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Enfermagem Módulo 1 1 8 FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM Esta disciplina tem o objetivo de apresentar os conceitos e habilidades essenciais na assistência de enfermagem, a relação profissional enfermeiro-paciente e as metodologias de exames físicos, baseados em princípios norteadores da sistematização da assistência de enfermagem. Visando a aplicação destes princípios e técnicas de enfermagem em campo de estágio. 8.1 Admissão, Alta e Transferência do Paciente Considera-se paciente internado aquele que, admitido no hospital, ocupa um leito por um período superior a 24h e que será submetido a tratamentos clínicos, cirúrgico ou outros tratamentos específicos. No processo de internação, as rotinas e os procedimentos administrativos referem- se a: admissão, alta, transferência e óbito. 8.1.1 Admissão Hospitalar A internação é a chegada de um paciente ao hospital, em condições que exijam a sua permanência por período igual ou superior a 24 horas. A admissão do paciente tem uma rotina diferente em cada instituição. O ambiente hospitalar precisa ser humanizado, desde as cores das paredes, a decoração dos ambientes, a cortesia dos funcionários, até o profissionalismo da assistência prestada, começando pelo funcionário da portaria até a assistência médica. A humanização do atendimento em saúde é um fator importantíssimo na recuperação do paciente e na minimização do seu sofrimento e de seus familiares, buscando formas de tornar este período de internamento o menos agressivo possível. Procedimentos para a admissão: Os documentos do paciente deverão estar completos, contendo todos os dados que o serviço médico precisará. Estes documentos e formulários serão preenchidos na recepção da instituição. ▪ Dar as boas-vindas ao paciente e seus familiares. ▪ Apresentar-se pelo nome e referir a sua função junto ao paciente. ▪ Informar sobre os horários dos exames que serão colhidos, sobre a necessidade de higiene, troca das roupas, e outros de acordo com as condições e caso do internamento. ▪ Em caso de preparo para cirurgia eletiva providenciar os preparos da higiene e dos processos de aferição de sinais vitais entre outros, dependendo do tipo e horário da cirurgia. ▪ Informar as rotinas da unidade, sobre a chamada do posto de enfermagem, os horários da alimentação, os controles da movimentação do leito e da TV. ▪ Informar sobre os horários das visitas médicas, visitas de familiares, serviços religiosos e os pertences pessoais necessários. ▪ Relacionar e guardar roupas seguindo a rotina do local. ▪ Entregar pertences de valores à família, anotando no prontuário. ▪ Apresentá-lo aos companheiros de enfermaria, quando isto for o caso. ▪ Se necessário, encaminhá-lo ao banho. ▪ Efetuar o registro da internação e dos procedimentos realizados. ▪ Comunicar o serviço de nutrição e os demais serviços interessados. ▪ Verificar SSVV, peso, altura e anotar. ▪ Fazer anotações de enfermagem referentes a: hora de entrada, condições da chegada (deambulando, de maca, cadeira de rodas, acompanhamento), sinais e sintomas observados. Avaliação e anamnese do paciente ▪ Realizar o registro das condições de chegada do paciente, realizar exame físico, questionar sobre alergias a drogas, objetos e produtos, como material de limpeza, esparadrapo. ▪ Investigar doenças como hipertensão, diabetes, ou outras patologias, seguindo o protocolo para admissão. ▪ Proceder todo o tempo com atenção e humanização dos cuidados na assistência. A enfermagem passará 24 horas com o paciente e será necessário gerar confiança nos profissionais que estarão com a responsabilidade de cuidar durante todo o tempo da internação. 8.1.2 Alta Hospitalar O período de internação, finaliza-se com a alta hospitalar, decorrente da melhora estado de saúde, ou por motivo de óbito. Entretanto, a alta também pode ser dada a pedido do paciente ou de seu responsável; ou nos casos de necessidade de transferência para outra instituição de saúde, dentre outros motivos. Na ocasião da alta, o paciente e seus familiares podem necessitar de orientações sobre alimentação, tratamento medicamentoso, atividades físicas e laborais, curativos e outros cuidados específicos, momento em que a participação da equipe multiprofissional é importante para esclarecer quaisquer dúvidas apresentadas. A alta do paciente, em decorrência de implicações legais, deve ser dada por escrito e assinada pelo médico. Tipos de Altas Hospitalares: ▪ Alta hospitalar por melhora: aquela dada pelo médico porque houve melhora do estado geral do paciente, sendo que este apresenta condições de deixar o hospital. ▪ Alta a pedido: aquela em que o médico concede a pedido do paciente ou responsável, mesmo sem estar devidamente CURADO. O paciente ou responsável por ela assina o termo de responsabilidade. ▪ Alta condicional ou licença médica: aquela concedida ao paciente em ocasiões especiais, com a condição de retornar na data estabelecida (dia das mães, pais, natal, entre outros). Também deve ser assinado o termo de responsabilidade. Enfermagem Módulo 1 3 Papel da Enfermagem: ▪ Avisar o paciente após alta registrada em prontuário pelo médico. ▪ Orientar o paciente e familiares sobre cuidados precisos pós alta (repouso, dieta, medicamentos, retorno). ▪ Preencher pedido de alta (de acordo regras da instituição). ▪ Providenciar medicamentos (conforme regulamento da instituição). ▪ Reunir pertences do paciente e providenciar suas roupas. ▪ Auxiliá-lo no que for necessário. ▪ Realizar anotações de enfermagem contendo: Hora de saída. Tipo de alta. Condições do paciente. Presença ou não de acompanhante. Orientações dadas. Meio de transporte (ambulâncias, carro próprio). Preparar prontuário e entregá-lo conforme rotina da instituição. 8.1.3 Transferência Um aspecto particular da alta diz respeito à transferência para outro setor do mesmo estabelecimento, ou para outra instituição. É realizada da mesma forma que a alta. A unidade para onde o paciente está sendo transferido deverá ser comunicada com antecedência, a fim de que esteja preparada para recebê-lo, conforme rotina. O prontuário deve estar completo e ser entregue na outra unidade. O paciente será transportado de acordo com as normas da instituição e seu estado geral. Cadeira de rodas, ou maca. Quando do transporte a outro setor ou à ambulância, o paciente deve ser transportado em maca ou cadeira de rodas, junto com seus pertences, prontuário e os devidos registros de enfermagem. No caso de encaminhamento para outro estabelecimento, enviar os relatórios médico e de enfermagem. Deve-se considerar que a pessoa necessitará adaptar-se ao novo ambiente, motivo pelo qual a orientação da enfermagem é importante. Cuidados de Enfermagem com o Corpo após a Morte: A morte ou óbito significa a cessação da vida, com interrupção irreversível das funções vitais do organismo e, legalmente, deve ser constatada pelo médico. Após a morte, observa-se esfriamento do corpo, manchas generalizadas de coloração arroxeada, relaxamento dos esfíncteres e rigidez cadavérica (o corpo do cadáver torna- se rígido). A equipe de enfermagem deve anotar no prontuário a hora da parada cardiorrespiratória, as manobras de reanimação, os medicamentos utilizados, a hora e causa da morte e o nome do médico que constatou o óbito. Somente após essa constatação inicia-se o preparo do corpo: limpeza e identificação, evitar odores desagradáveis e saída de secreções e sangue e adequar a posição do corpo antes que ocorra a rigidez cadavérica. Nesta fase, é importante garantir ao paciente a privacidade e a companhia dos seus entes queridos, mantendo-o em quarto ou utilizando biombos caso ele encontre-se em enfermaria. Faz-se necessário lembrar que o cadáver merece todo respeito e consideração, e que sua família deve ser atendida com toda a atenção, respeitando-se suador e informando- a cuidadosamente, de modo compreensível, sobre os procedimentos a serem realizados. Geralmente, é o médico quem fornece a informação da causa e hora da morte; no entanto, atualmente, a presença do familiar junto ao paciente terminal sem possibilidade terapêutica, tem sido incentivada e autorizada (visitas liberadas), o que permite à família acompanhar mais de perto a situação. Na medida do possível, durante esta fase, é imprescindível que a equipe de enfermagem sensibilize-se na ajuda/amparo ao familiar do paciente, o que pode ser conseguido ouvindo-o com atenção, tocando-o, rezando com ele. Materiais utilizados para o preparo do corpo ▪ Dois rolos de ataduras de crepe. ▪ Algodão. ▪ Gaze não estéril. ▪ Esparadrapo. ▪ Luvas de procedimentos. ▪ Uma pinça cheron. ▪ Avental de manga longa. Procedimentos a serem realizados ▪ Reunir o material. ▪ Explicar o procedimento à família. ▪ Manter privacidade do local e corpo. ▪ Colocar o avental e calçar luvas de procedimento. ▪ Retirar travesseiros, deixando o corpo em decúbito dorsal. ▪ Retirar sondas, cateteres, ocluindo (fechando) os orifícios com gaze. ▪ Higienizar o corpo com muito respeito e humanização. Evitar conversas. ▪ Tamponar ouvidos, nariz, orofaringe, região anal e vaginal e garrotear região peniana com gaze. ▪ Vestir o corpo com a vestimenta trazida pela família. ▪ Imobilizar mandíbula, pés, mãos, usando ataduras. ▪ Colocar o corpo sobre a maca, sem colchão, cobri-lo com lençol. ▪ Desprezar luvas e avental, reunir todo os material para colocação no ramper. ▪ Higienizar as mãos cuidadosamente. ▪ Providenciar que seja realizado o transporte do corpo ao necrotério. ▪ Anotar no prontuário todos os procedimento realizados e material utilizado neste procedimento. Enfermagem Módulo 1 5 Se o paciente fizer uso de próteses colocá-la imediatamente após o óbito. Manter pálpebras fechadas, com a fita adesiva. O corpo não deverá ser tamponado quando houver restrição religiosa (judaica) ou se houver necessidade de necropsia. 