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WWW.ICMSPARA.COM.BR Pag. 2 de 74 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DO PARÁ AULA 02 SUMÁRIO 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................................................... 4 2. INCIDÊNCIA E FATO GERADOR DO IPVA .......................................................................................... 5 3. NÃO-INCIDÊNCIA E IMUNIDADE ......................................................................................................... 24 4. ISENÇÕES ................................................................................................................................................. 30 4. DISPENSA DO PAGAMENTO DO IMPOSTO ..................................................................................... 38 5. DISPOSIÇÕES COMUNS DA NÃO-INCIDÊNCIA, ISENÇÃO E DISPENSA DE PAGAMENTO 41 6. CONTRIBUINTE E RESPONSÁVEL ..................................................................................................... 43 7. LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS ............................................................................................... 49 8. LISTA DE QUESTÕES SECAS ............................................................................................................. 64 9. GABARITO ................................................................................................................................................ 73 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................. 73 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................... 74 http://www.icmspara.com.br/ WWW.ICMSPARA.COM.BR Pag. 3 de 74 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DO PARÁ AULA 02 Acesse-nos agora pelos links abaixo: Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. 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Porém, como vimos também, a União até o momento não editou uma lei de normas gerais para o IPVA, conforme a previsão do art. 146, III, “a” da Lei Maior, o que fez com que os Estados e o DF exercessem a competência legislativa plena sobre esse assunto (art. 24, § 3º). Importante destacar que o nosso estudo será focado principalmente no Decreto nº 2.703/06, denominado Regulamento do IPVA (RIPVA), tendo em vista que ele disciplina a Lei nº 6.017/96, porém, com mais densidade. Assim, sempre que a Lei disciplinar algum ponto que não esteja no Decreto e este for importante para o entendimento do assunto, ele será abordado nesta Aula. Toda a parte teórica foi abordada até a página 48. Os exercícios comentados estão nas páginas 49-63. Por fim. A lista de questão seca está nas páginas 64-72. Por fim, recomendo que leia toda a aula com a atenção que ela merece, entretanto, sugiro que dê maior atenção aos seguintes temas: fato gerador, momento da ocorrência do fato gerador e isenção. Sem sombra de dúvida, esses temas são os mais cobrados em prova e que merecem atenção redobrada. Dito isso, passemos a aula! http://www.icmspara.com.br/ WWW.ICMSPARA.COM.BR Pag. 5 de 74 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DO PARÁ AULA 02 2. INCIDÊNCIA E FATO GERADOR DO IPVA 2.1 INCIDÊNCIA DO IPVA A incidência e o fato gerador do imposto dizem respeito ao critério material do imposto e ajudam a responder a seguinte pergunta: O “que” deve ocorrer para a incidência do IPVA? Nesse sentido, a incidência do imposto está prevista nos arts. 1º e 3º do RIPVA. Contudo, antes de transcrevê-los, é importante esclarecer que a incidência pode ser entendida como a relação entre um fato acontecido e o que a lei diz sobre ele. No caso do Direito Tributário, a incidência é a situação hipotética descrita em lei (hipótese de incidência), que, ao ocorrer no mundo dos fatos (fato gerador), dá origem à obrigação tributária. Vejamos então o que diz o art. 1º do RIPVA: Art. 1º O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA incide sobre a propriedade de veículo automotor terrestre, aquaviário e aeroviário. § 1º O imposto de que trata o caput é devido anualmente, incidindo sobre a propriedade de veículos automotores sujeitos ou não a registro, matrícula, inscrição ou licenciamento. § 2º Para efeito deste Regulamento, veículo automotor é qualquer veículo terrestre, aquaviário e aeroviário dotado de força motriz própria, ainda que complementar ou alternativa de fonte de energia natural. Observe que o art. 1º do