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ARTIGO HÁTILA Direito

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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. ORIGEM, EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
2.1 O Princípio da insignificância e o estado democrático de direito
2.2 O Princípio da insignificância e o princípio da intervenção mínima
3. TEORIA DO CRIME
3.1. Conceito de crime 
3.2. Tipicidade penal
3.3 Tipicidade formal e tipicidade conglobante 
3.4 Excludente de tipicidade 
4. REGRAS GERAIS PARA APLICAÇÃO DO PRIN[IPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
4.1. Vetores para aplicação do princípio da insignificância. 
5 ENTENDIMENTOS JURISPRUDENCIAIS
6. A VALORAÇÃO DA INSIGNIFICÂNCIA
7. CONSIDERÇÕES FINAIS
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo discorrer sobre O Princípio da Insignificância. Sendo uma temática que vem ganhando bastante espaço no cenário jurídico nas discursões jurídicas nos dias atuais, por ser utilizado em teses de defesa no âmbito do Direito Penal e suas tendências.
É de suma importância evidenciar que o princípio da insignificância não se encontra desenhado na lei, sendo fruto doutrinária e do jurisprudencial. Este no princípio opera como limitador de tipicidade na esfera penal, pois torna o fato antes punível como atípico, eliminando sua dimensão material. Ocorre que este princípio não está expresso na lei, gerando dúvidas sobre a sua validade e aplicabilidade pelos magistrados.
A situação em que se encontra o judiciário favorece a aplicação de recursos mais leve, não justificando assim aplicação de penalidades sendo mais graves quando a conduta nã tenha a necessidade de uma repressão maior, sendo que tudo isso ocasiona um a sobrecarga no judiciário.
Contudo, a base teórica deste artigo reside, na autenticidade do Princípio da Insignificância para o Direito Penal, que foi inserido implicitamente na Constituição Federal do Brasileira de 1988.
De início, faz-se necessário é apresentar a origem histórica e conceito do Princípio da Insignificância, que aborda o posteriormente o seu surgimento no Brasil. É feita uma abordagem acerca dos fundamentos do Princípio da Insignificância. No mundo jurídico é constante a indagação sobre os fundamentos das normas, no sentido de se verificar sua razão de ser, sua posição na ordem jurídica e relevância num dado momento.
.O referido estudo versa especificamente sobre os vetores de aplicação do Princípio da Insignificância. São considerados verdadeiros paradigmas, fixados pelo Supremo Tribunal Federal,
Sabe-se que no cenário jurídico-penal do Brasil, tem se destacado cada vez mais o Princípio da Insignificância, que tem como objetivo de excluir a tipicidade dos crimes considerados de bagatela. 
No decorrer deste trabalho será exposto de maneira a deixar bem nítido o conceito que traduz o que é o Princípio da Insignificância e como tem sido sua aceitação no jurídico brasileiro. Para que se possa compreender como se dá a aplicação desse princípio em caso concreto, O trabalho ainda traz uma breve explicação sobre o conceito de crime, chegando assim á teoria adotada atualmente , ou seja, a analítica, que considera-se como crime o fato típico, ilícito e também culpável, explicitando o que é tipicidade, formal e conglobante e, como o Princípio da Insignificância atua de forma a excluir a tipicidade.
Este estudo ainda apresentará, um conjunto de requisitos que foram observados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e também pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para a aplicação do princípio em estudo, bem como tem sido sua aceitação na jurisprudência brasileira. Ainda será questionado se existe algum um valor base para a insignificância, se é provável se aplicar uma valoração para um quesito que é tão subjetivo e também explicar o porquê de alguns doutrinadores compreenderem ser mesmo esse valor de 1/30 (um trinta avos) do salário mínimo vigente na data do fato. Por fim, é feita uma breve análise da repercussão no cenário social brasileiro causada pela aplicação do Princípio da Insignificância.
2. BREVE HISTÓRICO: Origem, Evolução Histórica do Princípio da Insignificância e suas Características
Compreende-se que o Princípio da Insignificância teve sua origem no Direito Romano, e foi resgatado pelo ordenamento jurídico alemão em 1964, com fundamento no brocardo minimus non curat praetor, é sua síntese: O pretor não cuida de coisas pequenas. O direito penal não deve se distrair com condutas que não causam maiores danos em detrimento de condutas que trazem efetivo desequilíbrio nas relações jurídicas em sociedade. O princípio da insignificância vem do direito Por outro lado, há quem negue a origem de tal princípio no Direito Romano, como ressalta Maurício A. R. Lopes (2010):
O Direito romano foi notadamente desenvolvido sob a ótica do Direito Privado e não do Direito Público. Existe naquele brocardo menos do que um princípio, um mero aforismo. ... a máxima minimis non curat pretor ... serve como referência, mas não como via de reconhecimento do princípio.
Entretanto,, há doutrina que afasta a origem desse instituto ao Direito Romano. Na opinião de Lopes, o princípio da insignificância teve sua origem com o pensamento liberal dos jusfilósofos iluministas, estando ligado ao princípio da legalidade, não sendo, portanto, a restauração da máxima romana minimis non curat pretor, mas um desdobramento da natureza
fragmentária do Direito Penal. Aduz o referido autor, citado por Mendonça (2012).
Ao contrário de grande parte da doutrina, menos atenta a esse aspecto, entendo que o que justifica modernamente o princípio da insignificância e sua aceitação no Direito Penal não é seu caráter opositor ao direito positivo, qual fosse uma solução extrajurídica para problemas aplicativos daquela modalidade descritiva de direito, mas a sua natureza intrínseca à normatividade jurídica.
Dessa opinião, já não partilhava Maurício Antônio Ribeiro87, por entender que o Direito Romano baseava-se no Direito Privado e não no Direito Público, portanto, a máxima minima non curat praetor, não levaria ao princípio da insignificância que justificasse a não atuação do Estado na esfera penal, acreditando, ainda que este brocado era um mero aforismo
Para os alemães, que chamavam o princípio da insignificância “criminalidade de bagatela”, surgiu na Europa após as duas grandes guerras. Com a situação socioeconômica precária, os delitos de caráter patrimonial eclodiram por todo o país muitos deles subtrações de pequena relevância. Para evitar prisões irrelevantes, frente ao alto índice de ocorrência de tais delitos, passou-se a utilizar a ideia de “bagatela”, como forma de evitar penas exacerbadas
para delitos insignificantes.88 É daí que advém o caráter de patrimonialidade que é dado ao princípio.
