que elas são proferidas e a quem elas podem interessar. 
Figura 1 - Entender o contexto é essencial na análise de um discurso
Fonte: Shutterstock 
O contexto de que falamos é o conjunto de circunstâncias econômicas, sociais, 
políticas e culturais que cercam o emissor e o receptor. Um segundo elemento 
necessário para a análise do discurso é a noção de que não existem 
discursos neutros. Essa, inclusive, é uma noção das ciências sociais, para as 
quais toda ação social sempre tem um objetivo. O processo de comunicação, 
como uma ação social, sempre tem interesses envolvidos (WOLF, 2008). 
 
A França do século XX foi o berço do estruturalismo, uma corrente de 
pensamento que influenciou estudos em diversas áreas, como sociologia, 
comunicação, linguística, psicologia e até mesmo economia. O estruturalismo 
entende que toda a realidade humana é um conjunto interligado de símbolos. 
Para se entender qualquer símbolo humano, sempre é importante conhecer o 
contexto em que tal símbolo foi produzido. Um crucifixo pode significar nada 
para uma tribo aborígine no interior da Austrália – somente dois gravetos 
justapostos. Tal concepção é especialmente importante quando trabalha-se a 
logística integrada à área de marketing: certos produtos e serviços possuem 
um componente simbólico fortíssimo, e a entrega deles para o consumidor 
deve preservar essas características simbólicas. Hoje em dia, o aumento do 
escopo de atuação da logística faz com que ela passe a gerenciar muitos 
processos, que podem ser melhor entendidos pelo modelo de comunicação 
visto anteriormente. Um importador de vinho francês ou um exportador de 
cachaça brasileiro, por exemplo, devem ter bastante clara essa noção (WOLF, 
2008). 
Assim, diante de alguém falando ou de um texto escrito, devemos sempre nos 
perguntar quais são os interesses da pessoa que fala ou escreve; que 
mensagens são transmitidas pelas escolhas das palavras, pelos gestos, pelas 
expressões, pelo vestuário; qual é o contexto da fala ou da escrita; e, por fim, a 
quem realmente a mensagem se destina. 
 
Analisando um discurso, pode acontecer de percebermos que a mensagem 
que ouvimos não é destinada a nós. Nesse caso, pode ter acontecido uma 
falha no processo de comunicação, e o canal de distribuição da mensagem 
errou o destinatário. É um e-mail que recebemos por engano ou a conversa 
alheia que ouvimos em um ônibus lotado – o ar, sendo o canal da conversa, 
propaga a mensagem indistintamente dentro do veículo. 
 
Uma segunda hipótese é a de que sejamos nós o próprio canal de distribuição 
da mensagem. Quem tem um amigo fofoqueiro sabe muito bem que 
confidenciar um segredo a ele pode ser a melhor maneira de iniciar um 
processo de comunicação de massa. A mensagem, nesse caso, foi mediada 
pelo fofoqueiro. Assim, a fofoca poderá ser relatada fazendo-se uso 
de diferentes tipos de discurso: direto, indireto ou indireto livre. 
 
O discurso direto é aquele em que as falas dos personagens são fielmente 
reproduzidas e separadas por indicações gráficas, como vírgulas, aspas ou 
travessões. Imaginem o seguinte diálogo entre Simone e sua amiga Valéria. 
Simone quer ir ao bailão porque acredita que Ricardo estará lá. 
 
– Amiga, o que você vai fazer sábado? 
– Não sei. Ficar em casa, eu acho. 
– Não vai não. Você vai comigo no bailão! 
– Ah, não! Aquele lugar é muito caidão. 
– Ai, vamos, amiga. Por favor, vai? 
– Ai! Garanto que você quer ir lá só porque o Ricardo vai também, não é? 
– E eu fiquei sabendo que ele terminou com aquela feiosa. Um gato daqueles 
precisa de uma gata à altura do lado! 
 
Esse foi um exemplo de discurso direto. O mesmo texto poderia ser 
reproduzido pelo discurso indireto. Veja a seguir: 
 
Com segundas intenções, Simone perguntou o que Valéria faria no sábado, já 
sabendo que a amiga não poderia recusar em acompanhá-la no bailão. Valéria 
não gostava do local, mas sabia que Simone estava caída de amores por um 
garoto do bairro, Ricardo. Simone inteirou a amiga da novidade. Contou que 
Ricardo havia terminado o relacionamento com a namorada e que aquela podia 
ser uma oportunidade para ela se aproximar dele. 
 
Já o discurso indireto livre é aquele em que os pensamentos do narrador e 
dos personagens se misturam. A grande vantagem é a de oferecer dinamismo 
ao texto. É bastante comum nos textos literários, mas pouco recomendado 
para escritas mais formais, principalmente de trabalho, já que pode gerar 
alguma confusão sobre quem pensa o quê. Veja a seguir: 
 
Simone praticamente intimou Valéria para ir ao bailão no sábado. Aquele lugar 
era caidão, mas Valéria sabia que o real interesse de Simone era Ricardo, que 
deveria estar presente. Simone confirmou contando a novidade: Ricardo 
terminara com a feiosa. Pudera: um gato daqueles precisa de uma gata à altura 
do lado. 
Interpretação de texto 
Continuando a noção de análise do discurso, entramos no que pode ser 
considerado um de seus capítulos mais importantes: a interpretação de texto. 
Os mesmos elementos da análise de qualquer discurso social podem e devem 
ser utilizados na interpretação de textos. Aqui, no entanto, uma técnica pode 
ser utilizada para facilitar o trabalho. Trata-se de dividir qualquer 
interpretação em três níveis: o textual, o intertextual e o paratextual. 
Figura 2 - Diferentes níveis de leitura podem ser aplicados a um texto
Fonte: Shutterstock 
O nível textual é a leitura mais básica, aquela para a qual fomos alfabetizados. 
Envolve o domínio e o conhecimento das regras da gramática da língua 
portuguesa, o conhecimento do significado das palavras e o bom 
relacionamento entre as partes (os blocos do texto ou do discurso). A coesão e 
parte da coerência são análises feitas ao nível textual. 
 
Em um nível de interpretação intertextual, o leitor consegue estabelecer 
relações entre o texto analisado e outros textos. Nesse momento, analisa-se a 
consistência dos conceitos, ou o modo como um texto se comunica com outro. 
A intertextualidade pode ser didaticamente apresentada como a “conversa 
entre textos”. Quando alguém cita uma obra de um autor ou faz referência a ela 
de maneira implícita, está utilizando recursos intertextuais. 
 
A análise paratextual é justamenteaquela em que vamos para além do texto. 
As condições materiais e o contexto em que o texto foi produzido são levados 
em consideração. Na análise paratextual, devemos olhar o texto de uma 
perspectiva mais afastada, entendo-o como parte de um processo de 
comunicação social mais amplo. 
Adequação da linguagem ao contexto 
Nos últimos anos, ficou cristalizado no ensino da língua portuguesa aquilo que 
a ciência linguística já defendia há décadas: a noção de que não existem 
variantes da língua naturalmente superiores a outras, pois nenhuma 
variante gera sempre a comunicação mais eficiente e eficaz para todas as 
situações possíveis. 
 
Para entendermos essa noção, precisamos primeiro relembrar que uma língua 
nacional, como é o caso do Português, é na verdade um conjunto de 
subcódigos – gramáticas – que variam conforme a região, a classe social, a 
faixa etária, o nível de escolaridade. Dentro de cada um desses subgrupos, a 
língua vai se adaptando com o passar dos anos à realidade do subgrupo 
específico (PARKER, 1986). 
 