RIPVA traz muitas informações importantes a respeito do imposto. O caput desse dispositivo define como hipótese de incidência a propriedade do veículo automotor terrestre, aquaviário e aeroviário, muito embora o entendimento jurisprudencial seja de que o imposto incide exclusivamente sobre a propriedade de veículo terrestre, conforme vimos na Aula 01. Nesse caso, para efeitos da legislação paraense, consideramos como certa a assertiva que diz que o imposto incide sobre a propriedade dos veículos “aquaviário e aeroviário”. Qualquer dúvida recomendo que volte a esse ponto da aula anterior. Logo em seguida, o § 1º do mesmo artigo esclarece que a periodicidade do IPVA é anual, isto é, a cada ano o imposto será devido, salvo previsão legal em sentido contrário, e que a incidência do imposto sobre a propriedade de veículo automotor independe de seu registro, matrícula, inscrição ou licenciamento. Com efeito, em relação a veículo automotor terrestre, o registro do veículo é feito junto aos DETRAN estaduais e é representado pelo Certificado de Registro de Veículo - CRV, sendo que a matrícula do veículo é o código indicado em sua placa. Por sua vez, o licenciamento, conforme definido no Anexo I do Código de Trânsito Brasileiro1, é o 1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9503Compilado.htm http://www.icmspara.com.br/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9503Compilado.htm WWW.ICMSPARA.COM.BR Pag. 6 de 74 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DO PARÁ AULA 02 procedimento anual relativo a obrigações do proprietário de veículo, comprovado por meio de documento específico (Certificado de Licenciamento Anual). Importante entender neste ponto que o IPVA será devido sobre a propriedade do veículo automotor mesmo que este, por exemplo, não possua placa ou não esteja licenciado. Caro aluno, vimos na Aula 01 que o STF firmou entendimento sobre a não incidência do IPVA sobre a propriedade de veículos automotores aéreos e aquáticos, com base no histórico do imposto que tem sua origem na Taxa Rodoviária Única. Naquela ocasião, entendeu o Supremo que o conceito de veículo automotor para fins de IPVA é o definido no Código de Trânsito Brasileiro, Lei n.º 9.503/97, que por óbvio, aplica-se exclusivamenteaos veículos terrestres. No entanto, como vimos no § 2º, do art. 1º, o Pará usando de sua competência legislativa plena definiu expressamente o conceito de veículo automotor para fins de incidência do imposto no Estado, abarcando, inclusive, os veículos aéreos e aquáticos. Segundo esse dispositivo, veículo automotor é todo aquele dotado de força motriz própria, ainda que complementar ou alternativa de fonte de energia. Fica claro que o veículo deve ter “motor” por assim dizer e, aqui caro aluno, devemos entender motor como aquilo que é capaz de gerar movimento. Isso é importante de se entender, tendo em vista que atualmente há várias espécies de motores: combustão, elétrico, etc. Passemos agora ao art. 3º que trata do fato gerador do imposto: Art. 3º O Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores - IPVA tem como fato gerador a propriedade, plena ou não, de veículo automotor terrestre, aquaviário e aeroviário. O caput do art. 3º do Decreto nº 2.703/06 reproduz na verdade a hipótese de incidência do IPVA, conforme vimos no art. 1º. A única novidade deste dispositivo diz respeito a possibilidade de a propriedade do veículo poder ser plena ou não, para se sujeitar a incidência do imposto. Ou seja, tanto faz se o veículo foi adquirido pelo proprietário à vista (propriedade plena) ou por exemplo por meio de alienação fiduciária2. Qualquer uma dessas situações, ao ocorrer, se torna fato gerador do imposto. É importante frisarmos que a propriedade será plena quando o proprietário tiver todos os atributos da propriedade, que são o uso, gozo, disposição e reivindicação, em suas mãos. Quando qualquer um desses atributos não estiverem sobre o controle do proprietário, ou seja, estiverem desmembrados, diz-se que a propriedade não é plena. Por exemplo, temos o caso dos financiamentos de veículos onde a propriedade do mesmo fica com o banco, porém, a posse será da pessoa que financiou o veículo. 