O Princípio da Insignificância teria sido introduzido no Direito Penal, por intermédio 
de Claus Roxin, um jurista alemão muito influente no âmbito do Direito Penal, com o intuito de excluir a tipicidade de fatos considerados irrelevantes, de valoração irrisória, segundo ensinamentos do doutrinador Rocha (2011,) que diz: “Visando ressaltar que o fato-crime possui especial significado para a ordem social, Claus Roxin introduziu no Direito Penal a teoria da insignificância da lesão ao bem jurídico, segundo a qual excluem-se do tipo os fatos considerados de pequena importância”.
Entretanto, foi com a obra “Política Criminal y Sistema Del Derecho Penal”, que o alemão Claus Roxin, em 1972, introduziu a insignificância como princípio. Para sua formulação, Roxin partiu da análise do brocado minima non curat praetor, que serviu como base de apoio para sua criação. Para ele, o princípio da insignificância servia para excluir dos tipos penais os danos de pouca importância.
Embora a formulação de tal princípio seja mérito de Claus Roxin, vestígios dele podem ser verificados em 1903, na obra de Franz Von Liszt, anotada por Odone Sanguiné: “A nossa legislação faz da pena, como meio de luta, um emprego excissivo. Se deveria refletir se não mereceria ser restaurado o antigo minima non curat praetor [...]”
O princípio da insignificância vem intimamente ligado ao princípioda legalidade. A maior expressão da influência deste princípio foi com a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1879, nos artigos 5°, 7° e 8° que sugeriram o princípio da insignificância. Nele verifica-se, que “a lei não proíbe senão as ações nocivas a sociedade, o
que cria um caráter seletivo para o Direito Penal e desprezo às ações insignificantes
Considera-se que o legislador, por representar toda uma sociedade unida por um contrato social, é o único capaz de estabelecer normas que indiquem as penas de cada delito (Princípio da Legalidade), e que a medida dos delitos é o prejuízo que os mesmos são capazes de causar à sociedade (Princípio da Insignificância). As Constituições Inglesa e Americana aderiram ao Princípio da Legalidade, absorvendo, de forma conjunta, o Princípio da Insignificância.
Com base em todo o exposto, pode-se concluir que, a origem e a evolução do Princípio da Insignificância estão vinculadas ao Princípio da Legalidade, ganhando destaque, porém, no cenário jurídico, apenas a partir deste século.
Percebe-se, portanto, que o Princípio da Insignificância, mesmo tendo em vista sua historicidade econômica, é aplicável a todo o Direito Penal e não apenas aos crimes patrimoniais.
No Brasil, a inclusão da insignificância como um princípio do Direito Penal foi 
abordado por Francisco de Assis Toledo, Odone Sanguiné, Diomar Ackel Filho, Luiz Ribeiro
Lopes, Luiz Flávio Gomes, dentre outros. Porém, Assis Toledo destaca-se por pioneiro ao analisar o alcance do princípio.92 Para ele, o Direito Penal e seu caráter fragmentário, só deve-se ocupar dos delitos que afetem a proteção do bem jurídico, e não com bagatelas.
No nosso país, o princípio da insignificância não está previsto em nenhum instrumento legislativo, exceto no Código Penal Militar, sendo uma criação exclusivamente doutrinária e pretoriana.93 Atualmente os tribunais pátrios, já vêm aplicando o princípio em diversos casos: furto, lesão corporal dolosa de pequena gravidade, lesão corporal culposa, lesão corporal no trânsito, entre outros.
Mesmo não estando prevista em nenhuma legislação, o princípio da insignificância já conquistou espaço pela doutrina e como forma de limitá-lo vários autores já lançaram o seu conceito.
2.1 O Princípio da insignificância e o estado democrático de direito
Os princípios foram muito valorizados com o advento da Constituição Federal de 1988, pois novos vetores, paradigmas e interpretações ganharam destaque no cenário jurídico brasileiro.
O Estado desvencilhou-se do antigo modelo político constitucional baseado no Estado de Direito, definindo sua adesão ao Estado Democrático de Direito. As leis passaram a se caracterizar por possuir conteúdo e adequação social, ao invés de apenas garantir a igualdade formal entre todos. Esse novo aspecto das leis fundamenta-se no princípio mestre da nação brasileira, qual seja, o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.
A Carta Magna brasileira destaca a dignidade da pessoa humana como um dos 
fundamentos do Estado Democrático de Direito, em seu artigo 1º, inciso III:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...]
III- a dignidade da pessoa humana.
Dessa forma, antes de serem aplicados, todos os ramos do direito devem passar por uma análise criteriosa para verificar se são compatíveis com a dignidade da pessoa humana e, então, serem considerados legais e constitucionais, se assim não o forem, devem ser desconsiderados.
O Direito Penal brasileiro, sob a influência dessa nova perspectiva, passou a constituir 
princípios cuja derivação é direta do princípio maior que é o da dignidade da pessoa humana, como já mencionado.
Os princípios da legalidade, da alteridade, da confiança, da adequação social, da proporcionalidade, da intervenção mínima, da humanidade, da fragmentariedade, assim como
o princípio alvo de estudo nesse trabalho, o da insignificância, e vários outros, são todos
derivados do princípio constitucional supracitado.
Após a Constituição Federal de 1988, o crime também recebeu novos elementos. Antes, para ser considerado como crime, bastava que o fato praticado se adequasse à letra da lei, com o surgimento do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana norteando os demais ramos do Direito, além desse elemento formal, para um fato ser chamado de crime ou infração penal, passou a ser necessária a análise de um novo elemento, denominado material, que significa que, além de fato dever estar previsto em lei como crime, ainda deve colocar em risco valores fundamentais da sociedade, ou seja, deve colocar em perigo bens jurídicos tutelados e considerados importantes, de relevância para o social.
É dessa nova concepção que surge, de forma nítida, no cenário jurídico brasileiro, o Princípio da Insignificância, em decorrência do novo elemento, o material, componente da infração penal.
Dentre eles, o que aparece em maior destaque é aquele trazido por Diomar Ackel Filho94 que define o princípio da insignificância como aquele que permite infirmar a tipicidade de fatos que, por sua inexpressividade, constituem ações de bagatela, desprovidas de reprovabilidade, de modo a não merecer valoração da norma penal, exsurgindo, pois como irrelevantes.
