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AULA 04- O PROJETO COLONIAL EUROPEU

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História moderna: da formação do sist. Internac.
Aula 4: O projeto colonial Europeu
Apresentação
Nesta aula, veremos as empresas coloniais montadas pelas metrópoles europeias, entendendo de que forma as
mudanças que se operam no cenário metropolitano in�uenciam a sociedade colonial e agregam fatores que levariam ao
processo de independência destas colônias.
Objetivo
De�nir as estruturas do projeto colonial espanhol;
Relacionar de que forma a conjuntura europeia provoca mudanças nas empresas coloniais;
Comparar os processos coloniais ocorridos na América.
Introdução
Nas aulas anteriores, estudamos as mudanças operadas nas sociedades europeias na transição da Idade Média para a
Idade Moderna, que permitiu a formação dos estados nacionais daquele continente. Vimos de que forma a expansão
marítima estava ligada aos interesses mercantis praticados por estes estados.
Vamos relembrar?
O conjunto de práticas econômicas que denominamos
mercantilismo está vinculado à gênese do capitalismo.
Ou seja, na Idade Média, embora existisse moeda, não
havia uma economia monetária de fato já que não havia
havia uma economia monetária de fato, já que não havia
um estado para regulá-la.
Além disso, a economia feudal era basicamente agrária, o
que manteve o comércio como uma atividade secundária
durante quase todo este período. Com a centralização de
poder moderna, este panorama econômico muda.
 Mercado medieval.
onais.
espaço
s.
zões
surgia
Busca por novas terras
A existência das novas terras, embora não estivesse provada, não era exatamente um mistério. Vários navegadores,
cartógrafos e astrônomos já haviam indicado que estas terras deveriam existir. Mas as expedições eram caras e esse era
um investimento de alto risco.
Projetos coloniais
Somamos a isso a imensa superstição que havia acerca do mar, desconhecido por parte dos navegadores, dos
marinheiros e da população em geral. Foi necessária uma série de fatores para que esta expansão pudesse de fato
ocorrer, dentre elas, com apoio político e �nanceiro do estado e a existência de uma burguesia disposta a investir naquilo
que seria, a princípio, uma aventura arriscada.
Os ibéricos saíram na frente. Em parte por sua localização geográ�ca privilegiada, em parte pela centralização precoce de
seus estados. Entretanto, as experiências europeias na colonização das novas terras foram bastante diferentes.
Vimos anteriormente, na disciplina Moderna I, de que maneira os estados se organizaram e a forma como cada um deles
se lançou ao Atlântico. Pudemos perceber então, as diferenças inerentes a cada um destes processos, a saber, Espanha,
França, Inglaterra e Holanda .
A tendência na historiogra�a tradicional era estudar esses dois momentos – expansão marítima e colonização –
separadamente. Mas, ao compreendermos a história como processo, torna-se necessária a análise do contexto de uma
forma mais ampla, avaliando não só as motivações europeias, mas o que signi�caram para as sociedades das regiões
que foram colonizadas pelos europeus.
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Ao falarmos sobre a colonização, temos que ter também nossos
olhos voltados para a conjuntura europeia do momento certo?  
Então, já analisamos as razões e as diferenças entre as iniciativas
de expansão e as relacionamos à política mercantilista da época
correta.
Não podemos perder nunca isto de vista!
 Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro no ano de 1500. Óleo sobre tela de Oscar Pereira da Silva (1922). (Fonte: Wikipedia)
Se o inicio da expansão foi diferente mais ainda é a
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Se o inicio da expansão foi diferente, mais ainda é a
empresa colonial, montada por cada uma dessas nações.
Durante muito tempo, convencionou-se dividir os projetos
coloniais em colônia de exploração e de
povoamento .
Essa convenção tem caído em desuso. Ela foi formulada
com os olhos postos nos Estados Unidos, o caso mais
contundente de colonização inglesa. Mas a Inglaterra
também colonizou outras ilhas do Caribe, como a
Jamaica, e quando observamos estas diferenças, vemos
que esta de�nição não se aplica.
