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Avaliação 
Institucional
Raquel Cristina Ferraroni Sanches
2009
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© 2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização 
por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
S211 Sanches, Raquel Cristina Ferraroni. / Avaliação Institucio-
nal. / Raquel Cristina Ferraroni Sanches. — Curitiba: 
IESDE Brasil S.A., 2009.
172 p.
ISBN: 978-85-387-0763-9
1. Ensino superior - Avaliação. 2. Universidades e faculdades – 
Avaliação. 3. Ensino superior – Avaliação institucional. I. Título.
CDD 378.01
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: Jupiter Images/DPI Images
IESDE Brasil S.A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
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Todos os direitos reservados.
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Possui Doutorado em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de 
Mesquita Filho (2007), Mestrado em Educação pela Universidade Estadual Pau-
lista Júlio de Mesquita Filho (1998) e Graduação em Pedagogia pela Universida-
de Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1992). Atualmente é Coordenadora 
da Seção de Avaliação Institucional da Fundação de Ensino Eurípides Soares da 
Rocha, Coordenadora Pedagógica e Pró-reitora de Graduação do Centro Universi-
tário Eurípides de Marília - UNIVEM. Tem experiência na área de gestão com ênfase 
em Avaliação da Aprendizagem e educação de adultos, atuando principalmente 
nos seguintes temas: ensino-aprendizagem, Avaliação Institucional, Projeto Pe-
dagógico, qualidade, conteúdos, institucional, CPA e Sinaes.
Raquel Cristina Ferraroni Sanches
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Sumário
Educação Superior e Avaliação Institucional .....................13
O século XXI, a Educação Superior e o contexto atual................................................. 13
O papel do Estado e a expansão da Educação Superior ............................................. 15
Avaliação ...................................................................................................................................... 18
Avaliação Institucional: uma necessidade........................................................................ 21
Avaliação Institucional: histórico ......................................................................................... 23
Avaliação Institucional .....................................................................33
Avaliação Institucional e seus pressupostos ................................................................... 33
Avaliação dos níveis de ensino ............................................................................................. 35
Avaliação Institucional: avaliar ou medir? ........................................................................ 37
Avaliação Institucional: processo ........................................................................................ 39
Avaliação Institucional: quantitativo X qualitativo ....................................................... 41
Procedimentos de Avaliação 
Institucional à luz do Sinaes ......................................................53
Avaliação Institucional: objetivos ........................................................................................ 53
A LDB e a avaliação da Educação Superior ...................................................................... 55
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior: Sinaes ................................. 57
Sinaes e seus princípios .......................................................................................................... 59
Sinaes e Avaliação Institucional ........................................................................................... 60
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Avaliação Institucional: 
necessidade contemporânea............................................... 71
Autoavaliação das instituições de Educação Superior ................................................ 71
Avaliação externa ...................................................................................................................... 75
Meta-avaliação ........................................................................................................................... 76
Bases de informações .............................................................................................................. 78
Roteiro para processo de 
Avaliação Institucional de acordo com Sinaes ................. 93
Avaliação Institucional segundo orientações do Sinaes: 
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior ................................................ 93
Avaliar a dimensão 1: missão 
e o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) ........................................................ 96
Avaliar a dimensão 2: a política para o ensino, 
a pesquisa, a extensão e a pós-graduação ....................................................................... 98
Avaliar a dimensão 3: responsabilidade social ..............................................................103
Avaliar a dimensão 4: comunicação com a sociedade ................................................105
Avaliar a dimensão 5: política de pessoal – 
docentes e corpo técnico-administrativo ......................................................................107
Avaliar a dimensão 6: organização e gestão da instituição .......................................110
Avaliar a dimensão 7: infraestrutura física .......................................................................111
Avaliar a dimensão 8: planejamento e avaliação ..........................................................114
Avaliar a dimensão 9: política de atendimento aos estudantes ..............................115
Avaliar a dimensão 10: sustentabilidade financeira ....................................................119
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Avaliação Institucional e Projeto Pedagógico ..............133
Projeto Pedagógico: institucional e de cursos ..............................................................133
Avaliação e Projeto Pedagógico: relação dialética ......................................................137
Projeto Pedagógico: documento articulador ................................................................140
A busca pela superação ........................................................................................................142
Avaliação formativa ................................................................................................................146
Gabarito .....................................................................................157
Referências ................................................................................167
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Apresentação
O contexto político e social atual, imerso em constantes mudanças, vive a 
exigência indiscutível de responder às diferentes necessidades da sociedade e, 
em consequência exige das Instituições de Educação Superior o cumprimento 
de suas finalidades científicase sociais. A educação é compreendida, assim, como 
a alternativa de resgate da formação humana, proporcionando que a cidadania 
seja garantida e os espaços de participação social e política, ampliados.
As Instituições de Educação Superior devem, além de garantir a formação 
humana, proporcionar aos seus integrantes a transformação do conhecimento 
em meio de realização da humanidade e interferência no meio em que vivem de 
modo mais justo e solidário.
Para tanto, é necessário orientar as Instituições de Educação Superior no sen-
tido do autoconhecimento, para que elas busquem a melhoria de suas ações e 
o aprimoramento em seus projetos. Fortalecer seu compromisso social enquan-
to instância que é palco de ensino, pesquisa e extensão é outra necessidade a 
ser contemplada. Considerando-se que a qualidade é um juízo valorativo que se 
constrói socialmente, é inevitável considerar a relação da qualidade com os pro-
cessos de Avaliação Institucional.
O pressuposto de que a Avaliação Institucional deve ser um processo inin-
terrupto de busca pela qualidade, exige que os atores estejam preparados para 
participar de processos de reconstrução. Se tudo muda num ritmo acelerado, 
também os processos que envolvem instituições, como é o caso das universida-
des, devem acompanhar esse dinamismo exigido pelos meios científicos, tecno-
lógicos, culturais, organizacionais, políticos e sociais. 
Observaremos ao longo das aulas que a preocupação inicial é discutir como a 
Educação Superior está configurada no cenário nacional e qual a relevância das 
atividades de Avaliação Institucional para melhoria da qualidade da educação. 
Em seguida, serão abordados os pressupostos da Avaliação Institucional e qual a 
importância do processo avaliativo para as Instituições de Educação Superior na 
busca da superação das dificuldades atuais. 
A terceira aula será dedicada a discutir que no contexto atual se faz imprescin-
dível compreender quais são as orientações legais do Sistema Nacional de Avalia-
ção da Educação Superior (Sinaes) para o processo de Avaliação Institucional.
Abordar a necessidade dos processos avaliativos para regular e assegurar 
qualidade aos processos de formação na Educação Superior será o tema norte-
ador da aula seguinte. Sendo de igual importância apresentar, na quinta aula, os 
principais indicadores que norteiam o processo de Autoavaliação Institucional de 
acordo com as concepções e orientações do Sinaes. Finalizando, na sexta aula 
será discutida a importância da articulação entre o processo de Avaliação Institu-
cional e os Projetos Pedagógicos de Cursos (PPC). 
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Todas essas abordagens têm como preocupação principal proporcionar reflexões 
que favoreçam às Instituições de Educação Superior prestar contas à sociedade da sua 
atuação, da contribuição que realizam e da qualidade do ensino que oferecem, atenden-
do às exigências legais do contexto atual. Nesse cenário, o processo de Avaliação Institu-
cional ocupa uma posição de destaque na atual lista de preocupações das instituições.
Assim, a iniciativa de discussão sobre Avaliação Institucional é um indício de que 
ainda é possível sonhar com um processo respaldado por reflexões sérias, que não seja 
indiferente às mudanças postas pela realidade mundial e que envolva os corresponsá-
veis pela Educação Superior na definição de um padrão de qualidade, que, por sua vez, 
não será único, mas que terá legitimidade no contexto em que a instituição estiver inse-
rida, pois acompanhará a evolução dos tempos, os avanços tecnológicos, as exigências 
mercadológicas, as mudanças políticas e econômicas.
A Avaliação Institucional é, nesse contexto, o processo que proporciona à instituição 
a construção de conhecimentos sobre si mesma e, desse modo, a identificação tanto 
de seus pontos fracos, como de seus pontos fortes, e, ainda, de suas potencialidades, 
podendo ser um processo contínuo de alimentação de análises, reflexões e ações, que 
subsidiarão a condução de seus processos.
Quando discutimos que a Avaliação Institucional deve ultrapassar as iniciativas frag-
mentadas e se constituir em um processo de construção crítica e envolvente de todos os 
segmentos institucionais, queremos dizer que a avaliação só será possível se for imple-
mentada e consolidada em um espaço acadêmico participativo, contando com o envol-
vimento de seus atores, assim como na construção e implementação de seus Projetos 
Pedagógicos.