8.2 Comissão de Controle de Infecção Hospitalar A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar é um grupo de profissionais de saúde, de nível superior e técnico, formalmente constituído para planejar, elaborar, implementar, manter, e avaliar o Programa de Controle de Infecção Hospitalar adequado às necessidades da instituição. Este grupo de profissionais desenvolve ações visando a prevenção e a redução da incidência de infecção hospitalar. Esta comissão é formada por médico infectologista, enfermeiro, farmacêutico, biomédico, e técnicos de enfermagem. Esta equipe é responsável por todo o planejamento das atividades de prevenção e controle das infecções de toda a instituição. 8.2.1 Infecção Hospitalar Infecção é uma ação exercida no organismo decorrente da presença de agentes patogênicos, podendo ser por bactérias, vírus, fungos ou protozoários. Infecção Hospitalar (IH) é a infecção adquirida após a admissão do paciente na Unidade Hospitalar e que se manifesta durante a internação ou após a alta. A infecção hospitalar poderá surgir mesmo após a alta, e estar relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares realizados. Finalidade da CCIH: ▪ Detectar casos de infecção hospitalar, seguindo critérios de diagnósticos previamente estabelecidos. ▪ Conhecer as principais infecções hospitalares detectadas no serviço e definir se a ocorrência destes episódios de infecção estão dentro dos parâmetros aceitáveis. ▪ Elaborar normas de padronização para os procedimentos realizados na instituição, visando protocolo de técnicas assépticas. ▪ Colaborar no treinamento de todos os profissionais da saúde no que se refere à prevenção e controle das infecções hospitalares. ▪ Realizar controle da prescrição de antibióticos, evitando que os mesmos sejam utilizados de maneira descontroladas no hospital. ▪ Recomendar medidas de isolamento no caso de doenças transmissíveis, quando se tratar de pacientes hospitalizados, ou em caso de bactérias multirresistentes. ▪ Oferecer apoio técnico à administração hospitalar para a aquisição correta de materiais e equipamentos e para o planejamento adequado da área física das unidades de saúde. A Técnica Asséptica é um método utilizado para manipular produtos estéreis a fim de manter a sua esterilidade (total ausência de contaminação). Este método refere-se a uma série de procedimentos que evitam a contaminação por microrganismos. 8.2.2 Normas Básicas de Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar A equipe de saúde tem importante papel na cadeia de transmissão da infecção hospitalar ou domiciliar. As práticas adotadas para sua prevenção visam controlar a propagação de microrganismos que habitam o ambiente hospitalar e diminuir os riscos do paciente vir a adquirir uma infecção. Por outro lado, tanto as medidas gerais como as específicas de prevenção e controle de infecção implantadas na instituição, também se direcionam à proteger o próprio trabalhador que ali desempenha sua função, quer seja, prestando assistência direta ao paciente, como no caso do auxiliar de enfermagem ou do enfermeiro, quer seja indiretamente, como o funcionário da higiene hospitalar, da lavanderia ou da nutrição e dietética. Toda a equipe de saúde tem responsabilidade com à prevenção da infecção hospitalar, devendo fazer correto uso das técnicas assépticas, dos equipamentos de proteção individual (EPI) e ou coletivo (EPC), quando necessário. Por sua vez, o empregador tem a responsabilidade de disponibilizar os recursos necessários à efetivação desses cuidados. As medidas que visam reduzir e prevenir o crescimento de microrganismos em tecidos vivos são denominadas antissepsia. A adesão da equipe às medidas gerais de prevenção e controle de infecção ainda dependem da conscientização e mudança de hábitos dos profissionais. Medidas de prevenção e controle de infecção hospitalar: ▪ Lavar sempre as mãos antes de realizar qualquer procedimento é um dos mais importantes meios para prevenir a infecção cruzada; ▪ Manter os cabelos longos presos durante o trabalho, pois quando soltos acumulam sujidades, poeira e microrganismos, favorecendo a contaminação do paciente e do próprio profissional; ▪ Manter as unhas curtas e aparadas, pois as longas facilitam o acúmulo de sujidades e microrganismos; ▪ Evitar o uso de joias e bijuterias, como anéis, pulseiras e demais adornos, que podem constituir-se em possíveis fontes de infecção pela facilidade de albergarem microrganismos em seus sulcos e reentrâncias, bem como na pele subjacente; ▪ Não encostar ou sentar-se em superfícies com potencial de contaminação, como macas e camas de pacientes, pois isto favorece a disseminação de microrganismos. Equipamentos de proteção são aqueles destinados a proteger o profissional durante o exercício de suas atividades, visando reduzir riscos. Podem ser individuais (EPI), como máscaras, luvas, botas, ou coletivos (EPC), como a caixa própria para desprezar materiais perfurocortantes. Assepsia, Antissepsia, Desinfecção, Descontaminação e Esterilização A prevenção e o controle da infecção fundamentam-se nos princípios de assepsia, Enfermagem Módulo 1 7 mediante a utilização de medidas para impedir a penetração de microrganismos (contaminação) em local onde não estejam presentes. As técnicas de assepsia devem ser utilizadas por todos os profissionais de saúde em todos os procedimentos, e são agrupadas sob a denominação de assepsia médica e cirúrgica. A primeira refere-se às medidas adotadas para reduzir o número de microrganismos e evitar sua disseminação; a segunda, para impedir a contaminação de uma área ou objeto estéril. Antissepsia são as medidas que visam reduzir e prevenir o crescimento de microrganismos em tecidos vivos. Desinfecção é o processo de destruição de microrganismos em estado vegetativo (comexceção das formas esporuladas, resistentes ao processo) utilizando-se agentes físicos ou químicos. O termo desinfecção é aplicado tanto no caso de artigos, quanto de superfícies ambientais. A desinfecção pode ser de: ▪ Alto nível: quando há eliminação de todos os microrganismos e de alguns esporos bacterianos; ▪ Nível intermediário ou médio: quando há eliminação de microbactérias (bacilo da tuberculose), bactérias na forma vegetativa, muitos vírus e fungos, porém não de esporos; ▪ Baixo nível: quando há eliminação de bactérias e alguns fungos e vírus, porém sem destruição de microbactérias, nem de esporos. Os processos físicos de desinfecção são a pasteurização - que é realizada em lavadoras automáticas, com exposição do artigo em água a temperaturas de aproximadamente 60°C a 90°C por 10 a 30 minutos, indicada para a desinfecção de circuitos de respiradores - e a água em ebulição ou fervura é utilizada para desinfecção de alto nível em artigos termorresistentes. Descontaminação é o processo que visa destruir microrganismos patogênicos, em artigos contaminados ou em superfície ambiental, tornando-os, consequentemente, seguros ao manuseio. Pode ser realizada por processo químico, no qual os artigos são imersos em solução desinfetante antes de se proceder a limpeza; por processo mecânico, utilizando-se máquina termodesinfectadora ou similar; ou por processo físico, indicando-se a imersão do artigo em água fervente durante 30 minutos - método não indicado, pois, há impregnação de matéria orgânica quando aplicado a artigos sujos. Esterilização é o processo utilizado para destruir todas as formas de vida microbiana, por meio do uso de agentes físicos: Vapor Saturado sobre Pressão: Autoclave; Vapor Seco: Estufa; Esterilização Química: óxido de etileno, plasma de peróxido de hidrogênio, formaldeído, glutaraldeído e ácido peracético. A esterilização pelo vapor saturado sob pressão é realizada em autoclave, que conjuga calor, umidade, tempo e pressão para destruir os microrganismos. Podem ser esterilizados artigos de superfície como instrumentais, baldes e bacias e artigos de espessura como campos cirúrgicos, aventais e compressas, e artigos críticos e semicríticos termoresistentes e líquidos. Limpeza: É o ato de remover a sujidade por meio de fricção e uso de água e sabão ou soluções detergentes. De maneira geral, a limpeza é suficiente para reduzir os microrganismos existentes nas superfícies hospitalares, reservando-se os processos de desinfecção e descontaminação para as áreas onde há deposição de matéria orgânica. A limpeza pode ser: ▪ Limpeza Concorrente: É feito diariamente e consiste na limpeza do piso, remoção de poeira do mobiliário, limpeza completa do sanitário, reposição de material de higiene e recolhimento do lixo, repetido conforme a necessidade. ▪ Limpeza Terminal: É realizada periodicamente, de acordo com a área de risco do hospital, consiste na limpeza de paredes, pisos, tetos, janelas, portas e sanitários. Ela é utilizada após a alta do paciente, ou quando este demora muito no internamento convém realizar a remoção para outro leito para ser realizado este procedimento de limpeza. Para a descontaminação, indica-se a aplicação de desinfetante sobre a matéria orgânica; em seguida, aguardar o tempo de ação, remover o conteúdo descontaminado com papel absorvente ou tecidos e realizar a limpeza com água e solução detergente. Na desinfecção, remover a matéria orgânica com papel absorvente ou tecidos, aplicar o desinfetante sobre a área atingida, aguardar o tempo de ação, remover o desinfetante com papel absorvente ou pano e realizar a limpeza com água e solução detergente. O desinfetante habitualmente utilizado para a descontaminação e desinfecção de superfícies é o cloro orgânico (clorocide) ou inorgânico (hipoclorito de sódio a 1%), com tempo de exposição de 10 