Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
6ª ETAPA – MÓDULO 02 – PROBLEMA 06: DOENÇAS DA AORTA DOR TORÁCICA NO CONSULTÓRIO INTRODUÇÃO: Devemos entender, antes de tudo, que a dor torácica é um contexto mais abordado no departamento de urgência e emergência, porém, muitos desses problemas acometem muitos pacientes cronicamente, e abrangem o espaço ambulatorial. EPIDEMIOLOGIA: Osteocondrite é uma das maiores causas de dor torácica, sendo responsável por quase metade das causas osteomusculares. A prevalência da dor cardíaca é referente à idade. o Menores de 35 anos, 7% são cardíacas o Mais de 40-50 anos, 50% são cardíacas ETIOLOGIAS: DOR ÓSSEA E NEUROMUSCULAR: Lesões costais (traumas, fraturas, neurites, ...) Osteocondrite (Síndrome de Tietze- Inf. da cart. que liga uma costela ao esterno) Neurite Intercostal (herpes-zóster) Refluxo Gastroesofágico DOENÇAS GASTROESOFÁGICAS: Espasmos do esôfago Úlcera péptica e dispepsia Ruptura de Esôfago TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS Transtorno de Pânico e outros distúrbios de ansiedade Transtornos somatoformes Quadros depressivos CAUSAS CARDIOVASCULARES Síndromes Coronarianas Pericardite Dissecção de aorta CAUSAS PULMONARES Pneumotórax TEP Pneumonia e outras causas de pleurite OUTRAS: Pancreatite Cólica biliar Abscesso Subcutâneo TIPOS DE DOR TORÁCICA: DOR TORÁCICA POR ISQUEMIA Já foi abordada na aula de Angina Estável e instável Potencial de levar o paciente a óbito Dor do tipo “anginosa” o Dor em pressão, aperto, constritiva ou em peso o Duração usual ou de alguns minutos o Retroesternal → ombro, cervical ou no dorso o Fatores desencadeantes: esforço e estresse o Fatores de melhora: repouso ou nitratos o Presença de equivalentes anginosos: Dispneia, tontura, fadiga, sudorese, palpitações, desmaio, náuseas e vômitos e palidez Angina típica (definitiva) Desconforto ou dor retroesternal Desencadeada pelo exercício ou estresse Alivia com repouso ou uso de nitroglicerina Angina atípica (provável) Presença de somente dois dos fatores acima Dor torácica não cardíaca Presença de somente um ou nenhum dos fatores acima Mas também existem classificações mais detalhadas pelo tipo da dor, como: DEFINITIVAMENTE ANGINOSA (TIPO A): o Caráter Constritivo (Peso / Aperto) ou Queimação, de Localização Retroesternal ou Precordial, intensa, aliviada por Nitrato ou Repouso e irradiando para MMSS / Mandíbula; PROVAVELMENTE ANGINOSA (TIPO B): o A maioria das características definidas da Dor Tipo A; PROVAVELMENTE NÃO ANGINOSA (TIPO C): o Dor atípica para Angina, porém sem definição diagnóstica; DEFINITIVAMENTE NÃO ANGINOSA (TIPO D): o Dor sugestiva de outras etiologias de dor torácica, sem nenhuma característica anginosa. DOENÇAS DA AORTA Elevadas morbidade e mortalidade Durante a vida, a aorta absorve o impacto de 2 a 3 bilhões de batimentos cardíacos, e distribui 2 milhões de litros de sangue pelo corpo. Divisão: SEGUIMENTO ASCENDENTE Porção proximal Valva aórtica à junção sinotubular Compreende os seios de Valsalva – sustenta as válvulas da válca aórtica e de onde se originam os óstios coronários D=31 + 0,16 * idade Porção Distal Junção sinotubular ao arco aórtico ARCO AÓRTICO Segmento médio Entre o início do tronco braquiocefálico e a artéria subclávia esquerda SEGMENTO DISTA OU AORTA DESCENDENTE Da artéria subclávia esquerda até o diafragma D=21 + 0,16 * idade MORFOLOGIA: o 3 camadas: íntima, média e adventícia o Camada íntima: única camada de células endoteliais sobre a lâmina basal (l. elástica interna) o Camada média: células musculares lisas em matriz de elastina, colágeno e substância fundamental mucoide (lamelas circulares) Servem para manter o fluxo de sangue durante a diástole Durante a sístole, diâmetro das lamelas aumenta, enquanto na diástole, as fibras musculares sofrem um rebote elástico, projetando para frente o sangue no interior da aorta Aorta torácica: 45 a 56 unidades lamelares Aorta abdominal: 28 unidades lamelares Por isso possui maior incidência de dilatações e fenômenos de ruptura o Camada adventícia: Tecido conectivo frouxo com fibroblastos, colágeno, elastina e substância fundamental. A manutenção do diâmetro externo é função biomecânica da adventícia. Durante o envelhecimento ocorre: o Fragmentação das fibras elásticas e diminuição das células musculares lisas. o Colágeno fica mais proeminente e desorganizado o Subst. Fundamental amorfa aumenta – menor elasticidade Aneurisma: degeneração das lamelas elásticas da adventícia!!! o Degeneração da elastina se inicia na íntima e na média (mas isso não causa alteração mecânica e dilatação). o Quando começa a se dilatar, já houve uma perda quase completa da elastina