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1 CONSULTA PRÉ-CONCEPCIONAL: Exames laboratoriais: rastreio de doenças, já que depois de engravidar ela terá limitação de medicações. Ácido fólico: o Evita fechamento de tubo neural o Iniciar 30 dias antes da concepção até em torno de 13 semanas de gestação (esse é o período de fechamento do tubo neural) o Depois que engravida o uso do ácido fólico tem pouco efeito, pois a paciente já estará grávida de, no mínimo, 5 ou 6 semanas quando descobrir Identificar gestação de alto risco DIAGNÓSTICO DA GESTAÇÃO: Diagnóstico clínico: Sintomas de presunção: Náuseas e vômitos Alterações mamárias Alterações urinárias (polaciúria e nictúria) Percepção de movimentos fetais pela paciente Mudanças no apetite Fadiga, tontura, sialorreia, distenção abdominal e constipação, dispneia, congestão nasal, cãibras, lombalgia Sinais de presunção: Amenorreia (10-14 dias) Alterações mamárias (congestão e mastalgia, pigmentação das aréolas, tubérculos de Montgomery, colostro, rede venosa visível) Alterações na vulva e na vagina (sinal de Chadwick – coloração violácea) Alterações no muco cervical (↑ muco e ausência de cristalização com padrão arboriforme) Alterações cutâneas (estrias, hiperpigmentação da face – cloasma e linha linha) 2 Sinais de probabilidade: Alterações em forma e consistência do útero: sinal de Hegar (flexão do corpo sobre o colo no toque bimanual) e sinal de Nobile-Budin (preenchimento do fundo de saco vaginal pelo útero percebido pelo toque vaginal) Consistência cervical amolecida Aumento do volume abdominal Sinais de certeza: Ausculta de BCF (pela US transvaginal a partir da 6/7ª semana; pelo sonar Doppler a partir da 10ª semana; pelo estetoscópio de Pinard a partir da 18/20ª semana) Sinal de Puzos (rechaço fetal intrauterino) Percepção de movimentos e partes fetais pelo examinador (a partir de 18/20 semanas) Diagnóstico laboratorial Detecção de β-HCG urinário ou sérico. Ambos têm alta sensibilidade, porém testes urinários são menos sensíveis do que os séricos. O HCG (gonadotrofina coriônica) é produzido pelo trofoblasto e aparece na circulação materna pouco após a implantação trofoblástica, tornando-se detectável no plasma ou na urina em 8 a 9 dias após a ovulação. Níveis plasmáticos menores do que 5 mUI/mL são considerados negativos, e maiores do que 25 mUI/mL são considerados positivos. Níveis intermediários indicam repetição do teste. Os níveis de β-HCG crescem exponencialmente nas primeiras semanas, atingindo um pico de até 150.000 mUI/mL em torno de 8 a 10 semanas. Entre a 10ª e 20ª semana, os níveis tendem a decair e mantêm-se estáveis a partir da 20ª semana. Teste de gravidez vendido em farmácias: qualidade duvidosa e sensibilidade limitada, devendo sempre ser confirmados por testes laboratoriais. Diagnóstico ecográfico: O saco gestacional é visível precocemente (4-5 semanas de atraso menstrual). A partir de 6 semanas, deve ser possível detectar batimentos cardiofetais (BCFs). CONSULTAS DE PRÉ-NATAL: Objetivos: 1. Definir estado de saúde da mãe e do feto 2. Avaliar idade gestacional e compará-la com o crescimento uterino 3. Realizar plano de cuidado obstétrico continuado 4. Identificar fatores de risco 5. Preparar o casal (segurança, orientações, educação) 6. Prevenir agravos mais comuns 7. Tratar intercorrências O calendário de atendimento pré-natal deve ser programado na 1° consulta e depende de: o Idade gestacional o Períodos mais adequados para coleta de exames e dados clínicos o Fases nas quais se necessita intensificar a vigilância pela possibilidade de maior complicações o Recursos dos serviços de saúde e da possibilidade de acesso da paciente a eles o Gestação de alto ou baixo risco (a frequência das consultas é diferente) 3 O MS preconiza no mínimo 6 consultas de pré-natal de baixo risco: 1 consulta no 1° trimestre, 2 no 2° trimestre e 3 no 3° trimestre. O intervalo entre as consultas não deve ultrapassar 8 semanas. Carteira de pré-natal: obrigatória e universal Alterações fisiológicas Estrias Linha nigra Dor lombar Dores hipogástricas (pressão do útero + relaxamento ligamentar) Cãibras Náuseas e vômitos: o Devido ao ↑ do β-HCG o Por volta das 15 semanas o β-HCG atinge um platô, e a gestante para de ter náuseas e vômitos o Pacientes grávidas de gemelares têm mais náuseas e vômitos – β-HCG mais alto Sialorreia (↑ umidade da boca devido ao ↑ da produção de muco) Pirose (↑ do refluxo gastroesofágico devido à compressão gástrica pelo