minutos. Importância da lavagem das mãos na prevenção de infecção: No dia a dia de nosso trabalho executamos grande variedade de procedimentos, muitos deles repetidas vezes. Em geral, a importância que lhes é dada associa-se ao grau de complexidade, à tecnologia envolvida, à capacidade de provocar danos ou complicações ao paciente e à frequência de realização. Existe pequena adesão dos profissionais da área de saúde em relação esta prática, de lavagem das mãos. Este habito é muito saudável e tem grande repercussão na pratica social. A principal via de transmissão das infecções hospitalares são as mãos, em geral da equipe de saúde, sua adequada lavagem é de grande importância. Sua finalidade consiste em eliminar microrganismos, consequentemente evitar propagação de infecções, eliminar da pele substâncias tóxicas e medicamentosas e proteger-se contra agressões do meio. A lavagem das mãos é de extrema importância para a segurança do paciente e do Enfermagem Módulo 1 9 próprio profissional, haja vista que, no hospital, a disseminação de microrganismos ocorre principalmente de pessoa para pessoa, através das mãos. Técnica de Lavagem das Mãos: Para que a lavagem das mãos seja eficaz, faz-se necessário utilizar uma técnica apropriada para a remoção mecânica da sujidade, suor, células mortas e microrganismos transitórios em todas as partes da mão: palma, dorso, espaços interdigitais, unhas e punhos. Visando evitar contaminação durante o processo, antes de iniciar a lavagem das mãos devem ser retirados objetos como anéis, pulseiras e relógio de pulso. Preferencialmente, utilizar sabão líquido, pois o sabão em barra facilmente se torna meio de contaminação. Outro cuidado adicional é evitar que, durante a lavagem, as mãos entrem em contato direto com a pia. Para uma lavagem adequada das mãos deve-se, após molhá-las e colocar o sabão, e seguir a sequência dos movimentos representados na figura 1 (8): Figura 1(8) – Técnicas de lavagem de mãos Fonte: Elaborada pelo autor (2015) Passos da lavagem das mãos 1- Abrir a torneira. 2- Umedecer as mãos. 3- Acionar o dispensador de sabão líquido e umedecer as palmas das mãos. 4- Espalhar a solução fazendo movimentos de fricção com as palmas das mãos. 5- Fechar a torneira e a seguir ensaboá-la e esfregá-la. 6- Friccionar o punho com movimentos rotatórios com o auxílio da palma da mão oposta. 7- Repetir o movimento no punho oposto. 8- Friccionar o dorso das mãos com auxílio da mão oposta. 9- Repetir o movimento para a mão oposta. 10- Unir as palmas das mãos, friccionando-as. 11- Friccionar a região perineal dos dedos da mão com as pontas dos dedos da mão oposta. 12- Repetir o movimento para a outra mão. 13- Abrir a torneira. 14- Enxaguar as mãos iniciando pelo punho sem repetir os movimentos. 15- Enxaguar a torneira e fechá-la. 16- Pegar o papel toalha e enxugar as mãos, seguindo a mesma sequência da lavagem ou posteriormente utilizar álcool glicerinado. 17- Desprezar o papel toalha. O processo de fricção repetida deve ser realizado com as mãos e os antebraços voltados para baixo, evitando-se que o sabão e a água, já sujos, retornem às áreas limpas. Cinco fricções de cada tipo são suficientes para remover mecanicamente os microrganismos. Após esse processo, as mãos não devem ser enxaguadas em água corrente, mas sim posicionadas sob a torneira com os dedos voltados para cima, de modo que a água escorra das mãos para os punhos. Após a lavagem, mantendo os dedos voltados para cima, secar as mãos com papel-toalha descartável, começando pelas mãos e, depois, os antebraços. O uso de sabão é suficiente para a lavagem rotineira das mãos. Em situações especiais, como surtos de infecção ou isolamento de microrganismo multirresistente, seguir as orientações do setor responsável pela prevenção e controle de infecção hospitalar. Atenção: o uso do álcool gel não substitui a lavagem das mãos com água e sabão! Uso de Luvas - Luvas Esterilizadas e de Procedimentos: Outra barreirautilizada para o controle da disseminação de microrganismos no ambiente hospitalar são as luvas, esterilizadas ou não, indicadas para proteger o paciente e o profissional de contaminação. As luvas esterilizadas, denominadas luvas cirúrgicas, são indicadas para a realização de procedimentos invasivos ou manipulação de material estéril, impedindo a deposição de microrganismos no local. Exemplos: cirurgias, suturas, curativos, cateterismo vesical, dentre outros. As luvas de procedimento são limpas, porém não esterilizadas, e seu uso é indicado para proteger o profissional durante a manipulação de material, quando do contato com superfícies contaminadas ou durante a execução de procedimentos com risco de exposição a sangue, fluidos corpóreos e secreções. Ex.: para realizar coleta de sangue e para realizar o banho no leito, dentre outros. Não há nenhum cuidado especial para calçá- las, porém devem ser removidas da mesma maneira que a luva estéril, para evitar que o profissional se contamine. Técnica de calçar e descalçar luvas estéreis: ▪ Verifique se a numeração corresponda ao tamanho da sua mão. ▪ Abra o pacote de luvas posicionando a abertura do envelope para cima e o punho em sua direção. ▪ Toque somente a parte externa do pacote, mantendo estéreis a luva e a área interna do pacote. ▪ Segure a luva pela dobra do punho, pois é a parte que irá se aderir à pele ao Enfermagem Módulo 1 11 calçá-la, única face que pode ser tocada com a mão não-enluvada - desta forma, sua parte externa se mantém estéril. ▪ Para pegar a outra luva, introduza os dedos da mão enluvada sob a dobra do punho e calce-a, ajustando-a pela face externa. ▪ Calçando a luva, mantenha distância dos mobiliários e as mãos em nível mais elevado, evitando a contaminação externa da mesma. Figura 2 (8) - Calçando Luvas Estéreis Fonte: Elaborado pelo autor (2015) Após o uso, as luvas estão contaminadas. Durante sua retirada, a face externa não deve tocar a pele. Para que isto não ocorra, puxe a primeira luva em direção aos dedos, segurando-a na altura do punho com a mão enluvada; em seguida, remova a segunda luva, segurando-a pela parte interna do punho e puxando-a em direção aos dedos. Esta face deve ser mantida voltada para dentro para evitar auto contaminação e infecção hospitalar. Figura 3 (8) - Retirando Luvas Estéreis Fonte: Elaborado pelo autor (2015) 8.3 Necessidades Humanas Básicas - A teoria de Wanda Horta Wanda Horta, foi uma notável professora, que buscou ao longo de sua trajetória criar e transmitir um conceito de enfermagem que englobasse os aspectos, muitas vezes conflitantes, de arte humanitária, ciência e profissão. Adorava dar aulas que eram sempre enriquecidas por sua cultura geral e científica e seu maior prazer era acompanhar os estágios dos alunos. Ao retornar à Escola de Enfermagem da USP, em 1959, começa a desenvolver o núcleo central de seu trabalho que se constitui na elaboração de vasta fundamentação teórica para a enfermagem, culminando com a elaboração da Teoria das Necessidades Humanas Básicas. Essa teoria é considerada o ponto alto de seu trabalho, é a síntese da todas as suas pesquisas. A obra de Horta permite ser interpretada, na enfermagem brasileira, como um divisor de épocas - antes de se falar em teorias de enfermagem e depois, quando se fala sobre teorias de enfermagem construída por enfermeiros. Duas questões fundamentais foram perseguidas no trabalho de Wanda Horta. A primeira, a quem serve a enfermagem? Respondida finalmente em sua teoria como uma afirmação: "a enfermagem é um serviço prestado ao ser humano", e a segunda, com que se ocupa a enfermagem? Respondida então que "a enfermagem é parte integrante da equipe de saúde e como tal se ocupa em manter o equilíbrio dinâmico, prevenir desequilíbrios e reverter desequilíbrios em equilíbrio do ser humano". Em 1968 ela publica pela primeira vez seu próprio conceito de enfermagem: "Enfermagem é ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, de torná-lo independente desta assistência através da educação; de recuperar, manter e promover sua saúde, contando para isso com a colaboração de outros grupos profissionais". Suas realizações são tantas que se torna impossível enumerá-las. Que são necessidades humanas básicas? Há inúmeros conceitos, nenhum deles satisfaz plenamente, mas é possível estabelecer bases para futuras indagações, abordagens e reformulações. As necessidades não se manifestam, porém estão latentes e surgem com maior ou menor intensidade, dependendo do desequilíbrio instalado. São aquelas condições ou situações que o indivíduo, família e comunidade apresentam decorrentes do desequilíbrio de suas carências básicas que exijam uma resolução, podendo ser aparentes, conscientes, verbalizadas ou não. As necessidades são universais, portanto comuns a todos os seres humanos; o que varia de um indivíduo para outro é a sua manifestação e a maneira de satisfazê-la ou atendê- la. Inúmeros fatores interferem na manifestação e atendimento; entre eles podem-se citar: individualidade, idade, sexo, cultura, escolaridade, fatores socioeconômicos, o ciclo saúde- enfermidade, o ambiente físico. Veja no Quadro 1 (8) a seguir, a classificação das necessidades humanas básicas proposta por Wanda Horta. Quadro 1 (8) - Classificação das Necessidades Humanas Básicas CLASSIFICAÇÃO Necessidades psicobiológicas Necessidades psicosociais Oxigenação, hidratação, nutrição, eliminação, sono e repouso, exercício, sexualidade, abrigo, mecânica corporal, motilidade cuidado corporal, integridade cutâneo mucosa, integridade física, regulação térmica, hormonal, neurológica, hidrossalina, eletrolítica, imunológica, crescimento celular, percepção: olfativa, visual, auditiva, tátil, gustativa, dolorosa ambiente, terapêutica. Segurança, amor, liberdade, comunicação, criatividade, aprendizagem (educação à saúde), gregária, recreação, lazer, espaço, orientação no tempo e espaço, aceitação, autorrealização, autoestima, participação, autoimagem, atenção, necessidadse psicoespirituais, religiosa ou teológica, ética ou de filosofia de vida. Fonte: Elaborado pelo autor (2015) Enfermagem Módulo 1 13 Todas estas necessidades estão intimamente inter-relacionadas, uma vez que fazem parte de um todo, o ser humano. É fundamental que se integre o conceito holístico do homem, ele é um todo indivisível, não é soma de suas partes. Exemplos de manifestação de necessidades: Quando as necessidades se manifestam, são através de sinais e sintomas denominados problemas de enfermagem. A necessidade de oxigenação seria o processo de utilização de oxigênio nos fenômenos de oxirredução das atividades vitais. Estas manifestações podem ser evidenciadas pelos seguintes problemas de enfermagem: cianose, dispneia, lentidão, cansaço, fadiga, insegurança, coriza, tosse, hemorragia, sangramentos. A necessidade de amor é o processo dinâmico de troca de energia emocional positiva entre os seres vivos. Esta necessidade pode se manifestar por ansiedade, insegurança, tensão, rejeição, negativismo, indiferença, depressão, solidão, frustração, choro. Estes dois exemplos talvez possam ilustrar toda a complexidade do estudo da enfermagem. 