Por isso, a importância do seu estudo. Em nosso país, vemos absurdos de cidadãos preso por furto de cinco reais, muitas vezes por necessidade e mesmo assim permanecem por anos no cárcere. Essas aberrações devem ser evitadas e aqueles que se opões ao princípio, de fato não se deram conta de importância de sua aplicação.
2.2 O Princípio da insignificância e o princípio da intervenção mínima
Os princípios são fortes norteadores do Direito Penal Brasileiro. Um dos princípios basilares existentes no âmbito do Direito Penal é o da Intervenção Mínima, que ensina que o Direito Penal deve atuar de forma subsidiária e fragmentada, ou seja, segundo o seu caráter subsidiário, apenas deve interferir nos casos em que as outras áreas do Direito forem insuficientes ou ineficazes e, de acordo c om sua fragmentariedade, sua atuação deve
 restringir- se apenas aos casos relevantes, que afetem bens jurídicos tutelados capazes de causar efetivo prejuízo.
Esse princípio já é antigo, uma vez que é previsto na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 em seu artigo 8º que diz:
Art. 8.º A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada.
Através do entendimento desse princípio é que surge o Princípio da Insignificância, que exclui a tipicidade dos crimes de bagatela, ou seja, aqueles incapazes de causar danos efetivos à bens relevantes, mesmo quando enquadrados na letra da lei.
3. TEORIA DO CRIME
3.1. Conceito de crime 
Ao estudar a Teoria do Crime, alguns conceitos devem ser analisados. Segundo o conceito formal, crime é a conduta humana prevista em lei como crime (Princípio da Legalidade). O Princípio da Legalidade se aplica aos crimes, contravenções e medidas de segurança. A previsão em lei de que trata esse princípio diz respeito à lei em sentido estrito.
Não cabe medida provisória em matéria penal. Importante ressaltar ainda, que no Direito Penal não cabe analogia in malan parten para criar crime prejudicando a parte.
Esse conceito não é o adotado pelo Direito brasileiro pois é considerado vago, não tratando da conduta praticada pelo agente nem do bem jurídico tutelado. De acordo com o conceito material, crime é conduta humana lesiva ou perigosa para um bem jurídico essencial para a sociedade (Princípio da Intervenção Mínima e Princípio da Lesividade).
O Princípio da Intervenção Mínima considera o Direito Penal como a última ratio, ou seja, só deve ser utilizado em último caso, dando ao Direito Penal caráter subsidiário. O Princípio da Lesividade orienta que se deve proteger o bem jurídico delesão ou perigo de lesão para justificar o Direito Penal.
Conforme o conceito formal-material, crime é a conduta humana prevista em lei como crime, lesiva ou perigosa para um bem jurídico essencial para a sociedade. Mesmo unificando os conceitos formal e material, esta último conceito analisado ainda é considerado incompleto também, pois não analisa o dolo, a culpa, entre outros aspectos.
Para finalizar o conceito de crime, analisar-se-á o conceito analítico, que é o adotado pelo Direito brasileiro.
Segundo esse conceito, crime é o fato típico, ilícito e culpável.
1 – FATO TÍPICO (TIPICIDADE)
Para que o fato seja considerado típico deve-se analisar a conduta do agente, conduta esta que possui diversos elementos a serem verificados. A conduta é a ação ou omissão humana voluntária e dolosa em crimes dolosos, ou culposa em crimes culposos. 
Passa-se a análise dos elementos da culpa:
1º elemento: AÇÃO OU OMISSÃO – o tipo do crime que tem o verbo (exemplo: matar) como núcleo é que determina se é ação ou omissão. Quando se trata de ação, chama-se crime comissivo, quando se trata de omissão, crime omissivo próprio. Há ainda, o crime comissivo praticado por omissão, que é o omissivo impróprio.
2º elemento: CONDUTA HUMANA – só o homem, pessoa física, pode praticar crimes, pessoa jurídica não pratica. Sujeito ativo é o que pratica a conduta ou concorre com ele (autor, coautor, partícipe). A responsabilidade penal é de ordem subjetiva com base no Princípio da Culpabilidade, só pune aquele que agiu com dolo ou culpa. Quando um menor pratica um crime, seus responsáveis são responsabilizados civilmente, mas não responderão penalmente, a menos que tenham dolo ou culpa. Observa-se ainda, que a pessoa jurídica pode ser responsabilizada civil, administrativa e penalmente nos casos de crimes ambientais, quando a infração for praticada por seu representante em seu interesse ou benefício, não excluindo a responsabilidade da pessoa física que praticou o crime, devendo, pessoa física e jurídica, serem denunciadas em conjunto, não sendo a condenação necessariamente para ambas.
3º elemento: CONDUTA VOLUNTÁRIA – o agente deve agir de forma consciente e voluntária. Exclui-se a conduta nos casos de estado de inconsciência, de movimentos involuntários e de coação física irresistível.
4º elemento: DOLO OU CULPA – No dolo sempre há consciência em relação ao ato, independente de saber se o mesmo é ilícito ou não. O erro que incide na consciência de conduta é o erro de tipo, o que incide na consciência de ilicitude é o erro de proibição. No erro
sobre elemento constitutivo do tipo, se o erro era inevitável, não há dolo nem culpa, mas se era evitável responde pela culpa. O erro de proibição está previsto no artigo 21 do Código Penal e é excludente de culpabilidade se inevitável e não será punido, se era evitável apenas
será causa de diminuição de pena.
O dolo pode ser direto de 1º grau quando a vontade é dirigida a realizar aquela vontade principal; ou de 2º grau quando para alcançar o objetivo principal sabe que vai causar outros 
resultados e mesmo assim o agente o quer praticar. E pode ser indireto, alternativo quando o agente prevê uma pluralidade de resultados possíveis e dirige sua conduta a qualquer um deles; eventual quando o agente assume o risco de causar o resultado (Teoria do Consentimento – deve prever o resultado e aceitá-lo).
A culpa é a inobservância de um dever objetivo de cuidado quando era previsível causar o resultado. A culpa pode ser visualizada através da imprudência, da negligência e da imperícia. A culpa pode ser consciente quando há previsão do resultado ou inconsciente quando, embora o resultado seja previsível, não há previsão.
4º elemento: RESULTADO NATURALÍSTICO – modificação real provocada no
bem jurídico, consequência da conduta prevista na lei penal.
