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Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 Fits Acidente Vascular Encefálico DEFINIÇÃO ➔ O AVC ou AVE é um termo genérico que descreve o evento clínico de um déficit neurológico de início súbito, secundário à doença cerebrovascular. ➔ Geralmente foca, de rápida evolução, com duração maior que 24 horas (ou menor, quando leva o paciente à morte) ➔ O AVC tem 4 etiologias principais, incluindo infarto cerebral (80%), hemorragia intraparenquimatosa (15%), hemorragia subaracnóide não traumática (5%) e infarto venoso (∼1%). AVALIADO PELA: ● ESCALA FAST ➔ Usada na triagem reconhecimento de sinais clínicos de AVE - Déficit neurológico focal súbito > 15 minutos = internação e exame de imagem! - Baseada na escala de suspeita pré-hospitalar de Cincinnati, que se baseia em: ❏ Face (paralisia facial) ❏ Arms (fraqueza nos MMSS) ❏ Speech (alterações de fala) ❏ Time (tempo dos sintomas) ● ESCALA DE NIH: Escala mais utilizada para avaliação da gravidade e para acompanhamento da evolução clínica do AVC ➔ Enfatiza os mais importantes tópicos do exame neurológico e tem como objetivo uniformizar a linguagem dos profissionais de saúde e tem sido relacionado com gravidade, definição de tratamento e prognóstico ➔ A escala varia de 0 a 42 pontos ➔ Deve ser aplicada na admissão do paciente e a cada hora nas primeiras 6 horas, nas primeiras 18 horas. AVE ISQUÊMICO DEFINIÇÃO ➔ Ocorre pela obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral causando falta de circulação no seu território vascular -> ISQUEMIA EPIDEMIOLOGIA O AVEi é a causa líder de morte no Brasil e a maior causa de incapacidade física, gerando muitos gastos públicos. Acomete mais homens acima de 65 anos. Os AVE isquémicos correspondem a 80% dos casos e os hemorrágicos a 20% 15 a 20% dos AVCS 1/3 dos pacientes morre em 30 dias Maiores custos de internação Acomete cerca de 4 milhões de pessoas no mundo FATORES DE RISCO Fatores de risco modificáveis : que mais contribuem para o maior risco de acidente vascular encefálico isquêmico: ➔ Hipertensão ➔ Tabagismo ➔ Dislipidemia ➔ Diabetes ➔ Resistência à insulina (1) ➔ Obesidade abdominal ➔ Alcoolismo ➔ Falta de atividade física ➔ +Doenças cardíacas (particularmente doenças que predispõem à embolia, ➔ como infarto agudo do miocárdio, ➔ endocardite infecciosa e fibrilação atrial) Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 Fits ➔ Uso de determinadas drogas (p. ex., cocaína, anfetamina) ➔ Hipercoagulabilidade ➔ Vasculite Dos fatores de risco modificáveis o mais importantes: HAS e fibrilação atrial Fatores de risco não modificáveis incluem: -Acidente vascular encefálico anterior -Idade avançada -História familiar de acidente vascular encefálico Fatores de risco menos comuns para AVE isquêmico são: síndrome do anticorpo antifosfolipídio, anticoncepcionais + tabagismo ± fator V de Leiden, overdose de cocaína, meningite bacteriana ou tuberculosa, neurossífilis, endocardite infecciosa, lúpus eritematoso sistêmico, vasculites necrosantes (ex.: poliarterite nodosa), vasculite primária do SNC, fibrodisplasia, síndromes hematológicas (policitemia vera, anemia falciforme, hemoglobinúria paroxística noturna). A síndrome do Moyamoya se caracteriza por uma doença arterial suboclusiva, de mecanismo desconhecido, da porção distal da carótida ou segmento proximal da cerebral média. FISIOPATOLOGIA ➔ O AVE isquêmico é causado por uma obstrução súbita do fluxo arterial encefálico, devido, na maioria das vezes, a uma causa embólica (trombo proveniente de circulação distante) ou, mais raramente, trombótica (o trombo é formado na própria artéria envolvida no AVE). A interrupção do fluxo sanguíneo