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 Trabalho nas Colônias de Exploração.
Objetivo das colonizações
Ainda que as colonizações tenham sido diferentes, tinham um objetivo em comum: gerar lucro para a metrópole.
Esse lucro poderia ser obtido de diversas formas, exploração mineral, agrícola, impostos. Mas todas as metrópoles
exerceram, com maior ou menor intensidade, o monopólio comercial sobre suas colônias. As diferentes nos processos
também dependeram das sociedades que se formaram e daquelas que já existiam no continente americano.
A Jamaica foi descoberta pela Espanha e conquistada
pelos ingleses no século XVII que estabeleceram nela a
mesma estrutura açucareira e escravocrata das demais
colônias americanas.
Mesmo considerando apenas a história dos Estados
Unidos, não podemos dizer que havia um padrão
econômico aplicado pela metrópole.
As colônias do Sul mantinham a mesma economia de
plantation que os portugueses aplicaram no Brasil:
monocultor, latifundiário, agroexportador e escravocrata.
Saiba mais
Mesmo considerando que a Inglaterra tenha sido mais leniente no caso das treze colônias que deram origem aos Estados
Unidos do que outras metrópoles, isto não foi uma regra nas suas possessões. Expressões como bom ou mau
colonizador, metrópole melhor ou pior, não fazem sentido quando avaliamos o processo histórico desenvolvido entre
colonizadores e colonizados. A herança dessa relação se evidencia, sobretudo, no século XIX, quando as colônias se
independem e dão origem aos Estados Nacionais Americanos, como veremos adiante.
Antes dos espanhóis chegarem
A Espanha, enquanto metrópole buscou sempre impor um rígido controle sobre suas colônias, através da criação de
diversos mecanismos administrativos.
Quando falamos sobre a chegada dos espanhóis na América e o contato com as civilizações pré-colombianas, sempre
nos vêm à mente os grandes impérios, como o Inca e o Asteca.
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O apogeu
Embora essas sociedades tenham sido as mais notórias, devido ao seu grau de desenvolvimento e organização político
social, não eram as únicas existentes no continente. De fato, existiam diversas outras sociedades indígenas, em diferentes
graus de desenvolvimento.
A grandeza dos impérios da América impressionou os espanhóis, mas isso não os impediu de subjugar essas sociedades,
em busca do ouro e da prata que a Europa tanto necessitava. Nesse aspecto, é importante levarmos em consideração o
papel da Igreja, já que a catequização dos indígenas permitiu aos espanhóis a utilização de recursos cruéis para a
conversão e utilização dos indígenas como mão de obra.
Note que não estamos falando aqui que a catequização era um pretexto para a conquista. Como reino católico, a Coroa
espanhola, amparada pelo papado, acreditava �rmemente na necessidade de conversão e na salvação das almas dos
indígenas, considerados pagãos, bárbaros e selvagens.
Saiba mais
Leia o texto As imposições espanholas e saiba mais sobre a chegada dos espanhóis à América.
No século XVIII, a Espanha havia formado um extenso
império, que ocupava grande parte das terras
americanas. Mas os con�itos sociais eram recorrentes e
os problemas administrativos como a corrupção,
constantes.
No tocante às classes sociais, os espanhóis natos,
chamados de chapetones, ocupavam os cargos máximos
da administração, como o de vice-rei.
Os criollos, �lhos de espanhóis nascidos na América,
constituíam a elite local e ocupavam os cargos
administrativos do cabildo, a câmara municipal.
Mestiços, índios e negros ocupavam a base da pirâmide
social.
As disputas de poder entre criollos e chapetones
acabaram sendo um dos principais motores da
independência das colônias espanholas, no século XIX,
pois, durante o século XVIII, por questões internas da
Espanha, o poder metropolitano foi se tornando cada vez
mais frágil.
Durante o século XVIII, a Espanha passoupor uma grave
crise sucessória, que provou a Guerra de Sucessão,
envolvendo diversos reinos europeus.