2 É a modalidade de empréstimo e financiamento em que uma pessoa (devedor fiduciante) solicita um crédito, e transfere a propriedade de um bem que pretende adquirir (garantia), para o credor (credor fiduciário), até que realize o pagamento integral da dívida. http://www.icmspara.com.br/ WWW.ICMSPARA.COM.BR Pag. 7 de 74 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DO PARÁ AULA 02 Por sua vez, o art. 2º do RIPVA traz os documentos necessários quanto a comprovação da propriedade dos veículos automotores, são eles, quanto aos veículos: a) Terrestres: Certificado de Registro de Veículo (CRV) emitido pelo Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN; b) Aquaviários: Título de Inscrição de Embarcação (TIE ou TIEM), acompanhado do Certificado de Regularização de Embaraço (CRE), ambos fornecidos pela Capitania dos Portos; c) Aeroviários: Certificado de Matrícula, acompanhado do Certificado de aeronavegabilidade, ambos fornecidos pelo Departamento de Aviação Civil - DAC, do Ministério da Aeronáutica; d) Importados (diretamente pelo proprietário): Fatura Proforme; e) Doados: Carta de Doação; f) Primeira aquisição e demais casos: Nota Fiscal do veículo. Destacamos que no caso da primeira aquisição, a comprovação da propriedade dá- se pela própria Nota Fiscal (NF-e), que também será usada como comprovante em outras hipóteses não previstas no art. 2º do RIPVA. Além disso, quanto aos veículos importados do exterior diretamente pelo proprietário, exige-se a comprovação por meio da Fatura Proforme3. Observe que se o proprietário comprasse o veículo por meio de uma empresa importadora o documento hábil seria a Nota Fiscal. Ainda em relação aos documentos previstos no art. 2º, importante ressaltar que, em tese, na prática para fins de incidência do IPVA, não se considerariam os documentos que comprovam a propriedade de veículos aquaviários ou aeroviários, em razão do entendimento do STF sobre o assunto, conforme explicado anteriormente. 3 É a cotação ou formalização do pedido de compra do importador. Semelhante a um orçamento no mercado interno. Também tem utilidade para habilitar o fechamento de câmbio no caso de pagamento antecipado. Além disto, a Fatura Proforma garante as informações necessárias para emissão da carta de crédito. É emitida pelo próprio exportador, a pedido do importador, em papel timbrado da empresa com a descrição Fatura Pro- Forma (português), Factura Pro forma (espanhol) ou Pro-forma Invoice (inglês). Disponível em https://onedrive.live.com/edit.aspx?cid=117b9519abcb5615&page=view&resid=117B9519ABCB5615!2105&parId=117 B9519ABCB5615!2099&app=Word. http://www.icmspara.com.br/ https://onedrive.live.com/edit.aspx?cid=117b9519abcb5615&page=view&resid=117B9519ABCB5615!2105&parId=117B9519ABCB5615!2099&app=Word https://onedrive.live.com/edit.aspx?cid=117b9519abcb5615&page=view&resid=117B9519ABCB5615!2105&parId=117B9519ABCB5615!2099&app=Word WWW.ICMSPARA.COM.BR Pag. 8 de 74 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DO PARÁ AULA 02 (INÉDITA) Segundo a Lei nº 6.017/96, o Imposto sobre a Propriedade Veículos Automotores (IPVA) incide sobre a propriedade: a) de veículo automotor terrestre, aéreo, aquaviário e ferroviário. b) de veículo automotor terrestre, e aéreo, mas não sobre a propriedade de veículos aquaviários. c) somente de veículos automotor terrestres. d) de veículos automotor terrestre, aquaviário e aéreo. e) veículo automotor de qualquer espécie. Comentários Questão que cobra a literalidade da Lei nº 6.017/96, de acordo com a lei paraense, o IPVA incide sobre a propriedade de veículos automotor aéreo, aquaviário e terrestre (art. 1º, caput). Letra D (INÉDITA) De acordo com o Decreto nº 2.703/06, o IPVA é devido anualmente, e incide sobre a propriedade de veículo automotor terrestre, aquaviário e aeroviário, desde que estejam sujeitos a registro, matrícula, inscrição ou licenciamento nos órgãos competentes. Comentários Errado. O imposto é devido anualmente, incidindo sobre a propriedade de veículos automotores sujeitos ou não a registro, matrícula, inscrição ou licenciamento (art. 1º, § 1º). Não esqueçam, o fato do veículo está ou não registrado no órgão competente independe para efeitos de incidência do IPVA. (INÉDITA) Segundo a legislação paraense, veículo automotor é qualquer veículo dotado de força motriz imprópria, ainda que complementar ou alternativa de fonte de energia natural. Comentários Errado. Pessoal, a legislação paraense define veículo automotor como qualquer veículo terrestre, aquaviário e aeroviário dotado de força motriz própria, ainda que complementar ou alternativa de fonte de energia natural (art. 1º, § 2º, RIPVA). (INÉDITA) Para efeitos do RIPVA, considera-se