Esse importante papel reflexivo da Avaliação Institucional oferece subsídios para a 
tomada de decisão, isto é, para a formulação de ações pedagógicas e administrativas, 
constituindo-se na base para a condução dos Projetos Pedagógicos. Esse processo dialé-
tico que alimenta tanto os processos de Avaliação Institucional como os Projetos Peda-
gógicos deve resultar numa articulação de autoconhecimento e reconstrução institucio-
nais mediados pela realidade social.
Para que essas reflexões deixem o papel, é preciso criar um contexto em que as insti-
tuições sejam ágeis, valorizem a si próprias e sejam capazes de se questionar. Projetar o 
futuro e aspirar excelência as constituirá em instituições dispostas a reconhecer, a apren-
der com seus erros e, num processo harmonioso de correção de rumos, a envolver toda 
a sua comunidade, fortalecendo a si e seus atores. 
Raquel Cristina Ferraroni Sanches
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O século XXI, a Educação Superior 
e o contexto atual
Estamos em pleno século XXI, mas os grandes avanços vislumbrados 
pela humanidade no século passado, as significativas mudanças, ficaram 
na esperança do final do milênio. Eric Hobsbaw (1995), historiador inglês, 
analisando o século XX, aponta que, nos seus últimos cinquenta anos a 
humanidade viu emergir em seu convívio mais inovações do que em todo 
o resto da sua história. 
O que enxergamos, hoje, é a força econômica que, apesar de não pres-
cindir da força de trabalho dos menos favorecidos, os mantém submissos 
aos ditames impostos pelos sistemas econômico e social, que se baseiam 
na predominância do capital e na aquisição ilimitada de bens, mostrando-
se fortemente arraigados nas sociedades em que pequena parcela da po-
pulação detém o capital.
Apesar disso, são constantes as mudanças, o que agudiza a necessi-
dade de ajustar os processos de ensino à realidade mundial. Até mesmo 
instituições centenárias, como as Instituições de Educação Superior, estão 
mergulhadas nesse cenário em que é necessário encontrar o caminho 
para resolver os problemas contemporâneos.
Destaca-se a velocidade com que as mudanças acontecem, diferen-
temente do século passado. As sucessivas mudanças que impregnam 
as sociedades redesenharam não somente os mapas e as fronteiras, mas 
principalmente as relações entre os seres humanos. Nas sociedades con-
temporâneas, fruto das inúmeras transformações que viveram, a educa-
ção tem papel inegável, mas difícil de ser assumido. 
A educação pode/deve ser a alternativa para resgatar a formação 
humana. Podendo contribuir para um desenvolvimento social mais justo 
Educação Superior 
e Avaliação Institucional 
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Avaliação Institucional
e menos excludente, influenciando no redirecionamento das políticas sociais. O 
redimensionamento das Instituições de Educação Superior pode ser a base de 
sustentação para ações de mudança e desenvolvimento.Embora as instituições de educação estejam imersas nesse sistema perver-
so, procuram a saída mais viável para superar as dificuldades vividas, saída essa 
que pode estar na recuperação dos conteúdos trabalhados pelos educadores, 
nas finalidades e missões de cada instituição, na necessidade de um trabalho 
integrado dos educadores para a construção de conhecimentos sólidos e, prin-
cipalmente, no trabalho a ser realizado com o aluno real que está às portas das 
universidades, não com o aluno idealizado, sem problemas de formação, sem 
dificuldades econômicas ou emocionais. 
De acordo com Sanches (2006, p. 104):
As Instituições de Ensino Superior (IES), na busca por atender às demandas de produção 
e socialização dos conhecimentos exigidos pelo contexto atual, são conduzidas a 
redimensionarem seu papel social, enfrentando o desafio de, ao mesmo tempo em que são 
atores sociais, compreender e desvendar os meandros de suas relações e, ainda, constituírem-
se em instituições que possam criar e exercer uma pedagogia que possibilite à educação 
assumir cada vez mais sua dimensão de cidadania, ampliando os espaços de participação 
social, produtiva e política dos educandos.
Resgatar que o conhecimento é uma das razões de ser das Instituições de 
Educação Superior é fundamental, entretanto não é seu objetivo último que, 
na realidade, se constitui em proporcionar aos seus integrantes transformar o 
conhecimento em meio de realização da humanidade. 
A universidade comprometida com a produção do conhecimento e, nesse 
patamar, comprometida com a disseminação desse conhecimento para a socie-
dade, assegura o desenvolvimento social, tão necessário para o desenvolvimen-
to humano. 
Dias Sobrinho (2000, p. 39) destaca que:
Os conhecimentos são, hoje, a mais importante ferramenta do desenvolvimento econômico 
das nações. A educação é uma área de extrema complexidade que deve dar conta dos mais 
graves problemas, especialmente num país como o Brasil, que carrega as heranças de um 
passado irresoluto, que tampouco está resolvendo as questões do presente e, portanto, não 
consegue construir as bases para o futuro.
Sabemos que o Brasil ainda vive o dilema de superar os altos índices de anal-
fabetismo para, só então, poder aprimorar o desenvolvimento da ciência e da 
tecnologia. Tal evolução favorecerá ao país acompanhar as mudanças e conec-
tar-se às redes de comunicação mundiais de forma que sua nação usufrua dos 
benefícios necessários aos cidadãos. 
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Educação Superior e Avaliação Institucional 
15
Enfrentar os problemas sociais e, sobretudo educacionais, requer investimen-
tos, estudos, reflexões profundas a respeito de possibilidades concretas de inter-
venção e mudança no cenário da realidade de cada instituição e é um meio de 
transformação social. 
No cenário nacional, a história da universidade brasileira não tem a densida-
de histórica que a das universidades europeias. Nosso marco referencial para a 
implantação das universidades é o século XX, um dos mais tardios na história das 
universidades, por isso, vive, na atualidade, os reflexos dessa morosidade. 
É senso comum que nas Instituições de Educação Superior, as decisões e 
ações não podem se resumir a resultados superficiais e apressados, pois os pro-
jetos são, na sua maioria, de médio e longo prazo, uma vez que é uma instância 
que tem como compromisso e responsabilidade, a formação adequada de pro-
fissionais que atuarão em diferentes áreas e atividades humanas. 
A Educação Superior enfrenta muitos desafios e o maior deles é participar 
do processo de desenvolvimento econômico e social da realidade em que está 
inserida. Essa participação pode ser por meio da produção do conhecimento, da 
pesquisa, da extensão, da formação de profissionais. Enfim, sua participação no 
desenvolvimento econômico e social implica em encontrar caminhos de supe-
ração das dificuldades. 
A relação universidade–sociedade é rica de significados relacionados diale-
ticamente a uma e outra, desde a concepção de educação que, em tese, deter-
minará a sociedade, ou vice-versa, até a relação de complementaridade entre 
ambas: educação e sociedade. Ainda mais rica se torna essa relação quando si-
tuamos a principal preocupação do sistema educativo da atualidade: melhorar 
a qualidade da educação.
O papel do Estado e a expansão 
da Educação Superior
Para se compreender o processo de sedimentação da Educação Superior é 
necessário conhecer as raízes burocráticas que envolvem os processos educa-
cionais nacionais, mais especificamente a Educação Superior.
As Instituições de Educação Superior, no contexto nacional, sempre tiveram 
inclinação ao poder, à centralização, à burocratização. Trata-se da necessidade 
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Avaliação Institucional
de poder que as diferentes instâncias têm para exercer um controle, por menor 
que seja sobre o processo. Destaque-se aqui, então, que falar em burocratização 
não quer dizer exclusivamente controle do Estado, mas também das disputas 
internas por poder e controle dos processos.
Por outro lado, há uma permanente tensão entre Estado e comunidade que 
se reflete automaticamente nas Instituições de Educação Superior. Inseridas 
nessa realidade histórico-social que presencia constantemente mudanças nos 
modos de viver, trabalhar, pensar, produzir e até de sentir dos homens, as Insti-
tuições de Educação Superior procuram uma alternativa aos modelos baseados 
em competitividade.
Porém, com a crise dos modelos econômicos atuais, o Estado age descom-
promissadamente e não assume seus papéis, ou, ainda pior, exime-se de suas 
responsabilidades, entre elas a de educação e de transformação social.
Se por um lado as Instituições de Educação Superior foram identificadas 
como uma possível saída para a crise de responsabilidade do Estado, por outro, 
o mercado vislumbrou na educação uma possível mercadoria capaz de gerar 
grandes lucros.
Posturas essas que têm dificuldades em conviver com a principal caracterís-
tica das universidades: sua automia. Para influenciar sua organização e sua ação, 
foram criados mecanismos de controle e regulação, entre eles os processos de 
avaliação externa.
