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Característica e Diagnóstico de retroviroses [HIV e HTLV]

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Vírus da imunodeficiência humana 
CARACTERÍSTICAS 
GERAIS 
O vírus da imunodeficiência humana (HIV) 
pertence à família Retroviridae e ao gênero 
Lentivírus. O nucleocapsídeo é composto de 
duas moléculas de RNA esférico de cadeia 
simples com aproximadamente 9,2 kb. Possui 
envoltório nuclear com glicoproteínas virais 
adquiridas por brotamento a partir da 
membrana plasmática dos primeiros 
hospedeiros. Existem dois tipos principais de HIV: 
HIV-1 com glicoproteínas gp120 e gp41, e HIV-2 
com glicoproteínas gp140 e gp41. 
Embora contenha outros genes, existem três 
constituintes principais do genoma do HIV. O 
primeiro deles é o gene GAG (p53), que 
codifica precursores proteicos: a proteína de 
matriz (MA, p17), proteína do capsídeo (CA, 
p24) e proteína do nucleocapsídeo (NC, p6 e 
p7). O gene POL (p160), por sua vez, é 
responsável por codificar enzimas: proteases 
(p10) que agem na maturação, transcriptase 
reversa (p55-p66) que participa essencialmente 
no processo de replicação viral no hospedeiro, 
RNAse H, que degrada RNA viral nos híbridos 
RNA-DNA e libera DNA para molde, e integrasse 
(p32) que liga o DNA viral linear de cadeia 
dupla ao genoma da célula hospedeira. Por 
fim, tem-se o gene ENV (gp160) que decodifica 
precursores das proteínas do envoltório: 
subunidade SU (gp120), que se liga aos 
receptores celulares, subunidade TM (gp41) que 
é responsável pela fusão vírus-célula e célula-
célula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GENÓTIPOS 
Em relação aos dois genótipos existentes do HIV 
(1 e 2), podemos dizer que a diferença estrutural 
está ligada aos genes env e gag. HIV-1 possui 
três subtipos (ou clades) diferentes: grupo M 
(major), grupo O (outlier) e grupo N. O HIV-2 
possui subtipos (ou clades) de A à E. 
Além das particularidades estruturais do HIV, 
podemos citar 4 distinções entre os dois tipos. 
São elas: 
1. Local de frequência 
HIV-2 é bastante comum na África Ocidental, 
mas raramente encontrado em outras partes do 
mundo. De maneira divergente, o HIV-1 é 
recorrente em praticamente todos ou outros 
países, exceto a África Ocidental. 
2. Transmissão 
H
IV
-1
 
H
IV
-2
 
Embora sejam transmitidos pelas mesmas vias 
(sexuais, objetos perfurocortantes infectados, 
etc), o HIV-2 produz menos partículas virais 
quando comparado ao HIV-1, e por isso é 
considerado menos virulento e o risco de 
transmissão é sutilmente menor. 
3. Evolução da Infecção 
Devido ao fato de que a carga viral do HIV-2 é 
mais baixa, a evolução da infecção para a AIDS 
é bem mais lenta quando comparado ao HIV-
1. Neste caso, os primeiros sintomas da doença 
podem demorar até 30 anos para aparecerem, 
enquanto na infecção por HIV-1 esses sinais 
tendem a serem visto com até 10 anos da 
primeira infecção. 
4. Tratamento 
HIV-2 é resistente à dois tipos de antirretrovirais: 
análogos à transcriptase reversa e inibidores de 
fusão (ou entrada). Não só por isso, mas 
também devido às diferenças de virulência e 
estrutura, o tratamento dos dois tipos de HIV 
varia, assim como a combinação (coquetel) 
medicamentosa. 
FUSÃO À CÉLULA 
ALVO 
O receptor principal do HIV se encontra nos 
linfócitos T CD4+ (ou T helper) e em macrófagos, 
e é a molécula glicoproteica CD4. Essa 
molécula também está presente em monócitos, 
células dendríticas e células Natural Killer, e por 
isso o vírus HIV é passível de infectar outras 
células senão seu alvo principal (T CD4+). Para 
que a infecção seja bem sucedida é necessário 
a participação de dois correceptores: CCR5, 
nos macrófagos e CXCR4 nos linfócitos. 
 
 
 
EVOLUÇÃO DA 
INFECÇÃO (AIDS) 
A infecção primária pelo HIV geralmente não 
apresenta nenhum sintoma alarmante, exceto 
uma leve sensação gripal e febre (mas não é 
via de regra). Nesse período ocorre a 
replicação viral e logo em seguida o HIV entra 
em latência. Ou seja, é uma fase assintomática. 
Dependendo do tipo de HIV (1 ou 2) as 
manifestações clínicas podem demorar de 10 
até 30 anos para aparecerem, e caracterizam 
a Síndrome da Imunodeficiência Adquiria 
(AIDS). É a fase sintomática da infecção por HIV 
e possui linfadenopatia como principal 
característica. Devido a depleção do sistema 
imunológico pelo vírus, a AIDS abre espaço 
para infecções oportunistas de parasitos, 
bactérias e até outros tipos de vírus. O paciente 
portador de AIDS geralmente vem à óbito 
devido a infecções de cunho secundário. 
DIAGNÓSTICO 
LABORATORIAL 
A importância do diagnóstico de HIV se deve 
principalmente pelo fato de identificar 
pacientes com infecção ou portadores do vírus 
e, portanto, permite a aplicação do tratamento 
com antirretrovirais. Também confirma o 
diagnóstico clínico de AIDS. 
O diagnóstico imunológico de HIV é por meio 
de testes sorológicos, como IFI, ELISA indireto, 
quimiluminescência, que identificam a 
presença de anticorpos contra o vírus. Técnicas 
imunológicas de detecção de antígeno, como 
ELISA sanduíche, também são aplicáveis e 
permitem diferenciar os dois tipos virais. 
É possível realizar cultura viral de HIV para 
confirmar ou descartar a presença do vírus na 
amostra, mas de todos os métodos existentes os 
de biologia molecular são os mais precisos. RT-
PCR e dosagem da carga viral possibilitam dizer 
com alta certeza se há presença do vírus no 
sangue do paciente. Western blot também 
pode ser usada como técnica para identificar a 
presença de anticorpos anti-HIV. 
Os marcadores sorológicos e moleculares da 
infecção por HIV estão apresentados na figura 
abaixo: 
 