O grande cuidado que devemos ter é o de saber identificar a que subgrupo 
específico estamos nos reportando para que escolhamos a linguagem mais 
adequada – aquela praticada pelos destinatários de nossa mensagem. 
Figura 3 - É importante sempre adequar a linguagem conforme o contexto e os 
destinatários da nossa mensagem Fonte: Shutterstock 
Por exemplo, o autor deste texto acredita que ele será lido por pessoas de 
vários locais do Brasil, de diferentes idades e histórias de vida. Assim, a opção 
de linguagem foi pela norma culta, pois essa é a praticada em todas as escolas 
do Brasil. No entanto, por se tratar de um texto didático e não de um artigo 
científico, o autor também utilizou algumas figuras de linguagem. No começo 
deste parágrafo, por exemplo, há uma ambiguidade, uma possível metonímia e 
o uso da linguagem na sua função metalinguística. 
 
Em qualquer gramática, o aluno vai encontrar uma seção denominada figuras 
de linguagem, possivelmente seguida da seção de figuras de pensamento. 
Nelas encontram-se as explicações do que vem a ser uma metonímia, além de 
várias outras figuras. Na seção de vícios de linguagem, certamente há uma 
explicação sobre ambiguidade e outras figuras que não são bem vistas pela 
norma culta. A gramática é um livro que deve ser consultado sempre e que 
deveria ser um item básico, junto com um dicionário, em qualquer escritório ou 
repartição. Além disso, a norma culta, além de ser usada nas escolas, é 
também a gramática mais utilizada no mundo do trabalho e dos negócios. 
Fechamento 
Nesta lição, aprendemos que as palavras nunca vêm sozinhas. Elas sempre 
dizem muito mais do que aparentemente querem dizer. Vimos também que 
uma mesma mensagem pode ser dita de diferentes maneiras. Devemos 
sempre fazer a opção por aquela forma pela qual nossos destinatários 
compreenderão nossa mensagem. É a adequação da linguagem aos diversos 
contextos e interlocutores (destinatários) com os quais lidamos todos os dias. 
Bom trabalho! 
Nesta aula, você teve a oportunidade de: 
 entender por que é importante pensar o contexto de cada discurso 
 aplicar diferentes níveis de leitura na interpretação de textos 
 perceber a necessidade de sempre adaptar a linguagem conforme o 
contexto e os destinatários da nossa mensagem 
 
Referências 
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa. 
40 ed. São Paulo: Saraiva, 1995. 
BRASIL. Presidência da República. Manual de redação da presidência da 
república. 2 ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da República, 2002. 
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 8 ed. São Paulo: Ática, 1997. 
DUBOIS, Jean et al. Dicionário de linguística. Trad. Izidoro Blikstein. São 
Paulo: Cultrix, 1998. 
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de texto: língua 
portuguesa para nossos estudantes. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1992 
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Trad. Roberto Cabral 
de Melo Machado e Eduardo Jardim Moraes. 3 ed. Rio de Janeiro: Nau, 2002. 
OLIVEIRA, Luciene de Lima. A arte retórica aristotélica: um legado clássico até 
os dias atuais. In: Revista Gaia, n. 7, p. 69-84, Rio de Janeiro, 2010. 
PAES, José Paulo. Poesias Completas. Apresentação Rodrigo Naves. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2008. 
PARKER, Frank. Linguistics for non-linguists. Austin: Pro-ed, 1986. 
SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Trad. Pedro Süssekind. Porto 
Alegre: L&M Pocket, 2009. 
TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. 2º Ed. São Paulo: Editora 
Perspectiva, 1970. 
WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa. São Paulo: Martins 
Fontes, 2008. 
 
 
 
 
 
 
 
A arte do discurso 
 
 
Introdução 
Nesta aula, veremos quais são os elementos que fazem um discurso, tanto oral 
quanto escrito, ser considerado bom e quais mecanismos podemos utilizar para 
alcançar melhores resultados. Veremos que escrever e discursar são desafios 
para qualquer pessoa, mas que, uma vez superados, trazem grande satisfação 
pessoal e resultados profissionais. 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 reconhecer as contribuições da filosofia na construção de discursos e textos 
 apontar elementos que compõem um bom discurso 
 escrever textos mais estruturados 
Comunicação oral 
Algumas características sempre devem ser consideradas quando se pensa em 
comunicação oral: ela deve ser direta, flexível e com um feedback imediato. 
Não consideraremos, nesta aula, a oralidade praticada em veículos como o 
rádio e a televisão, já que, nesses casos, pelo fato de essas comunicações 
serem mediadas para veiculação em massa, a oralidade possui requisitos e 
características próprias. 
 
A oralidade que iremos estudar é a que permite a uma pessoa se comunicar 
diretamente com uma ou mais pessoas em um mesmo ambiente e ao mesmo 
tempo. É o que se pratica em qualquer conversa, reunião, palestra, entrevista, 
apresentação. 
 
A comparação da fala com a escrita permite entendê-las melhor. A grande 
vantagem da fala é a possibilidade de feedback instantâneo, pois podemos ver 
e ouvir a(s) pessoa(s) a quem nossas mensagens se destinam. A segunda 
vantagem é que ela permite o uso concomitante de outras formas de 
comunicação, como o gestual das mãos, do corpo, a comunicação facial. 
Estamos tão acostumados a essas características que muitos estranham, por 
exemplo, uma conversa ao telefone, em que inexiste o suporte das outras 
comunicações. Essas são algumas das razões pelas quais não devemos 
falar como escrevemos e nem escrever como falamos. 
Figura 1 - Feedback instantâneo é uma das características da comunicação 
oral Fonte: Shutterstock 
Por essas características, a comunicação verbal ainda é a melhor maneira para 
comunicar ideias que precisem da aprovação de outras pessoas. Por ser a 
forma de comunicação que a humanidade desenvolve há mais tempo e por ser 
a primeira que aprendemos na vida, ela é, de forma geral, a que melhor 
dominamos. 
 
A eficácia de uma conversa – comunicação oral – tende a ser maior que a de 
outras formas comunicativas, por causa da existência do feedback instantâneo 
e do apoio de outras formas de comunicação não verbais. O feedback imediato 
permite termos certeza de que o destinatário recebeu a mensagem conforme 
desejávamos. Problemas de canal ou de código podem ser resolvidos na 
hora. “Fale mais alto, por favor”, “Eu não falo inglês” e “Não entendi, pode 
repetir com outras palavras?” são exemplos de processos de ajuste da 
comunicação pelo feedback instantâneo. A comunicação corporal, por outro 
lado, auxilia no reforço das mensagens orais, ou até as substitui, comono caso 
das libras. 
 
Quando recebemos uma mensagem oral, reforçada por todas as outras formas 
de comunicação não orais presentes, temos mais elementos para acreditar na 
veracidade daquela mensagem. Dependendo do caso, porém, essa mesma 
riqueza de elementos pode fazer com que duvidemos dela. Alguém que diz 
acreditar no outro, mas não o olha diretamente nos olhos, manda sinais 
contraditórios. 
 
– Chefe, passei a noite trabalhando. Por isso cheguei tarde. 
 
Se isso foi escrito em um bilhete, o chefe tem chances de acreditar na 
mensagem. Agora, se a mensagem fosse transmitida por meio de uma 
conversa, o destinatário poderia ver claramente que o emissor apresentava 
sinais de ressaca alcoólica. Nesse caso, o emissor possivelmente estará 
emitindo, além de mensagens contraditórias, vapores alcoólicos. 
Retórica 
As ciências das linguagens e das comunicações tiveram um grande 
desenvolvimento no século XX. Mas seria no mínimo estranho se, antes 
desses trabalhos, ninguém tivesse dedicado tempo pensando e estudando 
sobre algo tão importante para o ser humano. E quando o assunto é reflexão, 
estudo e filosofia, invariavelmente voltamos para a Grécia Antiga, que por 
essas e outras contribuições é considerada a mãe do mundo ocidental. Foram 
justamente eles, os gregos, os primeiros a desenvolver uma disciplina de 
estudo do uso da palavra. 
 
