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VACINAÇÃO COVID-19: PROTOCOLOS E PROCEDIMENTOS TÉCNICOS Vanessa Carvalho Material com base no curso realizado pela Plataforma da MÓDULO 2 – VACINAS, INDICADORES E QUEDA DA COBERTURA VACINAL; Série Especial sobre Vacinas O QUE SÃO VACINAS? • Uma vacina é uma preparação biológica que, ao ser aplicada, estimula o organismo a produzir anticorpos e/ou células de defesa que protegem a pessoa vacinada contra doenças infecciosas, em geral causadas por vírus ou por bactérias. • Atualmente, existem numerosas vacinas que são adotadas pelos países para a prevenção de uma série de doenças. Essas doenças são chamadas imunopreveníveis, ou seja, que podem ser evitadas por um processo de resposta imune induzido pela vacinação. • As vacinas podem ser produzidas a partir de diferentes técnicas. Em geral, envolvem a preparação de uma solução que tem por base o agente causador da doença (vírus ou bactéria) que se quer evitar. Esse patógeno pode estar inativado, atenuado ou modificado em laboratórios (pode ser usada parte dele). Novas técnicas de biologia molecular permitem, ainda, o uso de informações genéticas para simular o patógeno. Com isso, a vacina administrada desperta no organismo uma resposta imunológica por meio da produção de anticorpos específicos e/ou de estímulo a células de defesa. No caso de contato futuro com o patógeno, essas células de defesa serão capazes de reconhecê-lo e contê-lo, impedindo o desenvolvimento da doença. • Existem vacinas que protegem contra uma doença única, como a vacina contra a poliomielite, e vacinas múltiplas ou combinadas, que protegem contra mais de uma doença, como é o caso da vacina tríplice viral e da pentavalente. • A forma de administração também pode variar - por via oral (VOP) ou injetáveis (VIP). Calendário Nacional de Vacinação • ConecteSUS - Calendário de vacinas • O Calendário Nacional de Vacinação compreende 19 vacinas, com recomendações a diferentes grupos: crianças, adolescentes, adultos, idosos, gestantes e povos indígenas. • O Calendário de Vacinação do Programa Nacional de Imunizações está disponível no app ConecteSUS. Parte expressiva das vacinas que integram o Calendário Nacional de Vacinação são produzidas por instituições brasileiras, Bio-Manguinhos/Fiocruz e Instituto Butantan. O Brasil é um dos países que oferece o maior número de vacinas à população, disponibilizando um calendário de vacinação que atende todas as fases da vida. 38 mil salas de vacinação, 52 Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE). Distribuição de 300 milhões de doses anuais (46 imunobiológicos) vacinas, soros e imunoglobulinas. QUAL A IMPORTÂNCIA DAS VACINAS • Reduzir a incidência de doenças imunopreveníveis. • Evitar/reduzir a morbimortalidade. • Reduzir casos graves e óbitos. • Promover a proteção coletiva. PROTEÇÃO DO INDIVIDUAL AO COLETIVO • Quando somos expostos à uma infecção, o sistema imunológico aciona uma série de respostas para neutralizar os patógenos e limitar seus efeitos nocivos. Quando nos vacinamos, ativamos a “memória” do sistema imunológico. As vacinas são, portanto, uma das principais tecnologias disponíveis para a prevenção de doenças infecciosas. Além de sua importância para a proteção da saúde das pessoas que são vacinadas, as vacinas também são relevantes por gerarem uma proteção coletiva. Quando aplicadas em larga escala, em uma grande parte da população – ou seja, quando se consegue alcançar uma alta cobertura vacinal da população que precisa ser imunizada -, as vacinas permitem conter a transmissão de doenças infecciosas, impactando positivamente na saúde de daqueles que não serão vacinados, uma vez que passam a estar protegidos indiretamente. COBERTURA VACINAL: INDICADORES, CONDICIONANTES E DESAFIOS • A Cobertura Vacinal (CV) se configura como um dos principais indicadores do Programa Nacional de Imunizações (PNI). A partir do monitoramento desse indicador é possível avaliar, administrativamente, a proporção de vacinados com uma determinada vacina em um determinado grupo. Seu resultado subsidia a avaliação de outros indicadores, bem como estimula e direciona a tomada de decisão por parte dos gestores das diferentes esferas federativas. • A queda na cobertura vacinal ocorrida na década de 2010 e a persistência de desigualdades na cobertura vacinal entre regiões e grupos sociais, levou a um aumento na incidência ou ao reaparecimento de algumas doenças. INDICADORES DE IMUNIZAÇÕES: O QUE REPRESENTAM E COMO MEDIR • Os indicadores de desempenho da vacinação (ou indicadores de imunizações), podem ser considerados indicadores de coberturas de serviço, pois indicam o alcance das ações de vacinação em uma população alvo definida, local e tempo determinados. Ou seja, refletem a capacidade de monitorar e