Buscar

Introdução à Lógica: Definição e Princípios

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Disciplina: Introdução à Lógica
Aula 1: Lógica – definição e princípios
Apresentação
Nesta primeira aula, estudaremos em linhas gerais o que é a lógica enquanto
disciplina filosófica, bem como sua especificidade no que diz respeito à análise da
estrutura da linguagem.
Veremos isso a partir dos diferentes sentidos que a palavra lógica possui no uso que
fazemos dela em nosso dia a dia. Desse modo, poderemos perceber o contraste
existente entre seu uso pelo senso comum e seu uso enquanto disciplina filosófica.
Compreenderemos ainda a relação intrínseca entre a lógica e a prática filosófica.
Verificaremos que a construção de argumentos, a fim de tornar claro um conceito,
tese ou teoria, vai além da prática filosófica. Está presente em toda situação e
contexto em que se faz necessário argumentar.
Desse modo, compreenderemos como a lógica está presente em nossa vida
profissional, pessoal e social. Assim, teremos uma visão mais abrange acerca da
função e utilização da lógica no cotidiano.
Objetivos
Definir a lógica enquanto disciplina filosófica;
Reconhecer os diferentes usos e significados que a palavra lógica possui;
Identificar a importância da lógica para a prática filosófica e também para toda
situação que exija argumentação.
É lógico?
No dia a dia usamos constantemente a expressão “é lógico”. Geralmente a
usamos quando alguém faz uma pergunta cuja resposta é muito óbvia.
Por exemplo, quando alguém se depara com um amigo usando a camisa do
Flamengo e isso causa surpresa. Decorrente desse acontecimento, vem a
pergunta: “Nossa! Você é flamenguista?!”
A chance dessa resposta vir através da expressão
“É lógico!” é muito grande, concorda?
Existe nessa interlocução uma razão para tal resposta, ela
se baseia no fato de um dos interlocutores estar usando a
camisa do Flamengo. Se ele está vestindo a camisa do
Flamengo, logo é flamenguista.
Esse é um caso entre tantos outros que surgem em nosso dia a dia. Claro
existem situações que exigem a elaboração de um raciocínio. Como quando
queremos provar uma tese que defendemos em uma conversa de bar sobre
futebol, ou ao tentar convencer nossos filhos a adotar comportamento x e
evitar o comportamento y, ou, ainda, em um debate acadêmico, ao defender
um réu em um julgamento, se somos advogados etc.
O fato de sermos dotados de linguagem, aliado ao fato de sermos seres
políticos e gregários ., faz com que tenhamos que explicar claramente o que
queremos dizer, que tenhamos a capacidade de mostrar as razões que nos
levam a defender uma pauta ou tese. A isso chamamos argumentar e o
argumento ou raciocínio é o objeto de estudo da Lógica.
1
file:///C:/DISCIPLINAS%20V%C3%8D/2018.2/introducao_a_logica__GON954/aula1.html
 Ícone de balão de diálogo com sombra.
O que é lógica?
Mesmo que não percebamos fazemos uso da lógica o tempo todo. O fato de
sermos dotados da capacidade de nos comunicar através da linguagem leva-
nos a articular os signos que a compõem, ou seja, as palavras.
Essa articulação gera uma determinada estrutura, que por sua vez gera
significado. Assim, uma ideia, sentimento, tese ou opinião é transmitido para
outras pessoas.
 Nuvem de palavras.
Fazemos isso constantemente nos grupos sociais onde estamos inseridos.
Seja na família, no trabalho, em momentos de lazer ou em um encontro com
os amigos, usamos a linguagem, articularmos as palavras, a fim de nos
comunicar e para que isso aconteça é preciso seguir determinadas regras.
Aplicamos essas regras o tempo todo, nós as aprendemos no trato social,
desde que começamos a fazer as primeiras interações sociais com outras
pessoas. Desde crianças tentamos articular os signos, a fim de comunicar
nossos desejos e necessidades.

Exemplo
Se observarmos uma criança que está começando a falar, notaremos que
se esforça para transmitir seu desejo por um objeto ou comunicar seu
sentimento de fome. Contudo, ela ainda não aprendeu a usar as regras
do jogo da linguagem que a permitiria transmitir de forma clara o que ela
quer.