8.3.1 Nutrição O corpo humano requer energia (calorias) para funcionar de maneira apropriada. Esta necessidade é atendida pela combinação de diferentes alimentos e levar em consideração a taxa de metabolismo basal (TMB), a atividade física do indivíduo, a ação dinâmico-específica dos alimentos e as necessidades adicionais em condições especiais como lesões ou doenças. O ser humano requer mais de 40 nutrientes, numa base regular, para manter a sua saúde. Tais nutrientes incluem: proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas, sais minerais, fibras e água. Através de uma alimentação saudável, bem balanceada e dos processosde digestão, absorção e metabolismo dos alimentos, a energia e os vários nutrientes necessários são obtidos adequadamente. O bom estado nutricional é um importante parâmetro da adequação nutricional e, sem dúvida, causa impacto na qualidade de vida do indivíduo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a maioria dos governos têm publicado recomendações de ingestão diária de nutrientes para indivíduos saudáveis, que, por sua vez, sofrem adaptações, para mais ou para menos, em situações de doença. Em situações normais, uma pessoa que mantém uma alimentação balanceada, intercalando e integrando os elementos da pirâmide alimentar, consegue suprir grande parte das necessidades nutricionais requeridas para o pleno funcionamento do organismo. Veja na figura 4(8) a seguir, a pirâmide alimentar: Figura 4 (8) - Pirâmide alimentar Fonte: Thais Arraes (2016) O profissional de enfermagem tem a responsabilidade de acompanhar seus clientes, tanto em seus domicílios quanto no hospital, preparando o ambiente e auxiliando- os durante as refeições. Os pacientes impossibilitados de alimentar-se sozinhos devem ser assistidos pela enfermagem, a qual deve providenciar os cuidados necessários de acordo com o grau de dependência existente. 8.3.2 Hidratação A água é o líquido fundamental para a vida. O corpo humano é constituído de mais de 60% de água, o que faz dela um nutriente indispensável à saúde. Todo o funcionamento do organismo depende da água. Além de distribuir os nutrientes pelos diferentes órgãos do corpo, a água ajuda a regular a temperatura do corpo, eliminar as toxinas através da urina e da transpiração e a estimular o trânsito intestinal. Sendo assim, quando há pouca água no corpo, o organismo sofre prejuízos. Nosso organismo necessita repor a água perdida diariamente. Eliminamos cerca de dois litros através da urina, do suor e das fezes. Se essa quantidade de líquido não for reposta, entramos num processo de desidratação e intoxicação. E não é só isso: quando ingerimos um alimento, parte dele é absorvido pelo nosso organismo (as proteínas, as gorduras e o açúcar). Os restos, as toxinas, são eliminados pela urina. O órgão responsável por esse trabalho é o rim. Se ingerirmos pouco líquido, o rim fica sobrecarregado e não têm as condições ideais para realizar esse processo de filtração. Nesse processo perdemos também sais minerais, principalmente potássio e sódio. Então, se por um lado é preciso tomar água para facilitar a filtração pelos rins, por outro, ela não pode ser ingerida em Enfermagem Módulo 1 15 excesso para que a perda de sais minerais não seja grande. Apesar de a quantidade depender da temperatura do dia, da intensidade da atividade que se realiza, do tipo de trabalho, se exposto ao sol ou não, os especialistas aconselham a ingestão de no mínimo dois litros de água por dia. Os dois litros de água recomendados devem ser ingeridos em quantidades e intervalos regulares. A sede, que é causada pela baixa quantidade de água dentro das células, diminuindo a eliminação de água pelos rins e por meio da saliva, é um sinal do organismo indicando que o indivíduo deve beber água. 8.3.3 Eliminações Nosso organismo possui um sistema de purificação e eliminação de toxinas para manter sua higiene interna. Este sistema funciona lançando ao meio externo o produto final e indesejável do organismo, ou seja, todo o material que não foi absorvido e aproveitado da alimentação e respiração. A eliminação deficiente faz com que o sangue que circula fique intoxicado, e este, ao banhar áreas mais frágeis, favorecerá a assimilação de material tóxico por células deficientes, facilitando a formação de doenças. Isto gera um desequilíbrio no organismo. Quando a eliminação está equilibrada e adequada às necessidades da pessoa, o material tóxico acumulado em áreas sensíveis do corpo é eliminado com maior rapidez, promovendo o equilíbrio orgânico e ativando a renovação celular por células mais fortes e saudáveis. O intestino grosso é o local onde as toxinas são eliminadas. Por este motivo, o consideramos como ponto de partida de todas as enfermidades. As toxinas não eliminadas favorecem o surgimento de bactérias, fungos vivos e vermes, que povoarão e causarão um desequilíbrio no intestino. O rim tem habitualmente duas funções principais: a eliminação dos produtos tóxicos e o controle das concentrações dos constituintes da linfa, sangue, líquido extracelular. O sistema urinário tem importante papel para a manutenção da acidez do organismo. Quando determinado organismo tem uma produção exagerada de ácido, temos como consequência, sobrecarga na função de eliminação dos rins, dificultando e levando à exaustão. Para preservar a função renal contribuindo para facilitar o processo de eliminação de produtos tóxicos, devemos beber bastante água. 8.3.4 Higiene As mudanças dos hábitos de higiene na evolução humana são um dos fatores mais significativos para que o homem de hoje tenha uma maior longevidade. Com o passar do tempo ele aprendeu os padrões nutritivos de sua alimentação e a cuidar melhor da higiene de seu corpo, assim, várias doenças causadas pela ingestão de alimentos contaminados e a falta de higiene diminuíram sensivelmente, levando-o a melhorar a sua qualidade de vida. A higiene pessoal é muito importante para a saúde do indivíduo e, também, para o seu relacionamento com a sociedade. O asseio com o corpo, ou a falta dele, demonstra o grau de compromisso que o indivíduo tem consigo mesmo. Uma pessoa asseada é facilmente aceita pelos demais membros de seu grupo social, tem sua autoestima elevada e, consequentemente, vive mais feliz. Diferente de uma pessoa sem zelo com o seu próprio corpo, que pode ficar com sua autoestima baixa, além de sofrer perseguições e apelidos por parte dos seus companheiros. A higiene pessoal é também uma forma eficaz para evitarmos algumas doenças e vivermos com mais saúde. Se não cuidarmos devidamente da limpeza de nosso corpo, ficamos expostos aos microrganismos que são nocivos à saúde humana. As doenças e problemas mais frequentes decorrente da falta de higiene são: ▪ Micoses - manchas brancas ou vermelhas que surgem na pele, podem resultar da falta de asseio; ▪ Pé-de-atleta - tipo de micose que acomete os dedos e se propaga para a planta dos pés, provocando coceiras. A contaminação ocorre quando a pessoa caminha descalça em pisos úmidos e sujos; ▪ Piolhos - parasitas que atacam o couro cabeludo, a ação dos piolhos provoca coceira; ▪ Mau hálito é provocado, dentre outros fatores, pela presença de restos de alimentos entre os dentes; etc. Portanto, adotar hábitos de higiene é trabalhar pela saúde individual e coletiva, evitando assim, transtornos e gastos com consultas a especialistas da área de Saúde e medicamentos. 