subsequente gera isquemia, privando neurônios e células gliais de oxigênio e glicose, causando disfunção neuronal. Caso não haja reversão dessa situação, acontece o infarto do núcleo isquêmico, a morte do tecido e uma lesão irreversível. MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS -Cardioembólico (forma mais comum nos EUA): a fonte emboligênica é o coração, na maioria das vezes com fibrilação atrial (trombo no AE), seguida pelo IAM de parede anterior (trombo no VE) e pelas cardiomiopatias dilatadas (trombo em VE e/ou AE); - Arterioembólico: é o AVE isquêmico típico dos pacientes hipertensos. A fonte emboligênica geralmente é uma placa aterosclerótica instável (com trombo) na carótida comum ou bifurcação carotídea ou na artéria vertebral. -Trombose de grandes vasos: está especialmente relacionada à doença aterosclerótica, daí o eventual uso da expressão "mecanismo aterotrombótico". Isso ocorre principalmente em indivíduos com fatores de risco para aterosclerose, como hipertensão arterial, diabete melito, dislipidemias e tabagismo. Pode determinar insulto isquêmico por trombose in situ (no local da placa aterosclerótica) com hipofluxo distal ou tromboembolismo arterial com oclusão vascular distalmente ao local do trombo arterial. Pode ser precedido por ataques isquêmicos transitórios no mesmo território vascular. -Trombose de pequenas artérias: relaciona-se a pequenos infartos na profundidade dos hemisférios cerebrais ou do tronco encefálico, causados por oclusão de uma pequena artéria perfurante. Ocorre mais comumente em doentes hipertensos e diabéticos. Nesses, a cavitação resultante do infarto profundo recebe o nome de lacuna. Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 Fits - Outros mecanismos: nesse grupo encontram-se causas menos frequentes como as arterites, os estados hipercoaguláveis (ou trombofilias), as dissecções arteriais cervicais e outras. -AVE CRIPTOGÊNICO: apresentam quadro clínico idêntico aos AVE embólicos (déficit focal de instalação súbita), possui ecocardiograma transtorácico sem cardiopatias emboligênicas e Doppler de carótidas/vertebrais normal, não podendo ser classificado como cardioembólico ou arterioembólico. São decorrentes de embolia paradoxal através do forame oval patente ou de êmbolos provenientes de placas de ateroma da aorta ascendente ➔ Um tecido ricamente vascularizado possui suas taxas de ATP e oxigenação no máximo. Caso algum evento ocorra para impedir esse fluxo de sangue, haverá diminuição da oxigenação, da oferta de glicose e posteriormente ATP. Com falta de ATP temos perda da função das bombas iônicas, ou seja, a água tende a ir para o meio mais hiperconcentrado, gerando edema citotóxico (água dentro da célula). O edema vai se concentrar na região do território lesado e haverá restrição do movimento da água (as células irão inchar e diminuir o espaço entre elas, dificultando a movimentação da água). Com a posterior quebra da barreira hematoencefálica no tecido isquêmico ocorre edema extracelular, pelo acúmulo local de proteínas plasmáticas e celulares (necrose e radicais livres) e alterações de permeabilidade (edema vasogênico). QUADRO CLÍNICO ➔ QUADRO CLÍNICO GERAL AVEi - Déficit neurológico focal de início agudo. Esse déficit pode ser uma: hemiparesia, hemi-hipoestesia, disartria, afasia, ataxia, alterações de nervos cranianos, alteração de Campos visuais. ● A. Cerebral Média: - Déficit motor (predomínio braquiofacial) - Déficit sensitivo - Afasia ● A. Cerebral Anterior - Déficit motor (predomínio MMII) - Déficit sensitivo - Sinais de frontalização ● A. Cerebral Posterior - Alteração do campo visual - Rebaixamento do nível de consciência - Déficit sensitivo ● Outros ramos