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ANTICONCEPÇÃO HORMONAL ORAL Anticoncepcionais orais combinados (ACOs) Eficácia de 99,9% e efetividade de 97-98% Estrogênio + Progestogênio Estrogênio: o Etinilestradiol (EE): mais utilizado; foi gradualmente reduzido: 100, 80, 50, 30, 20, 15 picogramas, reduzindo, assim, os seus riscos. o Valerato de estradiol Progestogênio: é variável! Acetato de ciproterona, levonorgestrel, gestodeno, desogestrel, norgestimato, drosperinona. Monofásicos, bifásicos ou trifásicos Monofásicos: os dois hormônios possuem a mesma concentração em todos os comprimidos da cartela Bifásicos: duas concentrações Trifásicos: três concentrações Obs: Em associações com EE, os bifásicos e trifásicos não apresentam vantagens em relação cos monofásicos, não havendo justificativas para seu emprego. Mecanismo de ação ⟹ inibem a secreção de gonadotrofinas, impedindo a ovulação Progestogênio: o Inibe a secreção de LH → bloqueio do pico de LH → supressão da ovulação o Alteração do endométrio → atrofia; não receptivo à nidação o Espessamento do muco cervical, ficando hostil à ascensão dos espermatozoides o Transporte tubário do óvulo é prejudicado Estrogênio: o Age predominantemente sobre o FSH, impedindo o desenvolvimento folicular e a emergência do folículo dominante o Estabiliza o endométrio, evitando a descamação irregular (spotting) o Potencializa a ação do progestogênio por meio do aumento dos receptores intracelulares para esse hormônio Classificação dos ACOs em gerações Primeira geração: 50 μg ou mais de EE. Segunda geração: 35 ou 30 μg de EE associado a levonorgestrel ou ciproterona. Terceira geração: 30 μg ou menos de EE associado a progestogênios de terceira geração (desogestrel, gestodeno ou norgestimato). ACOs com drospirenona Efeitos colaterais Náuseas, cefaleia leve, sensibilidade mamária, leve ganho de peso, nervosismo, acne Alterações do ciclo menstrual: amenorreia, spotting Pouco comuns: alterações do humor, como depressão, diminuição da libido e vômitos Benefícios Regularização dos ciclos menstruais: diminuição da duração, fluxo sanguíneo, frequência e intensidade das cólicas menstruais e melhora da TPM Diminuição da incidência de: gravidez ectópica, câncer de endométrio, câncer de ovário, cistos de ovário, câncer de intestino, doença inflamatória pélvica, doenças mamárias benignas e miomas uterinos Aumento da massa óssea Seleção São preferencialmente indicados para mulheres sadias, não fumantes, com menos de 35 anos e sem fatores de risco para TVP (sedentarismo, história familiar ou pessoal de TVP ou TEP, obesidade). Acima dos 40 anos: recomendado para mulheres sadias e com perfil de risco conhecido, de preferência em baixas concentrações de estrogênios e progestogênios. Em relação à concentração de estrogênios: não há justificativa para emprego de ACOs de concentração estrogênica alta, pois aqueles com menos de 50 μg de EE possuem a mesma eficácia contraceptiva e risco reduzido de fenômenos tromboembólicos e cardiovasculares. Em relação ao progestogênio: compostos com levonorgestrel são os de escolha, pois parecem estar associados a menor risco de trombose. Categorias utilizadas para definir os critérios de elegibilidade, segundo a OMS Categoria 1: o método pode ser empregado sem restrições Categoria 2: o método pode ser empregado, pois as vantagens geralmente superam os riscos comprovados e possíveis Categoria 3: o método não deve ser empregado, a menos que o profissional de saúde julgue que a paciente possa usá-lo com segurança. Os riscos comprovados e possíveis superam os benefícios do método. Deve ser o método de última escolha e, caso seja utilizado, necessita de acompanhamento rigoroso. Categoria 4: o método não deve ser empregado, pois apresenta risco inaceitável. Critérios de elegibilidade para uso de ACOs em condições especiais, segundo a OMS Condição Categorias da OMS Tabagismo Tabagista com < 35 anos Categoria 2 Tabagista com > 35 anos < 15 cigarros/dia: Categoria 3 > 15 cigarros/dia: Categoria 4 (risco aumentado para AVE e IAM) Hipertensão História de HAS, quando PA não pode ser aferida Categoria 3 PA controlada, PA pode ser avaliada Categoria 3 PA não controlada PAS ≥ 140-159 ou PAD ≥ 90-99: Categoria 3 PAS ≥ 160 ou PAD ≥ 100: Categoria 4 (risco aumentado para AVE e IAM) Doença vascular: Categoria 4 Eventos tromboembólicos História de AVE, história ou doença cardíaca isquêmica atual, história ou episódio agudo de TVP/TEP (mesmo em uso de anticoagulantes) Categoria 4 Trombose de veia superficial Categoria 2 História familiar de TVP/TEP (1º grau) Categoria 1 Veias varicosas Categoria 1 Hipercoagulabilidade Trombofilias familiares (mutação fator V de Leiden, mutação de protrombina G2010A, deficiência de proteína C, proteína S ou protrombina) Categoria 4 (há 8 vezes mais risco de TVP/TEP nessas pacientes e 30 vezes mais na vigência de ACO) Diabetes Melito Sem doença vascular Categoria 2 DM complicada Categorias 3 ou 4 (conforme grau de doença de base) Vasculopatia ou DM > 20 anos Categorias 3 ou 4 (conforme grau de doença de base) Hipercolesterolemia Categoria 2 (sem outros riscos cardiovasculares) Múltiplos fatores de risco cardiovasculares* Categorias 3 ou 4 (depende do fator de risco) Enxaqueca Sem aura** e < 35 anos Para início: Categoria 2 Para continuação: Categoria 3 Sem aura** e > 35 anos Para início: Categoria 3 Para continuação: Categoria 4 Com aura, em qualquer idade Categoria 4 Câncer de mama Doença atual: Categoria 4 Doença passada (inativa > 5 anos): Categoria 3 História familiar: Categoria 1 (pequeno aumento de risco em portadores de mutação em BRCA1) * Fatores de risco cardiovascular: fumo, diabetes, obesidade, HAS, história familiar de doença arterial coronariana precoce, colesterol HDL < 35 mg/dL e TAG > 250 mg/dL **Aura: sintomas visuais, reversíveis, que duram de 5 a 60 min antes da cefaleia, manifestando-se como linha em zigue-zague na periferia do campo visual, escotomas cintilantes com perda parcial ou total do campo visual. Orientações para uso de ACO de 15 μg de EE Tomar 1 comprimido, VO, 1x/dia, no mesmo horário por 24 dias. Parar 4 dias (sangramento de privação) e reiniciar no 5º dia de pausa. A primeira cartela deve ser iniciada no 1º dia do ciclo menstrual Não reiniciar se não houver menstruação ⟹ excluir possibilidade de gestação Na troca do contraceptivo, iniciar no dia posterior ao término da cartela anterior (não fazer a pausa) Esquecimento: o Se esquecer 1 comprimido por menos de 12h: tomar o comprimido esquecido assim que lembrar (inclui a possibilidade de tomar 2 comprimidos de uma só vez) e o seguinte no horário habitual (não há perda de eficácia). o Se esquecer 1 comprimido por mais de 12h: a proteção contraceptiva pode ser reduzida. Orientações para uso de ACO de 20 a 35 μg de EE Tomar 1 comprimido VO, 1x/dia, no mesmo horário por 21 dias. Parar 7 dias (sangramento de privação) e reiniciar nova cartela no 8º dia. A primeira cartela deve ser iniciada no 1º dia de fluxo menstrual. São necessários 7 dias de uso contínuo para obter efeito contraceptivo (se tiver relações antes desse período, usar preservativo) Não reiniciar o uso se não houver fluxo menstrual ⟹ excluir possibilidade de gestação Esquecimento: o Se esquecer 1 comprimido por menos de 12h: tomar o comprimido esquecido assim que lembrar (inclui a possibilidade de tomar 2 comprimidos de uma só vez) e o seguinte no horário habitual (não há perda de eficácia). o Se esquecer 1 comprimido por mais de 12h: a proteção contraceptiva pode ser reduzida. Medicações que diminuem a concentração de ACOs Rifampicina (antibiótico) Barbitúricos – fenobarbital e primidona (anticonvulsivante) Carbamazepina e oxcarbazepina (anticonvulsivante) Fenitoína (anticonvulsivante) Topiramato (anticonvulsivante) Lamotrigina (anticonvulsivante)Anticoncepcionais somente com progestogênios Minipílula Índice de Pearl: 0,5/100 mulheres/ano Compostos por acetato de noretindrona e levonorgestrel Espessamento do muco cervical e inibição da implantação do embrião no endométrio Não há bloqueio da ovulação, pois as concentrações de progestogênios são insuficientes Indicação: o Intolerância ou contraindicação formal ao uso de estrogênios o Amamentação – pois não inibe a produção de leite (também podem ser usados ACOs de baixas concentrações estrogênicas, desde que se mantenha alta a frequência das mamadas) Puerpério de mulheres que amamentam: podem ser iniciadas com menos de 6 semanas após o parto (categoria 2 da OMS), 6 semanas após o parto (categoria 1 da OMS) ou, no mínimo, 14 dias antes do retorno da atividade sexual. Uso contínuo O uso deve ser bastante