documento de propriedade dos veículos aeroviários, o Certificado de Matrícula, acompanhado do Certificado de http://www.icmspara.com.br/ WWW.ICMSPARA.COM.BR Pag. 9 de 74 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DO PARÁ AULA 02 aeronavegabilidade, ambos fornecidos pelo Departamento de Aviação Civil - DAC, do Ministério da Defesa. Comentários Errado. De fato, os documentos que comprovam a propriedade dos veículos aéreos são o Certificado de Matrícula, acompanhado do Certificado de aeronavegabilidade, ambos fornecidos pelo Departamento de Aviação Civil - DAC, porém o DAC é do Ministério da Aeronáutica, e não da defesa. (INÉDITA) Bibi, residente e domiciliado em Belém, importou uma Ferrari zero km diretamente da Itália, por meio da empresa IMPORTA TUDO. De acordo com a legislação paraense a respeito do IPVA, considera-se documento de propriedade do veículo adquirido por BIBI: a) a Fatura Proforme b) o Certificado de Registro de Veículo emitido pelo Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN c) a Nota Fiscal d) a Declaração de Importação e) a homologação do fisco Comentários Segundo RIPVA, na situação apresentada o documento que comprova a propriedade é a Nota Fiscal. Vimos que a Fatura Proforme na importação somente será considerada quandoa compra for realizada de forma direta pelo proprietário. Assim, como Bibi importou sua Ferrari por meio de empresa importadora, o documento que servirá como comprovante de propriedade será a Nota Fiscal que é o documento que comprova a propriedade nos casos não previstos no art. 2º do RIPVA. Letra C 2.2 MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR DO IPVA O momento do fato gerador é o aspecto temporal do imposto, e ajuda a responder a seguinte pergunta: “quando” será considerado ocorrido o fato gerador para a incidência do IPVA? O fato gerador ocorre com a prática do ato descrito na lei como necessária e suficiente para a incidência do imposto, fazendo nascer a obrigação tributária para o contribuinte. No aspecto temporal, a regra é que o fato gerador do IPVA ocorra no dia 1º de janeiro de cada ano, tendo em vista que, como falado anteriormente, se trata de um imposto anual. Contudo, o art. 3º do RIPVA, no § 1º e incisos, colocam outros momentos. São eles: 1) na data do desembaraço aduaneiro, em relação a veículo importado diretamente do exterior por consumidor final. 2) na data da primeira aquisição por consumidor final. 3) na data da incorporação de veículo ao ativo permanente do fabricante, do revendedor ou do importador; 4) na data em que ocorrer a perda da não-incidência ou da isenção; http://www.icmspara.com.br/ WWW.ICMSPARA.COM.BR Pag. 10 de 74 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DO PARÁ AULA 02 5) Se o proprietário for locadora de veículos: 5.1) o dia 1º de janeiro de cada ano, quando se tratar de veículo usado já inscrito no Cadastro de Contribuintes do IPVA no Estado do Pará; 5.2) a data em que vier a ser locado ou colocado à disposição para locação no território paraense, quando se tratar de veículo usado registrado anteriormente em outro Estado; 5.3) a data de sua aquisição para integrar a frota destinada à locação no Pará, quando se tratar de veículo novo. Vamos entender melhor cada um desses momentos em que se considera ocorrido o fato gerador do imposto? Simbora! vamos lá: 1 - Na data do desembaraço aduaneiro, em relação a veículo importado diretamente do exterior por consumidor final; A primeira previsão diz respeito a importação de veículo realizada diretamente por consumidor final. Nessa situação, o momento do fato gerador a ser considerado será o da data do desembaraço aduaneiro. Assim, não entra neste caso a circunstância em que alguém importa veículo de país estrangeiro por meio de empresa importadora. Desembaraço aduaneiro é o ato final de liberação da mercadoria para importação ou exportação pela autoridade aduaneira, após a verificação do cumprimento de todas as exigências legais. No Brasil, a autoridade aduaneira é a Receita Federal do Brasil. Importação direta é aquela realizada pelo próprio consumidor final, ao passo que a importação por meio de uma empresa importadora “trading” corresponde a uma importação indireta. “Trading” é uma empresa especializada que atua na intermediação de importações e exportações. Portanto, se um residente no Estado do Pará realiza a importação de veículo como consumidor final no dia 06/07/2020 e o desembaraço aduaneiro ocorre no dia 13/09/2020, o momento do fato gerador a ser considerado será o dia 13/09/2020, que é o momento em que a autoridade aduaneira libera o veículo. 