5º elemento: NEXO CAUSAL – é o que une, que vincula a conduta ao resultado. Serve para saber se quem praticou a conduta é quem vai responder pelo resultado, se a conduta foi a causa do resultado. O Código Penal Brasileiro, em seu artigo 13, adota a teoria da conditio sine qua non, que significa condição sem a qual não. Só se imputa o resultado a quem pratica ação ou omissão sem a qual não seria possível o resultado. Essa teoria é limitada pelo dolo e/ou a culpa, ou seja, a conduta causa o resultado quando sem ela o mesmo teria ocorrido e quando ela for dolosa ou culposa.
6º elemento: TIPICIDADE – a tipicidade pode ser formal ou conglobante e, para atender ao tipo penal é necessária a existência simultânea das duas espécies. O elemento tipicidade será estudo de forma mais detalhada a seguir
2 - FATO ILÍCITO (ANTIJURIDICIDADE OU ILICITUDE) 
O fato é ilícito quando é contrário ao Direito. Excluem a ilicitude: o estado de necessidade; a legítima defesa; o estrito cumprimento do dever legal e; o exercício regular do direito.
3 – FATO CULPÁVEL (CULPABILIDADE)
A culpabilidade é normativa, não há elementos subjetivos na culpabilidade (vontade); é um juízo de reprovação (só há crime se o fato puder ser reprovado). É o único elemento do crime que analisa o homem que praticou o fato. A culpabilidade também possui alguns elementos que merecem ser analisados.
1º elemento: IMPUTABILIDADE PENAL – verifica se o agente tinha ou não capacidade de entender o caráter ilícito do fato e capacidade de se autodeterminar em relação
ao mesmo. De acordo com a capacidade e, segundo critério biopsicológico, as pessoas se dividem em imputáveis, que são aquelas que tem total capacidade de discernimento e, portanto, podem ser condenadas sem nenhuma ressalva quando necessário; semi-imputáveis, que são aquelas com capacidade de discernimento reduzida e por isso podem ser condenadas, porém terão suas penas reduzidas e; inimputáveis, que são aquelas inteiramente incapazes e devido a esse fato não são condenadas.
2º elemento: POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE – não é necessário que a pessoa tenha a consciência, mas que tenha como saber da ilicitude do ato. Não há consciência quando da incidência de erro de proibição, que pode ser evitável, quando a pessoa não tem consciência mas pode ter, ou, inevitável, quando não tem consciência e não pode ter.
3º elemento: EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA – a inexigibilidade exclui a culpabilidade, através da coação moral irresistível e da obediência hierárquica.
4. REGRAS GERAIS PARA APLICAÇÃO DO PRIN[IPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
Existem, basicamente, três regras de cogente observância para aplicação do “benefício
· Averiguação de forma concreta do valor do bem jurídico em questão. 
Para proceder na análise, faz-se imperativo um olhar direcionado para prismas diferentes, conquanto de fundamental incidência para que, assim, se declare válida a aplicação no caso que se observa. Far-se-á a investigação observando o valor do bem em relação ao infrator, ao ofendido e à sociedade. Ora, se o bem é de ínfimo valor para o ofendido, e também o é para sociedade, não há falar-se em óbice algum para plena aplicação do princípio. Para fechar a primeira regra, observa, ainda, o professor Nucci (2013):
Há bens de relativo valor para o agressor e vítima, mas muito acima da média do poder aquisitivo da sociedade (ex: um anel de brilhantes pode ser de pouca monta para pessoas muito ricas, mas é coisa de imenso valor para a maioria da sociedade). 
Não se deve considerar a insignificância. 
· Visão global da lesão, ou seja, analisar para além do caso. 
Quando se diz analisar para além do caso, quer-se unicamente mostrar que, muitas vezes, a conduta considerada em si mesma, é pequena, ínfima, todavia se analisada em contexto com a vida pregressa do autor, torna-se uma lesão considerável, merecendo, desta forma, uma resposta estatal em face da transgressão da norma. Sob pena de se estar privilegiando o delinquente, e descumprindo as finalidades da pena, colocando em cheque, até mesmo, a validade do Direito Penal como um todo.
· Inadmissibilidade quanto aos bens jurídicos imateriais de relevante valor social. 
Quer-se com este ultimo tópico, mostrar a impossibilidade,mesmo que relativa, da 
aplicação no que tange aos bens imateriais insusceptíveis de apreciação econômica, mas de relevante valor social. Um bom exemplo são os casos de crimes contra o meio ambiente, embora não auferíveis economicamente, são de interesse coletivo. Não admitindo, assim, ressalte-se, a depender do caso concreto, aplicação da insignificância. Para encerrar o tópico, clareando com exemplo: Imagine-se um pescador na época da piracema, com sua tarrafa, pescando centenas de peixes para revenda, logicamente não há falar em bagatela, entretanto, se no mesmo período, um simples pescador, fisga com seu anzol, um único peixe para seu sustento, óbice não há para aplicação da insignificância. 
Pelo exposto, fez-se uma exposição de cunho doutrinário, são estas regras seguidas pelos tribunais pátrios, conquanto não vinculativas, são apenas auxiliadoras na análise do caso concreto. Muito embora, já se tenham estabelecidos vetores de observância obrigatória, necessários à aplicação. Por este motivo, dedicar-se-á o próximo tópico, para análise desses requisitos, bem como para mostrá-los sendo aplicados na prática pelos tribunais brasileiros.
4.1. Vetores para aplicação do princípio da insignificância. 
Como mencionado no tópico anterior, far-se-á aqui, a exposição dos requisitos eleitos como obrigatórios para aplicação do princípio da insignificância. Sendo cediço nos tribunais pátrios, que a ausência de um deles, implica na impossibilidade da concessão do benefício.
· Mínima ofensividade da conduta do agente, ou seja, o “crime” não pode ser praticado com emprego de violência, o roubo, por exemplo, onde o agente grita, ameaça e causa pavor na vítima, logicamente, não está albergado pelo princípio. 
· Nenhuma periculosidade social da ação. Aqui não comporta os crimes que colocam em risco a integridade das pessoas ou da sociedade no geral. Ora, um irresponsável dispara um tiro no meio da rua, mesmo que não atingindo alguém resta claro o perigo oferecido por sua conduta imprudente. Não há como estender o benefício.
· Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento. Reputa-se importante a análise da censura social que recai sobre determinado ato. A título de exemplo: A, subtrai uma garrafa de bebida de alto teor alcoólico para curtir uma “noitada”, enquanto, B, subtrai um pacote de bolacha para dar de comer ao seu filho que ficou lhe esperando em casa. Logicamente a maior reprovabilidade há de ser sobre a conduta de A. É esse juízo de valor que tem de ser feito na verificação. 