útero) Constipação – pode melhorar com dieta rica em fibras Síncope e tonturas Hemorroidas Varizes Polaciúria: acentua no decorrer da gestação Leucorreia (devido ↑ das secreções vaginais por ação hormonal) Estado nutricional Todas as pacientes precisam ganhar peso. Precisa haver fonte de glicose e frutose para desenvolvimento adequado do embrião. Ganho semanal de 400g no segundo trimestre e de 300g no terceiro trimestre Mais do que o recomendado: suspeitar de feto macrossômico, pré-eclâmpsia, diabete descompensada Ganho de peso repentino (700g ou mais em 1 semana): suspeitar de edema e pré-eclâmpsia Ausência ou perda de peso: suspeitar de insuficiência do crescimento fetal Gestantes com peso adequado: precisam ganhar de 11 a 16kg Gestantes com sobrepeso: precisam ganhar 7 a 11kg Gestantes obesas: precisam ganhar de 5 a 9kg Obs: gestantes com sobrepeso/obesidade não devem emagrecer durante a gestação! Não é momento de dieta! Suplementação A suplementação rotineira de vitaminas não é recomendada, pois a alimentação saudável é suficiente. Exceção: risco nutricional, abuso de drogas, vegetarianas estritas, epilépticas ou hemoglobinopatia. Ácido fólico: 30 dias antes da concepção até 12ª semana de gestação o 0,4 mg/dia o Alto risco (diabetes, antecedente de defeito de fechamento do tubo neural): 4mg/dia Ferro elementar: o Gestante sem anemia ferropriva 30 a 40mg/dia a partir de 20 semanas o Gestante com anemia ferropriva 40 a 120mg/dia 4 Obs: todas as gestantes terão anemia fisiológica. Obs2: só inicia ferro elementar antes de 20 semanas se anemia clínica Pressão arterial Aferir em todas as consultas com a paciente sentada Obesas: esfigmo adequado ou cálculo de ajuste de acordo com o perímetro braquial Hipertensão: ≥ 140/90mmHg É fisiológica a queda dos valores pressóricos no final do 2° e início do 3° trimestre, podendo mascarar a identificação de distúrbio hipertensivo Ausculta dos batimentos cardiofetais 5-6 semanas: ultrassonografia 10-11 semanas: sonar Doppler 20 semanas: estetoscópio de Pinard Dificultam a ausculta: obesidade materna, dificuldade de identificar o dorso fetal e polidrâmnio BCFs normais: entre 100 e 160 bpm Efeito posseiro: pressão da aorta e da VCI pelo útero, diminuindo o fluxo sanguíneo uterino e a perfusão placentária, que podem acarretar queda da FC fetal. A lateralização da paciente para a esquerda deve normalizar a situação. Até 16 semanas: ausculta próximo ao púbis Após: manobra de Leopold-Zweifel – dividir o abdome materno em 4 quadrantes e auscultar os BCFs no quadrante em que devem estar o dorso e a cabeça fetal Exames Tipagem sanguínea: se Rh negativo ⟹ tipagem do parceiro. Se ele for Rh positivo ⟹ Coombs indireto. Coombs indireto: o A partir de 24 semanas o Se negativo, repetir mensalmente. Se positivo, encaminhar para pré-natal de alto risco. Glicemia de jejum: o Na primeira consulta o Glicemia inicial < 85 mg/dL: repetir após 24ª semana o Glicemia inicial entre 85 e 110: realizar teste de tolerância à glicose (TTG) com 75g de glicose entre 24 e 28 semanas. TTG ≥ 140: diabetes melitus gestacional o Glicemia inicial ≥ 110: DMG o Quando confirmado DMG, encaminhar para pré-natal de alto risco Urocultura e EQU: o A infecção urinária é a infecção bacterianamais frequente durante a gestação o Solicitar a cada dois meses até o parto o Antibioticoprofilaxia contínua: após 2 episódios de ITU ou 1 de pielonefrite aguda na gestação atual 5 Hemoglobina e hematócrito: o Na gestação ocorre ↑ produção eritrocitária, mas devido a um aumento ainda maior no volume plasmático, o resultado é HEMODILUIÇÃO o ↓ hemoglobina e hematócrito em torno da 10ª semana, alcançando valores mínimos na 20ª semana, com discreto aumento a partir de então o Diagnóstico de anemia Estreptococo do grupo B: swab vaginal e anal entre 35 e 37 semanas (para impedir a passagem da bactéria no parto) TSH: hipotireoidismo materno causa alta morbidade ao feto. A avaliação do TSH como rotina ainda é controversa. Exames de secreção vaginal e citopatológico cervical: o Identificar e tratar vulvovaginites o CP cervical: aproveitar a oportunidade (se desatualizado) Mamografia: aproveitar a oportunidade (se desatualizada) Obs: profilaxia para doença hemolítica do RN com imunoglobulina anti-D em gestantes Rh-negativo não é rotina (relação custo-benefício ainda controversa), mas pode ser usada quando: o Pós-parto imediato se RN Rh-positivo (ROTINA) o Após procedimentos invasivos (amniocentese e biópsia de vilos coriônicos) o Sangramentos