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Enxertos Cutâneos

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Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020 
 
 
INTRODUÇÃO 
São segmentos de pele ou cartilagem transferidas de uma área do 
corpo – na maioria das vezes pela perda da integridade –, dita 
doadora, para outra, chamada receptora, sendo essa área sem 
conexão ou vascularização própria. 
 
CLASSIFICAÇÃO 
1. Da origem: 
 Autoenxerto: Doador e receptor são o mesmo indivíduo – 
mais utilizado –; 
 Isoenxerto: Doador e receptor são indivíduos diferentes, 
porém geneticamente idênticos. Ex.: Gêmeos univitelinos; 
 Homoenxerto ou aloenxerto: Doador e receptor são 
indivíduos diferentes, porém da mesma espécie. Ex.: 
curativo biológico – temporário; 
 Xenoenxerto: Doador e receptor são indivíduos de 
espécies diferentes. Ex.: Curativo biológico. 
2. Da espessura: 
 Pele total: Presença da epiderme e a total da derme, gera 
cicatriz; 
 Pele parcial: Composto pela epiderme e parte da derme. 
Caracteriza-se pela preservação da derme na área 
doadora, possibilitando a reepitelização por meio das 
células epiteliais e das glândulas sudoríparas. 
3. Do formato: 
 Laminados; 
 Malhas; 
 Emtampilha (Ex. selos) – em pequenos fragmentos; 
status funcional e estético não tão bom; 
 
Respectivamente, em lâminas e em malha. 
4. Da composição: 
 Simples: Somente a epiderme e derme; 
 Compostos: Consiste em uma porção intacta contendo 
toda epiderme e derme, com um componente adicional 
de gordura ou cartilagem. Ex.: Enxerto condrocutâneo 
(pele conectada a uma das faces da cartilagem), 
condrobicutâneo (pele conectada a ambas a face da 
cartilagem), dermogorduroso (derme + tec. gorduroso). 
OBTENÇÃO DE ENXERTOS: 
A zona doadora deve ser escolhida de modo que a compatibilidade 
com o leito receptor seja máxima, ou seja, semelhantes em termos 
de consistência, espessura, cor e textura. 
As áreas doadoras para enxertos de espessura total, incluem: 
 Região auricular anterior e posterior, prega nasolabial, 
pálpebras, pescoço e regiões de dobras. Outras localizações 
como a região supra e infraclavicular, a região inguinal e os 
quadrantes inferiores do abdome são igualmente utilizados. A 
área pode ser suturada facilmente e a cicatriz resultante não 
tem implicações estéticas importantes. 
Os enxertos de espessura parcial podem ser obtidos de qualquer 
parte do corpo. A cicatriz pode sofrer hipopigmentação, apesar da 
grande capacidade regenerativa da área doadora após a excisão do 
enxerto. 
Podem ser obtidos do couro cabeludo, de modo que a cicatriz não 
seja visível pelo cabelo que a recobre; a reepitelização também é 
mais rápida, devido ao fato da área ser rica em folículos pilosos por 
meio da reserva de células-tronco. 
!!!Obs.: A espessura do enxerto do couro cabeludo deve ser fina 
(350µm) de modo a não retirar os folículos pilosos da área doadora. 
Os enxertos podem ser retirados com bisturis (enxertos de 
espessura total), facas e/ou dermátomos (espessura parcial). 
1. Facas: 
 Faca de Blair modificada por russo; 
 Faca de Humby; 
 Faca oscilante de Gulian. 
 
