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Resenha do texto: O português Brasileiro: sua formação na complexidade multilinguística do Brasil colonial e pós-colonial

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Universidade Federal de Minas Gerais
História da Língua Portuguesa
Luiza Reis Ferraz 
Resenha do texto: “O português Brasileiro: sua formação na complexidade multilinguística do Brasil colonial e pós-colonial” de Rosa Virginia Mattos e Silva
Belo Horizonte/ MG
2018
“O português Brasileiro: sua formação na complexidade multilinguística do Brasil colonial e pós-colonial”
 Rosa Virginia Mattos e Silva (2004)
Rosa Virginia Mattos e Silva foi uma linguista histórica, graduada em Línguas Anglo Germânicas pela Universidade Federal da Bahia em 1961,fez mestrado em Letras pela Universidade de Brasília em 1965 e Doutorado em Linguística em 1971 pela Universidade de São Paulo. Foi propulsora dos estudos de história da Língua Portuguesa no Brasil, dedicando grande parte de sua carreira acadêmica a pesquisas e ao ensino da área, chegando a ser considerada uma “arqueóloga da língua”. Tendo em vista as informações referidas, a presente resenha tem como objetivo apresentar e discorrer sobre o texto da autora chamado: “O português Brasileiro: sua formação na complexidade multilinguística do Brasil colonial e pós-colonial” publicado em 2004 pela Universidade Federal da Bahia. O texto em questão possui 25 páginas, (contendo texto são 19), e é dividido em três seções, como a própria autora explica: 1.O português brasileiro e o português europeu contemporâneo: alguns aspectos da diferença. / 2. Condicionamentos sócio-históricos na formação do português brasileiro / 3. Formulações teóricas para a diferença entre o português europeu e o brasileiro. 
Mattos e Silva inicia o texto embasada em um questionamento: “o que quer, o que pode esta língua?” que se refere a uma canção/poema de Caetano Veloso, dialogando com o texto da linguísta alemã Brigitte Schlieben-Lange, que lhe proporciona a resposta: “a criatividade- o querer- e a alteridade – o poder”, instigando o leitor a dar continuidade a leitura, desvendando os mistérios dessa língua. Posteriormente, ela começa falando sobre os principais aspectos que diferenciam o português europeu do português contemporâneo brasileiro, dividindo em três subtópicos, relativos a aspectos fônicos, sintáticos e outros, respectivamente. Primeiramente, desvendando os aspectos fônicos diferenciadores do Português brasileiro e do Europeu, Mattos e Silva afirma que é uma diferença notável, principalmente pela pronúncia que recobre distinções fônicas, tanto suprassegmentais (que diz respeito a aspectos fônicos que não se submetem à dupla articulação das línguas e que surgem sobrepostos ao fonema), como os segmentáveis. Em seguida, ela discorre sobre a vogal central recuada e não recuada, em relação a vogais acentuadas. Além do sistema vocálico não acentuado, que diz respeito às vogais pré e pós-acentuadas, que no português brasileiro são bem perceptíveis, e o europeu centraliza as não acentuadas. Enfatizando essas diferenças, ela vai desenvolvendo mais alguns parágrafos, pontuando-as e explicando. 			O subtópico 1.2 diz respeito aos aspectos sintáticos diferenciadores, nessa parte do texto é enfatizado, principalmente, o sistema pronominal, tanto na posição de sujeito, como de complemento. Dessa forma, a autora explicita a redução do uso dos pronomes tu e vós no português brasileiro, sendo esses substituídos por você e a gente, enquanto no europeu eles permanecem. Consequentimente, essa redução de pronomes causa um paradigma verbal que varia entre quatro ou até duas posições pelos menos escolarizados. Diante disso, a autora afirma: 
“Quanto mais é reduzido o paradigma flexional número-pessoal do verbo, mais necessário se faz o preenchimento do sujeito pronominal, perdendo assim o português brasileiro o chamado parâmetro pro-drop, possível no português europeu, em que essas reduções não ocorrem tal como no português brasileiro” - MATTOS E SILVA (2004) p.120
	O tópico seguinte (1.3) traz outros aspectos diferenciadores, iniciando com o léxico, que no português brasileiro teve grande parte de suas palavras originadas das línguas indígenas, especialmente as do tronco tupi, como também, das línguas africanas, entre outros estrangeirismos trazidos pelo grande fluxo de imigração. Além disso, há uma criatividade maior dos brasileiros para criação de palavras, e abertura para isso, a autora cita como exemplo a imaginação fértil para as escolhas dos nomes de batismo no Brasil. Por fim, ela faz uma sábia discordância de uma obra do linguista Serafim Silva Neto (1950,1960) denominada “a língua portuguesa no Brasil” que defende um “conservadorismo” da língua brasileira. 									