2 - Na data da primeira aquisição por consumidor final Nessa situação, considerando que um determinado sujeito no dia 05/05/2020 adquira um veículo automotor novo, essa data será o momento em que ocorre o fato gerador do imposto. Ou seja, você foi a concessionária e neste dia comprou um carro zero (primeira aquisição). Neste momento, ocorre o fato gerador do IPVA. 3 - Na data da incorporação de veículo ao ativo permanente do fabricante, do revendedor ou do importador Na terceira situação descrita no RIPVA, temos o caso de um veículo que foi incorporado ao ativo imobilizado (permanente) do fabricante, revendedor ou importador. Nesse caso temos a situação, por exemplo, de uma indústria automobilística que fabrica o veículo e em vez de vendê-lo no mercado o incorpora ao seu ativo imobilizado, o que, segundo a legislação paraense, será considerado como ocorrido o fato gerador na data dessa incorporação. http://www.icmspara.com.br/ WWW.ICMSPARA.COM.BR Pag. 11 de 74 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DO PARÁ AULA 02 Outro caso é quando uma empresa revendedora de veículos adquire um veículo para comercializá-lo no mercado, contudo, em razão da necessidade da empresa, ela incorpora o veículo ao seu ativo imobilizado, será considerado como ocorrido o fato gerador na data dessa incorporação. Por fim, o mesmo ocorrerá quando da importação de veículo que venha a ser incorporado ao ativo imobilizado do importador. 4 - Na data em que ocorrer a perda da não-incidência ou da isenção A isenção é hipótese de exclusão do crédito tributário, ou seja, é a dispensa legal da obrigação tributária. Portanto, o fato gerador existe, porém a lei dispensa o contribuinte do recolhimento da obrigação tributária. A não incidência é a ausência de tipicidade entre o fato que foi praticado pelo sujeito passivo e o tipo tributário, ou seja, não existe se quer previsão de hipótese de incidência na norma legal para o caso. Inclusive, sendo dispensável sua previsão na lei, pois se não existe hipótese de incidência, certamente não há possibilidade de ocorrência do fato gerador. Essa situação descrita ocorre, por exemplo, quando uma empresa “X” que usufrui de isenção ou não incidência do IPVA perde essa condição. Assim, o momento do fato gerador a ser considerado será a data em que for revista a previsão de isenção ou não incidência para aquele contribuinte e/ou situação. Imagine que Paulo, deficiente físico, adquiriu isenção do imposto em 02/02/2020, tendo sido revogada essa condição, pela inobservância das condições exigidas para a sua fruição, a partir de 13/07/2020. Nesse caso, será considerado ocorrido o fato gerador na data da perda da isenção, qual seja, 13/07/2020. Nesse ponto, destacamos que de acordo com os §§ 6º e 7º, do art. 3º, do RIPVA, em qualquer hipótese de não-incidência e isenção, o imposto será devido durante o período em que não se observem as condições exigidas para a fruição do benefício fiscal, sendo que, nesse caso, o imposto será devido durante o período em que o veículo estiver na posse do proprietário ou de outrem, disponibilizado para o uso. Assim, no exemplo que mencionamos a respeito da isenção do Paulo, o imposto será devido entre o período de 13/07/2020 e 31/12/2020. 5 - No dia 1º de janeiro de cada ano, nos demais casos não previstos neste artigo. Esse item, conforme mencionado acima, nos traz a regra geral da incidência do imposto. Essa é a situação mais comum de ocorrência do fato gerador do imposto. A lei atribui, portanto, que quanto aos veículos usados e as demais situações não previstas na legislação paraense, o momento da ocorrência do fato gerador será o primeiro dia do calendário do ano civil. Assim, todos os anos ocorrem o fato gerador do IPVA no dia 1º de janeiro para os veículos adquiridos em anos anteriores. Apesar disso, geralmente os Estados estabelecem prazos para pagamento do imposto em datas posteriores a data da ocorrência do fato gerador. No Pará, esse prazo é concedido de acordo com o final da placa do veículo. http://www.icmspara.com.br/ WWW.ICMSPARA.COM.BR Pag. 12 de 74 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DO PARÁ AULA 02 O último item relativo ao aspecto temporal do imposto, refere-se aos veículos pertencentes às empresas locadoras. Esse tratamento