Nessa busca por um novo caminho, a Avaliação Institucional representa uma 
possibilidade de se repensar as práticas administrativas e pedagógicas ainda 
contaminadas pela velha ditadura, que engessam a articulação democrática 
entre a docência e a pesquisa.
Quando observamos com atenção, os diferentes períodos avaliativos da 
universidade brasileira, compreendemos, portanto, o Estado como um burocra-
ta por excelência, transformando os processos avaliativos em instrumentos de 
poder, desrespeitando o princípio da autonomia universitária e minando as pos-
sibilidades de se ter uma avaliação de caráter emancipatório. 
Essa constatação nos remete às preocupações de autores como Eunice R. 
Durham e Simon Schwratzman (1992), que ressaltam que os processos de Ava-
liação Institucional surgiram de uma dupla necessidade: de um lado, a necessida-
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Educação Superior e Avaliação Institucional 
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de do Estado, no sentido de orientar os financiamentos e responder às pressões 
por melhorias que recebe da sociedade; de outro, a necessidade das próprias 
Instituições de Educação Superior de se mostrarem capazes de atender às mu-
danças de cenário e garantir a qualidade de sua atividade-fim.
No campo das políticas universitárias, dos governos e de alguns organismos 
internacionais de financiamento da educação, os processos de Avaliação Institu-
cional ganharamrelevância e constituíram-se numa realidade, de modo, que a 
Instituição de Educação Superior tem suas políticas internas construídas a partir 
de ajustes de sua prática cotidiana aos padrões existentes, às pressões políticas, 
sociais e governamentais.
A Avaliação Institucional pode ser compreendida, então, como meio propí-
cio para proporcionar e instigar discussões e reflexões, consubstanciando-se em 
compromisso ético e coletivo para gestão e ação da Instituição de Educação Su-
perior, pois objetiva seu aperfeiçoamento. Todavia, quando o Estado assume os 
processos avaliativos, o faz tomando-o como exercício de mão única, enrijecen-
do o processo e burocratizando-o. O Estado pauta seu olhar no sentido da regu-
lação, objetivando resultados quantitativos que possibilitam comparatividade, 
usando como respaldo, a lógica do mercado.
Um olhar mais atento sobre o processo de Autoavaliação Institucional que as 
instituições estão desenvolvendo deixa entrever o forte direcionamento que a 
burocratização do atual sistema de avaliação da Educação Superior vem impon-
do às instituições universitárias, influenciando até mesmo sua avaliação interna 
e a compreensão de seu papel.
Não é o caso de defender a adoção de uma posição puramente antagônica às 
exigências legais em defesa de um processo de Avaliação Institucional desvin-
culado de qualquer direcionamento estatal, é preciso compreendê-la como uma 
prática que pode ser realizada com os necessários controles democráticos, mas 
sem a rigidez burocrática, respeitando-se, desse modo, a autonomia e criticida-
de que são tão características das Instituições de Educação Superior.
A burocratização que permeia muitos dos processos de Avaliação Institucio-
nal entra em conflito com a autonomia das Instituições de Educação Superior, 
em especial no momento em que vivemos, quando passam a ser exigidas, quase 
que sob caráter de urgência, melhorias do ensino e da pesquisa para contribui-
ção na construção de uma sociedade mais justa e democrática. O princípio da 
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18
Avaliação Institucional
autonomia das instituições universitárias para o processo de Avaliação Institucio-
nal deve ser a alternativa para se discutir a reconstrução das bases da Educação 
Superior, respeitando-se a diversidade e a heterogeneidade tanto da instituição 
como de sua comunidade acadêmica.
O compromisso com uma formação sólida dos discentes e com mudanças 
socioculturais se impõe com tal força que é impossível fazer vistas grossas às 
contribuições que a Avaliação Institucional pode dar nesse processo, uma vez 
que esta pode auxiliar na implantação de uma gestão democrática e autônoma 
na instituição, na medida em que revê seus objetivos, princípios (administrati-
vos e pedagógicos) e processos educativos. Contudo, é necessário evitar que os 
ditames burocráticos prejudiquem o diálogo entre a universidade e as práticas 
sociais criadoras.
A Avaliação Institucional, então, se equilibra entre dois pesos: o processo bu-
rocratizado que envolve as Instituições de Educação Superior em seus processos 
avaliativos e a necessária e imprescindível articulação dos processos de Avalia-
ção Institucional com os Projetos Pedagógicos de Cursos.
Desse modo, o processo de Avaliação Institucional não pode encerrar-se no 
âmbito das diretrizes estatais, mas deve possibilitar às Instituições de Educação 
Superior uma gestão mais crítica e atuante, pois, como enfatiza Sanches (2006) a 
Instituição de Ensino Superior precisa, antes de tudo, repensar sua prática e reto-
mar continuamente seus princípios éticos e seus valores; deve ter a coragem de 
rediscutir a sua ação, rediscutir sua missão e pensar efetivamente uma maneira 
de cumpri-la.
Avaliação
Avaliação é uma ação que está presente em nosso cotidiano sem que per-
cebamos. Antes mesmo de nascer, suas condições de vida já são avaliadas, das 
mais diferentes formas. Avaliações acontecem tanto de maneira formal, quanto 
espontânea e estão ligadas aos atos de escolher e optar, tão presentes no mundo 
moderno. Sucesso e fracasso são termos que se alternam e convivem com as si-
tuações avaliativas.
Na história da humanidade, foram encontrados registros de avaliações que 
aconteceram há mais de dois mil anos, na China, se concretizando em ações de 
seleção para ocupação de cargos públicos. Na Grécia, a avaliação era aplicada 
para a ocupação de funções públicas. Não eram avaliações escritas, mas carrega-
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Educação Superior e Avaliação Institucional 
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vam todas as características de ação avaliativa. Em instituições de educação, os 
registros de sua existência datam do século XVII e, desde então, sua prática tem 
sido associada às escolas.
Dessa forma, na educação, a avaliação ganhou lugar de destaque, uma vez 
que além da prática política e pedagógica, também abrange a regulação, a se-
leção e a hierarquização. Muitas vezes a avaliação é compreendida apenas pelo 
caráter de medida, classificação e seleção. 
Na última década, a ação avaliativa assumiu cada vez mais importância, pois 
o aspecto seletivo, em que a avaliação assume o papel de vilã no processo edu-
cativo, começa a ceder espaço para ações formativas que contribuam para o de-
senvolvimento dos alunos.
A avaliação na universidade pode ter dois enfoques básicos: o primeiro, e 
mais conhecido, é a avaliação do processo de ensino e aprendizagem. O segun-
do é a Avaliação Institucional, que contribui para o autoconhecimento institu-
cional, porque fornece informações para os processos decisórios por meio de 
análise dos processos acadêmicos, do funcionamento e estrutura organizacional 
e administrativa, dos cursos, dos projetos e programas. Em ambas as situações, 
a observação dos resultados e seus significados explicitam a ideologia por trás 
dos métodos.
Muitos têm sido os esforços empreendidos para implementar a Avaliação Ins-
titucional nas Instituições de Educação Superior, porém sua compreensão e seu 
conceito entre os educadores menos atentos ainda se restringe, na maioria das 
vezes, ao processo de ensino-aprendizagem, ou ainda, à avaliação das condi-
ções físicas da instituição, apenas. O primeiro cuidado a ser tomado é partir do 
princípio que avaliar não é medir, uma vez que não se pode confundir avaliação 
com mensuração. Ressalte-se que ainda assim, a medida não pode ser comple-
tamente desprezada. Ela é apenas o ponta-pé inicial, pois, no processo avalia-
tivo, interagem diferentes variáveis que compõem o quadro final da Avaliação 
Institucional.
No espectro avaliativo, diversas têm sido as discussões situando em lados 
opostos a avaliação de aprendizagem e a Avaliação Institucional, entretanto 
essas práticas – Avaliação Institucional e avaliação de aprendizagem – não de-
veriam acontecer separadamente, antes, deveriam ser complementares, pois 
são distintas - mas inseparáveis, uma vez que o rendimento da aprendizagem 
depende diretamente das condições institucionais e do Projeto Pedagógico da 
escola ou instituição.
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20
Avaliação Institucional
O tratamento dispensado sob a perspectiva dialógica deve permanecer em 
ambos os casos, uma vez que a avaliação precisa atender ao apelo de emanci-
pação, crescimento, desenvolvimento das pessoas, ou seja, à inclusão e não à 
exclusão. Nesse sentido, Luckesi (1998) destaca que “o ato de avaliar é um ato 
amoroso”.
Explicitar os dois principais enfoques – avaliação de aprendizagem e Avalia-
ção Institucional – não é suficiente para resgatar o variado leque de conceitos 
que procuram defini-las, pois sua forte carga polissêmica proporcionamuitas 
definições sobre o assunto.
