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Julia Paris Malaco – UCT14 SP5 - Hipersensibilidade e Tx Hipersensibilidade: Exposições repetidas ao mesmo antígeno desencadeiam uma reação patológica Antígenos exógenos: poeira, pólens, alimentos, drogas, micróbios, substâncias químicas e alguns derivados do sangue usados na prática clínica. Antígenos endógenos: autólogos. Um princípio geral que tem emergido é que a hipersensibilidade reflete um desequilíbrio entre os mecanismos efetores de respostas imunes e os mecanismos de controle que servem normalmente para limitar tais respostas. Os principais tipos de reações de hipersensibilidade são os seguintes: Na hipersensibilidade imediata (hipersensibilidade do tipo I), a resposta imune é mediada por células TH2, anticorpos IgE e mastócitos e resulta na liberação de mediadores que atuam sobre os vasos e o músculo liso e de citocinas pró-inflamatórias que recrutam células inflamatórias. Nos distúrbios mediados por anticorpos (hipersensibilidade tipo II), os anticorpos secretados IgG e IgM participam diretamente da lesão das células, promovendo sua fagocitose ou lise, e da lesão dos tecidos, induzindo inflamação. Os anticorpos também podem interferir com funções celulares e causar doença sem lesão tecidual. Nos distúrbios mediados por imunocomplexos (hipersensibilidade tipo III), anticorpos IgG e IgM ligam-se a antígenos, geralmente, na circulação, e os complexos antígeno- anticorpo depositam-se nos tecidos e induzem inflamação. Os leucócitos que são recrutados (neutrófilos e monócitos) produzem lesão tecidual por liberação de enzimas lisossômicas e geração de radicais livres tóxicos. Nos distúrbios imunes mediados por células (hipersensibilidade tipo IV), linfócitos T sensibilizados (células TH1 e TH17 e LTCs) são a causa da lesão celular e tecidual. As células TH2 induzem lesões que fazem parte das reações de hipersensibilidade imediata e não são consideradas uma forma de hipersensibilidade tipo IV. Hipersensibilidade imediata (tipo 1) A hipersensibilidade imediata, ou tipo I, é uma reação imunológica rápida que ocorre em minutos após a combinação de um antígeno com um anticorpo ligado a mastócitos em indivíduos previamente sensibilizados ao antígeno. Estas reações costumam ser chamadas de alergia, e os antígenos que as desencadeiam são alérgenos. A hipersensibilidade imediata pode ocorrer como distúrbio sistêmico ou como reação local. A reação sistêmica geralmente vem após a injeção de um antígeno em um indivíduo sensibilizado. Algumas vezes, em minutos, o paciente entra num estado de choque, que pode ser fatal. As reações locais são diversas e variam, dependendo da porta de entrada do alérgeno. Podem assumir a forma de edemas cutâneos localizados (alergia de pele, urticária), secreção nasal e conjuntival (rinite e conjuntivite alérgicas), febre do feno, asma brônquica ou gastroenterite alérgica (alergia alimentar). Imediata: Vasodilatação Extravasamento vascular Espasmo muscular Secreções glandulares Julia Paris Malaco – UCT14 Tardia: Infiltração de tecidos com eosinófilos, neutrófilos, basófilos, monócitos e linfócitos T CD4+ Destruição tecidual, sob a forma de lesão celular epitelial da mucosa. A maioria das reações de hipersensibilidade imediata é mediada por ativação dependente de anticorpo IgE dos mastócitos e outros leucócitos. Os mastócitos são o centro do desenvolvimento de hipersensibilidade imediata, são células derivadas da medula óssea e amplamente distribuídas nos tecidos. São abundantes perto dos vasos e nervos e em tecidos subepiteliais, o que explica por que as reações de hipersensibilidade imediata costumam ocorrer nestes locais. Os mastócitos têm grânulos ligados à membrana citoplasmática que contêm vários mediadores biologicamente ativos. Os grânulos também contêm proteoglicanos ácidos que se ligam a corantes básicos, como o azul de toluidina. Os mastócitos (e basófilos) são ativados por ligação