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O declínio
O Rei Carlos II, da dinastia Habsburgo, casado com uma
princesa francesa, não tinha herdeiros.
O rei francês, Luís XIV, reivindicava a posse do trono
espanhol para seu neto, Felipe, já que com a morte de
Carlos II, o trono �caria vago.
Houve uma enorme oposição a esta manobra política no
continente espanhol, já que um herdeiro francês, no trono
espanhol, abriria para a França as portas do continente
americano.
Inicia-se então um con�ito culminando com a vitória
francesa e a ascensão de Felipe V ao trono. Mas a vitória
teve um preço e o novo rei precisou fazer concessões aos
demais reinos, assinando o Tratado de Utrecht , que
garantiria sua permanência no trono espanhol.
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 Guerra de Sucessão Espanhola 
Filipe d'Anjou e Luís José I, Duque de Vendôme, comandando as forças franco-
espanholas
 Revolução francesa.
De fato, o século XVIII foi extremamente conturbado no continente
europeu. Além da guerra sucessória na Espanha, toda a Europa
sofreu o re�exo da Revolução Francesa de 1789 e da expansão
napoleônica que a seguiu. Os laços que prendiam colônias e
metrópoles começaram a se esfacelar e o primeiro passo para que
isso ocorresse foi o rompimento dos monopólios comerciais que até
então, asseguravam o poder metropolitano e sua prosperidade
econômica.
As independências, que ocorreram no século XIX, têm sua origem
nos acontecimentos do século XVIII. A Espanha foi invadida por
Napoleão, o que abalou sua estabilidade e tornou-a incapaz de
administrar suas colônias com o rigor usual.
Segundo o historiador Istvan Jancsó:
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"A guerra revolucionária europeia desdobra-se na América
espanhola em aumento dos impostos e exigência de
doações extraordinárias, o que, apesar de signi�car um
formidável aumento da pressão �scal, não evita que a
monarquia espanhola se aproxime cada vez mais da
indigência. A debilidade militar da Espanha implicou na
impossibilidade prática de assegurar o regime de comércio
que as reformas anteriores tentaram implementar como
norma”
JANCSO, 2002
 Jose San Martin  (esq.) e Simon Bolívar (dir.)
Os desdobramentos da invasão francesa à Espanha não tardaram.
Com o aumento das exigências metropolitanas, o clima de
insatisfação entre a elite criolla local cresceu, disseminando as
propostas de rompimento.
Somamos a isso a in�uência das ideias iluministas e os princípios
de cidadania e liberdade que circulavam entre essa elite letrada e a
independência das treze colônias inglesas, em 1776.
Os criollos reivindicavam autonomia política e os dois principais
líderes do processo de emancipação foram Jose San Martin e
Simon Bolívar . Em meados do século XIX, todas as ex-colônias
já eram independentes e a Espanha perdia seu domínio americano.
Mas a formação dos estados latinos apenas começava.
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A estrutura majoritariamente agrária da América latina permaneceu no pós-independência e manteve-se como um
legado do passado colonial.
Também na estrutura política este legado se fez presente, com o predomínio das oligarquias rurais no estado e na defesa
dos interesses de uma minoria.
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Quando comparamos os processos de formação dos estados nacionais latinos e norte americano, vemos que, embora
diferentes, ambos mantiveram resquícios de seus legados coloniais.
Saiba mais
Leia o texto Enquanto isto, na América do Norte... para entender o que acontecia na América do Norte nesse mesmo
período.
Após as independências
O primeiro desa�o empreendido pelo novo governo republicano foi a unidade territorial. Dessa forma, foi adotado o
sistema federativo, concedendo autonomia política a cada unidade da federação.
Em 1787, foi promulgada a Constituição, a mesma que vigora até os dias de hoje, garantindo os direitos nacionais.
Contudo, cabe a cada estado legislar sobre os aspectos que não estão contemplados na Constituição, permitindo a
manutenção do sistema escravista.