8.3.5 Sono e Repouso Sono é o nome dado ao repouso que fazemos em períodos de cerca de 8 horas em intervalos de cerca de 24 horas. Durante esse período nosso organismo realiza funções importantíssimas com consequências diretas à saúde. Funções do sono: O sono é uma necessidade humana básica, mas muitas pessoas sabem muito pouco sobre o sono e a sua importância e tentam se manter com poucas horas de sono. Apesar das razões exatas para a existência do sono permanecerem um mistério, sabemos que durante o sono muitos dos principais órgãos do corpo e sistemas regulatórios continuam a trabalhar ativamente. Na realidade, algumas partes do corpo aumentam a sua atividade de forma acentuada e o organismo produz maior quantidade de determinados hormônios. Durante o sono, o cérebro classifica e armazena memórias e o corpo se recupera dos desgastes do dia. Dormir bem é essencial não apenas para ficar acordado no dia seguinte, mas, para manter-se saudável e melhorar a qualidade de vida. Nosso desempenho físico e mental está diretamente ligado a uma boa noite de sono. O efeito deuma madrugada em claro é semelhante ao de uma embriaguez leve: a coordenação motora é prejudicada e a capacidade de raciocínio fica comprometida, ou seja, sem o merecido descanso o organismo Enfermagem Módulo 1 17 deixa de cumprir uma série de tarefas importantíssimas. Na infância, cerca de 90% do hormônio do crescimento é liberado durante o sono, crianças que dormem mal têm mais chances de ter problemas no seu desenvolvimento físico. O hormônio do crescimento continua sendo liberado mesmo na fase adulta. Embora em doses menores, isso continua ocorrendo durante o sono. Em pessoas adultas ele evita a flacidez muscular e garante vigor físico. Em estudo realizado pela Universidade de Chicago – EUA, onze pessoas com idades entre 18 e 27 anos foram impedidas de dormir mais de quatro horas durante seis dias. O efeito foi assustador. No final do período, o funcionamento do organismo delas era comparado ao de uma pessoa de 60 anos de idade. E os níveis de insulina eram semelhantes aos dos portadores de diabetes. O sono também contribui para o bem-estar mental e emocional. Pessoas que conseguem dormir bem possuem uma maior capacidade de concentração, autocontrole e realização de tarefas pessoais e profissionais. Dormir pouco altera negativamente a capacidade de concentração, aprendizagem, raciocínio lógico e memória do indivíduo. Em relação à quantidade de horas de sono necessárias para um repouso adequado, não existe um consenso entre os especialistas, mas é comum em torno de sete horas de sono. Fatores que influenciam a qualidade do sono: As interferências ao sono poderiam ser classificadas em externas e orgânicas. Como exemplos de interferências externas poderíamos citar os trabalhos noturnos ou turnos rotativos, os eventuais problemas com fusos horários, em casos de viagens; as pessoas chamadas de corujas, que possuem mais energia ao entardecer e as chamadas de cotovias, deitam-se muito cedo e dormem cada vez menos com o passar do tempo. Para exemplificar interferências orgânicas ou distúrbios do sono, podemos citar o ronco, a apneia, a insônia, a narcolepsia, o bruxismo, a síndrome das pernas inquietas e outras. O ronco e o bruxismo, geralmente, incomodam mais quem dorme nas proximidades do que quem apresenta o quadro clínico. A apneia é o fechamento – colabamento - da passagem de ar ao nível da garganta pelos próprios tecidos da mesma, por isso frequentemente está associada ao ronco, com consequente parada da respiração. Esse fechamento pode demorar vários segundos e até mesmo causar a morte súbita. Quem possui essa disfunção nem sempre a percebe e apresenta noites com “dorme e acorda” que podem chegar a 300 vezes. O ronco e a apneia podem ser evitados. Algumas providências podem ser tomadas como desde um posicionamento correto na cama à eliminação do hábito de tomar bebidas alcoólicas antes de dormir. A perda de peso pode eliminar depósitos de gordura na região do pescoço que são prejudiciais à passagem de ar, mas, alguns casos persistem e necessitam de tratamento. A necessidade de sono e repouso está afetada principalmente no pós-operatório imediato, de pacientes submetidos à procedimentos cirúrgicos na laringe, devido à frequência de acessos de tosse e ao aumento da produção de secreções brônquicas. Também outros fatores decorrentes da cirurgia podem influenciar o repouso dos laringectomizados no pós-operatório imediato, como a dor e a rigidez muscular cervical. Para ajudar o laringectomizado a satisfazer esta necessidade, a enfermagem deve gerir os períodos de repouso com a administração de analgésicos, antitússicos e indutores do sono, quando estes estiverem prescritos.O papel da enfermagem Para promover um sono repousante normal para os clientes, o enfermeiro deve avaliar seus padrões de sono através do histórico de enfermagem e assim, obterá informações a respeito dos fatores que podem estar influenciando o sono. Após identificar estes o enfermeiro deve realizar prescrições de enfermagem, que deverão ser realizadas por toda equipe, para tentar atender à necessidade do cliente. Estas prescrições consistem basicamente em orientações para melhorar o padrão de sono, e toda a equipe de enfermagem pode e deve fornecer estas orientações. Abaixo, são listadas prescrições de enfermagem para o diagnóstico de Padrão do Sono Perturbado. ▪ Manter regularidade no horário de dormir e acordar. ▪ Não compensar uma noite mal dormida com prolongamento do sono pela manhã ou com cochilos diurnos. ▪ Utilizar o quarto apenas para dormir ou para as relações íntimas, evitar utilizá-lo para ler, ver televisão, comer... ▪ Evitar dormir com fome. Uma boa dica é beber um copo de leite morno. ▪ Evitar muitos líquidos a noite, pois ocorre a necessidade de urinar interrompendo a sequência do sono... ▪ Dar intervalo de duas horas entre a refeição e a hora de deitar. ▪ Evitar uso de estimulantes como café, chá preto, pois causa ansiedade e insônia. ▪ Tomar banho em temperatura agradável e fazer um pequeno lanche. Os níveis de ansiedade e stress induzidos pela doença oncológica, por cirurgias de grande porte, agendadas, afetam o sono do paciente e seus acompanhantes. O papel da enfermagem passa pela escuta ativa dos medos e receios do doente, tentando desmistificar a cirurgia, a patologia ou simplesmente permitindo que o cliente fale sobre seus problemas. Também podemos usar de recursos e técnicas de relaxamento, encaminhamento para a psicóloga, se necessário, juntamente com a administração da terapêutica indutora do sono prescrita, são estratégias recomendadas para ajudar o doente a satisfazer esta necessidade humana básica. Quem dorme pouco costuma ter menos vigor físico, envelhece mais precoce, está mais sujeito a infecções, obesidade, hipertensão e ao diabetes. A leptina, hormônio que controla a sensação de saciedade é liberado durante o sono, ou seja, quem dorme menos costuma comer mais e engordar mais, pois sente mais fome que as outras pessoas. Dormir pouco também contribui para o desenvolvimento da diabetes, pois a falta de sono inibe a produção de insulina, o que faz a taxa de açúcar no sangue subir e eleva a quantidade de cortisol, o hormônio do estresse. É por esse e outros motivos que é muito importante ter uma boa noite de sono todos os dias. Atenção: Não é benéfico esforçar-se para dormir. O esforço, usualmente é Enfermagem Módulo 1 19 acompanhado por ansiedade e estimulação que se traduzem em mais insônia. 8.3.6 Conforto do Paciente O bem-estar é elemento comum nas descrições de conforto, que pode ser definido como a experiência de ter atendidas as necessidades humanas básicas para alívio, calma e transcendência. Na medida em que o paciente não apresentar as suas necessidades básicas atendidas, se faz necessário a intervenção da enfermagem para maximizar o conforto. O conforto esperado em uma residência, é o mesmo desejado em um ambiente hospitalar, que deve incluir: espaço que permita a privacidade de seus moradores; aquecimento, no sentido de calor natural; calma e silêncio, e personalização, ou seja, torná-lo próprio de alguém. Alguns pacientes têm necessidade do toque e da conversa, bem como necessitam ser ouvidos. O relacionamento harmônico com os profissionais de saúde também influencia no conforto do paciente, pois este, precisa se sentir seguro. As situações de conforto para um paciente que irá submeter-se à cirurgia relacionam-se a visita da família, a ser bem medicado, a receber orientações, a visita e ao bom atendimento dos médicos e dos enfermeiros, a tranquilidade, a paz, a calma, a ausência de dor. Considerando a relação existente entre o conforto do paciente e o trabalho da enfermagem, e a constatação de que as ações de enfermagem devem procurar responder as expectativas dos pacientes, podemos perceber quais medidas devem ser adotadas para proporcionar este conforto, tais como: ▪ Ambiente limpo,arejado, em ordem, temperatura adequada e leito confortável; ▪ Boa postura do paciente: realizar mudança de decúbito; movimentação ativa ou passiva; ▪ Respeito quanto a individualidade do paciente; ▪ Inspirar sentimento de confiança, segurança e otimismo; ▪ Recreação através de atrativos. Exemplos: TV, grupos de conversa, trabalhos manuais, leituras. ▪ Realizar massagem de conforto; ▪ Realizar medidas para alívio da dor; ▪ Higiene corporal, sempre que necessário. Pacientes que permanecem muito tempo acamados requerem uma atenção especial, os inconscientes geralmente apresentam reflexos alterados, com diminuição ou abolição de movimentos voluntários. A imobilização pode facilitar complicações traqueobrônquicas; a circulação pode tornar-se deficiente em determinados pontos da área corpórea, onde sofrem maior pressão, provocando ulcerações; o relaxamento muscular e a posição incorreta dos vários segmentos do corpo pode provocar deformidades. A mudança de decúbito, exercícios passivos e massagem de conforto são medidas utilizadas para prevenir. Como colocar e retirar comadre do paciente acamado: Uma comadre hospitalar é um acessório que tem a função de ajudar pacientes acamados a fazerem as suas necessidade fisiológicas. Normalmente são feitos de plástico ou aço inoxidável. Para realizar este procedimento é necessário: Comadre, Papel higiênico, Biombos, Bacia com água morna, Toalha de banho e Sabonete. Técnica do procedimento 1- Lavar as mãos; 2- Identificar o paciente; 3- Cercar a cama com biombos; 4- Explicar ao paciente o que vai ser feito; 5- Reunir o material necessário junto a unidade; 6- Colocar as luvas de procedimento; 7- Aquecer a comadre (fazendo movimentos de fricção em sua superfície, com a extremidade sobre o lençol ou colocando-a em contato com água quente; 8- Pedir ao paciente para levantar os quadris e se ele estiver impossibilitado, levantar por ele, com a ajuda de outro funcionário da Enfermagem; 9- Colocar a comadre sob os quadris; 10- Deixar o paciente sozinho, sempre que possível; 11- Ficar por perto e voltar tão logo ele o chame; 12- Entregar papel higiênico ao paciente, orientando-o sobre a higiene intima e se necessário, realize por ele. 13- Se fezes, realizar a higiene dos genitais todas as vezes que se fizer necessário. 