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7ª ETAPA – MÓDULO 02 – PROBLEMA 05: INSUFUCIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA INTRODUÇÃO • A insuficiência cardíaca (IC), também chamada falência cardíaca, é definida como: o Uma incapacidade do coração de conseguir cumprir sua função de bomba e atender à demanda tecidual o Ou a necessidade de aumentar a pressão de enchimento ventricular (pressão diastólica final) para atender a essa demanda. • É possível também que ocorra não por mau funcionamento cardíaco, mas por excessiva demanda metabólica tecidual, como acontece na anemia, na doença de paget e nas fístulas arteriovenosas, situações em que a IC é dita de alto débito. EPIDEMIOLOGIA: • Acomete principalmente países desenvolvidos e alguns em desenvolvimento como o Brasil • Uma das principais causas de internação e óbito no mundo EUA • Acomete 5 milhões de pessoas • A cada ano são diagnosticados 500 mil novos casos • É a causa principal de consultas (12 a 15 milhões) • 6,5 milhões de diárias hospitalares • 300 mil óbitos anuais • Acomete, principalmente, idosos • 6 a 10% acima de 65 anos tem IC • 80% dos hospitalizados por IC tem mais de 65 anos BRASIL • Estimam-se cerca de 6,4 milhões de portadores de IC • Em 2000 houve cerca de 400 mil internações e 26 mil óbitos • Principal causa de internação hospitalar na população acima dos 60 anos. ETIOLOGIA • Principais causas o Hipertensão Arterial Sistêmica o Insuficiência Coronariana o Diabetes mellitus o Doenças valvares o Miocardiopatia alcoólica o Hipertireoidismo o Anemia o Doenças de depósito o Doença de chagas o Miocardites • A disfunção pode ocorrer por predomínio de dificuldade para relaxamento miocárdico (IC diastólica) ou déficit contrátil (IC sistólica). • Principais causas de IC diastólica o Isquemia miocárdica o Miocardiopatia hipertensiva ou hipertrófica o Doenças infiltrativas do miocárdio (amioloidose, sarcoidose) • Principais causas de IC sistólica o Miocardiopatia isquêmica o Miocardiopatia hipertensiva (fase dilatada) o Miocardiopatia chagásica o Miocardiopatia idiopática dilatada Obs: A última diretriz brasileira de IC recomenda o uso de IC com fração de ejeção preservada para a diastólica e IC com fração de ejeção reduzida para a sistólica. FISIOPATOLOGIA • A partir de uma injúria ao coração, levando ao estado de baixo débito cardíaco, diversos mecanismos são ativados para compensar a queda do débito cardíaco por aumento do inotropismo e cronotropismo, mantendo a pressão arterial à custa de vasoconstrição arterial periférica e de retenção de sódio e água. Esses mecanismos visam garantir as perfusões cerebral, cardíaca e renal. Os sistemas ativados foram desenvolvidos, do ponto de vista filogenético, para proteger o organismo de estados hipovolêmicos agudos e representam, no caso da disfunção ventricular, mecanismos desadaptativos, pois, quando mantidos em estimulação prolongada, levam a ao remodelamento ventricular, perpetuando e colaborando para a piora progressiva. • Mesmo procurando melhorar o débito cardíaco, esses mecanismos também podem ser deletérios. A persistência de um regime de pressão cronicamente elevado nas câmaras cardíacas acaba causando hipertrofia e dilatação e hipertrofia miocárdica, além de elevação das pressões nos átrios e nas circulações sistêmica e pulmonar. A taquicardia e o aumento da contratilidade podem desencadear isquemia do miocárdio, e o aumento da pré-carga agrava a congestão pulmonar. A vasoconstrição excessiva eleva demasiadamente a pós-carga, dificultando o esvaziamento cardíaco, além de prejudicar a perfusão dos demais órgãos. Há, também, elevação dos níveis de vasopressina, responsável pela absorção de água livre de sódio, podendo gerar hiponatremia, marcador da severidade da IC e de prognóstico. Também pode ser utilizada, quando revertida, como indicador de compensação do quadro de IC. • Várias são as alterações neuro-hormonais associadas à fisiologia da IC. Algumas promovem vasoconstrição e retenção de sódio e água, como a hiperatividade do sistema nervoso simpático, a estimulação do sistema renina-angiotensina- aldosterona e a liberação de arginina-vasopressina. Outros mecanismos compensatórios promovem vasodilatação, natriurese e diurese por meio da ação de peptídeo natriurético tipo B, de algumas prostaglandinas e da bradicinina. Embora interajam continuamente, as ações vasoconstritoras e retentoras de sódio superam as vasodilatadoras e natriuréticas, resultando em aumento da resistência vascular periférica e na