Na medida em que for crescendo e tendo que estabelecer comunicação,
ela irá aprender as regras, por meio de tentativas, algumas frustradas e
outras com sucesso.
 Bebê engatinhando.
As regras, aprendidas nas interações sociais, interessam à lógica:
1
Saber o que leva a essa estruturação que permite dar significado aos signos
linguísticos.
2
Saber como ocorre a articulação de sentido que gera um raciocínio ou
argumento.
O objetivo da lógica não é apenas a linguagem, apenas o
sentido, mas a articulação da linguagem, de modo a criar
uma estrutura que expressa um raciocínio ou argumento.
Nesse sentido, uma mera frase pode transmitir informação. Porém, não se
propõe a provar algo ou a nos conduzir por ideias que levem a uma
determinada conclusão. Isso deve nos interessar, pois usamos argumentos
constantemente.
As interações sociais exigem que defendamos nossos pontos de vista. Quem
não teve a necessidade de, em uma discussão, defender uma ideia ou tese,
confrontá-las, buscando mostrar ao seu interlocutor as razões pelas quais sua
tese ou ideia é a mais apropriada?
Sendo assim, devemos considerar que o melhor é saber o que dá sustentação
aos nossos argumentos, o que faz com que sejam válidos, se são corretos ou
não.

Atenção
Estudar a lógica, portanto, consiste em identificar a forma correta de
organizar nossas ideias, refinar nossa argumentação, para que assim não
tiremos conclusões erradas.
 Silhueta da escultura O Pensador de Auguste
Rodin.
O surgimento da lógica
A lógica enquanto área do conhecimento, enquanto disciplina filosófica, surgiu
na Grécia Antiga.
Quando os gregos dominaram o logos, ou seja, quando passaram a fazer uso
de uma determinada racionalidade, deram origem a um novo tipo de discurso,
um novo modo de organização da linguagem. Esse foi o primeiro passo em
direção ao nascimento da filosofia e, com ela, ao da lógica.
O conhecimento filosófico e o discurso por meio do qual ela se manifesta
começou a ser gestado pelos filósofos conhecidos na história da filosofia como
pré-socráticos.
Esses filósofos, que se convencionou agrupar a partir dessa dominação,
passaram a sentir a necessidade de usar a linguagem de modo diferente.
Passaria a ter uma função que ia além de apenas descrever fatos,
acontecimentos, fenômenos. Agora passaria a ser usada para explicar,
fundamentar e justificar um discurso ou teoria.
Heráclito e Parmênides
Dentre os pré-socráticos, dois filósofos contribuíram decisivamente para
estabelecer as bases do que seria a lógica enquanto área do conhecimento:
 Pintura de Heráclito por Johannes Moreelse.
 Pintura de Parmênides por Jean-Auguste
Dominique Ingres.
Foram responsáveis por criar o arcabouço conceitual que viria a ser usado
posteriormente para pensar as questões lógicas formalmente.
Esses filósofos criaram duas correntes de pensamento antagônicas,
que conceberam dois conceitos opostos sobre o que é a realidade.
Desse embate nasceram os conceitos que ainda hoje fazem parte do
vocabulário lógico.
Heráclito
Segundo Heráclito, a realidade é o devir. Isso significa que, para ele, a
realidade do mundo se expressa através da mudança constante das coisas.
Existe um embate de forças contrárias e constantes que moldam a realidade,
criando a multiplicidade que a compõe.

Exemplo
Os exemplos podem ser observados por nós o tempo todo por meio de
inúmeros fenômenos naturais:
O dia que se torna noite;
O calor que dá lugar ao frio;
A vida que sucumbe à morte;
A morte que faz surgir a vida.
Para Heráclito, não há nada no mundo que seja
idêntico a si mesmo; tudo é diferente, pois nada
permanece o mesmo.
Veja o famoso aforismo de Heráclito para ilustrar o que estamos tentando
entender aqui:

Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e
não somos.
Heráclito
2
file:///C:/DISCIPLINAS%20V%C3%8D/2018.2/introducao_a_logica__GON954/aula1.html
Do ponto de vista da lógica, essa frase não faz
sentido, pois ela afirma e nega ao mesmo tempo, o
que implicaria em uma contradição.