14- Pedir novamente ao paciente ajuda, que levante o quadril, colocando força na planta dos pés na cama, e se necessário, realize o procedimento com ajuda. 15- Retirar a comadre; após a higiene. 16- Fornecer bacia com água para que o paciente lave as mãos; 17- Fornecer toalha para que ele enxugue as mãos; 18- Lavar o material; 19- Colocar o material restante no lugar; 20- Deixar o paciente em posição confortável; 21- Desprezar as luvas e lavar as mãos; 22- Anotar no prontuário. Observação - Não deixar um paciente esperando pela comadre, por se tratar de um ato fisiológico a espera pode levar a angústia física e emocional, podendo ocorrer diminuição do tônus dos esfíncteres. Por se tratar de um momento íntimo, muitos pacientes tem que ficar sozinhos, pois se sentem inibidos, não conseguindo evacuar perto de outras pessoas. Massagem de conforto: É a massagem corporal realizada durante o banho de leito, e aconselhável ainda, após o uso de comadre e durante a mudança de decúbito. Tem a finalidade de estimular a circulação local, prevenir úlceras por pressão, proporcionar conforto, bem estar e possibilitar relaxamento muscular e reduzindo risco de atrofias em pacientes acamados. Para realizar este procedimento é necessário creme, para facilitar o deslizamento das mãos. Enfermagem Módulo 1 21 Técnica do procedimento: 1- Aproximar o paciente na lateral do leito, onde se encontra a pessoa que irá fazer a massagem; 2- Virar o paciente em decúbito ventral ou lateral; 3- Após lavar as costas, despejar na palma da mão pequena quantidade de creme; 4- Aplicar nas costas do paciente massageando com movimentos suaves e firmes, seguindo a seguinte orientação: a) Deslizar as mãos suavemente, começando pela base da espinha e massageando em direção ao centro, em volta dos ombros e dos lados das costas por quatro vezes; b) Realizar movimentos longos e suaves pelo centro e para cima da espinha, voltando para baixo com movimentos circulares por quatro vezes; c) Realizar movimentos longos e suaves pelo centro da espinha e para cima, retornando para baixo massageando com a palma da mão, executando círculos pequenos; d) Repetir os movimentos longos e suaves que deram início a massagem, por três a cinco minutos e continuar com o banho ou mudança de decúbito. 8.4 Anamnese Chama-se anamnese a entrevista realizada com o objetivo de conhecer o histórico relativo à saúde física e mental do paciente. A finalidade da anamnese é promover um intercâmbio das informações entre o paciente e a enfermagem e assim identificar os principais sinais e sintomas e a causa do problema. Para uma boa anamnese, é importante: ▪ Motivar o paciente a falar com perguntas abertas; ▪ Deixá-lo falar sem interromper a conversa antes que ele termine; ▪ Observar detalhes como: aparência, humor, fala. ▪ Evitar tranquilizar o paciente antes de identificar o problema; ▪ Demonstrar interesse e compreensão pelo que o paciente diz através de sua expressão facial, movimentos corporais e tom de voz. 8.4.1 Estrutura da Anamnese 1- Identificação ou dados bibliográficos - É importante para reconhecer quem é o paciente e a que possíveis doenças está exposto. ▪ Data e hora da entrevista; ▪ Nome; ▪ Endereço, Telefone, Idade, Raça, religião; ▪ Estado civil; ▪ Profissão. Repita as informações para verificar a exatidão. 2- Queixa principal e duração - Motivo pelo qual foi buscado o atendimento. ▪ Por que você procurou o hospital? (Motivo imediato pelo qual o paciente procurou o serviço de saúde). ▪ Há quanto tempo essa preocupação existe? (Estabeleça o momento exato do início da queixa). 3- História da doença atual - Tem a finalidade de ampliar a descrição da queixa principal e relacioná-la com outros sintomas. ▪ Modo como começou a doença (os sintomas), se súbito ou gradativo. ▪ Duração e frequência dos sintomas atuais. ▪ História de uma crise típica e com sintomas associados. ▪ Perguntar sobre tratamentos prévios e prescrições médica. 4- História patológica pregressa: ▪ Perguntas sobre a saúde do cliente antes da doença, muitas vezes a queixa é uma complicação de uma doença que já existia. ▪ Que doenças você sabe que possui? Desde quando? ▪ Já teve alguma doença infecciosa? (Sarampo, caxumba, pneumonia, tuberculose...) quais vacinas você já tomou? ▪ Já fez alguma cirurgia? Quando? Por quê? ▪ Já teve algum traumatismo, lesão? 5- História Familiar - Devemos conhecer a história familiar do cliente, pois há doenças com reconhecido fator genético importante, outras em que a convivência com pessoas afetadas aumenta a chance de contágio. Por isso perguntar sempre sobre: ▪ Estado de saúde dos pais e avós, ou causas de suas mortes. ▪ Doenças em filhos, irmãos e irmãs. ▪ Casos de doenças cardiovasculares, hipercolesterolemia, hipertensão arterial, diabetes e câncer na família. 6- História social - Procure saber um pouco sobre a rotina do seu cliente, gostos, dúvidas, relação com familiares, situação profissional e planos; além de fortalecer a relação com o paciente, alguns desses problemas podem ter grande impacto sobre a saúde do paciente. ▪ Ao fim, pergunte se há algo que o cliente queira dizer ou perguntar. Se necessário, confirme os dados. 8.5 Exame Físico Terminada a anamnese, passa-se a realização do exame físico. Contudo, isso não quer dizer que o examinador esteja proibido de continuar suas indagações. Pelo contrário, haverá sempre oportunidade para completar um ou outro ponto que não ficou bem Enfermagem Módulo 1 23 esclarecido. O exame físicodeve ser realizado na direção cefalocaudal (da cabeça aos pés), considerando os sistemas e vísceras nas diferentes regiões que devem ser avaliadas. Princípios gerais: o exame deve ser feito em local tranquilo e bem iluminado, respeitando a privacidade do cliente. Como em outros procedimentos, peça autorização do cliente e forneça informações do porquê e como será realizada cada etapa do exame. 8.5.1 Técnicas de Exames Físicos ▪ Inspeção: A inspeção consiste no processo de observação, um exame visual das partes do corpo. Com a inspeção pode-se dar conta do aspecto geral da área examinada e das características específicas em relação ao tamanho, forma, posição anatômica, textura, movimento e simetria. Devemos observar a postura, os movimentos corporais, condições de higiene e padrão de fala. A prática leva o profissional a perceber as variações de uma pessoa para a outra. ▪ Palpação: as mãos são nossos instrumentos de palpação, com elas nós percebemos alterações específicas com relação à forma, textura, espessura, sensibilidade e volume. Muitas vezes não podemos ver determinadas estruturas corporais, mas, com o toque podemos identificar alguma alteração como, por exemplo: tireoide ou linfonodos aumentados. ATENÇÃO: ao examinar o abdome, a ausculta deve ser feita antes da palpação e da percussão, para evitar alterações nos sons intestinais. ▪ Percussão: consiste em golpear a superfície do corpo com a ponta dos dedos para produzir som, avaliar o tamanho e consistência dos órgãos, bem como para descobrir líquidos nas cavidades corporais. Devemos observar o som e a resistência oferecida pela região golpeada. É uma prática que requer bastante habilidade. Os dois métodos de percussão são o direto e o indireto. O método direto envolve o golpeamento da região examinada diretamente com um ou dois dedos. O método indireto, é feito com o dedo indicador ou o dedo médio da mão dominante, pressionando-o firmemente sobre a zona a ser percutida. Com o dedo médio da outra mão, que deve estar um pouco flexionado, golpeia-se o dedo a ser percutido, produzindo-se os sons. São cinco os sons básicos da percussão: ▪ Timpânico: como um tambor (víscera vazia, exemplo: fundo do estômago) ▪ Ressonância: oco (pulmão normal) ▪ Hiper-ressonante: vibrante (pulmão enfisematoso); ▪ Maciço: sólido (víscera cheia, ou fígado); ▪ Som claro (submacicez): músculo. ▪ Ausculta: consiste em escutar sons produzidos por diferentes órgãos do corpo. É útil para avaliação dos sons emitidos pelo coração, pelos pulmões, pelos intestinos e vasos. O estudante deve primeiramente aprender os sons normais criados pelo sistema cardiovascular, respiratório e gastrintestinal. Os sons anormais podem ser reconhecidos apenas depois de aprendidas as variações normais. Para auscultar corretamente é necessário uma boa audição e um bom estetoscópio (que deve ser colocado na pele sem roupas, pois o tecido abafa os sons). É importante estar familiarizado com o estetoscópio, é proveitoso praticar seu uso com um amigo. A ausculta requer concentração e prática. Fechar os olhos pode ajudar a focalizar determinado som. Os exemplos de fenômenos acústicos clinicamente importantes, incluem os murmúrios vesiculares (sons percebidos durante a ausculta normal dos pulmões) e os ruídos adventícios (sons anormais durante a ausculta pulmonar). 