cruzada de receptores Fc de alta afinidade na IgE; além disso, os mastócitos também podem ser desencadeados por vários outros estímulos, como os componentes do complemento C5a e C3a (chamados anafilatoxinas porque desencadeiam reações que simulam a anafilaxia), ambos os quais atuam por ligação a receptores na membrana dos mastócitos. Outros ativadores dos mastócitos incluem algumas quimiocinas (p. ex., IL-8), drogas como a codeína e a morfina, adenosina, melitina (presente no veneno de abelhas) e estímulos físicos (p. ex., calor, frio, luz do sol). Os basófilos são semelhantes aos mastócitos em muitos aspectos, inclusive na presença de receptores Fc IgE da superfície celular, bem como pelos grânulos citoplasmáticos. Diferentemente dos mastócitos, contudo, os basófilos não estão normalmente presentes nos tecidos, mas circulam no sangue em número extremamente pequeno. (A maioria das reações alérgicas ocorre nos tecidos, e o papel dos basófilos, nestas reações, ainda não ficou bem estabelecido como o dos mastócitos.) Semelhantemente a outros granulócitos, os basófilos podem ser recrutados para locais inflamatórios. As células TH2 desempenham um papel central na iniciação e propagação das reações de hipersensibilidade imediata, estimulando a produção de IgE e promovendo a inflamação. A primeira etapa na geração de células TH2 é a apresentação do antígeno aos linfócitos T auxiliares CD4+ naive, provavelmente por células dendríticas que capturam o antígeno de seu local de entrada. Em resposta ao antígeno e a outros estímulos, inclusive citocinas, como a IL-4 produzida no local, os linfócitos T diferenciam-se em células TH2. As células TH2 recém-produzidas elaboram algumas citocinas após encontro subsequente com o antígeno; a assinatura das citocinas deste Julia Paris Malaco – UCT14 subgrupo são IL-4, IL-5 e IL-13. IL-4 atua sobre os linfócitos B, estimulando mudança de classe para IgE, e promove o desenvolvimento de células TH2 adicionais. A IL-5 está envolvida no desenvolvimento e ativação de eosinófilos, que, como discutiremos subsequentemente, são efetores importantes da hipersensibilidade do tipo I. A IL-13 aumenta a produção de IgE e atua sobre as células epiteliais, estimulando a secreção de muco. Além disso, as células TH2 (bem como os mastócitos e células epiteliais) produzem quimiocinas que atraem mais células TH2, bem como outros leucócitos, para o local da reação. Os mastócitos e basófilos expressam um receptor de alta afinidade, chamado Fcε RI, específico para a porção Fc da IgE e, portanto, ligam-se avidamente aos anticorpos IgE. Quando um mastócito armado com anticorpos IgE é exposto ao alérgeno específico, ocorre uma série de reações, levando finalmente à liberação de um arsenal de poderosos mediadores responsáveis pela expressão clínica das reações de hipersensibilidade imediata. Na primeira etapa desta sequência, o antígeno (alérgeno) liga-se aos anticorpos IgE previamente fixados aos mastócitos. Antígenos multivalentes ligam-se diretamente e de forma cruzada a anticorpos IgE adjacentes e aos receptores Fc da IgE subjacentes. A ligação dos receptores Fcε ativa as vias de transdução de sinais da parte citoplasmática dos receptores. Estes sinais levam à degranulação dos mastócitos com a descarga de mediadores pré-formados (primários) que estão armazenados nos grânulos e à síntese nova e liberação de mediadores secundários, inclusive produtos lipídicos e citocinas. Estes mediadores são responsáveis pelos sintomas iniciais, algumasvezes explosivos, da hipersensibilidade imediata e também colocam em ação os eventos que levam à reação de fase tardia. Mediadores Pré-formados. Os mediadores contidos nos grânulos dos mastócitos são os primeiros a ser liberados e podem ser divididos em três categorias: Aminas vasoativas: A amina mais importante derivada dos mastócitos é a histamina. Ela causa intensa contração dos músculos lisos, aumento da permeabilidade vascular e aumento