Dadas às condições de educação em que o país está imerso e as necessida-
des de superação das mesmas, optou-se por adotar uma postura que compre-
ende a avaliação como um instrumento de acompanhamento do aluno, de um 
grupo ou organização, sob a égide da avaliação formativa que, segundo Raphael 
(2003), implica em modificar não apenas os procedimentos de avaliação, mas 
toda a organização pedagógica de uma escola ou um curso. “Supõe, ainda, uma 
revisão do projeto de curso, da interação professor/aluno (passando da verticali-
zação a um plano de ações horizontais), e de uma reanálise política do curso no 
contexto social e cultural do país e do mundo” (RAPHAEL, 2003, p. 17).
Adotando o enfoque da avaliação formativa, é possível trabalhar com pers-
pectivas de emancipação, participação e colaboração, por meio das quais os 
sujeitos envolvidos no processo de avaliação podem negociar o propósito e os 
critérios de julgamento sob os quais serão avaliados. A perspectiva diagnóstica 
dos processos avaliativos resgata o princípio articulado da identificação dos pro-
blemas e da solução dos mesmos, num processo dialético de identificação de 
novos rumos para as universidades e as práticas em seu bojo.
As instituições de educação estão construindo a concepção de que avaliar é 
um processo de mão dupla que, quando bem conduzido, proporciona o auto-
conhecimento e na mesma proporção, um feedback das muitas ações e relações 
vividas no interior das instituições.
Assim, avaliar sua gestão e administração, o trabalho da equipe docente, o 
corpo discente, as condições materiais, os aspectos físicos e outros, em conjunto, 
significam proporcionar um novo olhar para o processo de Avaliação Institucio-
nal, já os resultados fragmentados não contam uma história, mas, quando orga-
nizados sob a égide da avaliação, assumem uma nova dimensão.
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Educação Superior e Avaliação Institucional 
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Avaliação Institucional: uma necessidade
É sabido, historicamente, que uma Instituição de Educação Superior se cons-
trói melhor se apoiada em alicerces de discussões, ações e reflexões, uma vez 
que cada instituição tem características peculiares, para tanto é necessário esta-
belecer um processo avaliativo com significado real, gerado e constituído pela 
sua própria comunidade acadêmica. Só assim um processo da amplitude da 
Avaliação Institucional poderá contribuir para que a Instituição de Educação Su-
perior forme cidadãos críticos, reflexivos e profissionais competentes. 
Uma Instituição de Educação Superior necessita repensar constantemente 
suas práticas, seus princípios, seus valores, sua missão, enfim, todo o conjunto 
que a constitui como instituição e, para isso, é possível apontar que o melhor 
caminho é a Avaliação Institucional, pois, em tese, rompe com visões centraliza-
doras e autoritárias.
Já é preocupação constante dos dirigentes das Instituições de Educação 
Superior proceder a avaliação de suas estruturas e de seu funcionamento – a 
Avaliação Institucional, pois cresce a consciência de que as transformações que 
atingem as Instituições de Educação Superior, na verdade, acabarão sendo o 
mote para sua própria evolução, uma vez que no bojo das mudanças estão as 
cobranças por eficiência e eficácia.
Essa necessidade de repensar sua prática e retomar continuamente seus prin-
cípios éticos e seus valores que impulsiona a Instituição de Educação Superior a 
rediscutir suas ações, em especial, rediscutir sua missão e pensar efetivamente 
como cumpri-la.
Favorecer o desenvolvimento da cultura de avaliação nas instituições é uma 
importante ação estratégica para o fortalecimento organizacional, principal-
mente porque as ações avaliativas institucionais vêm ganhando cada vez mais 
espaço, estendendo-se por diferentes domínios sociais, em especial o das políti-
cas educacionais, uma vez que coloca em evidência a produção do saber, contri-
buindo assim para a criação, difusão e consumo do conhecimento.
José Dias Sobrinho (1998) e Isaura Belloni (1998) apontaram que de um lado 
está o Estado e do outro a comunidade acadêmica. Permeando essas relações 
tão delicadas e imbricadas, há o mercado usando seus poderosos mecanismos 
de punição ou exclusão.
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Avaliação Institucional
Embora essa teia de relações se apresente num primeiro momento excluden-
te, ela pode ser olhada sob um novo prisma e, assim, ser compreendida como 
espaço de reflexões sobre o quanto os limites podem ser permeáveis para fa-
vorecer a construção de uma cultura democrática e autônoma de Avaliação 
Institucional. 
A Avaliação Institucional, precisa ser, antes de tudo, compreendida como um 
processo que busca redimensionar a democratização da educação, e, por isso, 
assume posição de destaque nos processos educacionais, pois é por meio dela 
que se conquista maior autonomia, passando pela melhoria dos serviços das ins-
tituições educacionais. É a possibilidade de se configurar em um instrumento de 
prestação de contas à sociedade (accountabillity) que a faz tão necessária para 
uma gestão eficaz.
Tanto no âmbito público como privado é imprescindível tornar transparente 
como os recursos são empregados, pois, no caso das instituições públicas, os 
recursos decorrem dos impostos pagos pela população. Nas instituições particu-
lares é o seu público interno, sua comunidade pagante, que está atenta aos in-
vestimentos e aplicação dos recursos que arrecada. Tornar públicas as principais 
ações administrativas e acadêmicas das instituições universitárias favorecerá a 
credibilidade e reconhecimento da sociedade em que está inserida e com a qual 
se relaciona. 
Prestar contas à sociedade das ações da instituição; diagnosticar, planejar e 
executar melhorias das tarefas acadêmicas nas dimensões de ensino, pesquisa, 
extensão e gestão; explicitar as diretrizes de um Projeto Pedagógico; explicitar 
as diretrizes de um programa sistemático e participativo de avaliação e, conse-
quentemente, de ações corretivas, além de planejar estrategicamente a institui-
ção, adequando-a ao momento histórico em que se insere, assegura, além da 
credibilidade, a qualidade da ação universitária.
Assim, compreende-se que é cada vez mais presente a necessidade de que 
as Instituições de Educação Superior implementem processos de reorganização 
e reestruturação que lhes permitam enfrentar as demandas das transformações 
sociais externas e, também, das mudanças que atingem o cotidiano institucio-
nal. Estabelecer um diálogo entre as características mais marcantes da institui-
ção e seus objetivos direciona sua posição social e sua identidade educacional, 
deixando entrever seu grau de comprometimento com a busca da qualidade da 
educação que se propõe trabalhar.
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Educação Superior e Avaliação Institucional 
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O processo de autoconhecimento favorece a instituição revisar o que foi 
planejado, reposicionar-se e investir em novos processos de construção. Para 
efetivação desses procedimentos, elementos como a missão da instituição e o 
contexto em que está inserida, bem como sua trajetória histórica são imprescin-
díveis no momento de sua análise e reestruturação, pois se constituem os pilares 
em que as instituições se edificam.
É importante que se destaque que essas ações não se constituem em pro-
cessos que, isolados, resolvam todos os problemas da instituição, mas a visão 
sistêmica das mesmas contribui para uma efetiva reflexão sobre as alternativas 
mais eficazes.
Assim, a instituição de educação que desejar atender às demandas dasocie-
dade, quanto a preparação de seus membros, e oferecer uma educação de quali-
dade, deverá redesenhar-se de modo que vise a dar, em seu âmbito, um sentido 
à aprendizagem, e a Avaliação Institucional é uma ferramenta poderosa para as 
necessárias mudanças na Educação Superior, na medida em que busca a melho-
ria da qualidade e uma maior aproximação com a sociedade contemporânea.
Avaliação Institucional: histórico
No que tange à avaliação no âmbito das Instituições de Educação Superior, 
vive-se o resultado de um processo histórico construído ao longo dos últimos 
quarenta anos em estreita relação com outros movimentos sociais.
De acordo com Macário (1994), até 1950, a concepção que se tinha de avalia-
ção a situava como instrumento controlador, baseada em verificações prévias, 
em relatórios parciais, em relacionamento do avaliador com o avaliado, utilizan-
do-se apenas dos resultados mais convenientes, a fim de manter a classe domi-
nante no poder.
Entretanto, com o aumento da participação da comunidade acadêmica na 
gestão universitária, novas modalidades de avaliação são influenciadas, princi-
palmente as de caráter diagnóstico (sondagem), na prerrogativa de influenciar 
mudanças na Educação Superior. 
Países como o Chile, o México e a Colômbia também investem em programas 
de avaliação externa como forma de controle da gestão do sistema de ensino; 
no Brasil, esse processo intensificou-se a partir da década de 1990.