· Inexpressividade da lesão jurídica provocada. Quer-se, tão somente, afirmar o princípio da fragmentariedade, dispensando tratamento penal aos crimes de pouca monta que não lesionam de forma significante o bem jurídico tutelado. 
Faz-se de grande relevância poder visualizar na pratica a total observância dos itens supracitados, podendo, ainda, como já dito, confirmar que o não preenchimento dos vetores confere óbice para aplicação.
RECURSO ESPECIAL. CIGARROS. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO. PROIBIÇÃO RELATIVA. CRIME DE CONTRABANDO E NÃO DE DESCAMINHO. 1. A introdução de cigarros no território nacional está sujeita a observância de diversas normas do ordenamento jurídico brasileiro. Há proibição relativa para sua comercialização, constituindo sua prática crime de contrabando e não de descaminho. 2. A questão não está limitada ao campo da tributação, abrangendo, sobretudo, a tutela à saúde pública, pois a introdução de cigarros, sem qualquer registro nos órgãos nacionais de saúde, pode ocasionar grandes malefícios aos consumidores. 3. A incidência do princípio da insignificância requer: (a) a mínima ofensividade da conduta do agente; (b) a nenhuma periculosidade social da ação; (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada, circunstâncias não evidenciadas na espécie. 4. Recurso especial provido para que, afastada a incidência do princípio da insignificância, seja dado prosseguimento à presente ação penal.
STJ - REsp: 1342262 RS 2012/0189045-7, Relator: Ministro OG FERNANDES, Data de Julgamento: 15/08/2013, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 30/08/2016).
Visto isto, necessita-se fazer ainda, uma breve distinção, para afastar toda possível incidência de erro, no que pertine ao princípio da insignificância, e compará-lo ao crime de pequeno valor, questão esta, que coloca muitos em duvida, todavia o derradeiro tópico trará como questionamento a referida comparação para que, de forma clara, se possa liquidar possíveis dificuldades na identificação do princípio em face o caso concreto.
3.2. Tipicidade penal 
Tipicidade é um dos elementos caracterizadores do crime, considerando a Teoria Tripartida, segundo a qual, para ser crime, a ação deve ser típica, ilícita e culpável.
A tipicidade penal era analisada sob aspectos objetivos (formal) e subjetivos, antes do advento da moderna teoria da imputação objetiva trazida por Roxin em 1970. Nesse sentido observam-se os requisitos para a configuração do fato típico, analisados a seguir.
A doutrina causalista clássica visualizava a tipicidade penal apenas sob a dimensão objetiva ou formal, entendendo que o dolo ou a culpa eram elementos da culpabilidade e entendia por fato típico aquele no qual há: a conduta voluntária, ou seja, sem dolo ou culpa, uma conduta neutra; o resultado naturalístico, quando se tratava de crimes materiais; o nexo de causalidade entre a conduta e o resultado; a relação de tipicidade, existente quando o fato se adequa à letra da lei.
Já a doutrina finalista de Welzel passou a observar a tipicidade sob duas dimensões, a objetiva ou formal e a subjetiva que integra o dolo e a culpa, não abrangidos pela doutrina causalista. A doutrina finalista entende que o fato típico é constituído pela: conduta, seja ela dolosa ou culposa; resultado naturalístico nos casos de crimes materiais; nexo de causalidade
entre a conduta e o resultado; relação de tipicidade, quando o fato se adequa à letra da lei.
Porém essas duas concepções sofreram severas críticas, pois estariam confundindo tipicidade legal com tipicidade penal, uma vez que, para caracterizar o fato como típico, em ambos os casos, o principal fator era o enquadramento do fato à letra da lei, não conseguindo,
tanto o causalismo quanto o finalismo, superar o positivismo jurídico formalista, ignorando, quase que por completo, a dimensão ofensiva e o bem jurídico a ser protegido. A preocupação
era maior no sentido do enquadramento da conduta à lei, descuidando-se com relação à imputação do fato ao seu agente.
Com a moderna teoria da imputação objetiva de Roxin (2010), “uma nova exigência passou a ser considerada com relação à tipicidade penal: a atribuição do fato ao seu agente, como sendo obra sua.”.
Os requisitos da imputação objetiva são basicamente dois: a criação ou incremento de um risco proibido relevante, exigindo que a conduta seja considerada desaprovada; e que o resultado seja objetivamente imputável ao risco criado e que esteja no âmbito de proteção da
norma. Pode-se dizer, portanto, que a partir da teoria da imputação objetiva de Roxin, o tipo
penal passou a ser considerado sob o aspecto de três dimensões, quais sejam, objetiva ou
formal; normativa (imputação objetiva); e subjetiva.
Com base no exposto, percebe-se que a dimensão subjetiva da tipicidade sofreu uma correção. Antes compreendia o dolo e a culpa, porém a partir da teoria funcionalista trazida por Roxin, claro ficou que, apenas o dolo e outros eventuais requisitos subjetivos do injusto é que fazem parte da tipicidade, sendo a culpa analisada sob os critérios de imputação objetiva.
Há ainda a Teoria Constitucionalista do delito e da tipicidade penal, adotada por Zaffaroni e outros doutrinadores, segundo a qual a tipicidade penal deve ser compreendida também em sentido material. Além de aceitar os requisitos da moderna teoria da imputação objetiva, de Roxin, salienta a necessidade de se considerar a ofensa causada ao bem jurídico, ressaltandoo princípio da ofensividade que diz não haver crime se não houver lesão ou perigo efetivo de lesão ao bem jurídico.
A partir dessa teoria o tipo penal continua sendo vislumbrado sob o aspecto de três dimensões, a objetiva ou formal, a normativa ou valorativa e a subjetiva Contudo a dimensão
normativa passou a contemplar três juízos valorativos, quais sejam: juízo de desaprovação da
conduta; juízo de constatação da lesão ou ofensa ao bem jurídico; e juízo de imputação
objetiva do resultado ao risco criado.
Assim, após a análise das teorias da imputação objetiva e constitucionalista, pode-se dizer que tipicidade penal é: tipicidade formal ou objetiva + tipicidade material ou normativa+ tipicidade subjetiva.
3.3. Tipicidade formal e tipicidade conglobante 
A tipicidade penal possui três dimensões:
Formal (objetiva) que envolve a conduta, o resultado naturalístico nos crimes materiais, o nexo de causalidade e a adequação do fato à letra da lei, bem como exigências espaciais, temporais, entre outras.
