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Farmacologia - Aula 10 - Autacoides

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1 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 
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Farmacologia – Autacoides 
1. Introdução 
▪ Em tradução livre da língua grega, o nome autacóide 
significa “próprio remédio”. Nesse contexto, tem-se que 
tais moléculas são responsáveis por ações de cuidado 
fisiológico, ou seja, ações de reparo, de regeneração, 
de inflamação, de resposta imune, entre outas. 
▪ Exemplos de autacoides: histamina, serotonina, 
eicosanoides, citocinas, cininas, oxido nítrico e 
angiotensina. 
▪ De modo geral, a partir dos exemplos elencados acima, 
pode-se concluir que os autacoides consistem em 
moléculas químicas derivadas de fosfolipídios de 
membrana, aminas biogênicas, peptídeos endógenos e 
citocinas que produzem ação local. 
2. Histamina 
▪ Constitui um tipo de autacóide, sendo derivada do 
aminoácido HISTIDINA, o qual, por meio da enzima 
HISTIDINA DESCARBOXILASE, é convertido em histamina. 
▪ A histamina é principalmente secretada por MASTÓCITOS, 
embora também possa ser secretada por basófilos. Porem, 
independente da origem, sua metabolização se revela 
bastante ágil. 
▪ Seus principais sítios de ação são pulmão, pele da face, 
mucosa nasal, estomago e vasos sanguíneos. 
▪ Além disso, a histamina também apresenta atuação no SNC 
como neurotransmissor, controlando a termorregulação, 
o estado de vigília e alguns aspectos da fisiologia 
cardiovascular. Repare bem, por controlar o estado de 
vigília, o comprometimento da atuação histamínica pode 
conduzir a um quadro de sonolência, exatamente um dos 
efeitos adversos mais comuns nos anti-histamínicos de 
primeira geração. 
▪ Outro sitio anatômico que apresenta importante ação 
histamina é o corpo gástrico, onde as células 
enterocromafins liberam histamina, que é responsável 
por estimular células parietais a liberarem íons H+. 
▪ Liberação e Armazenamento da Histamina 
➢ De modo geral, a histamina atua como mediadora de 
reações alérgicas imediatas, especificamente reações 
imunes tipo I. 
➢ Repare, mastócitos e basófilos apresentam sua 
superfície recoberta por imunoglobulinas do tipo IgE, 
aptas ao reconhecimento antigênico. Desse modo, uma vez 
que ocorre a ligação do antígeno a uma dessas proteínas, 
 
 
 
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tem-se inicio o processo de degranulação com a liberação 
de histamina e de outros mediadores. 
▪ Mecanismo de Ação da Histamina 
➢ Como já apresentado, a ação da histamina dialoga de 
modo intimo com o sistema imunológico. Desse modo, tem-
se que suas principais ações ocorrem no sentido de 
auxiliar processos de reparo, de regeneração e de 
combate a agentes invasores. 
➢ Por exemplo, nos pulmões, a histamina atua promovendo 
Broncoconstrição. Na musculatura vascular, por sua vez, 
tem-se vasoconstrição, sendo eritema a manifestação 
clinica característica. 
➢ Repare, na tabela abaixo, as diferentes ações da 
histamina em cada sitio anatômico, bem como a presença 
de receptores distintos. 
 
▪ Receptores de Histamina 
 
 
 
 
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➢ A partir das tabelas acima, note que os receptores H1 
ativam terminações nervosas sensitivas responsáveis por 
mediar a dor e o prurido. Já os receptores H2 e H4 atuam 
na vasodilatação, no aumento da permeabilidade capilar, 
no edema, em efeitos quimiotáxicos, na inibição da 
liberação de lisossomos e na inibição da ativação de 
linfócitos B e de linfócitos T. Por fim, os receptores 
H3 medeiam a liberação de peptídeos pelos nervos, em 
resposta a um processo inflamatório. 
▪ Ações Farmacológicas da Histamina 
➢ Sistema Cardiovascular – Receptores H1 e H2: Promoção 
de intensa vasodilatação, o que pode culminar em um 
quadro de hipotensão. Além disso, ocorre ação 
cronotrópica e ação ionotrópica positivas em função da 
estimulação dos barorreceptores, devido à hipotensão. 
➢ Musculo Liso: Principalmente processo de contração 
muscular. O mais notório é o caso dos brônquios, cuja 
constrição reproduz efeitos semelhantes àqueles 
observados no paciente asmático. 
➢ Secreções Exócrinas – Pela ação de receptores H2, tem-
se secreção, por exemplo, de íons H+ na mucosa gástrica. 
▪ Anti-Histamínicos H1 
➢ Agem de modo seletivo sobre os receptores H1, por 
exemplo, atuando sobre os brônquios (impedindo a 
constrição), sem alterar a secreção gástrica ou a 
contratilidade do musculo cardíaco. 
➢ Os mais antigos, ou de 1ª geração, promoviam sonolência, 
uma vez que atravessavam a barreira hematoencefálica. 
Todavia, tal efeito adverso fora eliminado nos fármacos 
de 2ª geração, cuja ação se revela mais especifica e 
mais segura. 
➢ Além da sonolência, a falta de seletividade de fármacos 
anti-histamínicos de 1ª geração também pode produzir 
outros efeitos adversos ou não, como anestesia local 
(bloqueio dos canais de sódio), hipotensão ortostática 
(antagonistas alfa-adrenérgicos), glaucoma, retenção 
urinaria, constipação, ação anti-emética e 
anticinetósica. 
➢ Todavia, a falta de seletividade produz, sobretudo, 
ações adversas no leito cardíaco, como taquicardia, 
palpitações, alterações no ECG, hipotensão, aumento do 
intervalo QT, fibrilação ventricular, entre outros. 
 