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Avaliação Institucional
De acordo com Ristoff (1994), as primeiras discussões sobre Avaliação Institu-
cional no Brasil têm início por volta de 1982, por iniciativa da Associação Nacio-
nal de Docentes do Ensino Superior (Andes).
Em 1983, foi criado o Programa de Avaliação da Reforma Universitária (Paru), 
cujo objetivo era conhecer as reais condições da gestão nas quais se realizavam 
as atividades de produção e disseminação do conhecimento, permitindo, desse 
modo, a outros setores sociais, expressarem suas opiniões. Infelizmente o pro-
grama só durou três anos.
Já em 1986 alguns movimentos novamente impulsionaram as discussões 
sobre avaliação da Educação Superior: a criação do Grupo Executivo para a Re-
formulação do Ensino Superior (Geres); a criação da Comissão de Avaliação Insti-
tucional, coordenada pela professora Isaura Belloni, na Universidade de Brasília; 
a iniciativa do desenvolvimento de processos de Avaliação Institucional na Uni-
versidade Estadual de Campinas (Unicamp), na Universidade de São Paulo e na 
Universidade da Região de Joinville (Univille).
A Sesu/MEC (Secretaria de Educação Superior) promoveu, em 1987, um en-
contro internacional de avaliação da Educação Superior. Em 1988, aconteceram 
mais quatro encontros sobre Avaliação Institucional que contribuíram para a 
sensibilização da comunidade acadêmica.
Nesse momento, o processo de Avaliação Institucional já era o centro das dis-
cussões no bojo das universidades brasileiras, mas a década de 1990 marca o 
auge das discussões, seguindo uma tendência já em crescimento na Europa e 
nos Estados Unidos, quando suas universidades começaram a praticar a Avalia-
ção Institucional e a teorizar sobre essa prática (DIAS SOBRINHO, 1996).
O assunto que permeava instâncias como a Associação Nacional de Dirigen-
tes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), a Associação Brasilei-
ra de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem) e Fóruns de 
Pró-Reitores de Graduação e Planejamento conseguiu influenciar o Ministério 
o qual tomou para si a responsabilidade de ser órgão coordenador, articulador, 
viabilizador e financiador do Processo de Avaliação Institucional, por meio do 
Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras (Paiub), que 
foi criado oficialmente em 1993 com os objetivos de rever e aperfeiçoar o proje-
to acadêmico e sociopolítico das instituições. Em 1994, foi publicado o texto de 
apresentação do referido Programa: “Avaliação Institucional nas Universidades 
Brasileiras: o sonho que se transforma em realidade”.
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A implantação da LDB/96 concretizou o poder da avaliação como instrumen-
to de gestão com vistas às metas políticas no sistema de ensino mediante o De-
creto Federal 2.026, de 10 de outubro de 1996 que estabeleceu procedimentos 
para o processo de avaliação dos cursos e das Instituições de Educação Superior, 
com predominância de indicadores de desempenho global. 
Esse Decreto promoveu uma ampla reorganização do sistema de avaliação 
da Educação Superior, inclusive ajustando os mecanismos avaliativos anterior-
mente existentes, modificando o cenário universitário, uma vez que o Exame Na-
cional de Cursos forçou as Instituições de Educação Superior a terem uma pre-
ocupação maior com a qualidade de seus cursos e com a qualificação do corpo 
docente. Consequentemente os cursos promoveram revisões em seus Projetos 
Pedagógicos, adequando-os aos padrões de qualidade que a sociedade deman-
dava e motivou um olhar mais amplo sobre a realidade institucional.
Tal fato criou um clima rico em situações desafiadoras para as instituições, 
estimulando novas posturas que responderam, em primeira instância, às ne-
cessidades da sociedade de conhecer melhor o que as Instituições de Educação 
Superior estavam fazendo, pois os egressos devem atuar na sociedade. E a ava-
liação externa alcança contornos impensados, sendo promotora de referencial 
para administração de instituições e sistemas.
Para as Instituições de Educação Superior a Avaliação Institucional está pre-
vista pela Lei Federal 9.394/96, artigo 9.°, inciso VII, segundo a qual: “A União 
incumbir-se-á de assegurar processo nacional de avaliação das Instituições de 
Ensino Superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade 
sobre esse nível de ensino”.
A referida Lei sintetizou as diversas formas de avaliação e criaram-se proce-
dimentos tais como: Indicadores Globais de Desempenho, Exame Nacional de 
Cursos (Provão), Comissões de Especialistas para avaliação das condições de 
ofertas dos cursos de graduação e Avaliação Institucional interna, orientada pelo 
Paiub.
O Exame Nacional de Cursos (ENC), Provão, serviu como instrumento de pres-
são para a melhoria da Educação Superior no Brasil, mas as críticas o consideram 
apenas um instrumento de mediação de resultados finais, que não considera 
fatores como processo de aprendizagem e condições institucionais. Além disso, 
pouco ofereceu para a melhoria das instituições e do sistema, já que não conse-
guiu identificar as causas das dificuldades.
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Avaliação Institucional
Atualmente a proposta avaliativa que substitui o ENC, é o Exame Nacional 
de Desempenho do Estudante (Enade), defendido por seus idealizadores como 
uma avaliação integrante do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Supe-
rior (Sinaes) e, como tal, dinâmica e em constante aperfeiçoamento.
Texto complementar
Avaliando competências na escola 
de alguns ou na escola de todos?
(DEPRESBITERIS, 2001)
Avaliação e competência – dois termos polissêmicos
Avaliação e competência – dois termos que, analisados separadamente, 
trazem uma multiplicidade de significados e que, juntos, provocam diferen-
tes interpretações.
Penna Firme diz que para falarmos em avaliação de competências é pre-
ciso falar de competência em avaliação. À luz dessa afirmativa, creio ser in-
teressante, antes de tratar diretamente do tema deste artigo, discorrer, de 
modo específico, sobre algumas concepções de avaliação e competências.Quando falamos da avaliação, devemos nos reportar à sua longa histó-
ria, para que possamos entender qual tem sido o seu papel nos sistemas 
educativos.
Em seus primórdios, a avaliação era chamada de docimologia, expressão 
cunhada por Henri Pierón, na década de 1920, e que significava o estudo das 
notas atribuídas nos exames. As questões mais comuns nessa época eram: 
quais os fatores que interferem na atribuição de uma nota? Quais as condi-
ções que um instrumento deve ter para permitir resultados mais precisos?
Nesta perspectiva, a avaliação surgiu com a criação de sistemas de tes-
tagem, sendo um dos primeiros o sistema desenvolvido por Horace Mann, 
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Educação Superior e Avaliação Institucional 
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no século XIX, com o objetivo de substituir os exames orais pelos exames 
escritos; utilizar poucas questões gerais, em vez de um número maior de 
questões específicas; e buscar padrões mais objetivos do alcance escolar. A 
avaliação, sobretudo nos EUA, era tão associada à ideia de exame que foram 
criadas associações e comitês para o desenvolvimento de testes padroniza-
dos. Nas primeiras décadas do século XX, a maior parte da atividade que era 
caracterizada como avaliação educacional formal estava associada à aplica-
ção de testes, o que imprimia um caráter exclusivamente instrumental ao 
processo avaliativo.
Este artigo busca traçar um panorama da avaliação, indicando aspectos 
substanciais de sua evolução. Assim, nos anos de 1930, a avaliação tinha 
como foco os exames e sua função era identificar os erros e acertos, justi-
ficando-os com base nas condições que interferiam nos desempenhos dos 
examinados; dos anos de 1930 aos anos de 1960 verificamos que a avaliação, 
tendo sofrido forte influência de Tyler e Bloom, propunha verificar o alcance 
de objetivos; dos anos de 1960 aos anos de 1980, a principal ideia era a do 
julgamento de valor com base em critérios padronizados. Dos anos de 1990 
até os dias de hoje, a ênfase tem sido na negociação de resultados com a 
participação dos educandos na definição de critérios e indicadores.
Na verdade, a avaliação apresenta, atualmente, uma espécie de mosaico 
de conceitos e finalidades, destacando-se alguns aspectos: prestar contas 
(accountabillity), negociação, empoderamento1 (empowerment), metacogni-
ção e meta-avaliação.
Prestar contas, accountabillity, diz respeito à responsabilidade dos siste-
mas educativos de mostrarem, à sociedade, os produtos de seus investimen-
tos em educação. A negociação prima pela busca constante dos melhores 
critérios, indicadores e instrumentos de avaliação em conjunto com os ava-
liados. O empoderamento é a capacidade de compartilhar a avaliação com os 
sujeitos que dela participam, na busca do desenvolvimento da autonomia. A 
meta-avaliação, avaliação da própria avaliação, deve seguir alguns critérios: 
relevância (a avaliação tem significado para as pessoas que dela participam?), 
utilidade (a avaliação é útil para a população à qual se destina?), viabilidade 
(a avaliação mostra-se viável e prática?), precisão (os instrumentos e critérios 
1 Trata-se da força que alguém adquire quando aprende ao avaliar, ao julgar por si própria. (No texto original a nota é o número 2).