Parmênides
Parmênides traz o outro ladoda moeda. Para o filósofo, a oposição de
contrários seria apenas aparência, algo desprovido da verdade, pois haveria aí
um emaranhado de coisas que acabam por interferir na concepção da
realidade.
A oposição entre contrários que identificamos no mundo se dá por meio dos
sentidos, os quais captam apenas a transitoriedade do mundo. Precisamos nos
voltar ao pensamento, pois é aí que reside as condições de identificarmos a
verdade, a realidade das coisas.
Nessa perspectiva, a linguagem de contrários seria mera
contradição, o que implicaria, para Parmênides, em algo
irreal, ilusório, falso, seria um não ser.
Apenas o Ser possui realidade e isso porque ele é, ou seja, é idêntico a
si mesmo. O Ser expressa o verdadeiro, o real, pois sendo idêntico a si
mesmo não possui contradições internas.
Aristóteles
Tudo isso viria a ser melhor elaborado pelos sofistas e Platão. Contudo,
questões ligadas à lógica passaram a ter dimensão e rigor maiores com
Aristóteles.
Embora não tenha denominado seus estudos de lógica, ele dedicou-se à lógica
em sua obra chamada Analíticos, cujo propósito consistia em analisar o
pensamento e as partes que o compõem.
Analíticos e outras dedicadas por Aristóteles ao estudo da lógica foram
compiladas. A reunião dessas obras recebeu o nome de Organon, que
significa “instrumento”. Quer dizer, essa compilação, o Organon, seria o
instrumento cujo propósito é alcançar o modo mais apropriado para conduzir
o pensamento.
Aristóteles a dividiu em:
Lógica formal ou menor
Aquela que busca estabelecer a forma correta de execução das operações
intelectuais, ou seja, assegura que o pensamento esteja em acordo consigo
mesmo. Isso ocorre de tal forma que os princípios que descobre, bem como
as regras que formula, aplicam-se a todo e qualquer objeto do pensamento.
Lógica material ou maior
Aquela que determina as leis particulares e regras especiais decorrentes da
natureza dos objetos cognoscíveis. Ela determina os métodos das ciências de
modo geral.
Podemos elencar os seguintes aspectos para definir a lógica enquanto
instrumento para o pensar:
1
Reflexão
Acerca dos métodos e princípios necessários à argumentação.
2
Análise
Dos argumentos e seus componentes de modo a verificar a ligação existente
entre premissas e suas conclusões, para assim determinar sua validade ou
invalidade, sua verdade ou falsidade.
3
Estudo
Para estabelecer as regras formais das operações do pensamento que
permitem identificar argumentações não válidas.
Filosofia e lógica
O estudo da filosofia difere muito do empreendido em outras áreas do
conhecimento.
Disciplinas como Matemática e Física , por exemplo, trabalham com
questões resolvidas, que são estudadas apenas para que se compreenda
como se chegou ao estágio atual de cada uma dessas ciências.
Física
A Física newtoniana alcançou seus resultados que são definitivos dentro de
seus parâmetros. Estiveram em voga e direcionaram a prática de gerações de
físicos através dos séculos XVIII e XVIX, até serem colocadas em xeque pelos
físicos do século XX, cujas pesquisas os levaram a outros resultados, que
vieram a estabelecer um novo paradigma para a Física: a Física
quântica.
3
file:///C:/DISCIPLINAS%20V%C3%8D/2018.2/introducao_a_logica__GON954/aula1.html
O estudante de Física lidará com resultados estabelecidos pelos grandes
nomes da Física e entrará em contato com apenas dois paradigmas físicos em
um período que vai da segunda metade do século XVII até os nossos dias: o
newtoniano e o quântico.
Filosofia
Na Filosofia, ocorre o contrário. Os pensamentos de Platão, Aristóteles,
Agostino, Tomás de Aquino, Descartes, Kant continuam atuais.
As teses filosóficas são atemporais. Essa particularidade se deve ao fato
de que, em Filosofia, não existem resultados definitivos como na ciência, para
que possamos nos satisfazer apenas em compreendê-los.
As questões e os problemas filosóficos não se encerram , mas sim estão
sempre em aberto, sempre disponíveis para novas tentativas de respondê-los.