específico deu-se em razão da guerra fiscal que os Estados vêm travando com essas empresas, que geralmente registram seus veículos em Estados onde a tributação é mais vantajosa, embora disponibilizem esses veículos em Estados diferentes de onde estão registrados (já observaram a quantidade de carros de locadoras com a placa deBelo Horizonte – MG?). Veremos logo mais que o STF manifestou-se sobre essa celeuma recentemente. Voltando ao item 6, perceba caro aluno que o tópico “a” nada mais é do que a regra geral do imposto, ou seja, para os veículos usados das locadoras (registrados no Estado) o momento da ocorrência do fato gerador será o primeiro dia do calendário do ano civil. Imagine vocês que a empresa Loca-car no seu estabelecimento localizado na cidade de Ananindeua, Estado do Pará, tenha em sua frota 50 veículos no ano de 2020, dos quais 30 deles foram registrados no Departamento de Trânsito do Estado em anos anteriores, nessa situação, o momento da ocorrência do fato gerador do imposto, relativamente aos 30 veículos registrados em exercícios anteriores, será no dia 1º de janeiro do ano 2020. Quanto ao tópico “b” temos a seguinte situação, o estabelecimento da Empresa Loca- car, localizado no Pará, recebe de sua sede, localizada no Estado de Minas Gerais, 10 veículos no dia 10/06/2020, todos registrados no Estado de sua sede. Posteriormente, no dia 13/06/2020 o estabelecimento paraense coloca esses veículos à disposição de seus clientes para serem locados. Percebam que o momento da ocorrência do fato gerador do IPVA na situação ilustrada será exatamente no dia 13/06/2020. Por último, temos o tópico “c”. Caro aluno, você lembra que falamos no exemplo do tópico “a” que a Loca-car possuía 50 veículos, dos quais 30 foram adquiridos em exercícios anteriores? Pois é! Agora imaginem que a Loca-car visando expandir a prestação de seus serviços de locação no território do Estado, tenha adquirido os outros 20 veículos (novos) no dia 23/07/2020. E aí? Fácil né? Pois é, o fato gerador do imposto considera-se ocorrido exatamente nessa data: 23/07/2020. Importante destacarmos que conforme previsão do § 8º, do art. 3º, o disposto neste tópico aplica-se às empresas locadoras de veículos qualquer que seja o seu domicílio, ou seja, pouco importa se o domicílio dessas empresas estão ou não localizadas no território paraense. Vamos conhecer na íntegra essa previsão: 6 - Relativamente a veículo de propriedade de empresa locadora: a) no dia 1º de janeiro de cada ano, em se tratando de veículo usado já inscrito no Cadastro de Contribuintes do IPVA deste Estado; b) na data em que vier a ser locado ou colocado à disposição para locação no território deste Estado, em se tratando de veículo usado registrado anteriormente em outro Estado; c) na data de sua aquisição para integrar a frota destinada à locação neste Estado, em se tratando de veículo novo. http://www.icmspara.com.br/ WWW.ICMSPARA.COM.BR Pag. 13 de 74 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DO PARÁ AULA 02 § 8º O disposto no inciso VI do § 1º deste artigo aplica-se às empresas locadoras de veículos qualquer que seja o seu domicílio. (INÉDITA) Considera-se ocorrido o fato gerador do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, exceto: a) A data do desembaraço aduaneiro, em relação a veículo importado diretamente do exterior por importador. b) A data da primeira aquisição por consumidor final. http://www.icmspara.com.br/ WWW.ICMSPARA.COM.BR Pag. 14 de 74 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DO PARÁ AULA 02 c) A data da incorporação de veículo ao ativo permanente do fabricante, do revendedor ou do importador. d) A data em que ocorrer a perda da não-incidência ou da isenção. e) O dia 1º de janeiro de cada ano, como regra geral. Comentários: A Letra A fala em “importado do exterior por importador”. O importador pode ser uma empresa revendedora, que, caso compre para revenda, não será um consumidor final. O correto seria “importado diretamente do exterior por consumidor final”, conforme preceitua o art. 3º do RIPVA. Gabarito Letra A. (AFRE/PE – 2014 – FCC - adaptada à legislação do Pará) De acordo com o Decreto Estadual nº 2.703/06, considera-se ocorrido o fato gerador do IPVA, no Estado do Pará, tratando-se de veículo: a) de procedência estrangeira, e para efeito da primeira tributação, na data do desembaraço aduaneiro, quando importado por empresa revendedora de veículos, com a finalidade