retenção de sódio e água. • Há tempos é reconhecida a deficiência da vasodilatação periférica que se manifesta ao exercício entres os pacientes com IC. Neles foram demonstrados níveis de endotelina plasmática de 2 a 5 vezes mais elevadas que em pacientes normais, com significado expressivo de mau prognóstico. As endotelinas determinam ação vasoconstritora potente, retenção de sódio e água, ativação simpática e do SRAA, além de estímulo proliferativo sobre os músculos lisos, miócitos cardíacos e fibroblastos. Tal conjunto de alterações caracteriza a disfunção endotelial da IC. • Do ponto de vista macroscópico, o termo remodelamento ventricular refere- se às modificações da forma e do tamanho do coração, que passa a aumentar de volume e de massa e a adquirir forma esférica. Do ponto de vista tecidual, representa a morte de cardiomiócitos por necrose e apoptose, sendo substituídos por fibroblastos e tecido colágeno. Os miócitos restantes sofrem hipertrofia excêntrica. • As citocinas compõem um grupo heterogêneo de proteínas com pequeno peso molecular, que se caracterizam por exercer seus efeitos localmente por ação autócrina ou parácrina. Duas classes de citocinas estão relacionadas à fisiopatologia da IC : o Citocinas vasoconstritoras e inotrópicas positivas (endotelinas) o Citocinas pró-inflamatórias vasodepressoras (TNF-alfa, IL-6 e IL-1b) • Outro componente muito importante da fisiopatologia é a ação na neprilisina, uma endopeptidase que degrada peptídios vasoativos endógenos, como bradicininas, BNP e adrenomedulina, promovendo vasoconstrição, retenção adicional de sódio e remodelamento cardíaco. o A inibição dessa enzima promove efeitos opostos e favoráveis na fisiopatologia da IC. QUADRO CLÍNICO ACHADOS COMUNS • Dispneia progressiva • Edema pulmonar • Ortopneia • Tosse seca e noturna em virtude de congestão pulmonar • Dispneia paroxística noturna • Estertores crepitantes inspiratórios • Síbilos quando congestão peribrônquica • Edema de membros inferiores (inicialmente na região peri-maleolar, ascendendo para região pré-tibial e posteriormente coxa. • Fadiga • Presença de ritmo de galope com B3, ictus globoso e distensão venosa jugular aumenta a chance de do diagnóstico. • Palpitação POSSÍVEIS ACHADOS CLÍNICOS GERAL • Emagrecimento • Alteração da consciência • Dispneia • Palidez • Cianose • Icterícia (Congestão hepática) • Sudorese CONGESTÃO SISTÊMICA • Estase jugular • Edema de parede • Ascite • Derrame pleural • Hepatomegalia dolorosa • Edema de membros inferiores CONGESTÃO PULMONAR • Estertoração pulmonar fina • Edema agudo ALTERAÇOES CARDÍACAS • Taquicardia • Bradicardia • Arritmias • 3ª Bulha • 4ª Bulha • Sopro de insuficiência mitral • Outros sopros cardíacos EXAMES COMPLEMENTARES EXAMES GERAIS • Exames feito para identificar fatores relacionados à IC ou à sua piora o Hemograma completo o Eletrólitos o Perfíl lipídico o Função renal o Glicemia o Funções hepáticas o Função tireoidiana o Sorologia para chagas quando há epidemiologia sugestiva o Radiografia de tórax o Aumento da área cardíaca o Aumento da trama vascular pulmonar o ECG ECOCARDIOGRAMA • Determina se há ou não dilatação dos ventrículos • Avalia tanto a função sistólica quanto a função diastólica • Mede a espessura ventricular• Oferece informações sobre o pericárdio e funcionamento valvar • Porém, não leva ao diagnóstico, já que ele é puramente clínico • Principal medida da função do VE é a FE quando abaixo de 50%, há prejuízo da função sistólica. MEDICINA NUCLEAR • Fornece medida acurada da função ventricular, principalmente do VE. • Permite, também, a investigação de isquemia RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA • Permite medida mais acurada e reprodutível dos volumes cardíacos, da espessura da parede e da função ventricular, além de detectar espessamento pericárdico e necrose miocárdica TESTE ERGOMÉTRICO • Pouco útil • Pode ser indicado para avaliação da capacidade funcional do paciente, o que tem implicações prognósticas MARCADORES HORMONAIS • BNP • Valores superiores a 100pg/mL apresentam sensibilidade, especificidade e valor preditivo de, respectivamente. 