4
5
file:///C:/DISCIPLINAS%20V%C3%8D/2018.2/introducao_a_logica__GON954/aula1.html
file:///C:/DISCIPLINAS%20V%C3%8D/2018.2/introducao_a_logica__GON954/aula1.html
Atividade
1. Segundo Heráclito de Éfeso, a realidade é o devir. Significa que para
ele a realidade do mundo se expressa através da mudança constante das
coisas. Existe um embate de forças contrárias e constantes que moldam
a realidade, criando a multiplicidade que a compõe. Seu famoso
fragmento expressa bem essa ideia: “Nos mesmos rios entramos e não
entramos, somos e não somos”. Contudo, do ponto de vista da lógica,
seu aforismo apresenta o seguinte problema:
 a) Uma tautologia.
 b) Um equívoco linguístico.
 c) Uma contradição.
 d) Uma falácia de apelo à autoridade.
 e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
Questões filosóficas
Na Filosofia, a existência de consenso entre as teorias é quase nula.
Grande parte do que há na Filosofia são questões em aberto.
Contudo, em Filosofia, quase não há resultados consensuais. A maior parte do
que temos são respostas ainda em aberto. Diferentes filósofos, em momentos
distintos da história da humanidade, desenvolveram respostas diferentes para
o mesmo problema.
Por exemplo, o problema do que é uma ideia foi colocado por Platão e
discutido ao longo dos séculos e ainda é atualmente.
Outro dos grandes problemas que a Filosofia vem colocando desde sua origem
e que ainda hoje busca responder é:
O que é Filosofia?
Praticamente, todos os filósofos tentaram responder a essa questão. Contudo,
ela permanece carecendo de reposta.
Quantos ramos da ciência têm como principal problema saber qual a sua
própria natureza? Talvez apenas a Filosofia.
Assim, uma das principais habilidades, que deve ser dominada pelo estudante
de Filosofia, consiste em saber identificar as razões pelas quais determinado
filósofo defendeu essa ou aquela tese acerca de determinada questão.
Não é possível se limitar a apenas compreender tais teses. Significa, portanto,
que o estudante de Filosofia precisa aprender, antes de qualquer outra coisa,
a raciocinar e argumentar. Para isso, necessita estudar precisamente a
disciplina filosófica que tem o argumento e o raciocínio como seus principais
objetos de investigação: a lógica.
 Cabeça de duas pessoas com formas coloridas
que encaixadas representam um cérebro abstrato
para o conceito de lógica.
Em Filosofia, precisamos o tempo todo debater questões filosóficas,
seja com nossos colegas estudantes, pesquisadores e professores,
seja com os próprios filósofos quando lemos e investigamos suas
obras. Não há como nos furtar de aprender a raciocinar e a
argumentar, faz parte da prática filosófica.
Dessa maneira, construiremos nossas próprias teses, defenderemos nossas
ideias sobre uma questão, criticaremos outros argumentos e ideias.
Isso é precisamente o que a lógica faz, permite-nos adquirir instrumental
suficiente para melhor raciocinar e argumentar. Quanto mais nos
aprofundarmos no estudo da lógica melhor será nossa aplicação da mesma.
Teremos, assim, um pensamento mais refinado, arguto, capaz de desenvolver
argumentações sólidas.
Consegue perceber a importância que a lógica possui para
a Filosofia? Consegue reconhecer a importância que a
lógica tem para toda e qualquer atividade que exige
debater, discutir, defender uma tese ou ideia?
Atividade
2. Podemos dizer que uma das principais habilidades que deve ser
dominada pelo estudante de Filosofia consiste em saber identificar as
razões pelas quais determinado filósofo defendeu essa ou aquela tese
acerca de determinada questão. Não é possível se limitar a apenas
compreender tais teses. Isso se deve ao seguinte fato:
 a) A Filosofia é uma ciência como todas as outras.
 b) Na Filosofia, as questões estão definidas.
 c) A lógica determina as leis particulares e as regras especiais que
decorrem da natureza dos objetos a conhecer.
 d) Em Filosofia, precisamos ir além de apenas compreender as ideias
dos filósofos.
 e) As questões e os problemas filosóficos não se encerram.Interesses da lógica
Em Filosofia, precisamos ir além da compreensão das ideias dos filósofos. Para
isso, não bastaria apenas ler os textos, interpretá-los.