do Sistema Vértebro Basilar ● Artéria Vertebral - Vômitos - Náuseas - Tonturas - Alterações cerebelares - Alteração de nervos cranianos baixos ● Artéria Basilar: - Déficit motor; sensitivo - Rebaixamento de nível de consciência - Alteração dos nervos cranianos Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 Fits ➔ SÍNDROMES DE TRONCO ● Síndromes da vertebral (AVE bulbar) (geralmente AVE trombótico ou lacunar): - Oclusão da vertebral ou da PICA (artéria cerebelar póstero inferior): bulbo dorsolateral. Síndrome de Wallemberg: Síndrome sensitiva cruzada do V par – hemi-hipo/anestesia contralateral + hemi-hipo/anestesia facial ipsilateral, disfagia + disfonia graves (síndrome bulbar), pelocomprometimento do núcleo ambíguo (IX e X par), síndrome vestibular ipsilateral (vertigem rotatória, lateropulsão, nistagmo), síndrome de Horner ipsilateral, ataxia cerebelar ipsilateral (acometimento do feixe espinocerebelar), soluços incoercíveis. Não há deficit motor! - Oclusão dos ramos medianos da vertebral: bulbo anteromedial. ● Síndrome de Dejerine: síndrome cruzada do XII par (hemiplegia contralateral, sempre flácida + paralisia do hipoglosso ipsilateral, com disartria). A língua desvia para o lado contrário à hemiplegia. DIAGNÓSTICO ➔ Não é possível diferenciar clinicamente se o evento é isquêmico ou hemorrágico. ➔ Anamnese: definir início dos sintomas e/ou a última vez que o paciente esteve bem. ➔ Exame neurológico: Escala de NIHSS, que varia de 0 a 42 pontos, e possui relação direta com área de isquemia. ➔ Suspeita de AVC: monitorização de sinais vitais, acessos venosos periféricos, suporte de sala de emergência, encaminhamento imediato para neuroimagem. ➔ Tomografia de Crânio: -Fase Hiperaguda (menos de 12h): o objetivo é excluir hemorragia, e podem ser achados: indefinição dos núcleos cinzentos, perda do contorno insular, perda da diferenciação branco-cinzenta e artéria central hiperdensa. -Fase Subaguda: formação de lesão hipodensa e edema perilesional. -Fase Crônica: lesão hipodensa bem delimitada. Pode haver proeminência de sulcos e ventrículos ipsilaterais alargados. ➔ Ressonância Magnética: -T1: lesão hipointensa, com edema cortical e distinção perdida da substância branco-cinzenta. Tardiamente, apresenta-se isointensa. -T2: lesão hiperintensa e edema cortical. Tardiamente, apresenta-se isointensa. Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 Fits ➔ DIAGNÓSTICO EXAMES LABORATORIAIS: Ureia, creatinina, eletrólitos, hemograma completo, gasometria, marcadores de necrose miocárdica e ECG ➔ INVESTIGAÇÃO ETIOLÓGICA - CORAÇÃO: ECG e ECO transtorácico -VASOS CERVICAIS : US Doppler de carótidas e vertebrais; Angio-TC ou Angio RM -VASOS INTRACRANIANOS: US Doppler transcraniano; Angio TC ou Angio RM -Angiografia helicoidal: análise de grandes vasos intra e extracranianos -Doppler transcraniano: determina a artéria intracraniana obstruída no AVE isquêmico -Ecocardiograma: para investigar causas de ave isquêmico -Doppler de carótidas: verifica aterosclerose Em pacientes < 45 anos ou >ou igual a 45 anos sem etiologia definida: -ECO Transesofágico -Holter 24h -Angiografia Convencional -Doenças autoimunes -Exame Toxicológico -Líquor -Pesquisa de trombofilias DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ➔ O diagnóstico diferencial do AVC, na maioria das vezes, é suspeitado durante a anamnese clínica e inclui: *Crises epilépticas: em razão dos déficits neurológicos pós-críticos. • Alterações metabólicas: hipoglicemia, hiperglicemia, hiponatremia, hipóxia, encefalopatia hepática. • Infecções sistêmicas: particularmente nos idosos, podem levar a piora neurológica relacionada ao prejuízo funcional de regiões encefálicas previamente