A retórica seria a arte do discurso, a arte da escolha das palavras, uma 
disciplina ampla que englobaria inclusive a oratória. O conhecimento da 
retórica é dividido em cinco partes (OLIVEIRA, 2010): 
 
 Inventio: o momento de inventar, conceber o que será discursado. 
 Dispositio: é a estruturação das ideias. 
 Elocutio: trata-se da escolha das palavras, da formulação das frases. 
 Memoria: é a memorização do discurso elaborado. 
 Pronuntiatio: é a declamação do discurso, que conta com a utilização dos 
recursos não verbais, como o gestual, a entonação, as expressões. 
 
Essa forma de estruturar o processo de comunicação linguística foi a primeira 
do mundo ocidental, funcionando como base para o posterior desenvolvimento 
dos conhecimentos e das ciências específicas. De certa maneira, boa parte dos 
conhecimentos da Antiguidade ainda chega até nós, ainda que com outros 
nomes e outras roupagens. 
Melhorando a escrita 
Escrever nunca foi fácil para ninguém. As várias histórias de escritores 
destruindo os próprios escritos, a exemplo de Franz Kafka (1883-1924), dão 
uma noção de como o processo de escrita pode ser uma espiral com altos e 
baixos. Mas a maior parte de nossos escritos não tem nenhuma pretensão à 
genialidade. Isso nos permite criar soluções técnicas mais ou menos 
frequentes para que, se não atingirmos o belo da literatura, ao menos 
consigamos comunicar com relativa eficiência e eficácia as ideias, os fatos e 
tudo o mais que importa em nosso cotidiano. 
 
O jornalismo é o exemplo de uma área que se utiliza da escrita tendo com ela 
uma relação mais pragmática – portanto, pode nos fornecer bons modelos. O 
jornalismo e suas técnicas nos ajudam a encarar a escrita não somente como 
um enorme desafio intelectual, mas sim como uma atividade diária, um 
processo quase operacional. A leitura de jornais e revistas e a análise dos 
textos neles contidos mostram a objetividade e a simplicidade com que foram 
redigidos. 
 
A maioria dos manuais de escrita inicia sugerindo que a escrita tende a 
melhorar à medida que lemos bons autores, e por isso Machado de Assis, 
Graciliano Ramos, José de Alencar e outros parecem se tornar leituras 
obrigatórias. De fato, tais autores dominam a arte da escrita em português 
como poucos e são, definitivamente, padrões históricos da língua para várias 
gerações. 
 
Lê-los, no entanto, não nos obriga a copiá-los. Ao tentar copiar o estilo de 
grandes nomes, provavelmente cairemos em dois erros: primeiro, desrespeitar 
os modelos clássicos em suas expressões próprias, e segundo, não 
desenvolver o próprio estilo. 
 
Assim, clássicos devem ser lidos sempre. Trata-se de uma condição básica, 
mas não suficiente. O grande segredo está em desenvolver nossas próprias 
ideias em nossa escrita. Se as ideias são simples, a escrita tem que ser 
simples também. O pior de tudo é querer disfarçar ideias simples com um 
texto rebuscado e sem sentido. A honestidade com o próprio pensamento é 
fundamental. 
 
Muitas vezes, aquilo que é considerado um problema de escrita é, no fundo, 
ausência de assunto para ser comunicado ou, ainda, pensamentos 
desorganizados e impressões confusas. Muitos sentimentos são tomados por 
pensamentos e então surge a dificuldade de escrevê-los. Mas o pensamento 
existe com palavras. Se algo está em nossa cabeça, em nosso ser, e não 
contém palavras, isso não é um pensamento. 
Figura 2 - A escrita é um exercício constante de organização das ideias
Fonte: Shutterstock 
Assim, antes de se sentar para escrever qualquer documento, seja um 
relatório, seja uma crônica, tenha bem claro em sua cabeça o que você 
quer contar. O trabalho de escrita é sempre um trabalho de pensamento: 
quais e quantas são as ideias, como elas se relacionam entre si e com outras 
do mundo externo, como podemos nomeá-las e estruturá-las. Se as ideias 
estão todas emaranhas, pegue um fio por vez e vá pacientemente 
desemaranhando-as. 
 
Depois que as ideias estão organizadas em nossa cabeça (ou em um desenho 
ou esquema), vem a parte de realmente colocar as palavras no papel. Esse é o 
momento do trabalho que exige paciência, disciplina e atenção aos detalhes. 
Conhecer o código, no caso a gramática da língua portuguesa, é fundamental 
para que a mensagem seja bem codificada. 
 
De certa maneira, o trabalho de escrita acaba seguindo as mesmas etapas do 
discurso, do ponto de vista da retórica (inventio, dispositio, elocutio): primeiro 
concebemos as ideias, depois pensamos na forma e na estrutura de um texto, 
e por fim escolhemos as palavras e formulamos as frases para escrevemos o 
texto. 
 
Os estudiosos classificam os textos conforme as suas estruturas e 
características. Esses agrupamentos são chamados de gêneros. Conforme o 
autor, essa classificação pode ter diferenças, mas de forma geral fala-se em 
gêneros narrativos, opinativos e informativos. Na narrativa, temos contos, 
romances, novelas, crônicas; em todos eles há uma situação inicial que sofre 
um desequilíbrio, e depois um novo equilíbrio é encontrado (TODOROV, 1970). 
No gênero opinativo temos artigos, resenhas, editoriais, críticas, ensaios; neles 
o autor defende uma opinião, um ponto de vista. No gênero informativo, temos 
notícias, entrevistas, reportagens; nesse caso, o autor descreve a realidade 
que vê. 
Se estamos defendendo a estruturação das ideias como um passo 
fundamental para atingirmos melhores resultados tanto na fala como na 
escrita, mais uma vez devemos recorrer à filosofia. O problema das falhas no 
pensamento e a preocupação em resolvê-los não são novos e desde a 
antiguidade existe uma disciplina do conhecimento com tal proposta: a lógica. 
Intuitivamente, todos percebem problemas lógicos em um discurso. É quando 
alguma coisa está estranha ou, nos casos mais graves, quando um texto está 
“sem pé nem cabeça”. 
 
A lógica propõe encontrar as regras do bom pensamento. Muito do que é 
considerado a gramática culta na língua portuguesa tem origem nesse tipo de 
discussão filosófica. O próprio conceito de coerência é um conceito da lógica, 
amplamente discutido no campo da produção textual. Muitas das discussões 
sobre estilística foram iniciadas em clássicos como Aristóteles, Platão e outros 
estudiosos da retórica. 
Coesão e coerênciaA estruturação das ideias é um passo fundamental para atingirmos bons 
resultados tanto na fala como na escrita – e para isso, elas devem seguir uma 
lógica. A lógica, em filosofia, propõe encontrar as regras do bom pensamento. 
Ela compreende uma sequência coerente, regular e necessária de 
acontecimentos e de coisas. 
 
Depois que começamos a pensar logicamente, ou seja, de forma 
estruturada e organizada, coesão e coerência vêm como consequências 
naturais de nossos discursos, falados ou escritos. 
 