Material (normativa) que engloba três juízos de valores diferentes, sendo o primeiro de desaprovação da conduta, o segundo de desaprovação do resultado jurídico, ou seja, a lesão ou perigo efetivo de lesão ao bem jurídico e, o terceiro de imputação objetiva do resultado.
 Subjetiva que é a constatação do dolo e outros eventuais requisitos subjetivos especiais.
As duas primeiras dimensões da tipicidade penal ressaltam a distinção, dentro do Direito Penal, entre causação, desvaloração e imputação do fato, distinção esta, entre causação e imputação, já trazida de forma inequívoca pelo Código Penal Brasileiro em seu artigo 13, que tem a seguinte redação: “Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem
a qual o resultado não teria ocorrido.”
A causa dizendo respeito ao fato, seja por meio de ação ou de omissão, que deu origem ao resultado. A imputação referindo-se ao agente causador do resultado. Pode-se dizer que, todo delito, possui duas dimensões, a formal que trata da causa e a material que trata da desvaloração da conduta e do resultado jurídico e da imputação. Nos casos de crimes dolosos, esses ainda possuem uma terceira dimensão, a subjetiva, que é a responsável por tratar do dolo e de outros eventuais requisitos subjetivos.
Segundo ensinamentos de Zaffaroni, a tipicidade pode ser formal ou conglobante. E, para que atenda ao tipo penal, o fato deve ser típico formal e conglobante. penal, sendo que, a referida adequação típica pode ser direta ou imediata, quando o fato ocorrido se adequa diretamente ao tipo penal, como, por exemplo, matar alguém (artigo 121 do CPB); ou pode ser indireta ou mediata, quando para tipificar o fato é necessária outra norma para complementar e permitir essa tipificação, como, por exemplo, tentativa de homicídio, onde deve-se combinar o artigo 121 com o artigo 14, II, ambos do CPB.
Já a tipicidade conglobante envolve as dimensões material e subjetiva, resumindo seu estudo à chamada tipicidade material.
Para que haja tipicidade material o fato deve ter provocado lesão ou perigo de lesão grave, relevante em face do bem jurídico tutelado, que justifique a incidência do Direito Penal. É a análise prática do Princípio da Lesividade.
Em síntese pode-se dizer que, atualmente, a tipicidade penal deve ser estuda sob dois aspectos, quais sejam, a tipicidade formal, que é o enquadramento do fato ao tipo penal, de forma direta ou indireta e, a tipicidade conglobante, que é a material, tratando da lesão ou perigo de lesão grave ao bem jurídico tutelado que deve haver para a configuração do tipo. Ressalta-se ainda, que para haver tipicidade penal deve haver, de forma simultânea, as tipicidades formal e conglobante.
Entende dessa forma também, o doutrinador Greco (2008, p.65):
Além da necessidade de existir um modelo abstrato que preveja com perfeição a conduta praticada pelo agente, é preciso que, para que ocorra essa adequação, isto é, para que a conduta do agente se amolde com perfeição ao tipo penal, seja levada em consideração a relevância do bem que está sendo objeto de proteção.
3.4. Excludente de tipicidade 
Como já visto, o Princípio da Insignificância orienta no sentido de o Direito Penal preocupar-se apenas com delitos de maior relevância, não se ocupando dos crimes de bagatela, que são aqueles incapazes que causar efetivo prejuízo à vítima direta e à sociedade. Portanto, pode-se dizer que os bens jurídicos considerados inexpressivos são afastados da proteção do Direito Penal, sendo protegidos apenas os mais significantes, de maior valor.
Já foi visto também que, a tipicidade material ou conglobante diz que o fato deve provocar lesão ou perigo de lesão grave, relevante. E ainda, que para o fato ser típico, deve haver tipicidade formal e tipicidade conglobante concomitantemente e que, na falta de uma, o fato seria atípico e, portanto, não seria crime.
Com isso, entende-se que, se o delito for de bagatela e não causar prejuízos ou causar prejuízos mínimos, irrisórios, não configura a tipicidade material ou conglobante, excluindo
dessa forma a tipicidade penal e, consequentemente, o crime.
Pode-se dizer, com base no exposto, que a insignificância é causa excludente de tipicidade. Alguns doutrinadores mais radicais, em contrapartida, entendem que todo e qualquer bem é passível de proteção pelo Direito Penal, quando houver previsão legal para o fato. Porém, a maioria da doutrina e da jurisprudência entende pela aplicação do Princípio da Insignificância conforme cada caso.
Visualiza-se esse entendimento nas palavras do doutrinador Greco (2008, p.69):
[...] a aplicação do Princípio da Insignificância não poderá ocorrer em toda e qualquer infração penal. Contudo, existem aquelas em que a radicalização no sentido de não se aplicar o princípio em estudo nos conduzirá a conclusões absurdas, punindo-se, por intermédio do ramo mais violento do ordenamento jurídico, condutas que não deviam merecer a atenção do Direito Penal em virtude da sua inexpressividade, razão pela qual são reconhecidas como de bagatela.
5. ENTENDIMENTOS JURISPRUDENCIAIS
 A jurisprudência também é considerada como uma das fontes do Direito Brasileiro, devendo ser considerada em casos análogos e, geralmente, quando não há uma lei específica para a resolução do caso concreto.
Devido a isso, é importante estar sempre atento aos julgados dos Tribunais, que, por sua reincidência, acabam se tornando jurisprudências, passíveis de aplicação nas situações de conflitos, no âmbito do judiciário.
Os principais Tribunais do Brasil já se viram diante de casos onde era necessário decidir sobre a aplicação do Princípio da Insignificância e, por serem responsáveis pela jurisprudência, a posição adotada pelos Tribunais tem fundamental importância e influência no cenário jurídico.
Assim como os doutrinadores, a jurisprudência brasileira, de forma majoritária, entende pela aplicação do Princípio da Insignificância. Para a aplicação este Princípio, no entanto, a jurisprudência, por meio de seus Tribunais Superiores, STF e STJ, elenca alguns requisitos que devem ser observados.
6. A APLICAÇÃO DO PRÍNIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA PELO JUDICIÁRIO
O princípio da insignificância vem sendo aplicado, cada vez mais, pelos nossos tribunais. Nota-se, assim, uma tendência desses órgãos judiciários em excluir a intervenção do direito penal nos casos em que a lesão seja ínfima, deixando para os outros ramos do direito a responsabilidade de solucionar tal conflito. Neste sentido, o Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1), em vários acórdãos, tais como o Habeas Corpus n. 2006.01.00.015318-0/MG195 e ao Recurso Criminal n. 95.01.34352-9/MG196, afirma que a conduta penalmente irrelevante deve ser excluída da tipicidade penal e, consequentemente, do direito penal, pois este deve preocupar-se somente com as condutas que realmente lesionam o
bem jurídico tutelado pelo estado.