8.5.2 Exame Físico Geral O exame físico geral constitui-se como importante ferramenta ao raciocínio clínico e a sua realização estreita a relação entre o profissional de saúde e o paciente/cliente. É fundamental que se realize de maneira completa, minuciosa e se peça permissão ao paciente para examiná-lo, fornecendo informações do porquê e como será realizada cada etapa do exame. O exame físico pode ser dividido em parâmetros qualitativos (subjetivos) e quantitativos (objetivos). Desta forma, a experiência, tanto para adquirir um padrão de normalidade como para obter maior precisão da técnica, será um fator que tornará o exame mais preciso. Parâmetros Qualitativos Dos parâmetros qualitativos, um dos primeiros a serem notados é o estado geral do paciente. Este pode ser bom, regular e mau (BEG, REG, MEG) levando-se em conta o contexto (ambulatório ou enfermaria, por exemplo). Um paciente que conversa normalmente sem sinais de doença grave, encontra-se em BEG. Já um paciente com alguma alteração de normalidade pode ser classificado em estado geral regular. Por fim, um paciente com doença debilitante, por exemplo, que não consiga nem se sentar, encontra-se em MEG. Em seguida avaliamos a coloração, se o paciente está corado (normocorado) ou não, descorado ou pálido (hipocorado). A presença de palidez é um sinal indireto da presença de anemia. Todavia, a simples observação da pele está sujeita a erros, já que no frio pode ocorrer vasoconstrição e a pele tornar-se pálida. Assim, um paciente que aparenta ter um grau leve de anemia seria classificado como descorado 3+/4+ (três cruzes em quatro). Esta graduação parte de um parâmetro pessoal e, portanto, sujeita a erros, nem sempre se correlacionando à medida laboratorial de hemoglobinas. O próximo sinal a ser observado é se há presença de icterícia. A icterícia significa um aumento de bilirrubinas no sangue, que pode ser devido a uma doença no fígado, entre outras coisas. Esta pode ser observada por uma coloração amarelada da pele, freio da língua e esclera do olho. De preferência procura-se observar o paciente na presença de luz natural, já que luzes artificiais podem diminuir a visão da cor amarelada da esclerótica. Por ser um sinal qualitativo, o grau de icterícia também é medido em cruzes, sendo uma para o Enfermagem Módulo 1 25 paciente levemente ictérico e quatro para aquele intensamente ictérico. Os pacientes que não apresentam icterícia são ditos anictéricos. Outro sinal importante é a presença de cianose, que se traduz por uma coloração azulada mais facilmente vista nos lábios, extremidades (leito ungueal-unhas), e pavilhões auriculares. A cianose ocorre por um aumento da concentração de hemoglobina reduzida (não ligada ao oxigênio) o que pode ser devido à uma má oxigenação do sangue. Se o paciente não apresenta cianose, é dito acianótico. Como nos outros sinais, o grau de cianose é aferido por cruzes, sendo uma, cianose leve e quatro, um grau mais importante. Hidratação é aferida pela observação da umidade das mucosas, principalmente oral e língua. Em um paciente hidratado, a pele tem turgor (consistência) elástico. Em idosos, pode ocorrer uma diminuição fisiológica da umidade da mucosa e a pele tem alteração do turgor, dificultando o achado de desidratação. Em criança, o turgor da pele pode ser notado fazendo-se uma prega no abdome e outro sinal de desidratação é a fontanela (moleira) deprimida. O nível de desidratação pode ser medido pelo sistema de cruzes indo de uma (quadro leve) à quatro (quadro grave). Deve-se ter em mente que dificilmente, um adulto consciente, com acesso a água e sem vômitos ou diarreia apresentará quadro de desidratação. Além da falta de hidratação, pode ocorrer o seu excesso, que é o chamado edema. Este pode ser notado ao realizar- se pressão na região pré-tibial e persistindo-se a impressão do dedo na pele. O edema ou inchaço, ocorre a partir do aumento da permeabilidade vascular aos componentes do sangue, o que leva ao extravasamento do líquido de dentro do vaso para o espaço intersticial extracelular (fora da célula). Parâmetros Quantitativos: Os parâmetros quantitativos incluem a medida do pulso, frequência respiratória, pressão arterial, temperatura, peso e altura. A descrição detalhada destes parâmetros encontram-se logo abaixo. ▪ Medidas Antropométricas - É o ato de verificar peso e altura. Tem a finalidade de acompanhar o crescimento pôndero-estatural, detectar variações patológicas do equilíbrio entre peso e altura. Método de verificaçãodo peso: ▪ Forrar a balança com papel toalha; ▪ Regular ou tarar a balança; ▪ Solicitar ao paciente que use roupas leves ; ▪ Auxiliar o paciente a subir na balança, sem calçados, colocando-o no centro da mesma, com os pés unidos e os braços soltos ao lado do corpo; ▪ Mover o indicador de quilos até a marca do peso aproximado do paciente; ▪ Mover o indicador de gramas até equilibrar o fiel da balança; ▪ Ler e anotar o peso indicado na escala; ▪ Auxiliar o paciente a descer da balança; ▪ Colocar os mostradores em zero e travar a balança. Método de verificação de estatura: ▪ Colocar o paciente de costas para a escala de medida; ▪ Suspender a escala métrica, fazendo com que a haste repouse sobre a cabeça do paciente; ▪ Manter o paciente em posição ereta, com a cabeça em posição anatômica com os pés unidos; ▪ Travar a haste; ▪ Auxiliar o paciente a descer da balança; ▪ Realizar a leitura e anotar. ▪ Destravar e descer a haste Observação: Para verificação de peso e estatura de crianças existem balança e régua apropriada, onde a criança permanece deitada. ▪ Balanço Hídrico - Balanço hídrico é o processo de observação e registro da quantidade de líquidos administrados e eliminados pelo paciente no período de 24 horas, com o objetivo de verificar perdas e/ou ganhos de líquidos e eletrólitos. A manutenção da quantidade adequada de líquidos no organismo e de seus elementos são fatores essenciais para a vida, pois os líquidos correspondem aproximadamente 50 a 70% do peso corporal exercendo um papel importante no organismo, como: ▪ Transporte de oxigênio e nutrientes para a célula e remoção dos produtos de degradação. ▪ Manutenção do equilíbrio físico e químico. A eliminação de líquidos é denominada perda sensível (mensurável, que podemos medir) e perda insensível (não mensurável). A água é eliminada do organismo pela pele, quando transpiramos, pelos rins, quando urinamos, pelo intestino, através das fezes e pelos pulmões durante as respirações. Aproximadamente 300 a 500 ml são eliminados pelos pulmões em 24 horas e aproximadamente 500ml/dia de água são eliminados pela pele através da transpiração. A quantidade de perda insensível, em um adulto, é de aproximadamente 500 a 1.000 ml/dia. As perdas por via gastrintestinal são apenas de 100 a 200 ml/dia aproximadamente, devido à reabsorção da maior parte do líquido que ocorre no intestino delgado. O aumento de perdas pelo trato gastrintestinal pode ocorrer em casos de diarreia. Perdas significantes pela transpiração ocorrem se a temperatura do paciente excede 38,3°C ou se a temperatura ambiental for superior a 35°C. O interior do organismo necessita manter a homeostase, ou seja o equilíbrio, para isso, o ganho e perda de líquidos deve ser relativamente iguais em Enfermagem Módulo 1 27 indivíduos saudáveis. O controle diário de peso de pacientes com desequilíbrios hídricos é de fundamental importância. A medida verificada do peso corporal é o melhor indicador de ganhos e perdas realizado no balanço hídrico. Uma perda ou um ganho de 1Kg reflete uma perda ou ganho de 1 litro de água corporal. Líquidos Administrados: ▪ Soros; ▪ Medicações EV; ▪ Diluição de medicações (EV e VO); ▪ Sangue e derivados; ▪ Medicações VO líquidas (nistatina, óleo mineral); ▪ Controle de líquidos fornecido pela copa (ver coerência em relação à aceitação); ▪ Sonda nasoenteral: dieta. Líquidos Eliminados: ▪ Urina; ▪ Fezes (diarreia); ▪ Vômitos; ▪ Drenagens ▪ Sangramentos. Medidas Importantes ao Controle: ▪ Aspecto (acolia, melena, com sangue) e quantidade das fezes (P, M, G). Medir as diarreias; ▪ Quantidade e aspecto da diurese. Pesar as fraldas; ▪ Em caso de vômito, anotar o aspecto (alimentar, sialorreia, etc.); ▪ Aspecto das drenagens: Se mais de dois drenos, especificar a drenagem de cada um; ▪ Pesar os curativos quando houver sangramentos ou ascite volumosos; ▪ Todas as medicações EV devem ser registradas. Quando fechar o Balanço Hídrico? ▪ O balanço hídrico parcial deve ser fechado sempre as 06, 12, 18 e 24 horas. O balanço hídrico total deve ser fechado às 24 horas pelo enfermeiro responsável. Em muitas instituições este balanço é realizado no horário das 7h da manhã e à noite as 19h. Como fechar o Balanço Parcial? ▪ Devemos somar todos os líquidos administrados e somar todos os líquidos eliminados. Após fazer a subtração dos líquidos eliminados dos líquidos administrados. ▪ Colocaremos o sinal de “+” se o líquido administrado for maior que o líquido eliminado. Colocaremos o sinal de “-” se o líquido eliminado for maior que o líquido administrado. Onde anotar? ▪ Devemos anotar os valores corretamente na folha de sinais vitais. Coleta de Materiais para Exames: Os exames de laboratórios destinam-se a complementação diagnóstica e assumem importância considerável, desde que observadas as normas corretas da coleta do material. Geralmente cabe à enfermagem, o preparo do paciente, a obtenção e encaminhamentos de amostras de urina, fezes e escarro. Em muitos serviços, apenas a coleta de exsudatos e sangue é feita pelo pessoal do laboratório. Normas gerais: ▪ Informar o paciente sobre o exame que deverá ser feito, suas finalidades, métodos de coleta e necessidade de sua colaboração, minimizando preocupações e ansiedade na realização dos mesmos. ▪ Empregar frascos ou recipientes adequados e com tampas perfeitamente ajustáveis. ▪ Lavar as mãos antes e após a coleta do material e usar luvas. ▪ Rotular o frasco com etiqueta, onde deve constar: nome do paciente, n° do registro geral, número da enfermaria, leito, exame solicitado, data e hora da coleta, médico requisitante, pessoa responsável pela coleta do material e caso haja necessidade de mais amostras, numerar os frascos. ▪ Manter a parte externa dos frascos limpos e pedir ao paciente que não os contamine. ▪ Todo material