Na página 122 tem inicio a segunda seção do texto, denominada “Condicionamento sócio-histórico na formação do português brasileiro”. Ela já inicia o parágrafo retomando a crítica a Serafim da Silva Neto, porém, dessa vez, relativo à tese que o autor defende a unidade da língua portuguesa no Brasil. Mas, ao longo d texto ela vai traçando justificativas pelas quais ela entende o posicionamento de Neto. Nessa secção o objetivo central é explicar fatores que condicionaram a formação do português brasileiro na sua diferença em relação ao português Europeu. Iniciando com o subtópico (2.1) ela começa falando sobre o multilinguismo que caracterizava o território brasileiro, freado por leis pombalinas dos meados do século XVIII. Apesar de a língua portuguesa ser considerada como língua oficial, existiam mais de 180 línguas indígenas no território brasileiro, e estimados 2000 índios, concentrados, em sua maioria, na Amazônia brasileira e no Brasil norte-central. Em seguida ela discorre um pouco sobre a língua geral e a gramatização dessa língua, que é dividida em duas, a paulista, de base tupininquim e a amazônica, de base tupinambá. Ainda nessa página (124) contêm um mapa da distribuição das línguas indígenas no Brasil de hoje, e no início da página 125 um mapa dos povos do tronco linguístico tupi no momento inicial da colonização no Brasil. 			No parágrafo seguinte, Mattos e Silva apresenta como ocorreu o contato do português brasileiro com as línguas africanas, por meio do tráfico escravagista. No período colonial, teria o Brasil 101.750 habitantes, sendo eles 42% africanos. Segundo um artigo de Emílio Bonvini e Margarida Petter (1998), pode-se estimar que, falantes, à volta de 200/300 línguas africanas, chegaram com o tráfico e se dividem essas línguas em duas grandes áreas de proveniência, essa divisão é apresentada em um mapa da página 127, e explicada logo abaixo. As áreas são: A- a área oeste-africana e B- a área bântu. 													O tópico 2.2 apresenta os dados demográficos históricos, dos inícios da colonização, com as capitanias hereditárias na década de 30 do século XVI, até o fim do século XIX. A página 129 possui três quadros demográficos, o primeiro mostrando o total de pessoas livres e o total de escravizados, o segundo mostra a incidência ao longo dos anos de africanos, negros brasileiros, mulatos, brancos brasileiros, europeus, índios integrados, e o terceiro quadro mostrando a porcentagem de etnias brancas e não-brancas ao longo dos anos. O subtópico 2.3 aponta a mobilidade populacional desses escravizados trazidos do continente africano e as regiões onde houve o maior número de africanos no Brasil, e os motivos dessa mobilidade. A página 131 apresenta dois quadros, mostrando as regiões brasileiras e os estados, e a porcentagem de população escrava residente nessas regiões nos anos de 1819 e 1884, respectivamente. O último tópico dessa seção, o 2.3, aborda a escolarização no Brasil colonial e pós-colonial. Nessa parte do texto ela diz que 70% da população brasileira adquiriu a língua da colonização, língua-alvo, numa situação chamada pelos especialistas de transmissão irregular ou de aquisição imperfeita. 
“O tipo de transmissão linguística irregular, majoritário ao longo dos séculos XVI e XIX e os dados de quase ausência de escolarização nesses séculos, pode-se interpretar, como certa margem de acerto, a polarização socioletal que caracteriza o português brasileiro da atualidade.” MATTOS E SILVA(2004)
		A última seção do texto, diz respeito às formulações teóricas para a diferença do português brasileiro e Europeu. Nesse tópico a autora aborda três teorias para interpretar a formação do português brasileiro: a da crioulização prévia, a da deriva ou evolução natural e a de repensar a questão da crioulização prévia de modo fatorizado, explicando cada um deles. E por fim uma breve conclusão sobre os estudos apresentados, no tópico quatro.					Portanto, pode-se concluir que o texto é recomendável para aqueles que querem desenvolver estudos ou entender um pouco mais sobre a área de história da língua portuguesa, e os fatos que permeiam a diferenciação entre o português brasileiro e o português europeu. Além de apresentar uma linguagem clara, Mattos e Silva navega em um mar de exemplo e de referências de estudos anteriores, que também podem ser lidos, o que facilita a leitura até mesmo para aqueles que não são da área dos estudos das línguas. Apesar disso, alguns termos poderiam ser mais bem desenvolvidos, utilizados somente na área da linguística, para melhor compreensão de todos. 
REFERÊNCIAS:
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. (1999ª). A propósito das origens do português brasileiro Atas do II Congresso Nacional da ABRALIN. Florianópolis. P.1348-1351

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