lesadas, mesmo que até então assintomáticas. • Neoplasias e infecções do sistema nervoso central (primárias ou metastáticas) ➔ Importante diferenciar do Ataque Isquêmico Transitório, que se caracteriza como um conjunto de sintomas neurológicos focais que duram menos que 24h, e tem diagnóstico e tratamento que devem ser investigados como o AVE isquêmico. ➔ Quando se considera o AVC em uma criança ou em um adulto jovem,várias etiologias possíveis devem ser analisadas, incluindo dissecção arterial, malformação vascular com hemorragia, abuso de drogas ou distúrbio de coagulação. Em crianças jovens, outras possibilidades incluem doenças cardíacas congênitas associadas a embolia e arteriopatia progressiva idiopática da infância (doença de moyamoya). ➔ Em um adulto de meia-idade ou idoso, as etiologias típicas do AVC incluem tromboembolismo arterial, hemorragia hipertensiva e angiopatia amilóide cerebral. ➔ Ao avaliar um AVC hemorrágico, as etiologias em crianças incluem lesões vasculares, transtorno hematológico, vasculopatia e infarto venoso. Em um adulto jovem, devem ser consideradas as possibilidades de malformações vasculares, abuso de drogas e, menos comumente, oclusões venosas ou vasculites. Nos adultos mais velhos, as hipóteses etiológicas comuns para hemorragia intracraniana incluem hemorragia hipertensiva, neoplasia, angiopatia amilóide cerebral e, menos comumente, oclusão venosa Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 Fits cerebral/de seio dural e coagulopatia. TRATAMENTO ➔ Se divide em: ● TRATAMENTO AGUDO: 1º - Controlar Via aérea, ventilação e hemodinâmica 2º - Controle pressórico deve ser realizado se PA>220X120 mmHg, utilizando nitroprussiato de sódio EV 3º- Terapia trombolítica: Alteplase (rtPA) via endovenosa 0,9mg/kg, sendo 10% em bolus e o restante em 60 minutos em bomba de infusão, com dose máxima de 90 mh ➔ Critérios de inclusão a) AVEi em qualquer território vascular cerebral; b) possibilidade de se estabelecer precisamente o horário de início dos sintomas; c) possibilidade de se iniciar a infusão do rtPA dentro de 4,5 horas do início dos sintomas (em pacientes que despertam com sinais e sintomas de AVE, considera-se como momento de início do quadro a hora em que o paciente foi dormir); d) TC de crânio sem evidência de hemorragia e ausência de edema em > 1/3 do território da artéria cerebral média (alto risco de transformação hemorrágica); e) idade > 18 anos; f) paciente ou familiar responsável capacitado a assinar termo de consentimento informado. ➔ Critérios de exclusão a) Uso de anticoagulantes orais ou TAP > 15 segundos (INR > 1,7); b) uso de heparina nas últimas 48 horas e PTTa elevado; c) AVEi ou Traumatismo Cranioencefálico (TCE) grave nos últimos três meses; d) história pregressa de alguma forma de hemorragia cerebral (HSA, AVEh); e) TC de crânio mostrando evidências de hemorragia ou edema > 1/3 do território da artéria cerebral média; f) PA sistólica > 185 mmHg ou PA diastólica > 110 mmHg (em três ocasiões, com dez minutos de intervalo); g) sintomas melhorando rapidamente; h) déficit neurológico leve, isolado, como ataxia isolada, perda sensitiva isolada, disartria isolada, ou fraqueza mínima; i) coma ou estupor; j) cirurgia de grande porte ou procedimento invasivo dentro das últimas duas semanas; k) hemorragia geniturinária ou gastrointestinal nas últimas três semanas; l) punção arterial não compressível ou biópsia na última semana; m) coagulopatia com TAP, PTTa elevados, ou plaquetas < 100.000/mm3; n) glicemia < 50 mg/dl ou > 400 mg/dl; o) crise convulsiva precedendo ou durante a instalação do AVE; p) IAM recente, pericardite ativa, endocardite, êmbolo séptico, gravidez recente, doença inflamatória intestinal, lactação; q) abuso de álcool ou drogas. A trombólise não deve ser realizada a menos que o diagnóstico seja estabelecido por médico capacitado a interpretar TC de crânio. Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 Fits ● TRATAMENTO CRÔNICO : ➔ No AVE cardioembólico, utilizamos a anticoagulação plena permanente (cumarínicos orais) para prevenção de novos eventos. Deve-se manter o INR entre 2-3. Nas síndromes trombofílicas crônicas, como a síndrome do anticorpo antifosfolipídio, a anticoagulação também está indicada. ➔ No AVE arterioembólico o paciente deve tomar AAS 100-300 mg/dia para o resto da vida. Os pacientes alérgicos ao AAS devem usar clopidogrel (segunda escolha) ou ticlopidina (terceira escolha). A hipertensão arterial deve ser controlada com anti-hipertensivos orais. ➔ AVE DE GRANDES VASOS: antiplaquetários e estatina, além de correção de fatores de risco para doença aterosclerótica. ➔ AVE CARDIOEMBÓLICO: varfarina ou novos anticoagulantes (rivaroxabana, dabigatrana ou apixabana). ➔ AVE DE PEQUENOS VASOS: controle de fatores de risco com mudanças de hábitos de vida (controle de PA, de DM, dislipidemia, obesidade, apneia obstrutiva do sono. Faz-se terapia antiplaquetária e estatinas. ➔ A endarterectomia carotídea (ressecção do ateroma na carótida extracraniana) reduz em 17% o risco absoluto de AVE nos dois anos seguintes,quando respeitados os dois pré-requisitos abaixo. - Indicações de Endarterectomia Carotídea 1- Isquemia cerebral sintomática (AIT ou AVE) compatível com a lesão carotídea encontrada. 2- Obstrução 70-99% unilateral. ➔ A reabilitação (fisioterapia motora, fonoterapia, terapia ocupacional) deve ser iniciada o quanto antes, de preferência nas primeiras 24- 48h. Quanto mais precoce, maior será a recuperação do déficit neurológico e menor será a chance de complicações decorrentes de imobilização no leito. A fisioterapia motora deve ser passiva e ativa, evitando posições viciosas, e deve ser feita, no início, diariamente! AVE HEMORRÁGICO DEFINIÇÃO ➔ O acidente vascular cerebral hemorrágico é causado pela ruptura espontânea (não traumática) de um vaso, com extravasamento de sangue para o interior do cérebro (hemorragia intracerebral), para o sistema ventricular (hemorragia intraventricular) e/ou espaço subaracnóideo (hemorragia subaracnóide). EPIDEMIOLOGIA ➔ O AVE hemorrágico é uma emergência neurológica, que causa um déficit neurológico focal súbito, e que pode evoluir rapidamente de cefaléia para o coma. ➔ Corresponde a 20% dos AVE, 1/3 das pessoas acometidas morre em 30 dias. ➔ O AVE hemorrágico acomete cerca de 4 milhoes de pessoas no mundo por ano. Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 Fits FATORES DE RISCO ➔ HEMORRAGIA INTRAPARENQUIMATOSA: HAS, angiopatia amilóide, trauma, trombose venosa cerebral, tumor cerebral, aneurisma cerebral e MAV. ➔ HEMORRAGIA SUBARACNÓIDE: tabagismo*, HAS, etilismo, doença renal policística e história familiar de HSA FISIOPATOLOGIA ➔ O AVE hemorrágico ocorre pela ruptura de estruturas vasculares cerebrais, fazendo compressão das estruturas encefálicas e causando isquemia secundária e edema. ➔ Pode ser devido a uma Hemorragia Intraparenquimatosa (HIP), quando o sangramento acontece dentro do parênquima cerebral, principalmente devido à fragilidade da parede vascular e rompimento dos aneurismas de Charcot-Bouchard (causados pela adaptação do vaso à HAS); ou devido a uma Hemorragia Subaracnóidea (HSA), quando o sangramento ocorre entre as meninges aracnóide e pia-máter, principalmente pelo rompimento de aneurismas saculares. ● Explicação de charcot bouchard: Ocorre uma diferença de pressão entre o grande caso e o pequeno levando a uma necrose