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Avaliação Institucional
permitem resultados confiáveis?) e ética (a avaliação zela por princípios de 
respeito, de não-coerção, de transparência?).
Além dos conceitos mencionados, algumas características parecem estar 
sempre presentes quando se fala de avaliação. Uma dessas características é 
a de que a avaliação ocorre em diferentes níveis: educacional, curricular e de 
aprendizagem. Um exemplo de avaliação educacional seria verificar se o país 
está desenvolvendo uma educação de qualidade, traduzida não apenas em 
termos de acesso (quantidade), como de qualidade (desenvolvimento da ci-
dadania). Para a avaliação educacional, concorre, evidentemente, a avaliação 
de currículos, buscando-se neles indicadores sobre a qualidade de seus princi-
pais componentes: objetivos, estratégias de ensino, desempenho dos docen-
tes, materiais instrucionais e as próprias formas de avaliação da aprendizagem. 
Esta última é de responsabilidade dos docentes, e é proposta, atualmente, com 
diferentes referenciais: conteúdos, habilidades, capacidades e competências.
Talvez neste momento possamos introduzir, na discussão, o termo com-
petências que, juntamente com as palavras capacidades e habilidades, tem 
sido utilizado com frequência nos discursos educacionais. 
É preciso ressaltar a polissemia desses termos. Com relação às concep-
ções de competências temos desde as mais amplas, como, por exemplo, a 
que se refere ao bom desempenho dos papéis sociais, até as mais especí-
ficas, relativas a uma habilidade para desempenhar uma atividade, dentro 
de padrões de qualidade desejados. Percebe-se, também, que dependendo 
do campo de estudo, existem diferentes interpretações de competências. Os 
cientistas sociais, por exemplo, empregam o termo para designar conteúdos 
particulares de cada qualificação em uma organização de trabalho determi-
nado. Os psicólogos utilizam o termo às vezes como aptidões, outras como 
habilidades, outras vezes como capacidades.
Nesse emaranhado de significados, é compreensível que, ao se falar de 
avaliação de competências, tenhamos muita cautela. Na verdade, não exis-
tem verdades fixas sobre esses termos. É preciso refletir muito a respeito, o 
que se espera que este artigo possa estimular. Afinal, por mais diferentes 
que sejam as interpretações, uma ideia parece emergir das discussões: a 
avaliação de competências segue uma lógica diferente daquela de uma ava-
liação voltada para uma função classificatória. A avaliação de competências 
busca verificar a capacidade do educando no enfrentamento de situações 
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Educação Superior e Avaliação Institucional 
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concretas, sendo que o foco não é apenas na tarefa, mas na mobilização e ar-
ticulação dos recursos que o educando dispõe, construídos formal ou infor-
malmente. Esses recursos dizem respeito aos saberes, saber fazer e saber ser 
relacionados a uma determinada profissão e implicam em desenvolvimen-
to autônomo, assunção de responsabilidades, postura crítica e, sobretudo, 
comportamento ético. Nesta perspectiva, Hadji diz que a avaliação assume o 
papel de auxiliar no próprio ato de aprender.
Dica de estudo
A leitura do livro de José Dias Sobrinho intitulado Avaliação da Educação Supe-
rior traz uma crítica sobre a forma de se avaliar os cursos universitários no Brasil. 
Também expõe as tensões, contradições vigentes no campo da avaliação da Edu-
cação Superior e defende alguns princípios que devem ser levados em considera-
ção tais como o mérito, a equidade, a pertinência e a relevância social.
Atividades
1. Assistir ao filme O Nome da Rosa e observar as principais características do 
filme, tais como: 
o período histórico; �
o poder da Igreja; �
o momento econômico; �
a forma artesanal como os livros eram reproduzidos; �
a biblioteca; e �
as relações de poder. �
Em seguida, procure responder: Como o conhecimento circulava na Idade 
Média? Quais as principais diferenças que podemos traçar em relação à educa-
ção e à avaliação?
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Avaliação Institucional
2. Qual é o maior desafio da Educação Superior, nos dias atuais?
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3. Quais as necessidades que marcam o surgimento da Avaliação Institucional?
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Avaliação Institucional e seus pressupostos
Ações avaliativas sempre se fizeram presentes nas escolas, nas ações 
educativas, muito antes de serem utilizadas como instrumento para que 
administradores tomassem decisões ou fossem utilizadas para controle 
e regulação. Esse contexto referia-se à avaliação da aprendizagem dos 
alunos, mas a evolução e as novas exigências para acompanhar as mu-
danças apontaram que essa proposta é insuficiente.
A avaliação necessitou abraçar o currículo e os programas de ensino e, 
ao tomar essa dimensão, ultrapassou seus próprios limites. Posteriormen-
te seu espaço ampliou-se para avaliar também os docentes, o ensino, a 
pesquisa e a extensão. A avaliação assume papel principal no âmbito das 
transformações sociais, políticas e econômicas.
No bojo das inúmeras mudanças, as universidades vivem um momento 
de intensa busca por sua identidade institucional, uma identidade que lhe 
proporcione contribuir para o desenvolvimento social e humano, compreen-
dendo que o processo de globalização é uma realidade na qual está imersa.
Ressalte-se que por globalização não podemos enxergar apenas as 
possibilidades de inovação, de produção ilimitada e socializada, mas de-
vemos avistar também o descortinamento da miséria e marginalização 
que convive em todos os povos.
Nesse cenário, as universidades se debatem para encontrar na educa-
ção a saída, a alternativa para a formação humana. Para tanto, é preciso 
criar um processo que favoreça o repensar constante de todas as práticas 
que acontecem no interior das Instituições de Educação Superior. Esse 
processo de autoconhecimento pode ser realizado por meio de processos 
de avaliação, mais especificamente, de autoavaliação.
Se autoavaliar, entretanto não é suficiente, não basta levantar o autor-
retrato dos currículos, dos projetos, dos professores, dos alunos, das es-
truturas físicas, é preciso que esse retrato não seja imóvel, mas favoreça o 
Avaliação Institucional
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Avaliação Institucional
despertar da consciência dos indivíduos, dos papéis de cada um, da instituição e 
sua contribuição para a construção de uma sociedade mais justa. Assim, a subje-
tividade permeia as relações avaliativas e suas análises.
É necessário, então, que a avaliação não se resuma apenas em ser delatora dos 
problemas educativos e institucionais, mas que seja, antes de tudo, um processo 
que proporcione instigar o avanço das discussões sobre como os resultados das 
avaliações têm contribuído para mudanças nos contextos sócio, político e econômi-
co das instituições. Deve então, ser compreendida como Avaliação Institucional.
Dias Sobrinho (2000, p. 89) destaca a força instrumental e a densidade polí-
tica necessárias aos processos de Avaliação Institucional, pois embora “também 
seja uma questão técnica, muito mais importantes são a sua ação e seu signifi-
cado políticos”.
A Avaliação Institucional é o espaço mais adequado, no âmbito das Institui-
ções de Educação Superior, para produzir reflexões e críticas, aliás, isto é o que 
se espera dela: que ultrapasse os limites dessas ações, analise o já realizado para 
embasar a discussão dos paradigmas reinantes e busque construir um futuro 
novo. Sob essa compreensão, é preciso que a Avaliação Institucional ultrapas-
se seus limites técnicos de constatações e mensurações, com o intuito de não 
perder o dinamismo, a vida institucional.
Situada nesse contexto e imersa em muitas discussões, na verdade em anos 
de ensaio, a Avaliação Institucional começou a sair do papel, do plano das ideias, 
para fases de tentativas de implantações, pois os temores de sua prática sempre 
foram muitos. Nessa alternância de erros e acertos, a preocupação dos envolvi-
dos continua sendo a de buscar as melhores definições, os melhores ângulos 
metodológicos para que o processo ultrapasse a existência formal e se constitua 
em realidade. 
Os processos de Avaliação Institucional ganharam força, então, impulsiona-
dos por duas correntes: de um lado as universidades e seus estudiosos tentan-
do se manter como instituições contemporâneas, na vanguarda de seu tempo, 
como polos geradores de pesquisa e conhecimento, garantindo, ainda, os neces-
sários financiamentos para sua manutenção. Do outro lado o Estado, precisando 
orientar suas políticas de financiamento e responder às pressões da sociedade 
no tocante à ampliação de acesso e à manutenção da qualidade.