de 1°, 2° e 3° trimestres o Abortamentos e morte fetal intrauterina o Gestação ectópica o Mola hidatiforme o Versão externa Sorologias Sífilis: solicitar VDRL na primeira consulta o VDRL negativo: repetir em torno da 32ª semana e na internação para o parto o VDRL positivo: FTA-Abs para excluir falso-positivo. FTA-Abs positivo ou impossibilidade de realiza-lo: tratar sífilis. HIV: na primeira consulta e repetir a cada trimestre Hepatite B: o Solicitar HBsAg no terceiro trimestre o Não pesquisar antes do 3° tri, pois não há tto disponível que diminua risco de transmissão vertical o Hbs-Ag positivo: encaminhar para atenção especializada Toxoplasmose IgG e IgM o IgG reagente e IgM não reagente ⇨ imunizada o IgG e IgM não reagentes ⇨ suscetível o Se suscetível, repetir no 2° e 3° trimestres o Paciente inicialmente suscetível apresenta IgG não reagente e IgM reagente ⇨ suspeita de infecção aguda e encaminhamento ao pré-natal de alto risco o IgM reagente no 1° trimestre: teste de avidez de IgG. IgG com alta avidez indica infecção antiga e IgG com baixa avidez indica infecção aguda. Obs: não se recomenda a pesquisa de HCV (hepatite C), rubéola e CMV (citomegalovírus) não há tratamento para a gestante, nem para o RN. Já na consulta pré-concepcional se pode solicitar! 6 Ultrassonografia Realizar um exame entre 11 e 13 semanas (para datação, determinação de n° de fetos e medida da translucência nucal) e outro após 20 semanas (avaliação da morfologia) Ministério da saúde: a não realização de ecografia durante gestações de baixo risco não diminui a qualidade da assistência pré-natal. Vacinas Influenza Hepatite B Difteria, tétano e coqueluche (dTpa): não precisa fazer reforço se fez há menos de 5 anos Obs: até 36 semanas o esquema vacinal deve estar completo! 7 Exercício físico Na ausência de complicações clínicas ou obstétricas, recomenda-se exercício aeróbico leve por 30min ou mais por dia, na maioria dos dias da semana Pacientes previamente sedentárias ⟹ avaliação Esportes com alto risco de queda, mergulhos e exercícios em posição supina devem ser evitados Melhora a função cardiopulmonar e reduz risco de diabetes gestacional e pré-eclâmpsia DETERMINAÇÃO DA IDADE GESTACIONAL A IG corresponde ao número de semanas desde o primeiro dia da última menstruação até a data da consulta. Quando a DUM não é conhecida/confiável, deve-se lançar mão de outras formas de estimar a IG. Qualquer cálculo de IG deve ser avaliado com a consciência de que é apenas uma aproximação Ferramentas para calcular a IG: Regra de Nägele: Regra que calcula a data provável do parto (DPP). Deve-se somar 7 dias ao primeiro dia da última menstruação e subtrair 3 ao mês em que ocorreu a DUM. Medida da altura uterina: É uma avaliação indireta do crescimento fetal Não pode estacionar A paciente deve ser colocada em posição de litotomia e com a bexiga vazia Com a fita métrica, colocar o 0 na borda superior da sínfise púbica, e ir até o fundo uterino A medida da altura uterina acompanha a evolução da idade gestacional com boa correspondência entre 20 e 32 semanas. Após, é esperado discordância. A cada consulta, deve-se marcar o ponto de interseção da AU com a IG no gráfico. O percentil de normalidade está entre 10 e 90. o Crescimento acima da curva superior, mas com a mesma inclinação: a IG provavelmente é maior que a estimada o Inclinação maior que a curva: hidrocefalia, polidrâmnio, gestação múltipla, doença trofoblástica gestacional, macrossomia, miomatose uterina o Crescimento uterino abaixo da curva inferior, mas com a mesma inclinação: IG provavelmente menor que a estimada o Inclinação menor que a curva: crescimento intrauterino restrito, fetos pequenos, oligodrâmnio 8 Ecografia A ecografia obstétrica no 1° semestre é uma das formas mais confiáveis para datação da gestação Por via transvaginal Torna-se essencial em caso de: o DUM incerta ou discordante em relação à AU o Diagnóstico diferencial entre datação incorreta ou patologia CNN: comprimento cabeça-nádegas. Medida de biometria fetal padrão no 1° trimestre Avaliação de maturidade fetal por ecografia pode ser útil em gestações já avançadas com DUM desconhecida. A ossificação da epífise femoral distal sugere IG de pelo menos 32 semanas, e a ossificação da tíbia proximal e epífises umerais sugerem IG de pelo menos 35 semanas. Referências: PASSOS, E. P. et al. Rotinas em Ginecologia. 7 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
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