Sobre os requisitos necessários para incidência do princípio em tela, o SuperiorTribunal de Justiça (STJ) vem aceitando, em inúmeros acórdãos, entre eles o RESP 750.626/RS197 e o RESP 556.653/MG198, a aplicação do princípio da insignificância quando há mínima afetação ao bem jurídico, ausência de periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Ademais, o STJ expõe que “a aplicação do princípio da insignificância deve ser feita através de interpretação referida ao bem jurídico (e não mera tabela de valores), atendendo ao tipo de injusto”. Em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF), observa-se que essa Corte Suprema adota, em vários acórdãos, entre eles o AI-QO 559.904/RS200, o mesmo posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, in verbis:
Para a incidência do princípio da insignificância só se consideram aspectos objetivos, referentes à infração praticada, assim a mínima ofensividade da conduta
do agente; a ausência de periculosidade social da ação; o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; a inexpressividade da lesão jurídica causada
(HC 84.412, 2ª T., Celso de Mello, DJ 19.11.04).
A caracterização da infração penal como insignificante não abarca considerações de
ordem subjetiva: ou o ato apontado como delituoso é insignificante, ou não é. E sendo, torna-se atípico, impondo-se o trancamento da ação penal por falta de justa causa (HC 77.003, 2ª T., Marco Aurélio, RTJ 178/310).
Vale frisar que o Supremo Tribunal Federal não considera como requisito da insignificância os aspectos subjetivos.
Deste modo, analisando várias decisões do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, verifica-se que essas cortes superiores rejeitam a incidência do princípio da insignificância nos crimes complexos, em que haja violência ou grave ameaça à pessoa, como o de roubo, mesmo quando se trata de subtração de coisa ínfima, pela impossibilidade de fazer uma análise fragmentada das condutas que integram o tal tipo penal. Vale dizer que, no acórdão RESP 468.998/MG202, o STJ afirma que, por o crime de roubo tutelar bens jurídicos diversos (o patrimônio e a liberdade integridade da pessoa), é inviável a aplicação do 
princípio da insignificância ao crime em questão. Nesse caso, a violência torna a conduta irremediavelmente relevante, restando afastada a arguição de atipicidade pela eventual bagatela da coisa roubada203. Também é importante ressaltar que, no acórdão 557.972,204 o
Pretório Excelso alega que é:
inaceitável o principio da insignificância ao delito de roubo (art. 156, CP), por se tratar de crime complexo, no qual o tipo penal tem como elemento constitutivo o fato de que a subtração de coisa móvel alheia ocorra “mediante grave ameaça ou violência a pessoa”, a demonstrar que visa proteger não só o patrimônio, mas também a integridade pessoal
Além dessa exceção, o Superior Tribunal de Justiça entende que o princípio da insignificância é inaplicável no caso de o réu ostentar maus antecedentes, uma vez que a sua incidência está condicionada aos fatores objetivos, bem como à sensatez do Julgador. 
Nestes termos:
não a legalidade na decisão que entende inaplicável o Princípio da Insignificância a réu que ostenta maus antecedentes, pois sua incidência está condicionada não somente aos fatores objetivos, como à sensatez do julgador, a quem cabe – orientado pelos parâmetros previstos no art. 59 do CP – avaliar a necessidade e conveniência da concessão dessa benesse.
Portanto, o STJ entende que a aplicação deste instituto está condicionada aos fatores objetivos elencados no princípio da insignificância bem como ao juízo de valor do magistrado. Então, mesmo na hipótese em que houver lesão de pequena monta, o agente reincidente não fará jus ao princípio em tela, de acordo com o Superior Tribunal de Justiça.
Vale dizer que tal entendimento contraria o Supremo Tribunal Federal (pois este Egrégio Tribunal não considera como requisito do princípio em questão o aspecto subjetivo)207 e a doutrina (visto que nenhum jurista considera a sensatez do juiz como elemento necessário para aplicação do referido princípio).
É importante salientar que vários tribunais têm aplicado o princípio da insignificância como forma de exclusão de diversos crimes, tais como de moeda falsa, de furto, de contrabando e descaminho e militar. A título de exemplificação, serão analisados alguns acórdãos que julgaram tais crimes, utilizando o referido princípio.
Com relação ao crime de moeda falsa, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Habeas Corpus n° 83.526,208 considerou que “a apreensão de nota falsa com valor de cinco reais, em meio a outras verdadeiras, nas circunstâncias fáticas da presente impetração, não cria lesão considerável ao bem jurídico tutelado, de maneira que a conduta do paciente é atípica”.
Percebe-se, então, que, no referido acórdão, o STF empregou o princípio da 
insignificância, ao considerar como irrelevante (atípica) a conduta praticada pelo agente, já que não se pode falar em lesão ao objeto jurídico, ao retirar tal lesão da seara penal, tendo em
vista que a sanção penal a ser aplicada no crime ora em questão é totalmente desproporcional
com a conduta praticada pelo sujeito. Portanto, nesse caso, caberá aos outros ramos do direito
solucionar tal lide.
Quanto ao crime de furto, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), ao julgar a Apelação Criminal n°. 2004.01.1.003.474-5 APR DF210, absolveu o autor do furto, aplicando o princípio da insignificância. Para este órgão jurisdicional,
O valor ínfimo da res furtiva, menos que 12% (doze por cento) do valor do salário mínimo vigente, sem qualquer repercussão no patrimônio da vítima, não enseja a reprimenda estatal, em face da ausência de efetiva lesão a bem jurídico tutelado pelo art. 155 do Código Penal, mormente porque o delito permaneceu na sua forma tentada e o objeto furtado foi recuperado, sem prejuízo algum para a vítima.
Cumpre frisar que, ao proferir o seu voto, o Desembargador Sérgio Bitencourt preleciona que:
A aplicação do princípio da insignificância volta-se àqueles casos em que a pequeníssima relevância da lesão causada ao bem jurídico enseja a permanência do
fato fora do campo de incidência do Direito Penal, excluindo-se a tipicidade da conduta. Contudo, é imprescindível que seja analisado o valor monetário e a significância do objeto furtado, como também, o efetivo dano sofrido pela vítima.