O interesse pela implantação de processos de Avaliação Institucional vai além 
de seu potencial de transformação qualitativa, de melhoramento pedagógico e de 
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Avaliação Institucional
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eficácia de gestão, atinge também a necessidade de atender as exigências de regu-
lação e de controle da Educação Superior pelos Estados (DIAS SOBRINHO, 1998).
Observamos, dessa forma, que os esforços para a implantação e realização 
de programas de Avaliação Institucional têm se intensificado, constituindo-se 
numa realidade no campo das políticas universitárias, dos governos e de alguns 
organismos internacionais de financiamento da educação, fazendo com que as 
Instituições de Educação Superior tenham suas políticas internas construídas a 
partir de ajustes de sua prática cotidiana aos padrões existentes, às pressões po-
líticas, sociais e governamentais.
Avaliação dos níveis de ensino
Construir uma sociedade educativa é um desafio sempre atual. E é nesse con-
texto que a avaliações podem contribuir ao apontar criticamente se as institui-
ções de educação estão cumprindo a missão de construir uma sociedade mais 
desenvolvida, sob os aspectos tecnológicos e científicos, e ainda mais rica em 
conhecimento e cultura, com solidariedade e justiça.
O Estado, em sua necessidade de se aproximar da escola e reverter experiên-
cias malsucedidas ou de valor inexistente, encontra nos processos avaliativos o 
meio mais eficaz para exercer mecanismos de controle e regulação, sob o véu de 
promover melhorias na gestão pedagógica e de recursos materiais. Em instância 
mais elevada, promover a aprendizagem dos alunos seria o principal ganho dos 
diferentes processos de avaliação.
Coordenados pelo Ministério da Educação (MEC), diferentes processos avalia-
tivos do sistema de ensino existem com mais consistência desde 1990, além de 
censos que vão da Educação Básica à Educação Superior. Para se ter uma noção 
da amplitude desse processo, destacamos as principais iniciativas: 
Provinha Brasil � – aplicada às escolas de Educação Básica das redes pú-
blicas de ensino, mediante adesão voluntária das Secretarias Estaduais 
e Municipais de Educação, a partir de 2008. Deverão ser realizadas duas 
avaliações por ano.
 Objetivo: diagnosticar o nível de alfabetização das crianças, após um ano 
de escolaridade, permitindo, assim, intervenções para a correção de pos-
síveis insuficiências apresentadas nas áreas de leitura e escrita.
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Avaliação Institucional
Saeb � (Sistema de Avaliação da Educação Básica) – Censo nacional – aplica-
da em escolas que agregam a partir de 30 alunos. As provas são respondidas 
por alunos da quarta e da oitava séries do Ensino Fundamental e da terceira 
série do Ensino Médio. Teve início em 1990 eocorre a cada dois anos. 
 Objetivo: coletar informações sobre o desempenho acadêmico dos alu-
nos brasileiros, apontando o que sabem e o que são capazes de fazer. O 
aluno pode fazer até 500 pontos. Já os professores e diretores respondem 
a questionários para se conhecer as condições internas e externas que in-
terferem no processo de ensino e aprendizagem.
Prova Brasil – � exame complementar ao Saeb, a Prova Brasil avalia estu-
dantes do Ensino Fundamental, de quarta e oitava séries, e todas as esco-
las públicas urbanas do Brasil com mais de 20 alunos. Duas edições: 2005 
e 2007.
 Objetivo: avaliar as escolas públicas em áreas urbanas; produzir informa-
ções sobre o ensino oferecido pelos municípios e escolas, a fim de auxiliar 
os governantes nas decisões para o direcionamento de recursos. 
Enem � (Exame Nacional do Ensino Médio) – aplicado a alunos voluntários, 
recém-saídos do Ensino Médio ou que tenham concluído este curso há 
alguns anos (chamados egressos). Os resultados do Enem só representam 
aqueles estudantes que participaram da prova. Ocorre anualmente.
 Objetivo: possibilitar uma referência para autoavaliação dos alunos, a par-
tir das competências e habilidades medidas pelo exame, com ênfase na afe-
rição das estruturas mentais usadas na construção do conhecimento. 
Enade � (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) – é aplicado en-
tre alunos no final do primeiro e último anos de graduação. É obrigatório 
para os alunos selecionados, que só recebem o diploma se comparecerem 
à prova ou justificarem sua ausência. 
 Objetivo: avaliar o desempenho dos estudantes com relação aos conteú-
dos programáticos previstos nas diretrizes curriculares dos cursos de gra-
duação, o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias ao 
aprofundamento da formação geral e profissional, e o nível de atualização 
dos estudantes com relação à realidade brasileira e mundial. 
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Avaliação Institucional
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Capes � (Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior) – 
avalia e acompanha a pós-graduação desde 1976, por meio de relatórios 
anuais, credenciamento de cursos, recredenciamento, visitas in loco e ava-
liação por pares.
 Objetivo: promover a avaliação dos programas de pós-graduação stricto 
sensu.
Apesar de todo esse trabalho já em desenvolvimento no cenário nacional, 
o ensino de graduação ainda é debatido entre várias proposições de Avaliação 
Institucional. Um problema central é que a avaliação é vista como ameaça pelas 
Instituições de Educação Superior, ao apresentar-se através de políticas de sub-
missão, quando o Estado age como “colonizador, impondo seus decretos, crian-
do secretarias de avaliações, comissões de elaboração de provas e avaliação de 
exames” (LEITE; TUTIKIAN; HOLZ, 2000, p. 39).
Avaliação Institucional: avaliar ou medir?
Os procedimentos da Avaliação Institucional são bem mais aceitos na atuali-
dade, entretanto, ainda hoje provocam medos e ansiedade nos atores envolvidos, 
uma vez que, sempre ao se falar em avaliação, os fantasmas da punição voltam a 
assombrar, pois se tem em mente os conceitos de medir, controlar e regular. 
Muitas vezes, os termos avaliar e medir são aplicados como sinônimos, o que 
é, na realidade, uma herança do tecnicismo, quando avaliação era compreendida 
como instrumento de medida precisa, o que é puramente uma forma de quanti-
ficação, uma forma em que se atribui valores numéricos ao objeto avaliado. Essa 
postura, mediante o desafio de avaliar, teve seu ápice no período compreendido 
entre 1920 e 1940, mas sua herança pode ser sentida até os dias atuais.
A avaliação, pelo contrário, deve extrapolar o âmbito do que pode ser 
medido, estratificado; deve estender seu olhar às relações acadêmicas e é tanto 
mais institucional quanto mais global se apresentar, tendo em vista que só assim 
conseguirá compreender a Instituição de Educação Superior em seu conjunto. 
É a visão do todo que auxiliará na compreensão da instituição em sua realidade 
mais concreta. 
Se avaliar deve se aproximar dos conceitos de aprimorar, dialogar, formar, 
o processo de Avaliação Institucional deve contribuir para proporcionar ações 
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Avaliação Institucional
integradoras que proporcionem compreender melhor a Instituição de Ensino 
Superior.
É importante compreendermos que um processo de Avaliação Institucional 
deve partir de um diagnóstico, de um autorretrato, de um autoconhecimento, 
desembocando num processo de autoconsciência institucional, esse movimen-
to precisa ter um ponto de referência, que pode ser o Projeto Pedagógico, o pro-
jeto institucional, ou seja, um horizonte, uma meta a ser atingida, tendo em vista 
que avaliar é produzir questionamentos e sentidos, é atribuir valores e contribuir 
para as emancipações pessoais, institucionais e sociais.
O processo de Avaliação Institucional pressupõe a elaboração de juízos de 
valor sobre os elementos identificados na busca de um melhor fazer institucional. 
Quando os fundamentos são os de uma avaliação formativa e as informações são 
coletadas no seio da própria instituição mediante instrumentos de autoavaliação, 
a reflexão é estimulada, o que permite à instituição a oportunidade de realizar 
um questionamento sobre si mesma, com objetivo de aprimorar seus programas 
e serviços. Não é o momento fotografado e estático, mas precisa fazer parte de 
um programa permanente de ações institucionais em busca de melhorias.
Um Programa de Avaliação Institucional, na realidade, nunca é neutro, pois 
indica sua opção política, seus propósitos ideológicos e sua posição ética, e o 
processo terá a opção de tomar duas direções: uma crítica, proporcionada por 
discussões, reuniões, exercícios de autocrítica, e outra, menos flexível e direta-
mente inversa à anterior, pois pode ser a da manipulação, do exercício do poder, 
da punição, da pressão, do controle e da barganha. Consequentemente, os obje-
tivos, o planejamento e os métodos, derivarão da filosofia adotada. 