fibrinóide formando aneurismas de charcot bouchard. ➔ AVE HEMORRÁGICO INTRAPARENQUIMATOSO: A vasculopatia hipertensiva causa lipo-hialinose da parede de pequenas artérias, ruptura de pequenos aneurismas de Charcot-Bouchard, causando necrose fibrinóide, e provocando sangramentos profundos. Já a angiopatia amiloide é causada pelo depósito excessivo de proteína B-amilóide na parede dos vasos, devido à degradação ineficaz pelos metalopeptidases, astrócitos e macrófagos e receptor de LDL, causando fragilidade no vaso e hemorragia na região lobar. Acomete mais pacientes idosos. ➔ HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA (HSA) A ruptura de aneurismas saculares intracranianos é a principal causa dos quadros espontâneos de HSA. É uma situação extremamente grave, levando à morte em 32% a 67% dos casos. Esses aneurismas ocorrem principalmente em bifurcações arteriais próximas ao polígono de Willis, como na artéria comunicante anterior, artéria comunicante posterior e artéria cerebral média. QUADRO CLÍNICO ● HEMORRAGIA INTRAPARENQUIMATOSA ➔ Com um quadro súbito de cefaléia intensa, déficit neurológico focal e rebaixamento do nível de consciência, em geral dentro de algumas horas. ➔ Hemorragia do putâmen: entre o putâmen e o tálamo está justamente a cápsula interna. Portanto, a hemorragia putaminal cursa com um quadro súbito de hemiplegia fasciobraquiocrural contralateral. Pode haver desvio do olhar conjugado contrário à hemiplegia,pelo comprometimento das fibras do lobo frontal. A hemorragia pode se estender para os ventrículos laterais (hemoventrículo) Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 Fits ➔ Hemorragia talâmica: pelo mesmo motivo acima descrito, há também hemiplegia fasciobraquiocrural contralateral, associada neste caso à hemianestesia para todas as sensibilidades, acompanhando a hemiplegia. Pela extensão da hemorragia para o hipotálamo (núcleos do sistema nervoso simpático) e teto do mesencéfalo (controla o desvio dos olhos para cima), são comuns alterações oculares e pupilares: desvio dos olhos para baixo e para dentro (ambos olhando para o nariz) ou para o lado da hemiplegia (wrong way eyes: olhando para o lado errado, já que lesões supratentoriais deveriam desviar o olhar para o lado contrário ao da hemiplegia...),pupilas mióticas, anisocoria, com pupila menor do lado da hemorragia (síndrome Horner). Ainda pode haver a chamada afasia talâmica, se a hemorragia for no hemisfério dominante (tálamo esquerdo). É comum a hemorragia se estender para o terceiro ventrículo, agravando o quadro. ➔ Hemorragia do cerebelo: a hemorragia cerebelar dá um quadro idêntico ao do infarto cerebelar – vertigem, náuseas, vômitos e ataxia cerebelar aguda, que pode ser uni ou bilateral. O grande risco do AVE hemorrágico de cerebelo é seu efeito expansivo, que pode comprimir o IV ventrículo e levar à hidrocefalia obstrutiva, HIC e estado comatoso. A complicação mais temível é a compressão do bulbo pelas amígdalas cerebelares e herniação através do forame magno. O resultado pode ser a apneia súbita, levando a óbito. ➔ Hemorragia de ponte: a hemorragia de ponte cursa com um quadro muito característico... O paciente desenvolve quadriplegia súbita, coma e pupilas puntiformes e fotorreagentes. A descerebração, a hiperpneia e a hiperidrose são achados comuns. Os reflexos oculocefálico e oculovestibular são perdidos, e a letalidade beira os 90%. ● HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA ➔ A ruptura de aneurismas saculares intracranianos é a principal causa dos quadros espontâneos de HSA. É uma situação extremamente grave, levando à morte em 32% a 67% dos casos. ➔ Esses aneurismas ocorrem principalmente em bifurcações