Sendo assim, observa-se que o TJDFT considerou atípica a conduta praticada pelo agente (por ausência de tipicidade material), uma vez que ela não atingiu de forma relevante o bem jurídico patrimônio tutelado pelo direito penal.
Sobre o crime de contrabando e descaminho, o Tribunal Regional Federal, ao julgar a Apelação Criminal n°. 1999.42.00.000884-7/RR,213 reformou a sentença proferida pelo Juiz Federal Substituto Helder Girão Barreto, que condenou o réu, pela prática do crime previsto no art. 334, § 1°, alínea “c”, do Código Penal (vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício da atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou importação fraudulenta por parte de outrem) c/c o art. 10, § 3°, inciso III, da Lei n°. 9.437/97214 (possuir, deter, fabricar ou empregar artefato explosivo e/ou incendiário sem autorização), pelo fato do agente estar em posso de uma caixa de munição.
Insta ressaltar que, para o referido Tribunal, “não se afigura ofensividade à segurança coletiva a posse de uma caixa de munição (cartuchos de espingarda), mormente se desassociada do instrumento que lhe pode dar utilidade, qual seja, a arma de fogo”.216 Além disso, este órgão jurisdicional afirma que “o valor ínfimo da munição apreendida como o acusado (R$ 20,00) autoriza a aplicação da insignificância, dado que a política criminal moderna requerer a intervenção do direito penal somentequando há real ameaça ao bem jurídico indisponível”
Nesse sentido, percebe-se, então, que qualquer sanção penal acarretaria uma grande injustiça para o réu, tendo em vista que a sua conduta foi insignificante.
Mediante o que foi exposto, pode-se asseverar, portanto, que o direito penal age em último lugar, após a ineficácia ou falta de efetividade de todos os outros meios de controle, formal ou informal. E ainda assim, não se ocupa de todos os comportamentos antijurídicos que se originam das relações sociais, mas somente daquelas condutas mais lesivas aos bens jurídicos mais importantes para a subsistência do Estado.
Sendo assim, com a aplicação deste princípio, reconhece-se o sentimento de justiça e valores que vigem em uma sociedade, não se preocupando com o agente, cuja conduta, por sua inexpressividade, não chega a ofender aqueles valores abrangidos no Direito Penal vigente, devendo o operador do direito levar em conta não apenas a repercussão econômica do proceder, mas também os interesses atingidos e a importância da conduta dentro do contexto
social. 
7. CONSIDERÇÕES FINAIS
Com a análise do Princípio da Insignificância feita neste trabalho, pode-se observar que sua evolução se deu ao longo dos tempos, sendo, pela maior parte da doutrina, considerada a origem fática desse princípio no Direito Romano, para justificar a atuação pouco efetiva desse povo no âmbito penal e, a origem histórica ocorrida na Alemanha, devido às duas grandes guerras mundiais que acarretaram em surtos de pequenos furtos provenientes da crise social vivenciada naquele período.
Foi com o advento da Constituição Federal Brasileira de 1988 que os princípios, de maneira geral, destacaram-se no cenário jurídico brasileiro.
Na esfera penal do Direito no Brasil, o Princípio da Insignificância tem sido cada vez mais utilizado em teses de defesa.
Apesar de não haver legislação específica regulamentando o mesmo, doutrina e jurisprudência majoritárias tem entendido pela sua aplicação.
O princípio da insignificância encontra respaldo na inexistência de lesão relevante ao bem jurídico protegido pela norma incriminadora, ou seja, de tão inexpressiva a lesão ao bem jurídico, não é de se falar em ofensa. Trata-se, portanto, de limitação da tipificação de conduta, bem como de ferramenta de interpretação restritiva do fenômeno da adequação típica.
Via de regra, as penalidades decorrentes das infrações bagatelares deveriam ser resolvidas em outra esfera que não a penal, haja vista que além de desnecessárias e desproporcionais como qualquer pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos que fosse em razão delas determinada, as sanções corporais, de tão inexpressivas, não estariam revestidas do caráter preventivo e intimidativo que lhe são inerentes.
Contudo, o princípio da insignificância encontra fundamento nos princípios da legalidade, da intervenção mínima, da fragmentariedade, da adequação social, da proporcionalidade, da ofensividade e, ainda, da individualização da pena.
Assim, a conduta que se amolda a um fato típico formal, materialmente relevante, adequando-se ao socialmente permitido ou tolerado, não realiza materialmente a descrição típica. A tipicidade está intimamente ligada ao conceito de tipo penal. Este se define como sendo a descrição de uma conduta negativa descrita na lei. Já a tipicidade, é a subsunção de um fato a uma norma penal incriminadora. Esta norma abstrata, muitas vezes não prevê situações inusitadas, pois o legislador ao formular o tipo o faz de maneira genérica. Essa abstração em muitos casos é prejudicial, pois engloba no rol das infrações até aquelas 
consideradas insignificantes. Para evitar essas situações, atualmente discute-se muito a adoção
de uma tipicidade material. Esta traz como fonte de análise, o conteúdo valorativo da conduta.
Após todo o estudo é possível concluir que o princípio da insignificância exclui a tipicidade da conduta. O princípio da insignificância nasce como instrumento de interpretação restritiva, fundado na concepção material da tipicidade. Assim, quando verificada uma conduta, cujo valo seja considerado irrisório, considera-se atípico o fato praticado. 
No referido estudo foi visto que tanto o Superior Tribunal de Justiça como o Supremo Tribunal Federal já consignaram que o princípio da insignificância deve ser aplicando levando-se em consideração a realidade socioenconômica brasileira, e não o patrimônio da vítima ou o salário mínimo vigente, como fazem alguns juízes, uma vez que se assim não fosse, grande parte da população ficaria sem proteção no que se refere aos crimes contra o patrimônio.
Por essa razão, conclui-se que o princípio da insignificância deve ser aplicado única e exclusivamente em casos de ninharia, não podendo ser utilizado em hipóteses em que seja admissível o furto privilegiado, cuja consequência pode se restringir ao pagamento de multa. Quanto às circunstâncias de caráter pessoal (maus antecedentes, reincidência, inexistência de processos em curso apurando a mesma pratica delituosa), pode-se afirmar que não têm o condão de interferir no reconhecimento do caráter bagatelar da infração uma vez que a utilização de dados pessoais como fator de determinação da relevância/irrelevância da conduta representa aplicação do criticado Direito Penal do Autor, incompatível com o Estado Democrático

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