A coesão é uma propriedade interna do texto, das partes para com as partes. 
Em um texto coeso, as ideias são concatenadas com ritmo, uma palavra está 
relacionada com a outra, existe ordem e estrutura de ideias. Seguir as regras 
de regência, de concordância e de conjugação é o primeiro passo na busca de 
um texto coeso. 
 
Já a coerência existe tanto em um plano interno ao discurso como em um 
plano externo. Internamente, ela opera a partir da semântica, isto é, o estudo 
dos significados das palavras. Assim, se vamos fazer a defesa de uma ideia ou 
pessoa, mas no discurso nos referimos a ela através de termos pejorativos, 
estamos sendo incoerentes. Quando partes do texto se contradizem, há 
incoerência. De modo geral, onde não há lógica, não haverá coerência. Se um 
texto permite conclusões diferentes a partir das premissas que apresenta, ele é 
incoerente. 
Fechamento 
Chegamos ao final desta aula! O trabalho de pensar, estruturar e escrever um 
discurso envolve muito mais do que simplesmente seguir as regras gramaticais 
aprendidas na escola. Elas são o primeiro passo. Para que nossas 
comunicações sejam relevantes, precisam ter conteúdo e ser endereçadas 
para as pessoas certas nos formatos adequados. A reflexão pessoal e o estudo 
de autores clássicos fornecem o conteúdo; a disciplina e a prática constante 
fornecem a forma. 
Nesta aula, você teve a oportunidade de: 
 Entender particularidades dos discursos orais e escritos 
 Aplicar diversos mecanismos que ajudam a melhorar o trabalho da escrita 
 Perceber a importância de, antes de escrever, ter claro na cabeça o que se 
quer transmitir. 
 
Referências 
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa. 
40 ed. São Paulo: Saraiva, 1995. 
BRASIL. Presidência da República. Manual de redação da presidência da 
república. 2 ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da República, 2002. 
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 8 ed. São Paulo: Ática, 1997. 
DUBOIS, Jean et al. Dicionário de linguística. Trad. Izidoro Blikstein. São 
Paulo: Cultrix, 1998. 
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de texto: língua 
portuguesa para nossos estudantes. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1992. 
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Trad. Roberto Cabral 
de Melo Machado e Eduardo Jardim Moraes. 3 ed. Rio de Janeiro: Nau, 2002. 
OLIVEIRA, Luciene de Lima. A arte retórica aristotélica: um legado clássico até 
os dias atuais. In: Revista Gaia, n. 7, p. 69-84, Rio de Janeiro, 2010. 
PAES, José Paulo. Poesias Completas. Apresentação Rodrigo Naves. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2008. 
PARKER, Frank. Linguistics for non-linguists. Austin: Pro-ed, 1986. 
SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Trad. Pedro Süssekind. Porto 
Alegre: L&M Pocket, 2009. 
TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. 2º Ed. São Paulo: Editora 
Perspectiva, 1970. 
WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa. São Paulo: Martins 
Fontes, 2008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Princípios 
da redação empresarial 
 
Introdução 
Vamos estudar recomendações práticas para que a redação e as demais 
comunicações possam ocorrer em consonância com os princípios do mundo do 
trabalho. 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 relembrar os conceitos de comunicação e produção discursiva textual 
 identificar os diferentes contextos e tipos de comunicação no ambiente de 
trabalho 
 desenvolver as comunicações pessoais no ambiente de trabalho 
Formas de comunicação 
As comunicações são uma parte essencial quando pensamos o mundo do 
trabalho. Assim como as pessoas físicas têm necessidade de se comunicar 
com a sociedade, as pessoas jurídicas do mundo do trabalho também possuem 
necessidades específicas de comunicação. Sejam elas organizações do mundo 
privado, como empresas, ou entes do governo, todas têm que comunicar as 
suas atividades para a sociedade, fazendo-se conhecer no mercado, se 
intercomunicando com outras organizações ou mesmo prestando contas de 
sua atuação para a sociedade civil. 
Todas essas formas de comunicação são pensadas essencialmente para um 
público externo à organização e exigem profissionais com formações 
específicas. Um publicitário, por exemplo, vai sempre pensar sobre qual é o 
público-alvo de uma campanha (receptor), vai ter o cuidado de escolher um 
canal de comunicação que atinja aquele público, vai optar por um código com o 
qual o público-alvo esteja familiarizado e produzirá uma mensagem que 
comunique os interesses da empresa, isto é, tornará pública uma oferta de 
valor. Essas são comunicações voltadas para um público externo. 
Entretanto, uma outra importante dimensão das comunicações no mundo do 
trabalho é a interna, aquela voltada para os colaboradores de uma dada 
organização. Dependendo do tamanho dessa organização, torna-se necessário 
contar com profissionais também específicos para codificar a mensagem 
através de canais de comunicação de massa. 
Mas é principalmente na dimensão interna que encontramos o espaço da 
redação empresarial. Todos os dias, o conhecimento sobre o andamento dos 
negócios tem de ser compartilhado entre os colaboradores, e tal comunicação 
se faz fundamentalmente por meio de códigos linguísticos: reuniões, 
telefonemas, entrevistas, conversas de corredores, memorandos, ofícios, e-
mails, relatórios, comunicados, videoconferências. 
Todas essas formas de comunicação devem adotar os mesmos princípios que 
regem o mundo do trabalho e o mundo dos negócios: a formalidade, a 
racionalidade e a objetividade. 
A gramática formal no mundo dos negócios 
Vale a pena examinar mais atentamente o porquê de o mundo dos negócios 
defender a formalidade, a racionalidade e a objetividade. Vamos pensar em 
uma transação comercial, para compreender que um acordo é sempre feito no 
limite entre o que as partes acham interessante. De maneira geral, podemos 
dizer que o vendedor quer o maior preço pela menor quantidade, enquanto que 
o comprador quer a maior quantidade pelo menor preço. Um acordo entre 
essas duas partes deverá acontecer com uma pequena margem de erro. 
Qualquer variação, para cima ou para baixo, pode tornar o negócio 
desinteressante para uma das partes. Assim, ao falarmos de negócios, a 
precisão (racionalidade e objetividade) da linguagem é sempre algo a ser 
considerado. 
Além disso, pensando que a vontade de todo empresário é crescer e expandir 
seus negócios, é interessante que as comunicações possam acontecer entre a 
maior quantidade possível de compradores e fornecedores. Pela lógica dos 
negócios, quanto menos códigos diferentes existirem, menos dificuldades 
haverá para se estabelecerem transações comerciais. 
As revoluções burguesas, que se desenvolveram na Europa entre os séculos 
XVII e XVIII, não lograram unificar a linguagem em um âmbito mundial (ainda 
que o inglês atualmente seja o idioma mais utilizado no mundo dos negócios). 
Mas a classe burguesa, ao menos, conseguiu apoiar a unificação da linguagem 
dentro dos países, o que representou um avanço, quando se pensa uma 
realidade feudal de fragmentação, anterior ao capitalismo.Por isso, ao longo 
da história, vemos que a consolidação dos Estados nacionais ocorreu sob a 
égide de línguas nacionais. 
A gramática normativa formal (formalidade) culta é justamente aquela 
sustentada pelo aparato de um Estado nacional. A grande vantagem da 
existência de tal gramática é que ela é aceita em todas as partes de um país. É 
por esse motivo que a redação empresarial não combina com regionalismos, 
principalmente quando tratamos de comunicações escritas, que podem viajar. 
Os negócios requerem uma comunicação o mais universal possível. 
A oralidade nos negócios é mais flexível que a escrita, pois destina-se a um 
receptor presente e pode ser facilmente adaptável, conforme o contexto. No 
entanto, mesmo a oralidade não é totalmente livre no ambiente de trabalho. 
Conforme vimos na parte de análise do discurso, a redação empresarial, por 
valorizar a objetividade e a racionalidade, vai valorizar, por consequência, a 
escolaridade. A forma de falar é, juntamente com o vestuário, a principal forma 
de identificação social de um grupo. Assim, mesmo a oralidade nos negócios 
tende a apresentar marcas da linguagem culta, já que ela traz um indício de 
escolarização. 
 