ALGORITMOS DO 
ELISA 
 
PROGNÓSTICO DA 
DOENÇA 
• Carga viral < 10.000 cópias RNA/mL: 
baixo risco de progressão ou de piora; 
• Carga viraL 10.000- 100.000: risco 
moderado de progressão ou piora; 
• Carga viral > 100.000: elevado risco de 
progressão ou piora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vírus linfotrópico de células T humanas 
CARACTERÍSTICAS 
GERAIS 
O HTLV é um vírus que também pertence à 
família Retroviridae, e é vulgarmente conhecido 
como “primo” do HIV. É do gênero 
Deltaretrovirus e foi o primeiro retrovírus 
identificado em seres humanos. Também possui 
dois tipos diferentes: HTLV-1, isolado em 1981 a 
partir de um paciente com leucemia aguda e 
erupções cutâneas, e está relacionado a 
doenças neurológicas e degenerativas graves 
(paraparesia espástica tropical) e doenças 
hematológicas (leucemia e linfoma de células T 
humana do adulto (ALT)). Polimiosites, 
poliartrites, uveítes e dermatites são 
enfermidades que parecem relacionadas com 
esse tipo de vírus. 
O HTLV-2 foi identificado em linfócitos esplênicos 
de um paciente com tricoleucemia de células T 
em 1983, mas até os dias de hoje ainda não é 
muito claro a sua ligação com alguma 
patologia específica. 
Esses vírus têm estrutura arredondada a 
polimórfica, o nucleocapsídeo contém duas 
cópias de RNA viral e a enzima transcriptase 
reversa, o capsídeo é icosaédrico e as 
glicoproteínas são decodificadas pelo gene 
gag. Possui envoltório com glicoproteínas de 
superfície (gp46) e glicoproteínas trans-
membranas (gp 21), além de camada bilipídica 
e junto à membrana do envoltório está a matriz 
composta pela proteína Gag (p19). 
 
PATOGÊNESE E 
MANIFESTAÇÕES 
CLÍNICAS 
A primeira resposta humoral do sistema 
imunológico referente à infecção por HTLV, 
quando infecta suas células-alvo (LT CD4+), é a 
produção de anticorpos anti-gp46 e anti-gp21. 
A segunda resposta produzida é objetificando 
outras proteínas de nucleocapsídeo (gp15), de 
matriz (p19) e de capsídeo (p24). 
HTLV não é um vírus citolítico, dado que o 
objetivo principal é modificar as células 
infectadas; por isso, esse vírus é considerado 
oncogênico, uma vez que sua internalização 
pode culminar na transformação morfológica e 
funcional da célula hospedeira. O período de 
latência entre o início da infecção e às 
manifestações clínicas é de até 30 anos, e 
devido a isso amaioria dos portadores são 
assintomáticos. 
Esse vírus é capaz de induzir a produção de 
gene regulador da transcrição genômica, 
capaz de ativar promotores, e inclusive outros 
genes, específicos (como precursores de IL-2 e 
GM-CSF). Essa propriedade favorece a 
continuidade do ciclo celular. 
A transmissão, então, do HTLV pode acontecer 
via sexual, amamentação ou transfusão 
sanguínea. A princípio o vírus infecta células 
endoteliais, fibroblastos, mas principalmente 
linfócitos T; no entanto, neurônios expressam o 
receptor para HTLV e por isso podem ser 
infectados. Logicamente, por infectar células 
imunitárias, o vírus causa imunossupressão. 
LINFOMA DE CÉLULAS 
T DO ADULTO 
É uma doença maligna de LT maduros, induzida 
pela infecção por HTLV. 2% a 3% dos infectados 
pelo vírus desenvolvem a doença e são 
essencialmente indivíduos adultos. A forma 
aguda é caracterizada por adenomegalia 
generalizada acompanhada de hepato-
esplenomegalia, lesões osteolíticas, hiper-
calcemia e frequentes manifestações cutâ-
neas. 
 
PARAPARESIA 
ESPÁTICA TROPICAL 
Doença neurológica degenerativa que 
provoca desmielinização crônica progressiva 
da medula espinal. Em geral a doença 
acomete mais mulheres entre 40 e 50 anos. 
Pode acometer adolescentes (infecção por 
transmissão vertical). 
 
DIAGNÓSTICO 
LABORATORIAL 
É importante para certificar que um paciente 
com sintomas e/ou sinais sugestivos de ATL ou 
paraparesia espástica está infectado ou não 
por HTLV. Também é importante na triagem de 
bancos de sangue, triagem de indivíduos 
expostos e no rastreamento de gestantes no 
pré-natal. 
Geralmente o teste utilizado para diagnóstico é 
ELISA, e quando o resultado indica amostra 
reativa a confirmação pode ser feita via 
Western blot. Os resultados falsos negativos são 
raros devido a especificidade do western blot. 
 
Técnicas de biologia molecular, principalmente 
o PCR e a dosagem de carga viral, podem ser 
utilizados para um resultado mais específico e 
que não abre margem para dúvidas.

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