90, 76 e 83% para a definição de IC descompensada como causa da dispeneia. • O BNP revelou-se o a melhor variável isolada para diagnóstico em dados de história, exame físico e exames complementares. • Contudo, existem outras causas que podem elear o BNP o Síndromes coronarianas agudas o Doenças musculares cardíacas o Doenças valvar ou pericárdica o Fibrilação atrial o Miocardite o Cirurgia cardíaca o Lesões tóxico-metabólicas o Cardioversão elétrica o Idade avançada o Insificência renal o Anemia o Pneumonia o Hipertensão pulmonar o Doença crítica aguda o Sepse o Grandes queimaduras DIAGNÓSTICO • O diagnóstico de IC é puramente clínico feito através dos critérios de framinghan CRITÉRIOS MAIORES • Dispneia Paroxística noturna • Ortopneia • Elevação da pressão venosa jugular • Crepitações pulmonares • 3ªBulha • Cardiomegalia na radiografia de tórax • Edema pulmonar na radiografia de tórax • Perda maior ou igual a 4,5Kg em até 5 dias após o início do tratamento pra IC CRITÉRIOS MENORES • Edema dos membros inferiores bilateral • Tosse noturna • Dispneia aos médios esforços • Hepatomegalia • Derrame pleural • Frequência cardíaca maior que 120bpm • O diagnóstico será feito quando: o Presença de 2 critérios maiores ou, o Presença de 1 critério maior e dois menores CLASSIFICAÇÃO : • Classificação funcional do new York heart association para IC o Classifica de acordo com a limitação do paciente para desempenhar suas atividades • Classificação de estágios da IC segundo consenso brasileiro, europeu e nas diretrizes da AHA • A classificação clássica usada nos livros e em diretrizes • Classificação e tratamento por estágios Classes Alteração estrutural Sintomas de IC A Ausente Ausentes B Presente Ausente C Presente Presente D Presente Presente • Tratamento das classes acima o A – Controle/eliminação de fatores de risco; introdução de inibidor da enzima conversora de angiotensina o B – Todas as medidas de A + betabloqueador o C - Todas as medidas de B + restrição de sal + diurético + digital se disfunção sistólica o D – Todas as medidas de C + medidas especiais TRATAMENTO MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS • Controle dos fatores de risco • Dieta • Ingestão de sal o Ingestão de 4 a 6g de sal ou 2 a 3g de sódio o Evitar adição de sal nos alimentos • Ingestão de álcool o Deve ser minimizada, pois deprime a contratilidade miocárdica e pode precipitar arritmias • Tabagismo o Deve ser totalmente desestimulada • Atividade física o Quando planejado e adaptado à cada caso é de grande ajuda • Atividade sexual o Contribui para aumentar autoestima e qualidade de vida • Vacinação o Recomenda-se a vacinação contra a gripe e pneumonia TRATAMENTO FARMACOLÓGICO INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA Droga Dose inicial Dose máxima Captopril 6,25 3x/d 50mg, 3x/d Enalapril 2,5mg 2x/d 20mg, 2x/d Lisinopril 2,5 a 5mg, 1x/d 20 a 40mg, 1x/d Ramipril 1,25 a 2,5mg, 1x/d 10mg, 1x/d DIURÉTICOS Drogas Doses iniciais Doses máximas Furosemida 20 a 40mg, 1 a 2x/d Até 200mg/d Bumetanida 0,5 a1mg, 1 a 2x/d Até 10mg/d Hidrocloro tiazida 25mg/d 100mg/d Clortalidona 12,5mg/d 50mg/d Indapamida 2,5mf/d 5mg/d Espironolac 25mg/d 50 a 100mg/d Amilorida 5mg/d 20mg/d BETABLOQUEADORES Droga Dose inicial Dose máxima Carvedilol 3,125mg, 2x/d 25mg, 2x/d Succinato de Metoprolol 12,5mg a 25mg, 1x/d 200mg, 1x/d Bisoprolol 1,25mg, 1x/d 10mg, 1x/d Nebivolol 1,25, 1x/d 10mg, 1x/d DIGITÁLICOS • Drogas o Digoxina ou digitoxina • Dose o 0,125 a 0,250mg/d ANTAGONISTAS DA ALDOSTERONA AGONISTAS DOS RECEPTORES DE ANGIOTENSINA 2 Droga Dose alvo (mg) Frequência Losartana 50 a 100 1x/d Valsartana 80 a 320 2x/d Cadesartana 8 a 32 1x/d NITRATOS E HIDRALAZINA • Diminuia mortalidade • É indicada para quem tem contraindicação a IECAs e antagonistas de ARA2 • A dose alvo de hidralazina é de 200ª 300mg/d,, dividido de 3 a 4x/d • A dose alvo de Dinitrato de isossorbita é de 40mg 3x/d • Nitroglicerina IV é iniciada na dose de 5microgramas/min e pode ser titulada a cada 3 a 5min ANTAGONISTAS DE CÁLCIO • Não são recomendados em pacientes com Ic sistólica • Usar apenas anlodipino ou felodipino no tratamento de hipertensão e angina associada a IC ANTIARRÍTMICOS • Não são recomendados ANTITROMBÓTICOS • Apenas para indivíduos com risco aumentado de eventos tromboembólicos IVABRADINA • Reduz a mortalidade, reinternação e risco de reinfarto nos pacientes com IC INIBIDORES DE NEPRISILINA • Pode ser usado em associação com a valsartana, tendo melhor resultado que o enalapril na redução de mortalidade dos pacientes de classe funcional 2 a 4. TRATAMENTO CIRÚRGICO • Troca de valva mitral em pacientes com insuficiência mitral grave • Reconstrução do ventrículo esquerdo na presença de grande área fibrótica • Aneurismectomia do VE para pacientes sintomáticos com terapia otimizada, arritmia ventricular refratária ou tromboembolismo • Implantação de marcapasso
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