Tempo é dinheiro 
 
O estudo dos elementos do processo de comunicação, o 
aperfeiçoamento da escrita e da fala, têm como objetivo em 
comum a melhoria da eficiência e da eficácia das comunicações. 
Pense no problema que é para um gerente reler mais de uma vez 
um certo relatório para começar a entendê-lo: vai perder tempo 
precioso, corre o risco de não entender o conteúdo e tem boas 
chances de ficar irritado com o funcionário que o escreveu. O 
mesmo vale para apresentações, reuniões, vendas nas quais a 
fala é mal estruturada ou não traz sentido e nenhum ponto: a 
comunicação será ruim e haverá perda do tempo para emissor e 
destinatário. 
Escrita no trabalho 
Muitos dos exemplos de gêneros textuais podem ser praticados no ambiente 
de trabalho. Por exemplo, relatórios podem ser considerados como 
pertencentes ao gênero informativo. Ao escrever um relatório, devemos ter em 
mente a quem ele se destina. Se alguém pede um relatório, essa pessoa está 
pedindo informações, descrições, fatos. Não é o momento de emitir juízos ou 
impressões pessoais. 
Se o que nos foi pedido é uma análise, a situação muda. Agora quem escreve 
deve se posicionar em relação ao tema debatido, deve justificar suas opiniões, 
pode citar dados e fatos, desde que eles façam parte das premissas utilizadas 
na elaboração da opinião (lembrar dos silogismos vistos na parte da lógica). 
Uma realidade brasileira de que nem mesmo empresas privadas estão livres é 
a grande dose de burocracia. Sempre haverá um momento ou outro em que 
deveremos preencher uma requisição, escrever uma justificativa, enviar um 
ofício. As regras e as formas do setor público são bem explicadas no Manual 
de Redação da Presidência da República. Esse é um documento que nos 
ajuda a compreender como desenvolver uma redação eficiente, com linguagem 
adequada. O manual aponta algumas práticas textuais que vemos com 
frequência nos trâmites burocráticos, como o excesso de pompa, de 
adjetivação e uso de pronomes de tratamentos inadequados. A consulta é 
importante sempre que houver dúvidas sobre, por exemplo, qual tratamento 
empregar para uma autoridade política. 
No documento também consta a descrição de todos os tipos de comunicações 
e modelos a serem utilizados pelo poder executivo nacional. Dentre eles, 
ressalte-se que ofício é uma comunicação de uma organização destinada a 
outra, portanto é uma comunicação externa. Já o memorando é uma 
comunicação interna, enviada de um setor para outro. 
 
 
 
 
Associação Brasileira de Normas Técnicas 
 
Cada organização, cada empresa, corporação pode e deve criar as próprias 
normas, regulamentos e manuais de redação. A padronização de um 
memorando vai variar de uma empresa para outra. Para as comunicações 
gerais, não existem modelos universais obrigatórios. Já os modelos de 
comunicação de áreas acadêmicas e de técnicas específicas são, no Brasil, 
reguladas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Os 
chamados selos ISO, da organização internacional de padronização, podem 
definir requisitos específicos de relatórios e de modelos de comunicação a 
serem utilizados nos processos de áreas específicas, como em diversas áreas 
da logística. 
Assim, podemos dizer que, como regra, devemos seguir princípios gerais, além 
dos conceitos vistos nas últimas lições sobre escrita e outras formas de 
comunicação. Formalidade não é sinônimo de rebuscamento ou de exagero. 
Vamos ver no poema de José Paulo Paes (1996), um conselho muito 
interessante para qualquer texto, que resume bem ao que devemos ficar 
atentos. Acompanhe! 
 
POÉTICA 
Conciso? com siso 
Prolixo? pro lixo 
 
Nas demais comunicações escritas, lembre-se sempre dos seguintes pontos: 
● Clareza: o autor não pode ficar anexado ao documento explicando o que 
tentou escrever, por isso o texto tem que ser claro por ele mesmo. 
● Prova: a escrita é um documento e, portanto, uma prova. Reflita bem antes 
de escrever e releia no mínimo uma vez. Isso vale inclusive para e-mails. 
● Objetividade: respeite o tempo dos outros, escreva apenas o necessário e 
nada mais que o necessário. 
● Elegância: se você conseguiu seguir as três primeiras dicas, não custa nada 
tentar melhorar a aparência do texto, escolher palavras com propriedade. Não 
confundamos seriedade e profissionalismo com feiura, com falta de graça. Um 
texto equilibrado, harmonioso cumprirá melhor sua função de comunicar do que 
outro árido, pesado. 
Técnicas de apresentação 
Desde os tempos em que os gregos aprimoraram a retórica até os dias de hoje, 
apresentações, discursos, debates e palestras continuam sendo uma realidade 
na vida de qualquer cidadão. No mundo dos negócios, no entanto, será pouco 
provável ver qualquer apresentação de projeto, de novo produto, de entrevista 
ou de venda acontecer sem o suporte audiovisual de um cartaz, de um 
catálogo, vídeo ou de slides. 
Trata-se de recursos muito interessantes e que podem melhorar qualquer 
apresentação. A expressão “uma foto vale mais que mil palavras” até possui 
certo embasamento semiótico. No entanto, vemos ainda em muitas 
apresentações as pessoas caírem no erro de deixar todo o trabalho ao encargo 
de um computador. Tecnologias são bem-vindas, mas a fala e a comunicação 
pessoal do palestrante, continuam sendo decisivos. 
Todas as dicas vistas ao longo do curso continuam válidas aqui. A preparação 
e a estruturação mental são fundamentais para qualquer apresentação oral, 
mesmo para as mais simples. Não acredite no improviso. Todos os grandes 
oradores evitam o improviso. Sempre que podem, preparam-se para o 
discurso, nem que esse preparo seja feito alguns minutos antes, em um rápido 
momento de reflexão sobre o que deve ser dito. 
Pensar no modelo de comunicação ajuda. Quem é meu destinatário? Que 
código devo usar? Qual a linguagem mais apropriada para a ocasião? Qual é o 
nível de formalidade? Estou vestido adequadamente, minha apresentação 
pessoal é boa? Ir para a festa de fim de ano da empresa de terno e gravata e 
ficar falando de relatórios e prazos é tão inadequado quanto ir para uma 
reunião de bermudas e falar da pelada do fim de semana. Felizmente, a 
maioria das pessoas consegue perceber isso naturalmente. 
Por fim, podemos concluir essa lição dizendo que não adianta tentar se passar 
por alguém que não se é, comunicar-se de uma maneira diferente da sua. Se 
você não sabe falar palavras difíceis, correrá o risco de se passar por ridículo 
utilizando-assem necessidade. Todos temos nossas particularidades, nossas 
diferenças. O ambiente de trabalho deve modular as comunicações entre as 
pessoas. A formalidade, a objetividade das falas, das conversas é uma regra 
geral, não uma regra absoluta. Bom senso acima de tudo! 
Fechamento 
Chegamos ao final deste tema! Vimos aqui algumas dicas sobre a prática da 
redação para o preparo de diferentes comunicações. Lembre-se que se 
comunicar de forma assertiva e adequada é fundamental nas estratégias 
empresariais. Continue seus estudos com empenho! 
Nesta aula, você teve a oportunidade de: 
 Introdução 
 Formas de comunicação 
 Escrita no trabalho 
 Técnicas de apresentação 
 
Referências 
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa. 
40 ed. São Paulo: Saraiva, 1995. 
 
BRASIL. Presidência da República. Manual de redação da presidência da 
república. 2 ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da República, 2002. 
 
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 8 ed. São Paulo: Ática, 1997. 
 
DUBOIS, Jean et al. Dicionário de linguística. Trad. Izidoro Blikstein. São 
Paulo: Cultrix, 1998. 
 
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de texto: língua 
portuguesa para nossos estudantes. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1992. 
 
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Trad. Roberto Cabral 
de Melo Machado e Eduardo Jardim Moraes. 3 ed. Rio de Janeiro: Nau, 2002. 
 
OLIVEIRA, Luciene de Lima. A arte retórica aristotélica: um legado clássico até 
os dias atuais. In: Revista Gaia, n. 7, p. 69-84, Rio de Janeiro, 2010. 
 
PAES, José Paulo. Poesias Completas. Apresentação Rodrigo Naves. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2008. 
 
PARKER, Frank. Linguistics for non-linguists. Austin: Pro-ed, 1986. 
 
SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Trad. Pedro Süssekind. Porto 
Alegre: L&M Pocket, 2009. 
 
TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. 2º Ed. São Paulo: Editora 
Perspectiva, 1970. 
 
WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa. São Paulo: Martins 
Fontes, 2008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Funções 
de linguagem 
 
 
Introdução 
Você sabia que a transmissão de uma mensagem está centrada na intenção do 
falante em relação à mensagem que se deseja transmitir? A comunicação 
verbal se vale das funções da linguagem para alcançar o receptor da 
mensagem em sua totalidade. Nesta aula, vamos conhecer quais são as 
funções de linguagem e em quais situacionalidades elas são aplicadas. 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 compreender que é necessário adaptarmos a linguagem para cada situação 
de comunicação, uma vez que ela pode variar dependendo do receptor, 
contexto ou da intencionalidade 
 entender as funções da linguagem e o seu desdobramento na fala e na 
escrita 
O que são funções de linguagem? 
As funções de linguagem são formas de transmitir uma mensagem de modo 
que ela seja compreendida em sua totalidade e alcance as intenções do 
emissor para com o receptor. Assim, as funções não são maneiras de escrever 
aleatórias, ou apenas regras gramaticais que devem ser aplicadas ao ato 
comunicativo. Para Nicola (2014), as funções de linguagem são recursos que 
atuam na mensagem de acordo com as intenções do emissor. 
 
Segundo o linguista Roman Jakobson (1896-1992), há seis funções de 
linguagem, dentro das quais são privilegiados os elementos do ato da 
comunicação, ou seja, o emissor, receptor, mensagem, canal, código e 
referente. As seis funções de linguagem são: referencial, fática, conativa, 
emotiva, poética e metalinguística (JAKOBSON, 1973). 
 
Nos próximos itens, entenderemos quais são as características destas funções 
de linguagem e as aplicações em seus respectivos elementos do ato 
comunicativo. 
A mensagem centrada no referente 
Partimos da função referencial (também conhecida como denotativa), que tem 
por finalidade produzir sentido informativo, ou seja, a intenção é a de transmitir 
dados da realidade de maneira direta, fazendo uso de palavras empregadas 
em sentido estrito, nos quais prevalece o uso da terceira pessoa do discurso. 
Além disso, emprega-se a ordem direta, como observamos em textos didáticos, 
jornalísticos e científicos. Nesta função, o texto estará centrado no referente, 
isto é, na informação (NICOLA, 2014). 
 
Você certamente lê notícias, quer sejam impressas quer sejam online, correto? 
Nas notícias, a linguagem é direta, clara, objetiva e centrada na terceira 
pessoa. Isto acontece porque a intenção do emissor da mensagem é a de 
informar algo sobre os fatos. Atente-se, ainda, para este texto que você está 
lendo agora. Aqui, a função de linguagem predominante é a referencial, pois o 
nosso objetivo é o de informar a você sobre importantes recursos da 
linguagem. 
Figura 1 - As intencionalidades de uma mensagem por meio das funções de 
linguagem Fonte: Shutterstock 
Se, por um lado, a função referencial costuma ser a mais objetiva e direta, 
centrada no referente, por outro, há a função que é centrada no interlocutor, ou 
seja, no próprio destinatário da mensagem. Trata-se da função conativa, ou 
apelativa, que veremos a seguir. 
A função centrada em quem recebe a mensagem 
A função conativa é aquela em que o foco predomina no receptor, o alvo da 
mensagem é o receptor. O emissor, neste caso, está apelando (por isso, é 
também chamada de função apelativa), no sentido de seduzir, influenciar, 
persuadir e estimular o receptor a adotar o comportamento pretendido por ele 
(NICOLA, 2014). 
 
Esta é a função característica dos textos publicitários, discursos políticos, 
textos instrucionais, horóscopos, entre outros. Na função conativa, os verbos 
são utilizados no imperativo e na segunda pessoa do discurso (tu/vós). Além 
disso, outros elementos comuns são os vocativos, pronomes de tratamento e o 
emprego da ambiguidade. 
 
Um texto que traga dicas de etiqueta para enviar e receber e-mail é um bom 
exemplo de uso da função apelativa ou conativa da linguagem. Nele, todas as 
frases serão centradas no interlocutor, já que a intenção é a de interferir no seu 
comportamento. Além disso, os verbos utilizados para compor a mensagem 
estarão sempre no imperativo. 
Figura 2 - Nas propagandas predomina a função conativa da linguagem
Fonte: Shutterstock (Adaptado) 
 
Mesmo em uma mensagem em que haja o predomínio de uma 
determinada função, poderá haver outras. No caso das 
propagandas, por exemplo, é possível perceber a função poética, 
já que esta possui particularidades que atuam diretamente nas 
construções de frases e palavras. 
Agora, vamos conhecer como se aplica a função poética. 
A função centrada na estética do texto 
Em alguns textos, a linguagem costuma ser mais trabalhada que em outros. É 
o caso daqueles que apresentam o que Nicola (2014, p. 178) chama de 
“combinação de palavras, em que se coloca em evidência o lado palpável, 
material dos signos”, com vistas ao estético. Nesta situação, o falante da língua 
procura obter elementos como o ritmo, a sonoridade e o belo (a partir de 
imagens), exercitando a função poética da linguagem. 
 
A função poética privilegia a construção e a forma como a mensagem será 
organizada. Entenda que, aqui, o foco não está no que ela transmite, mas sim 
na sua própria construção, e, por esta razão, destacamos a seleção das 
palavras na organização dos parágrafos (NICOLA, 2014). 
 
O trabalho estético com a linguagem é a premissa para qualquer artista que 
trabalha com as palavras. O filme “O carteiro e o poeta” (1994) retrata a 
amizade entre o poeta Pablo Neruda e o seu carteiropessoal, que deseja 
aprender como trabalhar as palavras e a arte poética. Assista ao filme! 
Agora, trataremos da função que atua sobre o canal de comunicação. 
A função centrada no canal de comunicação 
A função fática da linguagem apresenta uma preocupação do falante em 
manter o contato com o seu interlocutor, uma vez que foca no canal de 
comunicação (NICOLA, 2014). Nela, o emissor procura testar a eficiência deste 
canal, prolongando ou não o contato com o receptor. 
 
Note que a função fática possui o mesmo efeito de um aceno de mão ou de um 
cumprimento com um movimento da cabeça. Nesta função, predominam frases 
como “Oi, você está me ouvindo?”, ou “Então?”, ou ainda “Veja bem”. 
 
Quando tratamos da teoria da comunicação, o canal é o suporte 
material ou sensorial por meio do qual se faz a comunicação. 
Podemos dizer, ainda, que se trata do meio utilizado para enviar 
um sinal do emissor para o receptor. 
A seguir, veremos duas outras importantes funções, que objetivam trabalhar a 
expressividade e a própria linguagem. 
A função centrada na expressividade 
O uso de interjeições e da primeira pessoa do discurso são indicadores 
da função emotiva(ou expressiva) da linguagem. Sinais de pontuação como 
reticências, pontos de exclamação, assim como a presença das interjeições, 
marcam esta função. Para entender, leia o trecho a seguir, extraído do 
romance “São Bernardo”, de Graciliano Ramos: 
 
[...] ‘É horrível’ Se aparecer alguém... Estão todos dormindo. Se ao menos a 
criança chorasse... Nem sequer tenho amizade a meu filho. Que miséria! 
Casimiro Lopes está dormindo. Marciano está dormindo. Patifes! (RAMOS, 
1996, p. 191). 
 
O autor, ao descrever a cena para o leitor, posiciona-se em relação ao tema 
que está tratando por meio do uso de algumas interjeições, como “Que 
miséria!”. Isto quer dizer que, de maneira subjetiva, ele expressa os seus 
sentimentos e emoções. 
Figura 3 - As interjeições são recursos da função emotiva Fonte: 
Shutterstock 
 
Interjeições são palavras invariáveis da língua, cuja função é 
justamente a de exprimir emoções, estados da alma, procurando 
agir sobre o interlocutor. 
Agora, conheceremos a última função de linguagem: a metalinguagem. 
A função centrada na linguagem 
Para compreendermos a função metalinguagem, primeiro, devemos saber 
que o termo “palavra” significa “a linguagem que é utilizada para descrever ou 
formalizar outra linguagem” (ABL, 2008, p. 853). 
 
Visto isso, podemos entender que quando a metalinguagem é utilizada, há uma 
preocupação do falante voltada para o próprio código. Em outras palavras, o 
tema da mensagem é utilizado para explicar a própria linguagem. 
 
As funções de linguagem estão presentes em todos os tipos de textos, 
inclusive os de caráter acadêmico. Para entender melhor o uso das funções em 
textos científicos, leia o artigo “A prevalência de uma função de linguagem 
no texto acadêmico”, de Maria Lucia Moutinho Ribeiro (UNIRIO). Disponível 
em: <http://www.filologia.org.br/xcnlf/3/03.htm>. 
Lembre-se de que nos textos verbais, o código é a língua. Então, quando 
usamos a língua para explicar a própria língua, estamos fazendo uso da 
metalinguagem. 
Fechamento 
Nesta aula, vimos que as funções de linguagem são: a referencial; emotiva; 
conativa; metalinguística; poética; e fática. Além disso, entendemos que elas 
são fundamentais no momento em que estabelecemos a comunicação de 
modo eficiente. 
Nesta aula, você teve a oportunidade de: 
 compreender que é necessário adaptar a linguagem para cada 
situacionalidade de comunicação 
 entender que a linguagem pode variar conforme o receptor, contexto, ou 
intencionalidade 
 conhecer as seis funções de linguagem, assim como os seus usos 
 perceber quais são os desdobramentos das funções de linguagem em 
diferentes textos e situações comunicativas 
 
Referências 
ABL. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. Academia Brasileira de 
Letras. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. 
JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 1973. 
NICOLA, José de. Gramática e texto. Volume único 1,2,3. São Paulo, 
Scipione, 2014. 
O CARTEIRO e o poeta. Direção de Michael Radford. Itália, Miramax Films, 
1994. 
RAMOS, Graciliano. São Bernardo. 35. ed. Rio de Janeiro: Record, 1996. 
RIBEIRO, Lucia Maria Moutinho. A prevalência de uma função da linguagem no 
texto acadêmico. Cadernos do X Congresso Nacional da Linguística e 
Filologia, Rio de Janeiro, ago. 2006. Disponível em: 
<www.filologia.org.br/xcnlf/3/03.htm>. Acesso em: 21 jun. 2017. 
 
 
 
 
 
 
Tipos 
Textuais 
Introdução 
Ao longo desta aula, compreenderemos o que é um texto e quais são os 
fatores da sua construção. Além disso, conheceremos os tipos textuais, 
reconhecendo suas nuances e especificidades. 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 compreender o que é um texto, bem como os fatores que interferem em sua 
construção 
 conhecer os tipos de textos a fim de aprender as suas peculiaridades 
O que é um texto? 
A palavra texto vem do latim textum, que significa, em tradução literal, tecido 
organizado de palavras. Trata-se de uma organização lógica, encadeada, que 
estabelece comunicação, tanto na fala quanto na escrita, não importando a sua 
extensão. Segundo Guimarães (2000, p. 14): 
 
[...] em sentido amplo, a palavra texto designa um enunciado qualquer, oral ou 
escrito, longo ou breve, antigo ou moderno. Caracteriza-se, pois, numa cadeia 
sintagmática de extensão muito variável, podendo circunscrever-se tanto a um 
enunciado único ou a uma palavra. 
 
 
Assim, podemos dizer que um texto somente se configura como tal quando é 
enunciado de modo articulado, fazendo com que o receptor compreenda a 
mensagem. Ainda de acordo com Guimarães (2000), um texto se forma por 
meio das estruturas internas que o caracterizam e, também, articula-se em 
diferentes tipos. Temos, então, um todo organizado, que visa a um dado 
objetivo comunicativo. Dessa maneira, escolhemos e privilegiamos aquele que 
melhor cabe dentro de cada propósito. 
 
Para conhecer mais a fundo os tipos textuais e como redigir cada um deles, 
leia “Para entender o texto: leitura e redação”, 
de Francisco Platão Savioli e José Luis Fiorin. Na obra, os autores trazem uma 
abordagem inovadora, uma vez que todo o 
estudo é realizado com base em exemplos textuais. 
Além de compreender o que é um texto, é importante entender que, para a sua 
construção, existem fatores que atuam diretamente na sua produção, como 
afirma Nicola (2014). Acompanhe! 
Fatores que interferem na construção de um texto 
Como vimos, o texto é um todo que deve produzir sentido para o leitor. 
Assim, o texto precisa ser planejado e construído com base em alguns 
pressupostos. Segundo Nicola (2014), os requisitos para a construção do texto 
são: 
 
 intencionalidade: está associada às intenções do produtor do texto em 
relação ao objeto comunicativo. Por exemplo, quando a intenção é 
persuadir, convencer, o texto deverá ser organizado com base nestas 
intenções; 
 aceitabilidade: a mensagem transmitida pelo texto, que é construído pelo 
autor, deve ser tomada pelo receptor como verdadeira, ou seja, as 
intenções do texto precisam ser “aceitas”. Por isso, as informações contidas 
num texto devem ser baseadas em fatos, que não possam ser refutados; 
 situacionalidade: o texto, ao ser produzido, precisa estar adequado à 
situação comunicativa. Não cabe, por exemplo, construir um texto com 
linguagem extremamente formal em uma situação em que a formalidade 
não é exigida. Numa conversa entre amigos, a linguagem usada,intencionalmente, é mais solta, leve; já em uma entrevista de trabalho, a 
linguagem precisa ser mais formal, adequada ao contexto situacional, 
respeitando as normas gramaticais; 
 informatividade: um texto precisa trazer informações ao receptor. Não se 
compreende como texto um enunciado que não agregue qualquer tipo de 
informação para quem lê. Vale salientar que o critério para a utilização do 
nível de informatividade dependerá da situacionalidade e da aceitabilidade; 
 intertextualidade: não existe um texto “puro”, ou seja, que não tenha por 
referência outros. A intertextualidade é a relação que um texto mantém com 
outro. Por exemplo, uma dissertação apresenta dados que já foram 
expostos em outras publicações, os quais serviram de base para a 
exposição ou defesa de uma tese. 
 
Assim, é preciso compreender que há diversos fatores que interferem 
diretamente na construção de um texto e que, sem a organização e 
planejamento deles, a transmissão da mensagem poderá ficar comprometida. 
Figura 1 - Fatores que interferem na construção do texto Fonte: 
Shutterstock 
Como vimos, para a construção de um texto, é necessário perceber quais são 
os fatores que podem interferir diretamente na sua produção. Portanto, não 
basta apenas escrever. Além disso, os textos são classificados em estruturas, 
conforme veremos a seguir. 
Tipos textuais 
Os textos estão organizados em tipologias, ou seja, agrupados e estudados de 
acordo com as suas estruturas e finalidades (NICOLA, 2014). De acordo com 
Garcia (2010), há 5 tipos de textos (ou categorias textuais), que serão 
classificados de acordo com seus usos e estruturas internas. Os tipos textuais 
são: descritivo, narrativo, dissertativo, injuntivo e expositivo. 
 
Lembre-se que o uso do texto está diretamente ligado aos fatores 
que interferem na construção de qualquer que seja o seu tipo. 
Assim, os textos devem ser usados conforme a necessidade 
comunicativa. Caso a comunicação exija um texto explicativo, 
este deverá cumprir esta premissa. 
Os tipos textuais se organizam de maneira bastante simples para serem 
compreendidos, uma vez que as suas estruturas internas são elaboradas para 
que tenhamos um processo comunicativo claro e objetivo (GUIMARÃES, 
2000). 
 
Quando temos a intenção comunicativa, oral ou escrita, de defender uma tese, 
usaremos um tipo de texto que nos permita realizar o objetivo central, que é o 
de apresentar e defender uma ideia. Não é possível defender ou expor uma 
ideia fazendo uso de um tipo que não se encaixe dentro das características 
exigidas nesta situação. 
Agora, vamos aprofundar nosso estudo nas especificidades dos tipos textuais. 
Descritivo 
No texto descritivo, a intenção comunicativa é a de caracterizar um ser, local, 
objeto, tanto de modo físico quanto psíquico. Ele é largamente utilizado no dia 
a dia, uma vez que precisamos descrever com as palavras o mundo que nos 
cerca. Assim, quando queremos apresentar uma informação, usamos o tipo 
descritivo. 
 
Os adjetivos são muito empregados nos textos descritivos. Por exemplo, 
quando vendemos um carro, precisamos descrever os dados para informar 
detalhadamente o possível comprador. Veja: “4 portas, bancos de couro, 
direção hidráulica e rodas de liga leve”. 
 
Agora, acompanhe as características do tipo narrativo. 
Narrativo 
O tipo narrativo tem por objetivo contar histórias, narrar ações, sejam elas 
reais ou fictícias, que estejam localizadas em um tempo e espaço. As 
narrações ainda se caracterizam pela presença de personagens e por um 
narrador, o qual pode ser também um personagem da trama (GARCIA, 2010). 
 
Nos textos narrativos, há o largo emprego de descrições, uma 
vez que é impossível contar uma história sem que se caracterize 
o ambiente, local, personagens e demais acontecimentos que 
permeiam as ações narradas. Podemos afirmar, então, que uma 
narração se vale da descrição, mas nem sempre a descrição se 
vale da narração, em especial quando ela é técnica. 
Figura 2 - Descrição e narração: características e finalidades Fonte: 
Elaborado por Cristiane Rodrigues de Oliveira 
A seguir, conheceremos o tipo dissertativo. 
Dissertativo 
A palavra dissertação vem do latim dissertare e significa, literalmente, 
argumentar com criticidade (NICOLA, 2014). Logo, dizemos que a intenção 
do tipo dissertativo é expor ideias ou defender uma tese, apresentando 
argumentos, fatos e dados que sejam cabíveis ao tipo de defesa ou exposição 
que se pretende. Por exemplo, para defender uma monografia, nos valemos do 
tipo dissertativo, que atende às premissas exigidas para a situacionalidade. 
 
O tipo dissertativo é elaborado em uma linguagem culta, redigida na 3ª pessoa. 
Além disso, ele é conhecido como tripartido, ou seja, apresenta três partes 
muito bem definidas. A primeira parte é a introdução, ou tese, na qual se expõe 
a ideia que será debatida. A introdução é construída por meio da apresentação 
de um tópico frasal, que expõe o tema a ser discutido, e o ponto de vista do 
autor acerca do assunto. 
 
Assim, uma elaboração assertiva da introdução irá garantir o sucesso do texto 
dissertativo. Por isso, ela deverá ser desenvolvida de modo claro, coeso e 
coerente, sempre calcada em argumentos de autoridade (informações válidas, 
sérias, oficiais), os quais serão desdobrados na segunda parte do texto 
(GARCIA, 2010). 
 
A dissertação é um dos textos mais utilizados no meio 
acadêmico. Além disso, é o tipo textual mais exigido em 
concursos públicos, exames vestibulares e outros tipos de 
processos de seleção, inclusive para selecionar candidatos para 
vagas de trabalhos. 
A segunda parte compreende o desenvolvimento, que, como o próprio nome 
diz, apresenta as considerações (exemplos, dados históricos, causas, 
consequências) utilizadas para defender a tese inicial. Já a terceira parte é a 
conclusão, ou fecho, cuja função é retomar a tese inicial, apresentar uma 
proposta de intervenção e dar um fechamento para o texto (GARCIA, 2010). 
Figura 3 - O texto dissertativo expõe e defende ideias Fonte: Shutterstock 
 
Para uma leitura aprofundada sobre o tema, acesse o artigo “Aspectos da 
pesquisa sobre tipologia textual”, de Luiz Carlos Travaglia (UFU): 
<http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/2754/2709>. 
Veja que a dissertação é um texto cuja estrutura é fixa, independente de sua 
extensão. Suas partes são bem definidas e, simultaneamente, elencadas, ou 
seja, caso uma apresente problemas de coesão, haverá problemas também em 
outras partes do texto. 
 
Agora, vamos conhecer o tipo injuntivo. 
Injuntivo 
O tipo injuntivo (também conhecido como instrucional) tem por finalidade 
instruir o leitor, ou seja, indicar de que forma ele deverá agir. Trata-se de um 
texto bastante presente em nosso cotidiano, como em receitas culinárias, 
manuais de instrução, indicações de rotas, isto é, todos aqueles que sirvam 
para dar instruções. 
 
Nos textos injuntivos, usamos os verbos quase sempre no modo imperativo, 
ou, por vezes, no infinitivo. Eles também apresentam um tom de persuasão, e 
por esse motivo há um predomínio da função apelativa ou conativa da 
linguagem (MORAES, 2008). 
 
O tipo injuntivo é predominante em propagandas, uma vez que ele tem por 
objetivo dar uma indicação, ao receptor da mensagem, acerca das atitudes que 
ele deve tomar. Observe que no enunciado “relaxe no verão, mas fique de olho 
no mosquito da dengue”, há uma injunção, uma vez que a mensagem indica 
que tipo de comportamento o leitor deve ter. Repare, ainda, no emprego do 
modo imperativo. 
 
A seguir, conheceremos as especificidades do tipo expositivo.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes