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Políticas Públicas de Saúde para Mulheres Avanços e retrocessos PRINCIPAIS TÓPICOS DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER Princípios e Diretrizes Ministério da Saúde – 2011 DO PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER (PAISM)’ À POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER (PNAISM) O ‘Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher’ (PAISM) foi criado em 1984 pelo Ministério da Saúde, no contexto da redemocratização do País, em decorrência de reivindicações de movimentos sociais e movimento de mulheres. Antes da criação deste Programa (PAISM), o olhar de assistência à mulher se voltava apenas para a sua saúde reprodutiva ficando as demais queixas de saúde sem espaço para a investigação e o cuidado. O PAISM, na lógica do Movimento Sanitário, foi influenciado pelas características da descentralização, hierarquização e regionalização dos serviços. Para tanto, incluía no âmbito de sua atuação ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação proporcionando uma assistência integral à saúde da mulher. PRINCIPAIS TÓPICOS DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER Princípios e Diretrizes Ministério da Saúde – 2011 A ‘nova’ assistência que passou a proporcionar amparo à mulher em todos os seus ciclos de vida, o PAISM procurou oferecer assistência em clínica ginecológica, no campo da reprodução (planejamento reprodutivo, gestação, parto e puerpério), em planejamento familiar, DST, nos casos de doenças crônicas ou agudas, além de outras necessidades identificadas a partir do perfil populacional das mulheres. Tendo como objetivo a efetiva implantação de políticas de saúde femininas, assegurando a igualdade de direitos em saúde e requerendo a afirmação das diferenças, o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) se encaminhou, em 2004, para a criação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) que se fundamenta nos princípios doutrinários do SUS (integralidade, universalidade e equidade da assistência em saúde) e na inclusão da discussão de gênero. A partir destes princípios e das demandas identificadas, a PNAISM busca efetivar ações de promoção, prevenção e tratamento da saúde com ênfase no campo dos direitos sexuais e reprodutivos, no combate à violência doméstica e sexual, “na prevenção e o tratamento de mulheres vivendo com HIV/AIDS e de portadoras de doenças crônicas não transmissíveis”. (Brasil, 2004, p.05). Informações importantes deste texto: A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) é uma política que visa ao cuidado do gênero feminino (sob o enfoque da mulher). Baseia-se nos princípios do SUS, ou seja, em uma assistência integral, universal e com equidade. Sua ênfase ocorre no campo dos DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS, NO COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E SEXUAL, NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE MULHERES VIVENDO COM HIV/AIDS E DE PORTADORAS DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS. PRINCIPAIS TÓPICOS DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER Princípios e Diretrizes Ministério da Saúde – 2011 Vamos conhecer um pouco mais sobre a POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER, de acordo com o caderno do Ministério da Saúde (ano de edição - 2011) A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER (PNAISM) visa promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres por meio da: (I) garantia de direitos; e (II) ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde. Para tanto, tem como: Principal objetivo Implementar ações de saúde, sob o enfoque de gênero, que contribuam para a garantia dos direitos humanos das mulheres e reduzam a morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis. Principal objetivo da PNAISM: ações de saúde para reduzir a morbimortalidade. Morbimortalidade é a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento. Os padrões de morbimortalidade encontrados nas mulheres brasileiras revelam como prevalentes as doenças cardiovasculares e crônico-degenerativas e a mortalidade materna e desnutrição. Principais campos das ações de saúde Direitos sexuais e reprodutivos, com ênfase na melhoria da atenção obstétrica, no planejamento familiar, na atenção ao abortamento inseguro e no combate à violência doméstica e sexual. Agrega, também, a prevenção e o tratamento de mulheres vivendo com HIV/AIDS e as portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e de câncer ginecológico. Atenção aos Princípios Norteadores desta Política, ou seja, quais os objetivos, as metas que devem ser alcançados com esta Política e por quais ‘valores’ ela vai se basear. O documento nos diz que os Princípios norteadores são: Integralidade e promoção incluindo a humanização e a qualidade do atendimento. PRINCIPAIS TÓPICOS DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER Princípios e Diretrizes Ministério da Saúde – 2011 Memorize os principais campos das ações de saúde da PNASIM: -Direitos sexuais e reprodutivos, com ênfase na melhoria da atenção obstétrica, no planejamento familiar, na atenção ao abortamento inseguro e no combate à violência doméstica e sexual. -Prevenção e o tratamento de mulheres vivendo com HIV/AIDS e as portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e de câncer ginecológico. Página 8 Estratégias e ações da PNAISM: 1 - Promoção da atenção obstétrica e neonatal, qualificada e humanizada, com ênfase na redução da morte materna, incluindo a assistência ao abortamento em condições inseguras e previsto em lei para mulheres e adolescentes 2 - Promoção, conjuntamente com o PN-DST/AIDS/ MS, da prevenção e do controle das doenças sexualmente transmissíveis, da infecção pelo HIV/aids e Hepatites