Embora a abolição tenha ocorrido no século XIX, o sistema federativo permitiu a manutenção do preconceito e da
segregação racial nos EUA até o século XX. Nos estados do Sul, os negros possuíam suas próprias escolas, eram
separados nos transportes coletivos e proibidos de frequentar os mesmos estabelecidos que os brancos, em uma
realidade que perdurou até a década de 1960.
Segundo Márcia Miranda Soares:
"Os interesses centrífugos determinaram o surgimento do
experimento federalista nos EUA e a formação destes
interesses deve ser buscada no período colonial na ampla
condição de autonomia de que as treze colônias inglesas
gozaram, o que propiciou a formação de uma forte
identidade territorial e o apego à condição de autonomia
de que desfrutavam.”
SOARES, 1988
Como podemos perceber as ex-colônias, sejam inglesas ou latinas, guardam em suas estruturas socioeconômicas uma
enorme herança de seu passado colonial.
Também a conjuntura metropolitana foi responsável pela formação dos sistemas sociais que se desenvolveram, e na
relação de dependência econômica que se estabeleceu como um entrave na economia da América Latina.
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No conjunto da era moderna, o processo colonial foi fundamental para a consolidação dos estados nacionais europeus e à
medida que estes enfraqueciam, ruía igualmente seu poder sobre as colônias.
Foram os con�itos vivenciados pelos reinos europeus que proporcionaram as condições para os movimentos de
independência e para a formação dos estados nacionais americanos que, mesmo livres do jugo metropolitano, ainda se
mantiveram atrelados a um passado colonial.
Notas
Metalismo 1
Na Idade Média, a riqueza era medida pela posse de terras e, na Idade Moderna, pela posse de metais preciosos. À medida que
o comércio cresce, aumenta também a necessidade de moeda e, portanto, a de metal precioso para cunhá-las.
Holanda 2
Na aula passada, estudamos mais atentamente, de que forma a expansão holandesa interferiu na história do Brasil, com as
invasões no Nordeste brasileiro. Essas invasões foram parte do processo de expansão marítima holandesa que, como
notamos, é radicalmente diferente do que foi empreendido pela Espanha, por exemplo.
Exploração 3
Em uma análise super�cial, apontava-se que a colonização ibérica era de exploração, pois tinha como objetivo fundamental
explorar as terras descobertas sem o intuito de desenvolvê-la.
Povoamento 4
Já a colonização inglesa seria de povoamento, pois a aplicação da negligência salutar teria concedido às colônias autonomia
su�ciente para que tivessem uma organização política própria, sofrendo uma interferência menor da Coroa do que o que foi
aplicado no Brasil e em boa parte da América.
Tratado de Utrecht 5
Permitiu a Inglaterra comercializar com as colônias espanholas, o que quebrou o monopólio sobre o comércio que a Espanha
mantivera até então.  
Simon Bolívar 6
Simon Bolívar defendia que as ex-colônias deveriam formar um único pais, de dimensões continentais, em uma ideologia que
�cou conhecida como Bolivarismo. Entretanto, embora aparentemente as antigas possessões espanholas tivessem muito em
comum, tinham também muitas diferenças e interesses con�ituosos. Devido a estrutura montada pela Espanha durante os
séculos de dominação colonial, diversas regiões tinham a mesma economia, como Paraguai, Uruguai e Argentina, cuja base
econômica era a pecuária. Isso as tornava concorrentes e cada elite local defendia seus próprios interesses, inviabilizando o
projeto de Bolívar.
Estrutura 7
Foi um dos fatores da industrialização e urbanização tardia do continente.
Referências
JANCSO, Istvan. A construção dos estados nacionais na América Latina: apontamentos para o estudo do império como projeto.
In: SZMRECSANYI, Tamás e LAPA, José Roberto do Amaral (orgs.) História econômica da Independência e do império. São
Paulo: HUcitec/Edusp, 2002. p. 14.
SOARES, MárciaMiranda de. Federação, democracia e instituições políticas. In: Lua Nova: revista de Cultura e Política. São
Paulo, 1988. n. 44. p. 139
Próxima aula
A expansão territorial chinesa
O Japão moderno
A Revolução Meiji
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