 
 
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▪ Anti-Histamínicos H2 
➢ Os receptores H2 são encontrados em grande medida nas 
células enterocromafins da mucosa gástrica, de modo que 
sua atividade reduz a secreção acida e a atividade da 
enzima pepsina. 
➢ Exemplos: Cimetidina, Ranitidina, Famotidina, 
Nizatidina. 
 
3. Serotonina 
▪ Originaria a partir da descarboxilação do aminoácido 
triptofano. 
▪ Sua produção ocorre em múltiplos sítios anatômicos, 
como no TGI (células enterocromafins), nos vasos 
sanguíneos, nas plaquetas do sangue e no SNC (núcleo da 
rafe). 
 
 
 
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▪ Repare, na tabela acima, as diversas ações atribuídas 
à serotonina, dependendo do receptor acionado. Por 
exemplo, nos receptores 5HT1A-F ocorre processo de 
diminuição do AMPc, ou seja, tem-se ativação da proteína 
Gi. 
▪ Fármacos Triptanos 
➢ Atuam como agonistas de receptores serotoninérgicos, 
como 5HT1D e 5HT1B. 
➢ Ao promover o estimulo desses receptores, os Triptanos 
acarretam um processo de vasoconstrição, o que pode ser 
bastante útil no tratamento da enxaqueca, por exemplo, 
uma vez que tais receptores se localizam no leito 
vascular cerebral. 
 
 
 
 
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▪ Ondansetrona 
➢ Antagonista seletivo de 5HT3. 
➢ Empregado no tratamento da emese em pacientes 
quimioterápicos. 
▪ Tecaserode e Prucaloprida 
➢ Antagonistas seletivos 5HT4. 
➢ Empregados no tratamento de síndrome do intestino 
irritável, pois produzem aumento da motilidade do TGI. 
4. Eicosanoides 
▪ Correspondem a um grupo de moléculas formadas a partir 
do acido araquidônico, oriundo das membranas celulares, 
especificamente dos fosfolipídios. 
▪ Os principais eicosanoides são as prostaglandinas, as 
prostaciclinas, o tromboxano A2 e os leucotrienos, 
sendo a sua principal atuação a mediação de processos 
inflamatórios. 
▪ O mecanismo de produção dessas moléculas depende, em 
princípio, da ação de mediadores específicos, como a 
histamina, a bradicinina e as citocinas. Repare, uma 
vez liberadas, tais substancia atuam em receptores 
específicos na membrana celular, ativando a enzima 
FOSFOLIPASE A2 (PLA2), que é responsável por converter 
a FOSFATIDILCOLINA, integrante da parede celular, em 
ACIDO ARAQUIDONICO, substrato para a síntese de 
eicosanoides. Além disso, há a atuação de outra enzima, 
a FOSFOLIPASE C, que converte FOSFATIDIL INOSITOL 
BIFOSFATO em 1,2-diacil glicerol, o qual será 
convertido em ACIDO ARAQUIDONICO. 
 
 
 
 
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▪ Uma vez produzido o acido araquidônico, tem-se a ação 
de uma outra gama enzimática com o fito de mediar a 
produção do eicosanoides. 
 
▪ Cicloxigenase 1 (COX1) 
➢ Produzida de forma constitutiva, ou seja,basicamente 
todas as células do corpo apresentam a capacidade de 
expressar tal enzima, detendo, assim, a possibilidade 
de converter ácido araquidônico em prostaglandinas. 
➢ Principais locais onde é encontrada: mucosa gástrica, 
endotélio vascular, plaquetas e rins. 
 
 
 
 
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▪ Cicloxigenase 2 (COX2) 
➢ Constitui a isoforma induzida da enzima, ou seja, 
somente sofre produção mediante estimulo inflamatório. 
➢ Encontra-se em macrófagos, em monócitos, no musculo 
liso, no endotélio vascular, no epitélio e nos 
neurônios. 
➢ Sua expressão pode ser inibida pelo uso de corticoides. 
 
▪ Prostaglandinas 
➢ Controle da pressão arterial. 
➢ Estimulação da contração da musculatura lisa. 
➢ Indução da resposta inflamatória. 
➢ Inibição da agregação plaquetária. 
▪ Tromboxanos 
➢ Mobilização do cálcio intracelular. 
➢ Promoção de agregação plaquetária. 
➢ Vasoconstrição. 
➢ Contração do musculo liso. 
▪ Leucotrienos 
➢ Estimula contração da musculatura lisa. 
➢ Induz resposta alérgica. 
➢ Induz inflamação. 
 
 
 
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➢ Por exemplo, inibidores da síntese de leucotrienos, 
como Prednisona e Prednisolona, são utilizados no 
tratamento da ASMA. 
▪ Mecanismo de Ação dos Eicosanoides 
➢ Os eicosanoides apresentam receptores acoplados a 
proteínas Gs e Gi, que atuam por meio da via da 
adenilato ciclase. 
➢ PGD2, PGE1, PGI2 – Promovem estimulação, elevando os 
níveis de AMPc. 
➢ PGE2 – Promove inibição, reduzindo os níveis de AMPc. 
➢ PGFa2, PGH2, TXA2, Endoperoxidos, Leucotrienos e 
Lipoxinas – Ativam a via da Fosfolipase C, ou seja, são 
acoplados à proteína Gq. 
▪ Prostaglandinas e AINES

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