coletado deve seguir imediatamente para o laboratório, acompanhado da respectiva requisição. ▪ Efetuar registro no prontuário do paciente, constando, horário, tipo de material colhido e exame solicitado. Coleta de Urina: Urina Tipo I - Amostra ideal para exame de rotina ou Tipo I de preferência deve ser colhida no laboratório, se não for possível deve ser levado ao laboratório dentro de 1 hora. Este tipo de amostra é essencial para evitar resultados falsos negativos no teste de gravidez e para avaliar a proteinúria ortostática (deitado). Trata-se de uma amostra mais concentrada o que garante a detecção de substâncias que podem estar presentes nas amostras aleatórias, mais diluídas. Método de Coleta: Mulheres: De preferência no vaso sanitário, sentar com as pernas afastadas, fazer Enfermagem Módulo 1 29 assepsia da vagina (lavar com água e sabão, enxaguar bem e secar) destampar o frasco estéril. Com uma das mãos afastar os grandes lábios e com a outra segurar o frasco já destampado. Desprezar o primeiro jato (primeira porção da urina que sai). Colher a porção média no frasco estéril, urinando em jato para que a urina não escorra na região genital. Desprezar o restante da micção. Tampar o frasco imediatamente. Salvo casos graves evitar coletar em período menstrual. Volume mínimo de 10 ml. Homens: fazer assepsia do pênis (lavar com água e sabão, enxaguar bem e secar) destampar o frasco estéril, retrair o prepúcio com uma das mãos e com a outra segurar o frasco já destampado. Desprezar o primeiro jato de urina. Colher a porção média no frasco estéril urinando em jato para que a urina não escorra na região genital. Desprezar o restante da micção. Tampar o frasco imediatamente. Não é necessário colher grande volume, 10 a 20 ml é ideal. Urina de 24 horas - Muitas vezes é necessário medir a quantidade exata de determinada substância química na urina, ao invés de registrar apenas sua presença ou ausência. Deve-se usar uma amostra colhidacronometrada cuidadosamente para conseguir resultados quantitativos exatos. Devemos manter o paciente hidratado durante os períodos de coletas curtas. Procedimento de Coleta: Para conseguir uma amostra precisamente cronometrada, é necessário iniciar o período de colheita com a bexiga vazia. Pegar recipiente devidamente limpo e seco para coleta, com capacidade de 2.000 ml, já que o volume será bem maior que o normal. 1º dia – 7 h da manhã: Urinar e descartar a amostra. O paciente então colhe toda urina nas próximas 24 horas. (As amostras colhidas devem ser mantidas refrigeradas). 2º dia – 7 h da manhã: o paciente urina e junta toda esta urina com aquela previamente colhida. E leva até o laboratório todo volume que foi recolhido. Enviar toda a urina ou a amostra ao laboratório. Para a amostra de 24 horas deve- se misturar toda a urina e pegar uma amostra de uns 10-20 ml, anotando na etiqueta o volume total de 24h. Se tratando de Clearence de creatinina, colher a urina de 24h. Ao completar 24h, colher 5 ml de sangue em tubo seco. Não se pede jejum. Pesar e medir a altura do paciente e anotar na requisição. 8.5.3 Exame Simples Instruir o paciente sobre o exame, fazê-lo urinar em recipiente limpo e seco previamente rotulado e enviar ao laboratório com a requisição. ▪ TIG (Teste Imunológico de Gravidez) - Colher a primeira urina da manhã. Seguir método de coleta para o exame simples. ▪ Glicosúria - É a eliminação de glicose pela urina. Quando o sangue é filtrado pelos rins, as substâncias que são desnecessárias são eliminadas na urina, enquanto as necessárias, como a glicose, são reabsorvidas e reenviadas ao sangue. Nos indivíduos sadios praticamente toda glicose é reabsorvida. Método de Coleta: ▪ Entregar ao paciente a comadre limpa e seca e pedir que avise assim que urinar; ▪ Calçar as luvas; ▪ Retirar (cortar) 1 cm de GLICOFITA. ▪ Mergulhar por um minuto a ponta da fita na urina e comparar a cor da fita com a cor padrão; ▪ Tirar as luvas, lavar as mãos e registrar o resultado no relatório; ▪ Tomar as medidas previstas caso o paciente deva receber insulina, de acordo com a glicosúria apresentada. ▪ Coleta Estéril – Jato médio para realizar urocultura - É útil para realização de cultura em urinas suspeitas de infecção bacteriana. Seguir a mesma técnica de coleta de Urina tipo I, só que empregando pote (frasco) estéril. De preferência o paciente deve urinar diretamente no frasco. Coleta de Fezes: ▪ Parasitológico: O exame parasitológico de fezes é utilizado para identificação de diversas infestações parasitárias, ovos ou larvas de helmintos e de cistos de protozoários. Instruir o paciente sobre o exame. Preparar recipiente limpo, rotular e tampar. Pedir a paciente que evacue em comadre limpa. Calçar as luvas. Colher pequena quantidade de fezes com uma espátula. Em pessoas incapaz de evacuar na comadre, colher as fezes em fralda ou pano. Enviar ao laboratório com a requisição. ▪ Pesquisa de Sangue oculto nas Fezes Orientar o paciente que durante 3 dias antes da coleta, evite a ingestão de: produtos com corantes, alimentos vermelhos (beterraba, tomate), carne vermelha, vegetais clorofilados (verdes), medicamentos à base de ferro e outros como: aspirina, AAS, anti-inflamatório não esteroides, anticoagulantes, colchicina, reserpina, vitamina C, iodo, sulfato ferroso e corante radiológico. Evitar bebidas alcoólicas por 3 dias antes da coleta. Enfermagem Módulo 1 31 Coletar a amostra no 4° dia, logo após a dieta. ATENÇÃO - O material não deve ser colhido no período menstrual. Deve-se ter todo cuidado ao escovar os dentes para evitar sangramentos em gengivas. Método - Colher as fezes em recipientes apropriados, seguindo normas do laboratório. Manter material à temperatura ambiente até 30 minutos da coleta. Após isso, manter o material refrigerado. Coleta de Exsudato (feridas, cavidades naturais): ▪ Orientar o paciente a respeito do exame; ▪ Após lavar as mãos, calçar luvas esterilizadas; ▪ Passar o cotonete, estilete ou “Swab” na região indicada, colhendo uma amostra significativa do material solicitado; ▪ Recolocar o instrumento de coleta no frasco ou tubo e tampá-lo devidamente; ▪ Enviar ao laboratório com a requisição; ▪ Tirar as luvas e lavar as mãos; ▪ Anotar o cuidado. Atenção: se tratando de coleta de pus de uma ferida, o procedimento antecederá à realização do curativo. Coleta de Sangue: Do ponto de vista da sua constituição, o sangue é considerado como um sistema complexo e relativamente constante, constituído de elementos sólidos (células sanguíneas), substância líquida (soro ou plasma) e elementos gasosos (O e CO). Para obtê-lo, o procedimento é conhecido como punção venosa, flebotomia. Para alguns exames é necessário jejum de 12 horas, como por exemplo, dosagem de hormônios, de proteínas totais, colesterol e triglicerídeos, albuminas e ácido úrico e alguns exames de sorologia e imunologia, especialmente o da rubéola. Outros exigem que o sangue seja colhido com anticoagulante (EDTA- ácido tetra acético etileno diamino) como coagulograma, hemograma e gasometria. Já os exames para hepatite, sífilis, HIV e outros, não se faz necessário jejum, nem anticoagulante. Material: ▪ Seringa de 5 ou 10 ml ou tubo vacutainer; ▪ Álcool a 70%; ▪ Agulha 25 x 8; ▪ Luvas de procedimento; ▪ Frascos ou tubos rotulados; ▪ Garrote; ▪ Algodão; ▪ Requisição; ▪ Saco plástico para resíduos. Método de Coleta: ▪ Instruir o paciente sobre o exame; ▪ Preparar o ambiente providenciando boa iluminação; ▪ Lavar as mãos; ▪ Colocar o material na mesa de cabeceira; ▪ Posicionar o paciente, se possível sentado ou em decúbito dorsal; O braço do paciente deve ser posicionado em uma linha reta do ombro ao punho, de maneira que as veias fiquem mais acessíveis e o paciente o mais confortável possível. O cotovelo não deve estar dobrado e a palma da mão voltada para cima; ▪ Calçar as luvas; ▪ Palpar e selecionar a veia a ser puncionada; A regra básica para uma punção bem sucedida é examinar cuidadosamente o braço do paciente. As características individuais de cada um poderão ser reconhecidas através de exame visual e/ou palpação das veias. Deve-se sempre que for realizar uma punção, escolher as veias do braço para a mão, pois neste sentido encontram- se as veias de maior calibre e em locais menos sensíveis a dor. ▪ Garrotear. O garrote é utilizado durante a coleta de sangue para facilitar a localização das veias, tornando-as proeminentes. O garrote deve ser colocado no braço do paciente próximo ao local da punção (4 a 5 dedos ou 10 cm acima do local de punção), sendo que o fluxo arterial não poderá ser interrompido. Para tal, basta verificar a pulsação do paciente. Mesmo garroteado, o pulso deverá continuar palpável. O garrote não deve ser deixado no braço do paciente por mais de um minuto. Deve-se retirar ou afrouxar o garrote logo após a punção, pois o garroteamento prolongado pode acarretar alterações nas análises (por exemplo: cálcio). ▪ Fazer a antissepsia da área com algodão embebido em álcool, no sentido do retorno venoso, para estimular o aparecimento das veias. ▪ Deixar o algodão na bandeja ou segurá-lo com o dedo mínimo. ▪ Com o polegar da mão não dominante fixar a veia, esticando a pele abaixo do ponto da punção. ▪ Segurar a seringa horizontalmente, com a mão dominante, mantendo o indicador sobre o canhão da agulha. ▪ Introduzir a agulha com o bisel e a graduação da seringa voltados para cima. A agulha deve penetrar na veia aproximadamente 1cm e ser mantida num ângulo de 15°. ▪ Aspirar a seringa com a mão que fixava a veia. Isto evitará movimentos desnecessários e deslocamento da agulha. Se usar vacutainer, aguardar seu enchimento. ▪ Após a coleta do sangue necessário, pedir para o paciente abrir a mão, desprender o garrote e remover
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