da secreção de muco pelas glândulas nasais, brônquicas e gástricas. Enzimas: estão contidas na matriz dos grânulos e incluem proteases neutras (quimase, triptase) e várias hidrolases ácidas. As enzimas causam lesão tecidual e levam à geração de cininas e componentes ativados do complemento (p. ex., C3a), atuando sobre suas proteínas precursoras. Proteoglicanos: Incluem a heparina, anticoagulante bem conhecido, e o sulfato de condroitina. Os proteoglicanos servem para acondicionar e armazenar as aminas nos grânulos. Mediadores Lipídicos Os principais mediadores lipídicos são sintetizados por reações sequenciais nas membranas dos mastócitos e que levam à ativação da fosfolipase A2, uma enzima que atua sobre os fosfolipídios da membrana, produzindo ácido araquidônico. Este é o composto parental do qual são derivados leucotrienos e prostaglandinas pelas vias 5- lipoxigenase e ciclo-oxigenase. Leucotrienos: Os leucotrienos C4 e D4 são os mais potentes agentes vasoativos e espasmogênicos conhecidos. Em uma base Julia Paris Malaco – UCT14 molar, são milhares de vezes mais ativos do que a histamina para aumentar a permeabilidade vascular e causar contração dos músculos lisos brônquicos. O leucotrieno B4 é altamente quimiotático para neutrófilos, eosinófilos e monócitos. Prostaglandina D2: Este é o mediador mais abundante produzido nos mastócitos pela via ciclo-oxigenase. Causa intenso broncoespasmo, bem como aumento da secreção de muco. Fator ativador de plaquetas (PAF): O PAF é produzido por algumas populações de mastócitos. Causa agregação plaquetária, liberação de histamina, broncoespasmo, aumento da permeabilidade vascular e vasodilatação. Além disso, é quimiotático para neutrófilos e eosinófilos e, em altas concentrações, ativa as células inflamatórias, fazendo que degranulem. Embora a produção de PAF também seja desencadeada pela ativação de fosfolipase A2, não é um produto do metabolismo do ácido araquidônico Citocinas Os mastócitos são fonte de muitas citocinas, as quais podem desempenhar um papel importante em vários estágios das reações de hipersensibilidade imediata. As citocinas incluem: TNF, IL-1 e quimiocinas, que promovem recrutamento de leucócitos (típico da reação de fase tardia); IL-4, que amplifica a resposta TH2; e numerosas outras. As células inflamatórias recrutadas por TNF e quimiocinas derivados dos mastócitos são fontes adicionais de citocinas e fatores liberadores de histamina que causam maior degranulação de mastócitos. Entre as células recrutadas na reação de fase tardia, os eosinófilos são particularmente importantes. São recrutados para locais de reações de hipersensibilidade imediata pelas quimiocinas, como a eotaxina e outras, que possam ser produzidas por células epiteliais, células TH2 e mastócitos. A sobrevida dos eosinófilos nos tecidos é favorecida por IL-3, IL-5 e fator estimulador de colônias de granulócitos-macrófagos (GMCSF), e a IL-5 é a mais potente citocina ativadora de eosinófilos conhecida. Os eosinófilos liberam enzimas proteolíticas, bem como duas proteínas em particular, as quais são tóxicas para as células epiteliais. Os eosinófilos ativados e outros leucócitos também produzem leucotrieno C4 e PAF e ativam diretamente os mastócitos para liberarem mediadores. Deste modo, as células recrutadas amplificam e sustentam a resposta inflamatória sem exposição adicional ao antígeno desencadeante. A suscetibilidade a reações de hipersensibilidade imediata é geneticamente determinada. O termo atopia refere-se a uma pré-disposição a desenvolver reações de hipersensibilidade imediata localizada a vários alérgenos inalados e ingeridos. Os indivíduos atópicos tendem a ter níveis séricos mais altos de IgE e mais células TH2 produtoras de IL-4, em comparação à população geral. Anafilaxia sistêmica Choque vascular Edema generalizado Dificuldade para respirar Ambiente hospitalar: antissoros, hormônios, enzimas, polissacarídios e drogas Ambiente