Virais nas mulheres 3 - Implementação da saúde sexual e reprodutiva, no âmbito da atenção integral à saúde da mulher 4 - Implementação da saúde da mulher Idosa, no âmbito da atenção integral à saúde da mulher 5 - Apoio na Implementação das ações no campo da Saúde no Programa Mulher Viver sem Violência 6 - Redução da morbimortalidade por câncer na população feminina Entre as ações mobilizadas por este eixo, tem-se a campanha outubro rosa. Outubro Rosa nasceu nos Estados Unidos, na década de 1990, para estimular a participação da população no controle do câncer de mama. A data é celebrada anualmente com o objetivo de compartilhar informações sobre o câncer de mama e promover a conscientização sobre a importância da detecção precoce da doença. Desde 2010, o Instituto Nacional Câncer participa do movimento, promovendo espaços de discussão sobre câncer de mama, divulgando e disponibilizando seus materiais informativos, tanto para profissionais de saúde quanto para a sociedade. Em 2015, a campanha do INCA no Outubro Rosa tem como objetivo fortalecer as recomendações para o diagnóstico precoce e rastreamento de câncer de mama indicadas pelo Ministério da Saúde, desmistificando crenças em relação à doença e às formas de redução de risco e de detecção precoce. Espera-se ampliar a compreensão sobre os desafios no controle do câncer de mama. Esse controle não depende apenas da realização da mamografia, mas também do acesso ao diagnóstico e ao tratamento com qualidade e no tempo oportuno. Ressalta-se ainda a necessidade de se realizar ações ao longo de todo o ano e não apenas no mês de outubro. OS EIXOS DA CAMPANHA SÃO: Divulgar informações gerais sobre câncer de mama. Promover o conhecimento e estimular a postura de atenção das mulheres em relação às suas mamas e à necessidade de investigação oportuna das alterações suspeitas (Estratégia de Conscientização). Informar sobre as recomendações nacionais para o rastreamento e os benefícios e os riscos da mamografia de rotina, possibilitando que a mulher tenha mais segurança para decidirsobre a realização do exame. Os retrocessos... O casamento entre neoliberalismo e moralismo ultra- conservador de base religiosa, tomam forma iniciativas que atingem de maneira direta mulheres e LGBTs, embora seus efeitos sejam abrangentes e não se restrinjam a esses grupos. A atuação de religiosos fundamentalistas confronta a laicidade do Estado e ganha identidade política justamente por meio de ações coordenadas para a retirada dos direitos desses setores da população (BIROLI, 2015). A linha de frente de seu discurso público é uma ideia restrita e excludente de família, acompanhada de uma compreensão conservadora dos papéis desempenhados por mulheres e homens na sociedade. Na sua atuação, corroboram a redução de recursos para a saúde pública, para o desenvolvimento da educação pública de qualidade, para a garantia de direitos para os trabalhadores que permitiriam maior segurança para suas famílias (BIROLI, 2015). PL 6583/2013 - Estatuto da Família: exclui um enorme conjunto de famílias e de relações afetivas do reconhecimento público e do acesso aos direitos usufruídos pelas pessoas que se encaixam na concepção restrita de família que procura chancelar. Caso venha a ser aprovado, pessoas de todas as idades, inclusive as crianças, pessoas de diferentes orientações sexuais, e não apenas aquelas que estão unidas por afeto a outras do mesmo sexo, ficam potencialmente excluídas de direitos e do acesso a políticas públicas. PL 5069/2013, de autoria de Eduardo Cunha: pretende criminalizar a divulgação de informações e o auxílio às mulheres que desejem abortar “ainda que sob o pretexto de redução de danos”, isto é, em casos previstos na nossa legislação. O projeto cria obstáculos para que a mulher que foi estuprada recorra ao SUS para interromper uma gravidez resultante da agressão. Foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados no dia 21 de outubro e, caso siga adiante, revogará o atendimento integral no SUS para mulheres que sofreram violência sexual (Lei 12.845/2013) O QUE QUER ESSE PROJETO? Dificultar o acesso à chamada pílula do dia seguinte, adotando procedimentos que na prática dificultam a interrupção da gravidez nos casos de estupro (no Brasil, a legislação permite a interrupção da gravidez em apenas três casos, quando é resultado de estupro, quando a mulher corre risco de vida e quando o feto sofre de anencefalia). Transforma a mulher que foi estuprada em réu. É como mentirosas e criminosas, a quem se recusa garantias para sua saúde e integridade física, que as mulheres são tratadas no projeto aprovado pelos deputados liderados por Cunha. Nenhum deles se preocupa, por exemplo, em aumentar a eficácia da justiça na identificação e punição dos estupradores. Nenhum deles está preocupado com a dignidade e integridade física das mulheres. Eduardo Cunha e as bancadas que o apoiam estão esgarçando ainda mais nossa democracia, provocando retrocessos nos direitos humanos. E as mulheres estão entre seus alvos preferenciais (BIROLI, 2015) Cada vez que uma mulher é obrigada a fazer uma cesariana, mesmo querendo parto normal (e podendo, sem problemas a ela e à criança) Toda vez que uma grávida sofre violência obstétrica Toda vez que uma mulher sofre violência física-psicológica- sexual-patrimonial-moral – qualquer tipo de violência Todas as vezes que uma mulher lésbica não é atendida adequadamente, sendo consideradas suas especificidades, pelo Sistema de Saúde Todas as vezes que não são garantidos diagnósticos e tratamentos para as mulheres em casos de HIV-AIDS, DSTs Todas as vezes que uma mulher morre em função de aborto ilegal e não-seguro Apesar dos retrocessos e tendo em vista todos os avanços, muitos são os desafios!
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