manter a adesão da população ao Programa de Imunizações. • A cobertura vacinal representa o percentual da população-alvo que foi vacinada para cada vacina. É estimada utilizando no numerador o total de doses aplicadas que completam o esquema vacinal de determinada vacina e no denominador a população-alvo da vacinação em local e tempo determinados. INDICADORES DE IMUNIZAÇÕES: O QUE REPRESENTAM E COMO MEDIR • Além da cobertura vacinal de cada vacina, o desempenho da vacinação também leva em conta outros indicadores, como a homogeneidade de cobertura vacinal (HCV) e a taxa de abandono da vacinação (TA). A TA reflete a adesão da população que foi absorvida pela rotina de vacinação e se manteve no programa concluindo o esquema vacinal. Da mesma forma a TA deve ser analisada para cada vacina, em um local e tempo determinados. No entanto, a TA se aplica apenas para vacinas que tenham esquema vacinal de mais de uma dose. • Existem metas e parâmetros definidos para avaliar o desempenho desses indicadores. Por exemplo, as coberturas vacinais são consideradas adequadas quando atingem a meta estabelecida para cada vacina. Em geral, para as vacinas do calendário nacional, a meta de cobertura vacinal é 95% da população-alvo. Porém, algumas vacinas como a BCG, a rotavírus, a influenza e a mais recente, a vacina contra Covid-19, a meta de CV é 90% para cada grupo-alvo. Para as vacinas papiloma vírus humano (HPV) e a Meningite ACWY em adolescentes, a meta foi estabelecida em 80% da população-alvo. INDICADORES DE IMUNIZAÇÕES: O QUE REPRESENTAM E COMO MEDIR • A homogeneidade de cobertura vacinal pode ser avaliada em relação à abrangência geográfica, por exemplo, um conjunto de municípios. Estima o percentual de municípios que atingiu a meta estabelecida de cobertura vacinal para uma determinada vacina em relação ao total de municípios avaliados. Também pode ser avaliada a homogeneidade de coberturas entre vacinas, que estima o percentual de vacinas que atingiram a meta de cobertura vacinal, em relação ao total de vacinas avaliadas. INDICADORES DE IMUNIZAÇÕES: O QUE REPRESENTAM E COMO MEDIR • A homogeneidade de cobertura vacinal pode ser avaliada em relação à abrangência geográfica, por exemplo, um conjunto de municípios. Estima o percentual de municípios que atingiu a meta estabelecida de cobertura vacinal para uma determinada vacina em relação ao total de municípios avaliados. Também pode ser avaliada a homogeneidade de coberturas entre vacinas, que estima o percentual de vacinas que atingiram a meta de cobertura vacinal, em relação ao total de vacinas avaliadas. Calculando indicadores de Imunizações O cálculo dos indicadores de imunizações requer a utilização de fontes de informações confiáveis, para produzir resultados confiáveis. A cobertura vacinal referente a cada vacina, tradicionalmente é aferida considerando a relação entre o número de doses aplicadas (numerador) e a população-alvo em um dado território (denominador). Esse é o chamado método administrativo ou indireto. Portanto, para que seja confiável espera-se que tanto os dados que compõem onumerador como os que compõem o denominador sejam de qualidade, refletindo a realidade do local em avaliação. Calculando indicadores de Imunizações As fontes utilizadas para o cálculo de cobertura vacinal no Brasil em relação ao denominador são obtidas dos sistemas de informação de bases demográficas: Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) do Ministério da Saúde, para a população menor de um ano e de um ano de idade; e dados do Censo demográfico ou estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para população a partir de dois anos de idade. Para compor o numerador, os dados de doses de vacinas aplicadas (que completam o esquema vacinal) são extraídos do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI). Calculando indicadores de Imunizações Desafios para a construção de indicadores de imunizações A construção do indicador de cobertura vacinal depende de dados demográficos para conhecer o total da população-alvo e verificar se a demanda vem correspondendo às estimativas populacionais. Em relação à vacinação na infância, o cálculo dos indicadores relacionados à imunização depende do SINASC, utilizado como denominador do cálculo. Os dados da base nacional costumam ter um atraso de, em média, 2 anos. A qualidade e quantidade dos registros depende da capacidade de cada município em captar os nascimentos, preencher a Declaração de Nascidos Vivos (DNV) e registrar no SINASC. Os dados desatualizados podem comprometer os resultados das coberturas vacinais, em especial nos pequenos municípios. Isso pode comprometer no planejamento das ações, por exemplo, nas estimativas de necessidade de vacinas. Desafios para a construção de indicadores de imunizações