da comunidade: alérgenos alimentares ou toxinas de insetos Pode causar Prurido, urticaria, e eritema da pele Contração extraordinária dos bronquíolos respiratórios e angustia respiratória Vômitos, cólicas, diarreia Obstrução laríngea e choque Hipersensibilidade mediada por anticorpos (tipo 2) Este tipo de hipersensibilidade é causado por anticorpos que reagem com antígenos presentes nas superfícies celulares ou na matriz extracelular. Opsonização e Fagocitose A fagocitose é amplamente responsável pela depleção de células revestidas por anticorpos. As células opsonizadas pelos anticorpos IgG são reconhecidas por receptores Fc dos fagócitos, que são específicos para as partes Fc de algumas subclasses de IgG. Além disso, quando anticorpos IgM ou IgG são depositados nas superfícies das células, podem ativar o sistema do complemento pela via clássica. A ativação do complemento gera Julia Paris Malaco – UCT14 subprodutos, principalmente C3b e C4b, que se depositam nas superfícies das células e são reconhecidos por fagócitos que expressam receptores para estas proteínas. A resultante é a fagocitose das células opsonizadas e sua destruição. A ativação do complemento nas células também leva à formação do complexo de ataque à membrana, que rompe a integridade da membrana “fazendo orifícios” na bicamada lipídica, assim causando lise osmótica das células. A destruição de células mediada por anticorpos pode ocorrer por outro processo chamado citotoxicidade celular dependente de anticorpo (ADCC). Células que são revestidas por baixas concentrações de anticorpo IgG são mortas por uma variedade de células efetoras, que se ligam ao alvo por seus receptores para o fragmento Fc da IgG, e a lise celular prossegue sem fagocitose. A ADCC pode ser mediada por monócitos, neutrófilos, eosinófilos e células NK. Clinicamente, ocorrem destruição de células mediada por anticorpos e fagocitose nas seguintes situações: Reações transfusionais Doença hemolítica do recém-nascido (eritroblastose fetal) Anemia hemolítica autoimune, agranulocitose e trombocitopenia, Reações a drogas Inflamação Os anticorpos depositados ativam o complemento, gerando subprodutos, inclusive agente quimiotáticos (principalmente C5a), que direcionam a migração de leucócitos polimorfonucleares e monócitos e de anafilatoxinas (C3a e C5a), que aumentam a permeabilidade vascular. Os leucócitos são ativados pelo envolvimento de seus receptores C3b e Fc. Isto resulta na liberação ou geração de várias substâncias pró- inflamatórias, incluindo as prostaglandinas, peptídeos vasodilatadores e substâncias quimiotáticas. A ativação dos leucócitos leva à produção de outras substâncias que lesam os tecidos, como enzimas lisossômicas, incluindo proteases capazes de digerir a membrana basal, colágeno, elastina e cartilagem, além de espécies reativas de oxigênio. Disfunção Celular Em alguns casos, anticorpos direcionados contra receptores da superfície celular comprometem ou desregulam a função sem causar lesãocelular ou inflamação. Hipersensibilidade mediada por imunocomplexos (tipo 3) Complexos antígeno-anticorpo produzem lesão tecidual principalmente por desencadearem inflamação nos locais de deposição. A reação patológica é iniciada quando o antígeno se combina com anticorpo dentro da circulação (imunocomplexos circulantes), e estes são depositados tipicamente nas paredes dos vasos. Algumas vezes, os complexos são formados em pontos extravasculares, onde o antígeno pode ter sido “plantado” previamente (os chamados imunocomplexos in situ). Os antígenos que formam imunocomplexos podem ser exógenos ou endógenos. As doenças mediadas por imunocomplexos podem ser sistêmicas ou localizadas. Doença Sistêmica por Imunocomplexos A patogenia da doença sistêmica por imunocomplexos pode ser dividida em três fases: Formação de complexos antígeno-anticorpo na circulação; Deposição dos imunocomplexos em vários tecidos, assim iniciando Uma reação inflamatória