Se até mesmo a intenção de promover um processo de Avaliação Institucional 
é um importante indicador da predisposição da instituição em rever seu papel 
social e os resultados de suas ações, pois como aponta Dias Sobrinho (1997, p. 
19), “a Avaliação Institucional começa muito antes que esteja pronto o seu dese-
nho, estejam elaborados os seus instrumentos e se levantem os primeiros dados 
da realidade a ser avaliada.”, é preciso que se observe cuidadosamente os marcos 
metodológicos que subsidiarão o trabalho, dando-lhe significado e evitando 
que se transforme numa atividade meramente burocrática e sem sentido, caído 
na vala da medição de produtos, sem levar em conta a diversidade e a riqueza 
dos envolvidos no processo avaliativo.
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Avaliação Institucional
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Avaliação Institucional: processo
Outra importante característica que precisa gravitar ao redor da Avaliação 
Institucional é de compreendê-la enquanto processo, proporcionando-lhe co-
nhecer os campos necessários sobre onde intervir e como intervir. A avaliação 
deve ser resultado de um processo de construção coletiva, voltado para a pro-
moção da qualidade social (DIAS SOBRINHO, 2000, p. 102).
Avaliação Institucional deve ser aplicada como um processo global, revisa o 
que foi planejado e se reconstrói continuamente, proporcionando às instituições, 
em especial às universitárias, um processo de autoconhecimento que aborda sua 
missão, seu contexto e sua história. Por isso, é pertinente a preocupação em se 
conhecer os diferentes modelos de Avaliação Institucionalpara adequar aquele 
que é o mais pertinente às necessidades da instituição, ainda que se considere 
que cada uma tem uma identidade própria que precisa ser respeitada.
Um programa de Avaliação Institucional, para ser eficiente e lograr êxito, pre-
cisa ter finalidades bem definidas, claras, executáveis. Além disso, é preciso apro-
fundar o conhecimento da instituição, promover a análise de seu projeto, perfil 
e percurso, e também apontar alterações, desencadeando importantes ações de 
melhoria das Instituições de Educação Superior.
Os primeiros passos de um processo de Autoavaliação Institucional inter-
na passam pela definição de seu objeto, que é a Instituição Superior como um 
todo, compreendendo todas as suas dimensões, relações, processos e sujeitos, 
configurando-se, assim, em ações de reflexão sobre a realidade institucional, de 
modo a valorizar cada setor, cada ator. Também a definição de seus objetivos é 
marcadamente importante e significativa nessa fase, pois deve envolver o de-
senvolvimento das pessoas e o aperfeiçoamento da instituição.
Todos os atores acadêmicos devem participar dessa etapa, com críticas e su-
gestões que são decisivas para as melhorias almejadas, ou seja, aproximar-se 
cada vez mais de uma instituição ideal. Esse momento culmina com o fluxo de 
informações obtidas, o diagnóstico do processo e a fase in processo.
Definido o objeto da Avaliação Institucional e seus objetivos, é chegado o 
momento de se coletar dados e de trabalhar com os indicadores. Os dados terão, 
inicialmente, um caráter descritivo da realidade, de maneira a enriquecer as in-
formações. Se essa descrição for capaz de construir articulações, será possível 
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Avaliação Institucional
delinear a instituição de maneira a respeitar suas características, a leitura dessas 
articulações por sua vez, constituir-se-ão num processo pedagógico que confi-
gura a avaliação com o objetivo de melhorar a realidade.
Esse processo de sistematização dos dados passa, naturalmente, pela “opção 
do tipo quantitativo ou qualitativo e eventualmente quantificação” (DIAS SO-
BRINHO, 2000, p. 123). Um cuidado importante é saber a adequação de cada um 
dos tipos, tratando-os com igual importância, pois o que aponta a sua definição 
ou este ou aquele tipo são os dados a serem trabalhados. Para isso é imprescin-
dível que se tenha clareza que o importante é a combinação adequada dos en-
foques, pois o que se objetiva é compreender a realidade como um todo, não 
apenas fragmentos.
A constituição dos critérios para o tratamento dos dados é outra importante 
fase do processo de Avaliação Institucional. Segundo Dias Sobrinho (2000, p. 
126), “os juízos de valor são emitidos com referências e critérios ou parâmetros 
de qualidade”. O autor destaca, ainda, o cuidado que se deve ter para que os 
critérios sejam construídos coletivamente e “identificados socialmente como 
sendo os marcos padrões a que devem referir-se os objetivos”.
Os passos seguintes apontam para o processo de tomada de decisão, com 
base nas informações da Autoavaliação Institucional. Tais passos refletem sobre 
a mesma, discutem e elaboram um plano de ações a serem desencadeadas no 
seio da realidade institucional.
A execução do plano de ações configura-se nos passos decisivos do proces-
so, pois integra as decisões dos diferentes órgãos, setores e atores institucio-
nais, a fim de investir em melhorias institucionais, tomando como subsídios as 
prioridades identificadas a partir do processo de autoavaliação. Se de fato se 
pretende minimizar as dificuldades e entraves, estabelecer um plano de ações 
e executá-lo é condição obrigatória para dar legitimidade ao processo de Ava-
liação Institucional.
Em última instância, o processo de Avaliação Institucional deve proporcionar 
uma identificação das instituições educacionais com a sociedade em que estão 
inseridas, para que o conhecimento e a cultura tornem-se domínio de todos. Ou 
seja, a Avaliação Institucional precisa ser compreendida como um compromisso 
com a aprendizagem de todos e com as inovações institucionais.
A existência de relações diretas entre os resultados da Avaliação Institucional, 
a tomada de decisões e a reorganização do trabalho acadêmico, é um processo 
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que pode desvendar os bastidores do funcionamento das relações existentes na 
Educação Superior. Por isso, a Avaliação Institucional precisa captar os pontos frá-
geis da instituição e apontar novos rumos de sua superação, objetivando elevar 
o nível do desempenho institucional em face aos seus compromissos sociais. 
Utilizar a Avaliação Institucional, enquanto processo de conhecimento e re-
flexão da realidade institucional, e os resultados obtidos tanto das autoavalia-
ções como das avaliações externas, como indutores de melhorias nos Projetos 
Pedagógicos e nos processos de ensino e aprendizagem, é um ganho muito 
importante, pois parte de reflexões que se originaram nos dados coletados na 
realidade em foco. 
Avaliação Institucional: 
quantitativo X qualitativo
É de fundamental importância compreender que o processo de avaliação 
não pode ficar circunscrito aos indicadores quantitativos, mas, ao contrário, 
deve levar em conta outros indicadores que ampliam o olhar sobre a instituição 
avaliada, a saber: sua identidade, sua história, sua diversidade, sua contribuição 
e seu compromisso com a sociedade. Os números, os dados quantificáveis, são 
as cores que ilustram a tela, mas a compreensão do quadro só é possível com a 
combinação certa das cores, dos contornos, das sombras, enfim, quantidade e 
qualidade não se excluem, antes, se integram.
A ideia de qualidade nos leva a refletir sobre o conceito qualitativo, objeto de 
controvérsias no âmbito da educação, pois, apesar de ser um fator de peso a in-
terferir na condução das Instituições de Educação Superior, foi justamente o mo-
dismo da qualidade total, adotado nas organizações empresariais, que chegou 
às universidades, em especial como uma das exigências do Banco Mundial1, que 
estabelece como satisfatório o valor agregado ao ensino, ou seja, a aquisição 
de mais e novos conhecimentos, resultando em maior probabilidade de que se 
execute atividades geradoras de renda.
Todo esse cuidado em detalhar um pouco mais o conceito de qualidade se 
deve principalmente à intenção de evitar que se atenda nas universidades, so-
1 De acordo com José Dias Sobrinho, o Banco Mundial é o braço operacional e o instrumento ideológico da economia globalizada, que empurra a 
universidade para o moinho da competitividade do mercado, formando pessoas competitivas. Deve também consolidar a competitividade como 
valor central da vida humana.
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Avaliação Institucional
bretudo as brasileiras, unicamente aos propósitos do mercado que busca nos 
egressos da Educação Superior eficiência funcional. Dias Sobrinho (2000, p. 92) 
observa que:
[...] querem impor uma orientação positivista e tecnicista à avaliação de todos aqueles que 
pensam e vivem a universidade como uma instituição a serviço do mercado, tendo como 
função principal a formação entendida como capital humano e voltada para o atendimento 
das demandas imediatas postas pela nova ordem econômica de amplitude global (embora 
não totalmente global). Em nome da determinação objetiva do mercado, entenda-se em 
função do lucro que interessa aos que detêm o poder econômico, produz-se a despolitização 
e se tenta produzir a desnacionalização [...].
Diferentemente disso, é preciso compreender que falar em Avaliação

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