regular, respeitando rigorosamente o horário de tomada Esquecimento: o Se a paciente esquecer 1 ou 2 comprimidos, deve tomar um assim que lembrar e o outro no horário habitual, utilizando métodos adicionais até que 14 comprimidos sejam tomados. o Se esquecer mais de 2 comprimidos, iniciar outro método de contracepção até que ocorra fluxo menstrual. Progestogênio isolado Índice de Pearl: 0,4/100 mulheres/ano Constituído de 75μg de desogestrel Mecanismo de ação: o Provoca anovulação em 97% das usuárias o O muco cervical torna-se espesso, dificultando a ascensão dos espermatozoides Mais eficaz que a minipílula, pois é capaz de inibir o eixo hipotálamo-hipófise-ovário (assim como os ACOs) Indicado durante a amamentação Uso contínuo Pode ser tomado com atraso de até 12h, sem comprometer sua eficácia Medicamentos que podem diminuir sua eficácia: o Anticonvulsivantes o Rifampicina o Griseofluvina Efeitos adversos mais comuns: sangramento irregular, oligomenorreia ou amenorreia, acne, mastalgia, náuseas, aumento de peso, alterações do humor e diminuição da libido. Critérios de elegibilidade do uso de contraceptivos somente de progestogênio em condições especiais, segundo a OMS: Condição Categoria da OMS Tabagismo Categoria 1 Hipertensão História de HAS, quando PA não pode ser aferida Categoria 2 PA controlada, PA pode ser avaliada Categoria 1 PA não controlada PAS ≥ 140-159 ou PAD ≥ 90-99 – Categoria 1 PAS ≥ 160 ou PAD ≥ 100 – Categoria 2 Doença vascular – Categoria 2 Eventos tromboembólicos TVP aguda Categoria 3 História de TVP (mesmo em uso de anticoagulante) Categoria 4 Trombose de veia superficial Categoria 1 História familiar de TVP/TEP (1º grau) Categoria 1 Veias varicosas Categoria 1 Doença cardiovascular Doença cardíaca isquêmica (atual ou história) Para início – Categoria 2 Para continuação – Categoria 3 História de AVE Para início – Categoria 2 Para continuação – Categoria 3 Hipercoagulabilidade Trombofilias familiares (mutação do fator V de Leiden, mutação de protrombina G2010A, deficiência de proteína C, proteína S ou protrombina) Categoria 2 Diabetes melito Sem doença vascular Categoria 2 DM complicada Categorias 3 ou 4 (conforme grau de doença de base) Vasculopatia ou DM > 20 anos Categorias 3 ou 4 (conforme grau de doença de base) Hipercolesterolemia Categoria 2 (sem outros riscos cardiovasculares) Múltiplos fatores de risco cardiovascular Categorias 3 ou 4 (depende do fator de risco) Enxaqueca Sem aura Para início – Categoria 1 Para continuação – Categoria 2 Com aura Para início – Categoria 2 Para continuação – Categoria 3 Lactação Antes de 6 semanas – Categoria 2 Após 6 semanas – Categoria 1 Câncer Câncer de mama atual – Categoria 4 Câncer cervical antes do tratamento – Categoria 1 Tumor hepático benigno (HNF) – Categoria 2 Tumor hepático benigno (AHC) – Categoria 3 Carcinoma hepático – Categoria 3 ANTICONCEPÇÃO HORMONAL NÃO ORAL Anel vaginal É um anel evastene, transparente, leve e flexível Tem diâmetro externo de 54 mm e espessura de 4mm Cada anel contém 2,7mg de EE e 11,7mg de etonogestrel A membrana de evastene circundante controla a liberação de 15μg de EE e 120μg de etonogestrel/dia Taxa de falha, perfil de efeitos adversos e contraindicações similares a dos ACOs Vantagens: o Não exige uso diário o Mantém a proteção contraceptiva por mais de 7 dias em caso de esquecimento da data de troca Efeitos adversos: spotting (mas menor ocorrência do que em usuárias de ACO), cefaleia, vaginite, leucorreia, ganho de peso, náusea e expulsão do anel. Critérios de elegibilidade da OMS são os mesmos dos ACOs Orientações para uso do anel vaginal: o Iniciar o uso entre o 1º e o 5º dia do ciclo o Inserir em formato de “8” (não necessita circundar o colo) o Deve ser utilizado por 3 semanas consecutivas e retirado ao fim da terceira semana (21º dia) para ocorrer sangramento de privação o Realizar pausa de 7 dias o Após a pausa, é reiniciado novo ciclo com a colocação de outro anel o Obs: usar preservativo nos primeiros 7 dias de uso na ausência de método contraceptivo prévio ou na troca de outros métodos (exceto para uso prévio de ACO) Adesivo transdérmico Libera diariamente 30μg de EE e 150μg de norelgestromina (após metabolismo hepático a norelgestromina resulta em levonorgestrel, 97% ligado à proteína e 3% livre) Concentrações séricas