As demais estimativas populacionais dependem, na sua maioria, dos dados censitários do IBGE. Contudo, o espaçamento entre os censos (10 anos de intervalo), ou ainda, a falta de estimativas anuais em períodos intercensitários ocasiona maior possibilidade de subestimação ou superestimação dos dados populacionais, da mesma forma afetando, principalmente, os dados de pequenas populações. Os próprios registros das doses aplicadas também são um desafio para a cobertura. Os sistemas de informação para registro das doses de vacinas são desenvolvidos para facilitar o trabalho, mas não eliminam problemas, seja de concepção, ou criados pelo usuário. A QUEDA NA COBERTURA VACINAL A queda na cobertura vacinal observada em vários países, inclusive no Brasil, na década de 2010 e a persistência de desigualdades na cobertura vacinal entre regiões e grupos sociais levou a um aumento na incidência ou ao reaparecimento de doenças que haviam sido erradicadas de alguns países, como foi o caso do sarampo. A Organização Mundial de Saúde alerta que a estagnação ou queda nas coberturas vacinais foi registrada em várias regiões do mundo, tendo sido acentuada nas Américas. Neste continente, por exemplo, dados do informe da OMS/UNICEF - Estimativas de Cobertura Nacional de Imunização de 2019 - mostram que a cobertura de vacina tríplice bacteriana em crianças caiu de 91% em 2016 para 85% em 2019. O mesmo informe alerta para as desigualdades nas coberturas vacinais observadas dentro dos países, que podem ser mascaradas se só forem olhadas as médias nacionais. https://data.unicef.org/resources/immunization-coverage-are-we-losing-ground/ A QUEDA NA COBERTURA VACINAL A questão das desigualdades nas coberturas vacinais entre e dentro dos países é bastante grave por vários motivos. Em primeiro lugar, muitas vezes expressa desigualdades nas condições sociais e de acesso aos serviços de saúde dos diferentes grupos populacionais, afetando os mais pobres e vulneráveis. Em segundo lugar, prejudica o controle e/ou a erradicação de doenças imunopreveníveis, porque baixas coberturas em determinados locais favorecem a ocorrência de surtos e disseminação de doenças para outras localidades, regiões e países, onde aquele problema supostamente estaria mais controlado. Portanto, além de aumento na cobertura vacinal média, é muito importante buscar reduzir desigualdades e assegurar homogeneidade na cobertura vacinal nos territórios, dentro e entre nações. Por fim, dados preliminares da OMS sugerem uma tendência de queda das coberturas vacinais para diversas vacinas em 2020, devido às repercussões da pandemia de Covid-19, o que exigirá estratégias específicas dos países para reverter esse quadro. A QUEDA NA COBERTURA VACINAL No caso da América Latina, uma das regiões com maior queda de cobertura vacinal na década de 2010, uma revisão sistemática da literatura identificou três grupos de fatores que influenciariam uma menor adesão à vacinação: • fatores contextuais (perfil socioeconômico da população, como baixo nível de renda e escolaridade); • fatores relacionados às pessoas ou a influência de grupos (baixo nível de informação, confiança nas instituições, nos políticos e no sistema de saúde); • fatores relacionados à vacina e à vacinação, com destaque para os que influenciam a acessibilidade (disponibilidade da vacina e acesso aos serviços de saúde) https://doi.org/10.1016/j.vaccine.2019.10.088 Para especialistas, vários motivos podem influenciar essa queda. Domingues e colaboradores destacam alguns exemplos: •A hesitação em vacinar, relacionada ao menor conhecimento e temor de doenças que já haviam sido eliminadas ou se tornaram raras (como a poliomielite e o sarampo), ao receio de eventos adversos, a limites nas estratégias de comunicação com a população, à disseminação de notícias falsas (fake news) e à atuação de grupos antivacina (no Brasil ainda limitada); • A maior complexidade relacionada ao maior número e diversidade de vacinas existentes atualmente, exigindo qualificação dos profissionais de saúde e informações claras à população; • Dificuldades das famílias em termos de disponibilidade de tempo para várias idas às unidades de saúde para vacinação, considerando a inserção das mulheres no mercado de trabalho e a maior quantidade de vacinas incorporadas ao calendário nacional; • Irregularidades na disponibilidade de vacinas nos serviços de saúde; • Mudanças nos sistemas de informações utilizados e problemas de qualidade dos registros sobre vacinação. A QUEDA NA COBERTURA VACINAL https://doi.org/10.1590/0102-311X00222919 VACINAÇÃO COVID-19: PROTOCOLOS E PROCEDIMENTOS TÉCNICOS Vanessa Carvalho Material com base no curso realizado pela Plataforma da MÓDULO 3 – TIPOS DE VACINAS VIRAIS PROXIMA AULA
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