Doadora Receptora
Plástica 
 
Plástica 
Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020 
 
2. Dermátomos: 
 Manuais; 
 Elétricos: - Melhor qualidade do enxerto obtido, pois 
possuem escalas reguláveis para ajustar a espessura do 
enxerto, rapidez e facilidade da retirada do tecido. Alto 
custo e esterilização demorada. Recomendados na 
retirada de áreas extensas, como no caso de doador 
cadáver. 
: Dermátomo 
!!!Obs.: Desvantagem dos dermátomos manuais e facas: Falta de 
uniformidade na obtenção da profundidade. O que pode resultar 
em um padrão esteticamente insatisfatório nas áreas doadora e 
receptora. As vantagens, principalmente relacionadas as facas, é o 
baixo custo e maior facilidade para a esterilização. 
BASES FISIOPATOLÓGICAS 
A retirada do enxerto provoca uma lesão que predispõe a saída de 
exsudo proveniente do meio interno, havendo a formação de uma 
fina camada de fibrina que permite a aderência do enxerto em 
pouco tempo. 
1. Fixação: Enxerto que “pegou” e enxerto que “integrou”: 
O enxerto que “pegou” é um processo inicial de fixação definitiva, 
num período de uma a duas semanas. Em seguida, a “integração” 
do enxerto é quando há um processo acentuado do retorno 
funcional da pele. 
2. Contratura do enxerto: 
!!! Importante para o planejamento da área funcional, estética e 
chance de integração do enxerto. 
A contratura primária ocorre logo após a retirada do enxerto. É 
causada pela elastina presenta na derme. Então, quanto mais 
derme no seu enxerto, maior a contração primária. 
Já a contração secundária ocorre durante o processo de integração 
e estabilização do enxerto, pois depende da contração dos 
miofibroblastos durante a cicatrização. Logo, quanto menos derme 
tiver no tecido, maior será a ação da cicatrização, afetando a 
capacidade estrutural do enxerto. A ferida vai contrair mais em um 
enxerto de pele parcial do que o enxerto de pele total. 
 PARCIAL TOTAL 
COMPOSIÇÃO Pele + parte da derme Pele + toda a derme 
VIABILIDADE Mais fácil quanto + fino Mia difícil quanto + 
espesso 
CONTRAÇÃO 
PRIMÁRIA 
MENOR MAIOR 
CONTRAÇÃO 
SECUNDÁRIA 
MAIOR MENOR 
RESULTADO 
ESTÉTICO E 
FUNCIONAL 
PIOR MELHOR 
ÁREA 
DOADORA 
EXTENSA LIMITADA 
3. Viabilidade do enxerto, revascularização sanguínea e 
linfática: 
Ao absorver o exsudado ocasionado pelo trauma da retirada, o 
enxerto fica edemaciado. Para manter a viabilidade – em 24/48h – 
faz-se necessária a embebição plasmática – nutre-se através do 
transudato do leito receptor, há o aumento de peso e tamanho –. 
Quando mantidas as condições necessárias – nutrição, contato 
íntimo entre o enxerto e o leito, imobilidade para que não se 
rompam as delicadas ligações vasculares – para a integração do 
enxerto, ocorrerá o que se chama de inosculação vascular, ou seja, 
penetração dos vasos no enxerto receptor – 48 a 72h –. A 
vascularização completa ocorrerá entre o quarto e sétimo dia, 
neovascularização, ocorre o surgimento dos novos vasos do enxerto 
(etapa que descobre o grau de integração do enxerto). 
O reestabelecimento da circulação linfática acompanha o tempo da 
revascularização sanguínea. Durante o quarto e o oitavo dia, 
concomitante à revascularização do tecido, há uma hiperplasia da 
epiderme que pode se manter por semanas. 
4. Reinervação do enxerto: 
Entre a 2ª e a 4ª semana, porém o retorno da sensibilidade pode 
voltar em torno de um ano, tendo relatos de até um retorno 
incompleto. Os dois critérios para uma reinervação de maior 
qualidade são a espessura do enxerto e a riqueza da área doadora. 
5. Cuidados para a integração do enxerto: 
A hemostasia é feita preferencialmente de maneira compressiva, 
ressecando-se os tecidos para obter-se um contato íntimo em toda 
a superfície entre o leito e o enxerto, evitando hematomas. 
Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020 
 
É importante evitar a cauterização para evitar necrose. A sutura do 
enxerto não é sempre uma prática recomendada, podendo até ser 
danosa ao paciente. 
6. Indesejados do enxerto: 
 Hematoma: - Uma das maiores complicações. O cirurgião 
precisa ter certeza que o sangramento interrompeu antes de 
fazer o curativo da ferida. Ligadura ou cautério, pressão ou 
medidas farmacológicas (trombina, epinefrina ou cola de 
fibrina) podem controlar sangramentos; 
 Seroma: A embebição plasmática, pode impedir ou retardar a 
primeira etapa do processo da fixação. Fenestração como furos 
no enxerto, enxerto em malha pode evitar; 
 Infecção: - Um dos principais motivos de recusa do enxerto. O 
acúmulo de pus embaixo do enxerto pode se espalhar 
ocasionando problemas maiores – caso a infecção seja 
descoberta rapidamente há chances de salvá-lo total ou 
parcial. Os curativos de nitrato de prata, acetato de mafenina 
e íons de prata foram criados no intuito de atuar em casos 
tópicos de infecção; 
 Falha na integração: Causas: desnutrição,vasculite, esteroides, 
medicamentos quimioterápicos e doenças malignas; 
 Contração da ferida: - Contratura cicatricial: Ocorre após a 
segunda fase de inflamação, no qual os fibroblastos começam 
a ser ativados. Há a necessidade de um novo tecido rico em 
colágeno, a fim de repor fibrina e ancorar o enxerto ao leito da 
ferida, permitindo a maturação da mesma. Com a deposição 
de colágeno há uma ligação cruzada que torna a matriz celular 
mecanicamente resistente, permitindo a interação com os 
fibroblastos, propiciando a contração da ferida. 
 Instabilidade: - As forças de cisalhamento são a maior causa 
de rejeição de enxertia cutânea; 
 Questões cosméticas: Padrões desagradáveis esteticamente 
como malhas, diferenças de cor e espessura. 
ESCOLHA DAS ÁREAS DOADORAS: 
Áreas doadoras próximas às áreas de enxerto contribuem para um 
bom resultado, devido a semelhança. 
Uma das áreas mais utilizadas como doadoras é a coxa (preferência 
pela parte medial, por ser mais oculta), devido a ampla superfície e 
facilidade de excisão, tendo o fêmur como suporte. 
!!!Obs.: Porém se o enxerto for de superfície total, deve-se evitar as 
pernas como devido à dificuldade de circulação e ao trauma 
causado ao andar. 
Um problema observado em áreas enxertadas é a hipercromia 
(excesso de melanina), fatores como espessura – espessura maiores 
têm menos chances de apresentar – e a contração do enxerto – 
maior densidade de melanina por área –, contribuem para o 
surgimento. 
CUIDADOS COM AS ÁREAS OPERADAS 
1. Exposição: Procedimento operário rápido e menos 
oneroso – por não apresentar materiais para curativo –, 
porém mais sujeito a trauma e demanda 
acompanhamento diário da lesão; 
2. Oclusão: Procedimento operário mais demorado e mais 
custoso, porém fornece maior proteção ao enxerto, sem 
necessidade de manipulação da lesão. 
A escolha do mantimento do enxerto vai depender do formato, se é 
laminar – pode ser exposto ou ocluído – ou em malha – 
obrigatoriamente em ocluído, para evitar que o exsudado vá para o 
meio externo, resseque e forme crosta, propiciando a colonização 
bacteriana. 
Além disso, atenta-se a vascularização do leito local, ao nível de 
granulação e limpeza da ferida, compreensão e imobilização – 
principalmente nos primeiros dias. 
Ex. de curativo muito utilizado: Curativo de Brow (Tie Over) 
 
Feito com gaze umedecida (com pomada ou vaselina sólida) ou por 
baixo para não grudar no enxerto e é preso com várias suturas. Não 
pode ser manipulado por 5/7 dias. 
Ex.: Terapia a vácuo: Gera uma qualidade de integração do enxerto 
muito grande, pois ao mesmo tempo que promove a compressão 
também drena a transudação. 
!!!Diferença básica de retalho e enxerto: 
O enxerto depende da vascularização do leito receptor para 
integração, já o retalho possui vascularização própria. 
 
Referência: 
Campos, Humberto. Cirurgia Plástica para estudantes de 
medicina. 1ª ed. Salvador BA: Editora Sanar, 2020.

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