na camada média. Um fator de risco é a desregulação das metaloproteinases (degradam elastina) ANEURISMA DEFINIÇÃO: Aneurisma arterial é definido como uma dilatação vascular, localizada ou difusa, com diâmetro transverso maior do que 50% do diâmetro original do vaso. Ectasia também é uma dilatação vascular, porém com medidas inferiores às do aneurisma. Aneurisma verdadeiro: o Todas as camadas da parede arterial (íntima, média e adventícia). o Sacular ou fusiforme Pseudoaneurisma: o Hematoma pulsátil não contido por todas as camadas da parede arterial, que se encontra confinado por uma cápsula fibrosa. O pseudoaneurisma de artéria femoral pode ser uma consequência de cateterização deste vaso para a realização de procedimentos angiográficos e intervencionistas. Sabemos que mais de um processo patológico pode ser responsável pela dilatação de uma artéria. o Dissecção aórtica: Muitas vezes leva à dilatação da aorta devido à expansão do falso lúmen determinada pela progressão do sangue em seu interior. o Aterosclerose (aneurismas degenerativos) o Infecção o Vasculite o Trauma O aneurisma degenerativo representa a imensa maioria dos aneurismas da aorta torácica descendente e abdominal o Achados histopatológicos e imunobiológicos: degradação da elastina e colágeno da parede vascular por metaloproteinases, inflamação mediada por citocinas e infiltração de linfócitos T e B, além de macrófagos. o A condição patológica mais comumente associada com os aneurismas degenerativos da aorta é a ATEROSCLEROSE. Nesses casos é comum encontrarmos pacientes com diversos fatores de risco para a doença aterosclerótica, além de lesões em outros sítios vasculares como carótidas, coronárias e artérias de membros inferiores. Segmentos mais afetados: o Abdominal infrarrenal (80%) o Torácico ascendente (5,5%) o Torácico descendente (12%) o Toracoabdominais (2,5%) ANEURISMA DEGENERATIVO: Inflamação, estresse oxidativo, proteólise e estresse biomecânico na parede do vaso são fatores que contribuem para o processo degenerativo Alterações descritas são mediadas por linfócitos B e T, macrófagos, citocinas inflamatórias e metaloproteinases da matriz o Degradam colágeno e elastina e alteram a força tênsil, diminuindo a habilidade da aorta em acomodar distensão pulsátil. FATORES DE RISCO: Tabagismo Hipercolesterilemia Hipertensão Gênero Masculino Histórico Familiar Idade Avançada Doença Cardiovascular AVC prévio Transplante renal ou cardíaco Gênero Feminino Fração de ejeção ventricular esquerda reduzida Diâmetro aneurismático inicial extenso Pressão arterial sistêmica elevada Forças hemodinâmicas desfavoráveis CLASSIFICAÇÃO: Os aneurismas degenerativos da aorta localizam-se com maior frequência na aorta abdominal. Tipo I: É aquele mais comum. Tem origem na aorta abdominal infrarrenal, com um diminuto segmento da aorta, após as emergências das renais, livre da doença. São chamados de infrarrenais. o 85% dos Aneurismas de Aorta Abdominal (AAA)são infrarrenais, o tipo mais fácil de correção através de reparo endovascular Tipo II: São considerados justarrenais, pois se originam em um segmento da aorta imediatamente após a emergência das artérias renais. Tipo III: São aqueles que englobam a origem das artérias renais, sendo chamados de pararrenais. Tipo IV: Envolvem a aorta abdominal em um segmento tanto abaixo quanto acima da origem das artérias renais. São conhecidos como aneurismas toracoabdominais. Requerem abordagem toracoabdominal para sua correção cirúrgica. Risco de ruptura em 5 anos: o 0,5% a 5% para aneurismas entre 4 e 5 cm o 3% a 15% para aneurismas entre 5 e 6 cm o 10% a 20% para aneurismas entre 6 e 7 cm o 20% a 40% nos aneurismas entre 7 e 8 cm o 30% a 50% para os aneurismas com diâmetro superior a 8 cm DESENVOLVIMENTO ROMPIMENTO EXPANSÃO ROMPIMENTO QUADRO CLÍNICO: Pacientes são assintomáticos e o aneurisma é descoberto acidentalmente durante a realização de exame físico. Achado mais comum à palpação abdominal é a presença de uma massa pulsátil e fusiforme notada acima da cicatriz umbilical (aneurismas pequenos) ou uma dilatação difusa ou tortuosa que se estende do abdome superior até abaixo da cicatriz umbilical (grandes aneurismas). Quando presente, os sintomas podem incluir: o Isquemia de membros inferiores (consequência de embolização a partir de trombo mural dos AAA) o Embolização de microcristais de colesterol com isquemia e cianose de pododáctilos (síndrome do dedo azul) o Dor abdominal vaga o Ou Dor lombar Rompimento (tríade clássica) o Dor o Massa Pulsátil o Hipotensão DIAGNÓSTICO: AAA podem ser diagnosticados quando da realização de um exame complementar, como a Ultrassonografia (USG) ou uma radiografia