nos pontos de deposição dos imunocomplexos Julia Paris Malaco – UCT14 Formação de Imunocomplexos: A introdução de um antígeno proteico desencadeia uma resposta imune que resulta na formação de anticorpos, tipicamente cerca de uma semana depois da injeção da proteína. Estes anticorpos são secretados no sangue, onde reagem com o antígeno ainda presente na circulação e formam complexos de antígenoanticorpo. Deposição de Imunocomplexos: Na fase seguinte, os complexos antígeno-anticorpo circulantes são depositados em vários tecidos.. São mais acometidos os órgãos onde o sangue é filtrado em alta pressão para formar outros líquidos, como a urina e o líquido sinovial; por isso, os imunocomplexos frequentemente se depositam nos glomérulos e articulações. Lesão Tecidual Causada por Imunocomplexos: Uma vez depositados os complexos nos tecidos, eles iniciam uma reação inflamatória aguda (a terceira fase). Durante esta fase (aproximadamente 10 dias depois da administração do antígeno), aparecem as características clínicas, como febre, urticária, dores articulares (artralgias), aumento dos linfonodos e proteinúria. Onde quer que os complexos se depositem, a lesão tecidual é semelhante. Doença Local por Imunocomplexos (Reação de Arthus) A reação de Arthus é uma área localizada de necrose tecidual, decorrente de uma vasculite aguda por imunocomplexos, geralmente desencadeada na pele. À medida que o antígeno se difunde na parede vascular, liga-se ao anticorpo pré-formado e são formados localmente grandes imunocomplexos. Estes complexos se precipitam nas paredes dos vasos e causam necrose fibrinoide, e a trombose superposta piora a lesão isquêmica. Hipersensibilidade mediada por células t (tipo 4) O tipo de hipersensibilidade mediado por células é iniciado por linfócitos T ativados por antígeno (sensibilizados), incluindo linfócitos T CD4+ e CD8+ A hipersensibilidade mediada por linfócitos T CD4+ induzidos por antígenos ambientais e próprios pode ser causa de doença inflamatória crônica. Agora se sabe que muitas doenças autoimunes são causadas por reações inflamatórias impulsionadas por linfócitos T CD4+. TCD4: Hipersensibilidade do Tipo Tardio e Inflamação Imune As reações inflamatórias causadas por linfócitos T CD4+ foram inicialmente caracterizadas com base em hipersensibilidade do tipo tardio (HTT) a antígenos administrados exogenamente. Os mesmos eventos imunológicos são responsáveis por reações inflamatórias crônicas contra tecidos próprios. Em razão do papel central do sistema imune adaptativo em tal inflamação, algumas vezes é denominada inflamação imune. Células TH1 e TH17 contribuem para as doenças específicas de órgãos nas quais a inflamação é um aspecto proeminente da patologia. A reação inflamatória associada às células TH1 é dominada por macrófagos ativados, e a desencadeada por células TH17 tem um componente maior de neutrófilos. Os eventos celulares na hipersensibilidade mediada por linfócitos T consistem em uma série de reações nas quais as citocinas desempenham papéis importantes. As reações podem ser divididas nos seguintes estágios: Proliferação e Diferenciação de Linfócitos T CD4+: Os linfócitos T CD4+ naive reconhecem peptídeos exibidos por células dendríticas e secretam IL-2, que funciona como fator de crescimento autócrino, estimulando a proliferação dos linfócitos T responsivos ao antígeno. A subsequente diferenciação dos linfócitos T estimulados pelo antígeno em células TH1 e TH17 é dirigida pelas citocinas produzidas por APCs na fase de ativação dos linfócitos T. Em algumas situações, as APCs (células dendríticas e macrófagos) produzem IL-12, que induz diferenciação de linfócitos T CD4+ no Julia Paris Malaco – UCT14 subgrupo TH1. O IFN-γ produzido por estas células efetoras promove ainda mais desenvolvimento de TH1, assim amplificando a reação. Se as APCs produzirem citocinas inflamatórias, como IL-1, IL-6 e uma parente próxima de IL-12 chamada IL-23, estas funcionarão em colaboração com o fator transformador de crescimento β (TGF-β) (fabricado por muitos tipos de células), estimulando a diferenciação dos linfócitos T no subgrupo TH17. Respostas dos Linfócitos T Efetores Diferenciados: Com a exposição repetida a um antígeno, linfócitos T previamente ativados reconhecem o antígeno exibido pelas APCs e respondem. As células TH1 secretam citocinas, principalmente IFN-γ, que são responsáveis por muitas das manifestações de hipersensibilidade do tipo tardio. Os macrófagos ativados pelo IFN-γ são alterados de vários modos; sua capacidade de fagocitar e de matar microrganismos aumenta acentuadamente; eles expressam mais moléculas da classe II do MHC na superfície, assim facilitando a apresentação dos antígenos; eles secretam TNF, IL-1 e quimiocinas, que promovem inflamação; e eles produzem mais IL-12, assim amplificando a resposta de TH1. Deste modo, os macrófagos ativados servem para eliminar o antígeno causador; se a ativação for mantida, resultarão inflamação e lesão tecidual contínuas. As células TH17 são ativadas por alguns antígenos microbianos e por autoantígenos nas doenças autoimunes. As células TH17 ativadas secretam IL- 17, IL-22, quimiocinas e várias outras citocinas. Coletivamente, estas citocinas recrutam neutrófilos e monócitos para a reação, promovendo inflamação. As células TH17 também produzem IL-21, que amplifica a resposta de TH17. Morfologicamente, a hipersensibilidade do tipo tardio caracteriza-se pelo acúmulo de células mononucleares, principalmente linfócitos T CD4+ e macrófagos, em torno de vênulas, produzindo “formação de manguito” perivascular. Nas lesões inteiramente desenvolvidas, as vênulas mostram acentuada hipertrofia endotelial, refletindo ativação endotelial mediada por citocinas. Este padrão de inflamação, chamado inflamação granulomatosa, associa-se tipicamente à forte ativação de linfócitos T com produção de citocinas. TCD8+: Citotoxicidade Mediada por Células Neste tipo de reação mediada por linfócitos T, os LTCs CD8+ matam células-alvo portadoras de antígeno. O principal mecanismo de morte dos alvos mediada pelos linfócitos T envolve perforinas e granzimas, mediadores pré-formados contidos nos grânulos lisossomo-like dos LTCs. Os LTCs que reconhecem células-alvo secretam um complexo consistindo em perforina, granzimas e uma proteína chamada serglicina, que entra nas células-alvo por endocitose. No citoplasma das células-alvo, a perforina facilita a liberação das granzimas do complexo. As granzimas sãoproteases que clivam e ativam caspases, que induzem apoptose das células- alvo. Os LTCs ativados também expressam ligante Fas, molécula está com homologia para o TNF, que pode ligar-se ao Fas expresso nas células-alvo e desencadear apoptose. Os linfócitos T CD8+ também produzem citocinas, notavelmente IFN-γ, e estão envolvidos em reações inflamatórias semelhantes à HTT, especialmente após infecções por vírus e exposição a alguns agentes sensibilizantes de contato. Julia Paris Malaco – UCT14 Reconhecimento e rejeição de aloenxertos Reações Mediadas por Linfócitos T A rejeição de enxertos mediada por linfócitos T é chamada rejeição celular e envolve destruição das células do enxerto por LTCs CD8+ e reações de hipersensibilidade tardia desencadeadas por linfócitos auxiliares CD4+ ativados. As principais diferenças antigênicas entre um doador e o receptor que resultam em rejeição dos transplantes são diferenças em alelos HLA altamente polimórficos. Os linfócitos T do receptor reconhecem antígenos do doador do enxerto (antígenos alogênicos ou aloantígenos) por duas vias chamadas direta e indireta. Na via direta Os linfócitos T do receptor do transplante reconhecem moléculas MHC alogênicas (do doador) na superfície das APCs no enxerto. Acredita-se que as células dendríticas carregadas nos órgãos do doador são as APCs mais importantes para iniciar a resposta antienxerto porque não apenas expressam altos