Precisamos adquirir autonomia para avaliar por nós mesmos a legitimidade de
um raciocínio ou argumento. Essa capacidade só é possível adquirir através da
lógica.
Interessa à lógica, então, investigar determinados aspectos do raciocínio
e da argumentação.
A lógica estuda:
Os aspectos responsáveis por fazer um raciocínio ou argumento válido ou
inválido, verdadeiro ou falso.
A lógica não estuda:
Os aspectos estéticos, psicológicos, históricos etc. do raciocínio e
argumentação. Ela se ocupa exclusivamente dos aspectos formais, que
envolvem articulação de sentido.
Certamente, mesmo aquelas pessoas que não se interessam em nada pela
Filosofia e suas questões terão em alguma medida interesse pela lógica.
Afinal, todos nós seres humanos raciocinamos e argumentamos diariamente,
mesmo que não saibamos muito bem que o fazemos. Mesmo que o façamos
de modo equivocado, simplório, deficiente.
Argumentação
Reflita e responda:
Será que uma pessoa que não sabe lógica não sabe argumentar?
Assim como se aprende a falar antes de estudar a gramática da língua
materna, mas precisa-se estudá-la para aprender a falar melhor o idioma. Um
conhecimento apenas intuitivo da gramática certamente é suficiente para nos
comunicar cotidianamente. Contudo, será difícil para um jornalista, escritor,
pesquisador, advogado, palestrante, professor ou cientista escrever bem sem
ter algum domínio da gramática do idioma no qual escreve e fala.
Do mesmo modo, um conhecimento apenas intuitivo acerca do raciocínio e da
argumentação será suficiente para dar conta das nossas necessidades da vida
cotidiana. Porém, não será para se fazer e estudar Filosofia.
Isso porque, nesta situação, estamos tratando de matérias que envolvem
grande rigor argumentativo e de raciocínio. Logo, lida-se com argumentos
complexos, cheios de articulações que exigem análise cuidadosa e eficiente.
A lógica e o futuro da Filosofia
Abordamos no início da aula as particularidades da Filosofia e suas distinções
em relação às demais áreas do conhecimento. Vimos que o fato das questões
filosóficas estarem sempre em aberto faz com que a Filosofia tenha na
capacidade argumentativa um elemento central para que possamos realizar
eficazmente a prática filosófica.
Agora, para finalizá-la, vamos tratar de uma particularidade da Filosofia a
partir do século XX: a Filosofia da linguagem que, juntamente com a lógica,
é um ramo da Filosofia. Juntas, elas dominaram a reflexão filosófica durante o
século passado.
A partir do que ficou conhecido como guinada linguística, a Filosofia tomou
novos rumos. Passou-se, então, a se defender outra concepção da Filosofia,
agora ancorada na articulação da linguagem, na lógica propriamente dita.
No texto “O Futuro da Filosofia”, o filósofo Moritz Schilick — figura central da
corrente filosófica conhecida como positivismo lógico, membro do Círculo de
Viena — analisa os grandes sistemas filosóficos, a fim de mostrar o modo
como eles se estruturam e evidenciam um tipo de prática filosófica que não
leva a lugar algum, na medida em que não consegue levar a um resultado
definitivo acerca de uma questão.
Nesse sentido, Schilick coloca em cheque o futuro dos grandes sistemas
filosóficos. Para ele, esses sistemas não foram bem sucedidos, porque, ao
contrário da ciência que sempre parte de pressupostos definitivos e está em
constante evolução, as questões filosóficas são sempre as mesmas, desde a
época de Platão.
 Moritz Schlick
Não há, portanto, um desenvolvimento na Filosofia, já
que, uma mesma questão sempre é recomeçada no
trabalho de outro filósofo.
Schlick aponta dois problemas para o desenvolvimento da Filosofia:
Desacordo entre os filósofos
A História da Filosofia foi determinada por contestações entre os filósofos
de diferentes culturas e épocas, demonstrando uma falta de consenso
entre eles.