de comercializá-lo. b) de procedência estrangeira, e para efeito da primeira tributação, no momento da incorporação ao ativo permanente da empresa importadora, revendedora de veículos. c) usado, adquirido no exercício corrente, na data da aquisição. d) novo ou usado, na data de sua primeira aquisição por consumidor final, pessoa física ou jurídica. e) que ingressou na frota do Estado do Pará, transferido de outros Estados da Federação, na data da transferência. Comentários: a) Não há fato gerador na hipótese mencionada. O momento do fato gerador será o da revenda pela empresa que importou o veículo, com destino a consumidor final. b) Exatamente como prescreve o art. 3º, § 1º, inciso I, do RIPVA. Não caia em pegadinha, o veículo deve ser importado diretamente por consumidor final. c) o fato gerador para veículos usados será no dia 1º de janeiro de cada ano. d) Apenas para o veículo novo o fato gerador será considerado na data de sua primeira aquisição por consumidor final, seja pessoa física ou jurídica. e) Relativamente aos veículos que ingressarem na frota, transferidos de outros Estados da federação, o imposto será devido ao Estado do Pará, somente a partir do exercício seguinte ao do seu ingresso. Letra B. 2.3 LOCAL DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR DO IPVA E O DOMICÍLIO DO PROPRIETÁRIO O local da ocorrência do fato gerador do imposto diz respeito ao critério espacial do imposto e ajuda a responder a seguinte pergunta: “onde” o fato gerador precisa ocorrer para que tenhamos a incidência do IPVA? http://www.icmspara.com.br/ WWW.ICMSPARA.COM.BR Pag. 15 de 74 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DO PARÁ AULA 02 Os parágrafos § 2º a 5º e 8º a 16, todos do art. 3º do RIPVA, referem-se ao local de ocorrência do fato gerador do imposto, e também a respeito do domicílio do proprietário. Vamos estudá-los a seguir. 2.3.1 - Local da ocorrência do fato gerador Ilustríssimo(a), o § 2º do art. 3º do RIPVA, por seu turno diz em que circunstâncias o IPVA será devido ao Pará, de acordo com esse dispositivo o imposto será devido ao Estado quanto: 1) ao veículo terrestre: quando aqui se localizar o domicílio do seu proprietário; 2) à aeronave: quando aqui se localizar o aeródromo da matrícula; 3) à embarcação: quando aqui ocorrer a sua inscrição. Vale lembrar mais uma vez, todavia, que o IPVA será devido ao Pará independentemente de o veículo estar aqui registrado, licenciado, inscrito ou matriculado. Em tal situação, o Fisco buscará o domicílio do proprietário ou, na ausência deste, o do possuidor do veículo, conforme manda os §§ 3º e 4º do citado artigo. Vejamos: § 3º O disposto no parágrafo anterior aplica-se ainda que o veículo não esteja sujeito a registro, licenciamento, inscrição ou matrícula nos órgãos competentes. § 4º Não estando o veículo sujeito a registro, licenciamento, inscrição ou matrícula, o imposto será devido no local de domicílio do seu proprietário. § 5º Na falta de indicação do domicílio do proprietário, será considerado o domicílio do possuidor do veículo. Além disso, o § 9º, do art. 3º, do RIPVA estabelece que o imposto será devido no local do domicílio ou da residência do proprietário do veículo no Estado do Pará. 2.3.2 - Domicílio do proprietário Para os seus efeitos, o RIPVA divide as situações dos domicílios a serem considerados nos casos de pessoa natural, pessoa jurídica de direito privado e pessoa jurídica de direito público. Antes de qualquer coisa, de antemão, esclarecemos que como regra geral, presume- se domiciliado no Estado do Pará o proprietário cujo veículo estiver registrado no DETRAN/PA4. Vamos conhecer agora as regras referente ao domicílio dos proprietários de veículos no Estado: 4 Art. 3º, § 14. Presume-se domiciliado no Estadodo Pará o proprietário cujo veículo estiver registrado no órgão competente deste Estado. http://www.icmspara.com.br/ WWW.ICMSPARA.COM.BR Pag. 16 de 74 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DO PARÁ AULA 02 PESSOA NATURAL § 10. Para os efeitos deste Decreto, considerar-se-á domicílio: I - se o proprietário for pessoa natural: a) a sua residência habitual; b) se a residência habitual for incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade onde o veículo esteja sendo utilizado; No caso de pessoa natural, para os efeitos do RIPVA, considera-se como seu domicílio a sua residência habitual, ou se esta for incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade onde o veículo esteja sendo utilizado. Esta hipótese é reforçada pelo § 9º do art. 3º que vimos há pouco, que diz: “o imposto será devido no local do domicílio ou da residência do proprietário do veículo neste Estado”. Neste aspecto, devemos esclarecer a diferença entre residência e domicílio. De modo bem singelo, residência é onde alguém mora, já o domicílio é o local para efeitos de direito. Isto posto, é importante explicar que o Código Civil, em seu art. 70, define o domicílio da pessoa natural como o lugar onde ele estabeleça residência com ânimo definitivo. Portanto, a pessoa que possua domicílio no Pará deverá a este Estado o IPVA referente ao seu veículo. Todavia, imaginemos que não foi possível ao Fisco localizar seu domicílio em território paraense. Entretanto, descobriu-se que o mesmo é advogado e possui escritório em Belém, ou seja, aqui exerce sua atividade, e o veículo fica lá a sua disposição. Nesse caso específico, esta pessoa deverá arcar com o IPVA para o Estado do Pará. Outro detalhe é que o RIPVA diz que se a pessoa natural possuir múltiplas residências, presume-se que o seu domicílio tributário para fins de pagamento de IPVA será o local onde, cumulativamente, possua residência e exerça profissão, como no caso de um dentista que atenda em sua casa, ou ainda, o endereço constante da Declaração de Imposto de Renda, na hipótese de residir e exercer profissão em mais de um local. Vamos entender melhor sobre o domicílio da pessoa natural, no caso de múltiplos domicílios: § 11. No caso de pessoa natural com múltiplas residências, presume-se como domicílio tributário para fins de pagamento do IPVA: http://www.icmspara.com.br/ WWW.ICMSPARA.COM.BR Pag. 17 de 74 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DO PARÁ AULA 02 a) o local onde, cumulativamente, possua residência e exerça profissão; b) caso possua residência e exerça profissão em mais de um local, o endereço constante da Declaração de Imposto de Renda. Na primeira situação, suponha que André Carvajal exerça a atividade de dentista em sua própria residência, localizada na Av. José Bonifácio, no bairro de São Brás em Belém/PA. Sabe-se também que André Carvajal possui residência na cidade de Marituba/PA. Nesse caso, de acordo com o RIPVA para efeitos de cobrança do imposto, presume-se como domicílio tributário de André Carvajal, o local onde, cumulativamente, exerça a suas atividades odontológicas e resida, ou seja, sua residência localizada em Belém. Agora, avançando um pouco mais no exemplo anterior, imagine que além de exercer suas atividades odontológicas em sua residência localizada em Belém, André Carvajal também exerce essas mesmas atividades em sua residência localizada na cidade de Marituba, cujo endereço consta como sua residência na Declaração de Imposto de Renda que envia anualmente à Receita Federal. Perceba agora que, para fins de pagamento do IPVA, presume-se que o domicílio de André Carvajal será sua residência localizada na cidade de Marituba. Por fim, caso não seja possível precisar o domicílio tributário da pessoa natural, nas hipóteses mencionadas acima, a autoridade administrativa (leia-se Auditor Fiscal de Receitas Estaduais ou o Fiscal de Receitas Estaduais) poderá fixá-lo tomando por base o endereço que vier a ser apurado em órgãos públicos, nos cadastros de domicílio eleitoral, de empresa seguradora, de concessionária de serviço público, dentre outros, essa é a previsão do § 125. Hum!...então se não for possível identificar o domicílio tributário nas hipóteses dos §§ 10 e 11 do art. 3º, a autoridade fiscal poderá considerar qualquer uma que ele identifique em cadastros diversos. No nosso exemplo, se fosse desconhecido o domicílio de André Carvajal, e se, porventura, a autoridade fiscal verifica-se, junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Pará, que André tinha como domicílio eleitoral o endereço localizado na cidade de Belém, este poderia ser fixado como seu domicílio para efeitos de pagamento do IPVA. 5 § 12. Na impossibilidade de se precisar o domicílio tributário da pessoa natural nos termos dos §§ 10 e 11 deste artigo, a autoridade administrativa poderá fixá-lo tomando por base o endereço que vier a ser apurado em órgãos públicos, nos cadastros de domicílio eleitoral, de empresa seguradora, de concessionária de serviço público, dentre outros. http://www.icmspara.com.br/
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