simples de abdome RADIOGRAFIA o Exame Inicial...pouco usado...mas se foi feito por outro motivo, pode dar um sustinho... o Cerca de 60-70% das vezes encontramos depósitos de cálcio na parede do aneurisma ULTRASSOM: o Revela com precisão os diâmetros transverso e longitudinal do vaso e pode detectar trombo mural o Possui sensibilidade de 95% e especificidade de 100% o Permite o acompanhamento do aneurisma ao longo do tempo, estimando seu ritmo de crescimento ANGIOTOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE AORTA (OU ANGIO-TC HELICOIDAL) o A “queridinha” o Método de imagem mais preciso para delinear a anatomia do aneurisma o Fundamental para avaliação pré-operatória, sendo útil tanto na cirurgia aberta quanto na intervenção endovascular o Capaz de determinar toda a extensão do aneurisma e sua relação com os vasos renais e ilíacos o Identifica lesões em outras artérias (renais e as ilíacas), revela a presença de anomalias vasculares (artérias renais múltiplas e acessórias) e avalia o retroperitônio. o O método também é capaz de identificar a presença de trombos e de calcificações no aneurisma e de estabelecer com maior precisão o diâmetro do lúmen aórtico. ANGIORRESSONÂNCIA MAGNÉTICA (ANGIO-RM) Outro método empregado Mesmas informações com benefício de não usar contraste iodado e nem radiação ionizante Porém é mais chata, cara e demorada... A principal limitação da angio-RM, quando comparada a angio-TC, é a impossibilidade de identificar áreas de calcificação na parede da aorta. ARTERIOGRAFIA É útil para detectar envolvimento de outras artérias, como as renais e as ilíacas. Entretanto, como o aneurisma possui quantidade variável de trombo, o lúmen aórtico não fica bem determinado. Outras desvantagens incluem nefrotoxicidade pelo contraste e possibilidade de lesão arterial ou embolização durante a punção arterial requerida para o exame. Normalmente em paciente instáveis. TRIAGEM: De acordo com a USPSTF (United States Preventive Services Task Force), recomenda-se a triagem, com a realização de USG, pelo menos uma vez, em indivíduos: o Entre 65 a 75 anos que são ou foram tabagistas o Pacientes de 65 a 75 anos que nunca fumaram podem optar pela realização ou não do exame; o história familiar positiva é um fator que deve pesar em optar-se pela realização da triagem... Não há recomendação para a realização da triagem para o diagnóstico precoce dos AAA em mulheres. o Contudo, o Medcare americano recomenda a realização de USG em mulheres > 65 com história familiar de AAA ou tabagista. TRATAMENTO: CIRÚRGICO Além do acompanhamento periódico com USG, devemos solicitar aos pacientes que interrompam imediatamente o tabagismo O principal objetivo do tratamento cirúrgico dos AAA é prevenir sua ruptura; Indicação de intervenção tem como base o risco de ruptura que o paciente apresenta. MÉTODOS CIRÚRGICOS: Cirurgia convencional ou reparo aberto o Pode ser realizado por via transperitoneal ou retroperitoneal. Terapia endovascular o Passagem de uma endoprótese (stent metálico “coberto”) no lúmen da aorta. o A principal vantagem do procedimento é evitar o reparo aberto, beneficiando pacientes que apresentam comorbidades e risco cirúrgico elevado. o Necessita de anatomia favorável CONSERVADOR: No caso de pacientes sem a indicação de realização de tratamento cirúrgico, realiza-se o manejo clínico conservador, principalmente no tocante à redução dos fatores de risco Aconselhados a cessar o hábito de fumar Encorajados a procurar tratamento apropriado para hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, diabete e outros fatores de risco da aterosclerose O tratamento com estatinas deve iniciar-se um mês antes da intervenção cirúrgica para redução da morbidade cardiovascular o As estatinas devem continuar no período perioperatório, sem duração definida para sua suspensão Indica-se o uso de betabloqueadores em pacientes com alto risco cardiovascular e são recomendados em pacientes com doença isquêmica cardíaca. O controle da hipertensão arterial sistêmica deve ser iniciado, objetivando a prevenção secundária da morbidade cardiovascular, de preferência com esquema que compreenda inibidores de conversão da angiotensina Acido acetilsalicílico em baixa dose deve ser recomendado para pacientes com AAA e o tratamento deve ser continuado também no período perioperatório. INDICAÇÕES DE INTERVENÇÃO ELETIVA NOS AAA. 1- Diâmetro > 5,5 cm 2- Taxa de crescimento > 0,5 cm em seis meses ou > 1 cm em doze meses. 3- Presença de sintomas (dor lombar ou abdominal vaga). 4- Presença de complicações (embolização periférica, infecção do aneurisma). 5- Presença de aneurismas de configuração sacular.
Compartilhar