A presença de desacordo entre os filósofos e, consequentemente, entre
seus sistemas filosóficos, que não aceitavam proposições para buscar a
verdade, fez com que não fosse reconhecida como ciência, pois não
possuía um desenvolvimento gradativo e conceitos concretos.
Isso se tornou um grande problema para a Filosofia, que permaneceu
estática em função do tempo. Como consequência, temos o fato de não
encontrar um sistema filosófico amplamente verdadeiro.
Tentativa de estabelecer na Filosofia formas próprias da
ciência
Schlick considerou a ideia como uma atitude equivocada.
A ciência usava hipóteses para chegar à verdade, enquanto que a
Filosofia, por buscar o significado das coisas, apenas buscava conhecer o
significado, o sentido real de uma proposição.
Para Schilick, a Filosofia seria, então, uma atividade que fornece
um suporte para todas as ciências específicas, mas que não pode
ser considerada ciência por não existir nela proposições
verdadeiras sobre os significados. As proposições são
esclarecidas através de outras proposições, através de
referências, exemplos e procedimentos.
Falta de rigor
Schilick acreditava ainda que a causa principal dos problemas das
grandes questões filosóficas se restringiria à falta de um rigor com o
esclarecimento das proposições que formavam as teses dos
sistemas filosóficos.
Para e Schilick, o problema com a Filosofia que antecede a nova lógica
representada na Filosofia da linguagem poderia ser expresso por dois
motivos:
1
O primeiro seria a falta de sentido lógico na estrutura de um problema, o que
dificultaria encontrar uma resposta.
2
O segundo é que algumas questões reais, por meio da análise lógica, são
solucionadas por métodos científicos.
A Filosofia, portanto, procura esclarecer o pensamento do indivíduo como
forma de contraste com relação a uma série de questões que estamos sujeitos
a nos preocuparmos. Embora esta possa ser aproveitada em trabalhos
científicos e desenvolvida individualmente, diferenciando o genuíno filosófico e
o acadêmico.
Atividades
3. Estudar Filosofia é bastante diferente de estudar Matemática ou Física.
Por quê?
4. Os problemas mais importantes da Filosofia estão em aberto. O que
isso significa?
Notas
Gregários 
Diz-se de animal que faz parte de uma grei, de um rebanho. Que vive em bandos ou
em grupo.
Aforismo 
Texto curto e sucinto, fundamento de um estilo fragmentário e assistemático na
escrita filosófica, geralmente relacionado a uma reflexão de natureza prática ou
moral. Máxima ou sentença que, em poucas palavras, explicita regra ou princípio de
alcance moral; apotegma, ditado.
Matemática e Física 
Tanto o ensino da Física quanto da Matemática se reduz exclusivamente em entender
os resultados alcançados por cada uma dessas áreas do conhecimento. Não se
aprende a prática dessas ciências apenas estudando-as.
1
2
3
Antes de se tornar um matemático ou físico, é preciso se dedicar a anos de estudo de
seus conteúdos para que se possa conhecer todos os resultados alcançados nessas
áreas do conhecimento.
Tendo dominado esses conteúdos, o estudante pode então iniciar seus estudos na
prática científica dessas ciências.
Newtoniano 
A Física newtoniana, de certa forma, está ultrapassada e não é usada de maneira
direta na orientação das pesquisas atuais em Física.
Problemas filosóficos não se encerram 
Não existe consenso quanto à solução de qualquer que seja o problema filosófico.
Portanto, não é exagero considerar imprudente aquele que estuda Filosofia do mesmo
modo como se estuda Matemática ou Física.
Referências
ALVES, Alaôr Café. Lógica: pensamento formal e argumentação. São Paulo: Quartier
Latin, 2005.
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
KELLER, Vicente. Aprendendo Lógica. Petrópolis: Vozes, 2008.
SMULLYAN, R. M. Lógica de Primeira Ordem. São Paulo: UNESP, 2009.
Próximos Passos
Proposição;
Argumento e raciocínio;
Elementos constituintes do argumento;
Premissas e conclusões;
Solidez e cogência argumentativa.
Explore mais
4
5
Pesquise nainternet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Se ainda
tiver alguma dúvida, fale com seu professor online, utilizando os recursos disponíveis
no ambiente de aprendizagem.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes