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Jean Jacques Rousseau e a Sociedade Civil

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FERNANDA CAUS PRADO 
 
FERNANDA CAUS PRADO 
 
ROUSSEAU 
 
Jean Jacques Rousseau foi um filósofo e 
escritor suíço, que viveu entre 1712 e 
1778. Extremamente popular no 
movimento iluminista e na Revolução 
Francesa, aos dez anos já era órfão de pai 
e mãe. Sua principal obra é O Contrato 
Social. Defendia com firmeza os princípios 
“liberdade, igualdade e fraternidade”. 
Rousseau critica Hobbes ao afirmar que a 
estrutura de uma sociedade civil em que 
um número restrito manda e os demais 
(muitos) obedecem faz com o gênero 
humano se torne propriedade de poucos 
donos, que conservam o gênero humano, 
de modo a devorá-los. A sociedade 
converte-se em propriedade de quem está 
no poder. 
 
O Estado de Natureza 
Para Rousseau, o estado de natureza é 
pacífico e feliz. O homem não possui 
necessidades que não aqueles que ele 
pode satisfazer com os recursos da 
natureza; não precisa se unir aos demais, 
do mesmo modo que não precisa lutar com 
eles. 
O homem não estabelece vínculos morais 
e, por isso, não pode ser considerado nem 
bom nem mau, é despido de virtude. A 
virtude apenas surge da relação com o 
outro, logo, quando sozinhos, não há 
necessidade de ser virtuoso, apenas 
atendemos os interesses próprios. A 
virtude humana é lapidada com a relação 
com o outro. 
No estado de natureza, os homens são 
considerados felizes (por se encontrarem 
satisfeitos), mas não são considerados 
livres porque não obedecem à lei da razão 
e seguem apenas seus caprichos, apetites 
e paixões. 
O homem vive isolado se satisfazendo 
com o que a natureza lhe dá, a disputa não 
é necessária, afinal, a natureza é 
generosa. 
O conceito de felicidade está associado, 
portanto, à satisfação, a qual pode trazer 
ao homem felicidade, mas não liberdade. 
O homem satisfeito, para Rousseau, é um 
homem feliz, mas não livre. 
A liberdade é apenas aquela sob a lei; a 
licença não nos concede liberdade 
nenhuma. Seguir apenas seus caprichos, 
apetites e paixões é não ter a 
compreensão da lei da natureza – e quem 
não a tem é um idiota (ainda que isso seja 
sinônimo de liberdade hoje em dia); 
aqueles que não conseguem ter a 
dimensão do outro, aquele que pensa que 
o mundo se esgota em si mesmo. Não 
podemos dizer que isso é instinto, pois se 
fosse todos os homens teriam os mesmos 
caprichos, apetites e paixões. 
O gozo, ao contrário do que a publicidade 
apresenta, não nos traz liberdade, mas nos 
deixa na mais severa servidão. É possível 
compreender esse conceito através do 
exemplo da legalização das drogas. O 
indivíduo que as utiliza, é então colocado 
como livre, entretanto, não é livre pois está 
submetido ao vício. Rousseau entende 
que o que coloca a barreira ao gozo é a 
razão. 
Desse modo, a não liberdade, em 
Rousseau, é a ausência de conhecimento 
FERNANDA CAUS PRADO 
 
FERNANDA CAUS PRADO 
 
da lei da razão: sem ela, o homem é 
apenas escravos de seus apetites, 
caprichos e paixões. 
As dificuldades dessa condição não 
demoram a aparecer e o homem é levado 
a fazer alianças com seus semelhantes 
para sobreviver. A convivência humana, 
sem a lei da razão e com desejos 
semelhantes uns aos outros, gera o 
conflito, o choque, a guerra. 
Da mesma forma que os homens 
descobrem as conveniências da união, 
eles descobrem imediatamente as 
inconveniências dessa união. Nesse 
momento, em função das disputas que são 
próprias dos homens, a igualdade que era 
natural desaparece. A propriedade é 
introduzida e o trabalho torna-se 
obrigatório e, muitas vezes, escravo. Não 
há uma lei comum, não há o 
reconhecimento da lei da razão. 
Quando não nos reunimos sob a lei da 
razão, o que passa a valer é a vontade do 
mais forte, que se estabelece como uma 
forma de lei para todos. Essa vontade nos 
subjuga. Porque ficamos à mercê dos 
caprichos, apetites e paixões daqueles 
que são mais fortes. Esse momento é 
designado por Rousseau como sociedade 
civil. 
Quando nós estamos nessa condição, nós 
só podemos fazer com o outro a guerra. E 
com a lei, esse poder comum que nós 
conquistamos, a paz e a possibilidade de 
uma vida boa podem ser obtidas (lei da 
razão – in foro interno). E o Estado in foro 
externo obrigaria a respeitar a lei da razão. 
 
A sociedade civil 
A sociedade civil é o estado de guerra; 
uma condição totalmente miserável, 
marcado pela desigualdade e opressão. A 
sociedade civil é algo negativo, e precisa 
ser superada para que o homem encontre 
a igualdade natural, a felicidade e a 
liberdade. A lei comum pode garantir que 
os homens convivam uns com os outros e 
ao mesmo tempo sejam livres, iguais e 
felizes, ou seja, a solução é o contrato. 
O regime próprio da sociedade civil é a 
anarquia. 
Ser racional não quer viver em Guerra e 
quer ter uma vida boa, trabalhar para obtê-
la, encontrar e conservar objetos 
satisfatórios de desejo. “Não fazer ao outro 
aquilo que eu não queria que fizesse a 
mim”. 
 