hormonais são obtidas rapidamente após a colocação Mantém a eficácia contraceptiva por 2 dias em caso de esquecimento da troca Pacientes com mais de 90kg podem apresentar redução de eficácia Critérios de elegibilidade da OMS são semelhantes aos dos ACOs Não tem na rede pública Nome comercial: Evra Orientações para uso do adesivo: o O primeiro adesivo deverá ser aplicado no 1º dia da menstruação o Usar um adesivo a cada 7 dias, realizando a troca no mesmo dia da primeira aplicação (o horário não precisa ser o mesmo) o Usar por 3 semanas consecutivas, retirando o terceiro adesivo ao fim dos 21 dias, e aguardar o sangramento de privação o Deve ser aplicado sobre a pele limpa e seca. Pode ser aplicado no abdome inferior, na parte externa do braço ou na parte superior das nádegas. Pressionar o adesivo por 10 segundos, até que as bordas estejam bem aderidas. Obs: o Também pode ser empregado uso contínuo o Evitar aplicar sobre locais em que não haja contato com roupas apertadas e na região das mamas o Trocar semanalmente os locais de aplicação o Se ocorrer deslocamento do adesivo por menos de 24h, recolocar o mesmo adesivo (se permanecer bem aderido) ou colar um novo adesivo, sem perda de eficácia. Se ficar descolado por mais de 24h, colar um novo adesivo e reiniciar um novo ciclo, com novo dia de troca. Empregar um método de barreira por 7 dias. Anticoncepção combinada injetável Recomendado para pacientes com dificuldade de aderir à tomada diária de ACO ou que apresentam problemas de absorção entérica (doença inflamatória intestinal) Estrogênio + progestogênio Combinações disponíveis: o Perlutan, Ciclovular, Unociclo, Daiva: enantato de estradiol 10mg + acetato de di- hidroxiprogesterona 150mg o Mesigyna: valerato de estradiol 5mg + enantato de noretisterona 50mg o Cyclofemina: cipionato de estradiol 5mg + acetato de medroxiprogesterona 25mg Mecanismo de ação: mesmo dos ACO o Supressão da ovulação o Supressão do desenvolvimento folicular o Espessamento do muco cervical o Redução da espessura endometrial Padrão de sangramento menstrual previsível, com fluxos por privação hormonal a cada 3 semanas após a injeção (22º dia). Quando comparado com os ACOs, o injetável mensal está relacionado ao menor sangramento intermenstrual e à maior ocorrência de amenorreia. Os critérios de elegibilidade da OMS são os mesmos dos ACOs Orientações para uso de anticoncepcional combinado injetável: o Aplicar uma ampola IM no deltoide a cada 30 dias, com tolerância de aproximadamente 3 dias para aplicação. A primeira ampola deverá ser administrada idealmente no 1º dia dociclo menstrual (no máximo até o 8º dia) o Obs: não se deve massagear ou colocar bolsa de água quente no local da aplicação para não acelerar sua absorção Progestogênio injetável Acetato de medroxiprogesterona de depósito (AMPD) Indicação: contraindicação a estrogênios dificuldade de adesão a métodos que exijam uso diário Mecanismos de ação: o Inibição da secreção de LH o Maior viscosidade do muco o Atrofia endometrial Ocorre retorno lento à fertilidade (ovulação) cerca de 9 meses após a última injeção Eficácia: igual a ligadura tubária e superior aos outros métodos reversíveis, com exceção do implante subdérmico Benefícios além da contracepção: o Amenorreia com alívio da dismenorreia o Melhora da anemia o Redução dos sintomas associados à endometriose, à tensão pré-menstrual e à dor pélvica crônica o Redução do câncer de endométrio o Diminuição da ocorrência de convulsões o Possível redução das crises na anemia falciforme Contraindicações: o Suspeita de gravidez o Sangramento vaginal de etiologia desconhecida o Doença trofoblástica o Patologias malignas Efeitos adversos: sangramento intermenstrual (ciclos menstruais imprevisíveis nos primeiros meses de uso, melhorando com o uso prolongado), amenorreia, edema, ganho de peso, acne, náuseas, mastalgia, cefaleia, alterações de humor e redução da densidade mineral óssea (DMO) Critérios de elegibilidade da OMS: os mesmos dos ACOs, mas deve-se observar que: o Em adolescentes o AMPD é categoria 2 efeitos deletérios na DMO o Em puérperas o AMPD é categoria 3 para uso com menos de 6 semanas Referências PASSOS, E. P. et al. Rotinas em Ginecologia. 7 ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
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