níveis de moléculas da classe I e II do MHC, mas também são dotadas de moléculas coestimuladoras (p. ex., B7-1 e B7-2). Os linfócitos T do hospedeiro encontram as células dendríticas do doador no interior do órgão enxertado ou depois que as células dendríticas migram para os linfonodos de drenagem. Os linfócitos T CD8+ reconhecem as moléculas classe I do MHC e diferenciam-se em LTCs ativos que podem matar as células do enxerto. Os linfócitos T auxiliares CD4+ reconhecem moléculas alogênicas da classe II e proliferam e diferenciam-se em células efetoras TH1 (e possivelmente TH17). Citocinas secretadas pelos linfócitos T CD4+ ativados desencadeiam uma reação de hipersensibilidade tardia no enxerto, resultando em aumento da permeabilidade vascular e acúmulo local de células mononucleares (linfócitos e macrófagos) e lesão do enxerto, causada pelos macrófagos ativados. O reconhecimento direto das moléculas alogênicas do MHC parece paradoxal às regras da restrição do MHC próprio: Se os linfócitos T normalmente ficam restritos a reconhecer peptídeos estranhos exibidos por moléculas do MHC próprio, por que estes linfócitos T devem reconhecer o MHC estranho? A provável explicação é que as moléculas alogênicas do MHC, com seus peptídeos ligados, assemelham-se ou simulam os complexos MHC próprio-peptídeo estranho que são reconhecidos por linfócitos T restritos ao MHC próprio. Deste modo, o reconhecimento de moléculas alogênicas do MHC é uma reação cruzada de linfócitos T selecionados para reconhecer o MHC próprio mais peptídeos estranhos. Na via indireta Os linfócitos T do receptor reconhecem antígenos do MHC do doador do enxerto depois que são apresentados pelas próprias APCs do receptor. Este processo envolve a captação e o processamento de moléculas do MHC e de outras moléculas estranhas do órgão enxertado pelas APCs do hospedeiro. Os peptídeos derivados do tecido doador são apresentados pelas próprias moléculas do MHC do hospedeiro, como qualquer outro peptídeo estranho. Deste modo, a via indireta é semelhante ao processamento fisiológico e apresentação de outros antígenos estranhos (p. ex., micróbios). A via indireta gera linfócitos T CD4+ que entram no enxerto e reconhecem os antígenos do enxerto exibidos por APCs do hospedeiro que também entraram no enxerto, e o resultado é um tipo de reação de hipersensibilidade tardia. No entanto, os LTCs CD8+ que podem ser gerados pela via indireta não podem reconhecer diretamente ou matar as células do enxerto porque estes LTCs reconhecem antígenos do enxerto apresentados pelas APCs do hospedeiro. Julia Paris Malaco – UCT14 Portanto, quando os linfócitos T reagem a um enxerto pela via indireta, o principal mecanismo de rejeição celular pode ser a produção de citocinas dos linfócitos T e hipersensibilidade tardia. Postula-se que a via direta seja a principal via na rejeição celular aguda, enquanto que a via indireta é mais importante na rejeição crônica. No entanto, está separação não é, de modo algum, absoluta. Reações Mediadas por Anticorpos Este processo é chamado rejeição humoral e pode assumir duas formas. A rejeição hiperaguda ocorre quando anticorpos antidoador pré-formados estão presentes na circulação do receptor. Tais anticorpos podem estar presentes em um receptor que tinha previamente rejeitado um transplante de rim. Mulheres que tiveram múltiplos partos e que desenvolvem anticorpos anti-HLA contra antígenos paternos eliminados do feto podem ter anticorpos pré-formados contra enxertos tomados do marido ou dos filhos ou até de indivíduos sem parentesco que compartilhem alelos HLA com o marido. Transfusões de sangue prévias também podem levar à pré-sensibilização porque as plaquetas e os leucócitos são ricos em antígenos HLA, e os doadores e receptores geralmente não são idênticos ao HLA. Com a atual prática de provas cruzadas, isto é, testar o soro do receptor para anticorpos contra as células do doador, a rejeição hiperaguda já não é um problema clínico significativo. Nos receptores não sensibilizados previamente aos antígenos do transplante, a exposição aos antígenos HLA classes I e II do enxerto do doador pode provocar anticorpos. Os anticorpos formados pelo receptor podem causar lesão por vários mecanismos, inclusive citotoxicidade dependente do complemento, inflamação e citotoxicidade mediada por células dependente de anticorpos. O alvo inicial destes anticorpos, na rejeição, parece ser a vasculatura do enxerto. Deste modo, a rejeição humoral aguda dependente de anticorpos geralmente se manifesta por uma vasculite, algumas vezes denominada vasculite da rejeição. Asma brônquica Caso clinico Paciente do sexo feminino, 8 anos, é levado a Unidade de Saúde com história de tosse, dispneia, que piora durante a madrugada. No exame físico: Frequência respiratória de 35rpm, frequência cardíaca de 110, sibilando difusamente, lúcida orientada, porém com falta de ar, saturação de Oxigênio 92% em ar ambiente com melhora dos níveis, após instalação do cateter de Oxigênio. Asma brônquica é uma inflamação crônica com hiper-reatividade crônica – a mucosa fica irritada e ao entrar em contato com um gatilho causa uma hiper-reatividade gerando uma obstrução por um período de tempo - que é reversível. Fisiopatologia No epitélio normal, tem pouca formação de muco e poucas células na lamina própria. Na asma brônquica, a lamina própria é invadida por eosinófilos, a presença desses eosinófilos provoca uma alteração na mucosa respiratória, expondo receptores que antes não estavam presentes e quando o epitélio entra em contato com algum gatilho alergênico, passa-se a ter uma hiperprodução de muco levando a uma broncoconstrição Eosinofilia no hemograma Anticorpo aumentado é o IgE Tipos de asma: Alérgica 70% Não alérgica (20-25%) o Ocupacional – trabalha com asbesto; o Medicamentosa - O antinflamatório Criptogênica ou idiopática Eventos Celulares acontecem numa reação alérgica Sensibilização Resposta Imediata Resposta Tardia Julia Paris Malaco – UCT14 Sensibilização O agente alergênicoentra em contato com o antígeno. O antígeno é fagocitado por células dendriticas, que é uma célula apresentadora de antígeno, essa célula expressa esse antígeno na membrana plasmática por meio do MHC de classe 2. O reconhecimento desse conjunto (MHC classe junto com o antígeno) é feito pelos linfócitos T helper (CD4). Esse linfócito T, faz uma reativação imunológica, começa a produzir interleucinas (IL-4 e IL-5), essas por sua vez, juntas estimulam a produção de linfócitos B – linfócito que produz o IgE. A IL-4 sozinha estimula a proliferação e diferenciação de mastócitos A IL-5 estimula a proliferação e diferenciação de eosinófilos. Os mastócitos então, são revestidos por um antígeno de superfície, que é o IgE, e isso é a sensibilização (IgE + mastócitos). Resposta imediata O mastócito sensibilizado está na via aérea. Ao acontecer uma reexposição do antígeno, vai ser produzida uma reposta imediata. Esse antígeno se liga ao IgE que está presente na superfície dos mastócitos, promovendo a degranulaçaão e a liberação de histamina, leucotrienos e bradicinina (mediadores inflamatórios). Esses mediadores, induzem três eventos: broncoconstriçao, vasodilatação e produção de muco. Resposta tardia Além disso, os mediadores inflamatórios fazem quimiotaxia e recrutam eosinófilos, que quando ativados também liberam mediadores quimiotáticos, chamando células de defesa (neutrófilos, monócitos, linfócitos) que acabam culminando na persistência da atividade inflamatória e da broncoconstriçao. Como esse recrutamento de todas essas células demora, essa é chamada resposta tardia. Quadro clinico Tríade clássica Dispneia Tosse Sibilância (mais aparente na expiração) Eventualmente: Sensação de dor no peito; Desconforto respiratório Tratamento Corticoide: mais indicado hidrocortisona – EV Broncodilatador
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