O contrato 
O contrato é a ideia reguladora da razão 
que funda o pacto político. Através dele, o 
indivíduo sofre uma metamorfose, que 
possibilita a vida racional: transforma-se 
em cidadão. O contrato é um pré-requisito 
da República. 
Para Rousseau o desenvolvimento da 
humanidade não se dá a partir do Estado 
de Natureza para a Sociedade Civil, mas 
do Estado de Natureza para a Sociedade 
Civil, e desta para a República. Portanto, 
essa passagem não se dá mais em dois 
tempos, mas em três. Sendo que, para o 
autor, o momento negativo a ser superado 
através do contrato é a sociedade civil. O 
contrato se dá na passagem da Sociedade 
Civil para a República. Para Rousseau, a 
república é fundada pelo contrato. 
O contrato demanda a renúncia em 
relação aos caprichos, apetites e paixões. 
FERNANDA CAUS PRADO 
 
FERNANDA CAUS PRADO 
 
O contrato não é renúncia à liberdade; 
muito pelo contrário: é a única forma de 
conquista da liberdade. Os associados 
coletivamente são chamados de povo, os 
associados individualmente são chamados 
de cidadãos. 
Ele é uma ideia reguladora da razão, que 
funda e valida o poder político. Com ele, 
deixamos de ser idiotas e passamos a ser 
criaturas inteligentes. Através desse 
acordo, diz Rousseau, cada indivíduo 
coloca em comum a sua pessoa e toda a 
sua autoridade sob um imperativo 
supremo da vontade geral, constituindo 
um corpo moral, dotado de vida e vontades 
(República) . A lei da vontade geral é a 
única que dirige as forças para o bem 
comum. 
O que, fundamentalmente, leva ao 
contrato social é a licenciosidade, a 
desigualdade dos homens que ficam à 
mercê de uma lei comum. 
 
A vontade geral 
A vontade geral é qualificada, é a lei da 
razão. É aquela que é de todos e leva à 
realização do bem comum. Não é sinônimo 
de vontade da maioria, pois essa é apenas 
união das vontades particulares. A 
vontade geral é um conceito utópico, 
entretanto, necessário para almejar 
mudanças. A vontade geral é legisladora e 
soberana. O Estado é livre é aquele cujo 
soberano é a vontade geral. 
Eis aqui um comparativo entre a vontade 
geral e a vontade da maioria: a vontade 
geral atende ao interesse comum; a 
vontade da maioria é a soma das vontades 
particulares e, ainda que numericamente 
mais forte, não é expressão da razão. A 
vontade geral é qualificada, ilustrada e 
esclarecida pela razão e por aquilo que é 
comum; a vontade da maioria é apenas 
numérica. 
Exemplo: Se a maioria se torna 
homofóbica, ainda que se torne a vontade 
todos, não pode ser geral porque não é 
esclarecida pela razão. 
 
A liberdade e a lei 
Só há liberdade quando se está sob a lei 
da razão; fazer o que cada um bem 
entende é escravidão. A satisfação 
irrestrita dos apetites leva o homem à 
escravidão enquanto a obediência à lei 
prescrita pela razão conduz à liberdade: 
não há liberdade se não for sob a lei. 
A liberdade natural é sinônimo de 
escravidão (alicenciosidade coloca os 
homens como escravos de si mesmos). 
Livre, portanto, é aquele que respeita a lei 
da razão. Por isso, na passagem da 
condição de uma sociedade civil onde os 
homens estão em conjunto sem 
conhecimento da lei da razão, mas 
obedecendo apenas a seus caprichos, 
apetites e paixões – condição de guerra, 
para a república o homem se transforma 
de um animal estúpido e limitado em um 
ser inteligente, em um homem 
propriamente dito. 
O direito tem, portanto, um papel 
civilizacional; sem lei não há vida. A 
grande obra da lei é forçar o homem a ser, 
ao mesmo tempo, livre e justo (justo 
porque através do reconhecimento da lei 
reconhece o outro). A lei que regulamenta 
a sociedade compete exclusivamente aos 
associados (ao povo reunido sob a 
vontade geral); o povo faz a lei, então 
ninguém pode estar acima da lei na 
República. 
FERNANDA CAUS PRADO 
 
FERNANDA CAUS PRADO 
 
Ninguém, nem mesmo o soberano, pode 
estar acima da lei: aqui surge a ideia de 
Estado democrático de direito. O povo é 
quem faz as leis, então essas não são 
injustas, pois ninguém é injusto consigo 
mesmo. A lei deve partir da totalidade e 
para a eles retornar (e nada deve interferir 
nessa unidade – por isso que a vontade 
geral é unânime e não da maioria). 
A função da lei é restituir a felicidade que 
tínhamos no estado de natureza, a 
igualdade e permitir que os homens sejam 
livres. A lei obriga o homem a ser livre. 
Ao compreender os homens eu 
compreendo a lei adequada para regê-los. 
A lei positiva não está necessariamente 
vinculada à vontade geral, às vezes está 
apenas relacionada à vontade da maioria. 
Há leis que não tem nem o respaldo da 
maioria, às vezes só de uma minoria, e já 
obrigam a todos. A rigor, segundo 
Rousseau, nenhuma lei poderia privar o 
ser humano do que a vontade geral e lei da 
razão estabelece para todos. 
 
A República 
República vem do latim res publica, e 
significa coisa pública. Na república, em 
tese, todos seriam orientados pela razão e 
a vontade geral seria unânime. Mas, não 
há nada que garanta o homem.

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