arteriais próximas ao polígono de Willis. como na artéria comunicante anterior, artéria comunicante posterior e artéria cerebral média. -Cefaleia em trovoada/Thunderclap headache: dor súbita, pior dor da vida, que vai do início ao pico máximo em menos de um minuto. Pode ser o único sintoma. -Cefaleia em sentinela: dor de forte intensidade súbita, que procede em alguns dias do aneurisma e representa um sangramento que estancou "rápido", sem causar muitas sequelas. -Náuseas, vômitos, foto e fonofobia, rebaixamento do nível de consciência, meningismo (70%), sinais neurológicos focais. -Pode haver paralisia do nervo oculomotor, provocando midríase e desvio do olho para fora, devido ao rompimento do aneurisma de artéria comunicante posterior. Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 Fits -Pode haver paralisia do nervo abducente, provocando desvio do olho para dentro, devido à síndrome de hipertensão intracraniana. DIAGNÓSTICO ➔ Sobre os locais mais acometidos: Putâmen: 30-50% dos casos tálamo: 15-20% dos casos cerebelo: 10-30% dos casos ponte: 10-15% dos casos dos HIP ➔ HIP na TC: Imagem hiperdensa, com efeito de massa e edema perilesional. Na fase crônica, após algumas semanas o hematoma se torna isodenso e, a lesão residual, hipodensa. Se surgir imagem hiperdensa na fase crônica, pode ser ressangramento. O desvio de linha média é comum. ➔ HSA na TC: Imagem hiperdensa (evidenciando a presença de sangue). Podem aparecer sinais de hemorragia no interior dos ventrículos e nas fissuras interemisféricas. ➔ DIAGNÓSTICO DA HEMORRAGIA SUBARACNÓIDE - Paciente que abre um quadro de cefaleia súbita de forte intensidade, até que se prove o contrário, tem um AVE hemorrágico TRÍADE: CEFALEIA + SÍNCOPE + RIGIDEZ DE NUCA -> DIAGNÓSTICO PROVÁVEL DE HSA. ➔ TC DE CRÂNIO: A TC de crânio não contrastada confirma o diagnóstico em 95% dos casos. Em caso de suspeita de HSA e TC normal, procede-se ao exame liquórico, que mostrará sangue (primeiras 12h) ou um líquido xantocrômico (amarelado), por causa da conversão da hemoglobina em bilirrubina ➔ AVCH – HIP: apresenta-secomo uma imagem hiperatenuante no parênquima encefálico. Em geral com limites bem definidos, podendo causar complicações estruturais como distorção dos ventrículos adjacentes e desvio da linha média ➔ AVCH – HSA: apresenta-se como imagem hiperatenuante dentro das cisternas e sulcos cerebrais. TRATAMENTO ● TRATAMENTO AVE HEMORRÁGICO INTRAPARENQUIMATOSO ➔ O tratamento é basicamente de suporte. O paciente com rebaixamento do nível de consciência deve ser intubado, colocado em ventilação mecânica, e deve ter instalado um cateter de PAM invasiva, bem como um cateter de PIC (Pressão Intracraniana). A presença de desvio da linha média é um sinal indireto de HIC e deve indicar a terapia com: - hiperventilação (manter PaCO2 entre 25-30 mmHg), - manitol (1 g/kg de ataque e 0,25-0,5 g/kg a cada 6h), -coma barbitúrico (em caso de não melhora com o manitol), -cabeceira elevada e evitar aspiração desnecessária do TOT - TUBO OROTRAQUEAL- (pois isso aumenta a PIC). ➔ Suporte clínico: proteção de vias aéreas, acesso venoso periférico, se necessário estabilização hemodinâmica, evitar hipertermia ou alterações significativas de glicemia. -Controle de hipertensão: o alvo é manter abaixo de 140X90 mmHg, e se necessário utilizar nitroprussiato de sódio. Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 Fits -Reverter a anticoagulação, se necessário -Tratamento cirúrgico, a depender do caso do paciente. Indicado em casos de hidrocefalias agudas obstrutivas,hematomas cerebelares volumosos (>3 cm), acometimento do ventrículo, e outros. Deve-se fazer drenagem do hematoma. ➔ Os objetivos primários são: - PIC < 20 cmH2O; - Gradiente PAM-PIC > 60-70 mmHg (manter bom fluxo cerebral). A pressão arterial deve ser tratada se ≥ 180 x 105 mmHg, utilizando-se nitroprussiato de sódio, labetalol, metoprolol ou enalaprilato. O objetivo é chegar a um valor de hipertensão leve (em torno de 160 x 100 mmHg) ➔ TRATAMENTO DA HEMORRAGIA SUBARACNÓIDE -CONDUTA: O paciente deve ser internado na UTI e avaliado por um neurocirurgião. ➔ 1ºs 3 dias dos Sintomas: Se estiver dentro dos primeiros três dias do início dos sintomas e Hunt-Hess < III, deverá ser indicada uma arteriografia cerebral, para constatar e localizar o aneurisma cerebral, sendo então realizada a cirurgia de clampeamento do aneurisma. (tratamento de escolha para a maioria dos aneurismas). Esta é a medida mais eficaz para prevenir o ressangramento, complicação de maior letalidade na HSA. ➔ Se houver rebaixamento da consciência, deve ser instalada uma PIC invasiva. O tratamento da HIC é o mesmo referido no tratamento da hemorragia intraparenquimatosa ➔ A presença de desvio da linha média é um sinal indireto de HIC e deve indicar a terapia com: - hiperventilação (manter PaCO2 entre 25-30 mmHg), - manitol (1 g/kg de ataque e 0,25-0,5 g/kg a cada 6h), -coma barbitúrico (em caso de não melhora com o manitol), -cabeceira elevada e evitar aspiração desnecessária do TOT - TUBO OROTRAQUEAL- (pois isso aumenta a PIC). Os objetivos primários são: - PIC < 20 cmH2 O; - Gradiente PAM-PIC > 60-70 mmHg (manter bom fluxo cerebral). PROGNÓSTICO ➔ Quanto maior a extensão do sangramento e o volume do hematoma, maior será a hipertensão intracraniana e pior será o prognóstico. Além disso, outros fatores podem piorar esse prognóstico, como a presença de sangue nos ventrículos (hemoventrículo) ou hemorragia subaracnóidea. Esses parâmetros são analisados na Escala de Fisher modificada, criada inicialmente para análise seletiva de hemorragias subaracnóideas mas hoje utilizada para mensurar prognóstico de qualquer AVE hemorrágico. Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 Fits COMPLICAÇÃO ● COMA ➔ Coma é a ausência de resposta em que o paciente não pode ser despertado e em que os olhos do paciente permanecem fechados, o paciente não apresenta respostas motoras, de linguagem ou oculares. ➔ Estado de não responsividade em que o paciente permanece de olhos fechados e não pode ser despertado para responder adequadamente ao estímulo, mesmo após estímulo vigoroso. ➔ Fisiopatologia: Lesão do sistema reticular ascendente (SARA) que precisa estar intacto pra promover o estado de alerta. Esse sistema se localiza na porção da ponte e mesencéfalo e se estende para regiões do tálamo e hipotálamo. Portanto, qualquer transtorno de interação entre o SARA e os hemisférios cerebrais têm o potencial de levar a alterações da consciência. ➔ Causas: - Lesão traumática: contusão, hipertensão intracraniana, hemorragia intracerebral, subdural e subaracnóidea - Neoplasias - Infecções: Meningite, encefalite, abscessos, hemorragia intraparenquimatosa. - Crises convulsivas: estado de mal epiléptico, pós-ictal - Metabólicas: disglicemias, disnatremias, hipercalcemia, hipoxemia, insuficiencia hepática uremia, coma mixedematoso - Tóxicas: ácool, barbitúricos, benzodiazepínicos, opióides, psicóticos, monóxido de carbono - Outras: choque de qualquer etiologia, encefalopatia hipertensiva, apoplexia hipofisária. ➔ Classificação Coma estrutural: devido a alterações anatômicas no encéfalo, como ocorre nos traumatismos ou nos acidentes vasculares encefálicos. Coma não estrutural: Quando distúrbios metabólicos do cérebro, como no diabetes mellitus ou asfixias Coma induzido: provocado artificialmente por medicações com finalidades terapêuticas. COMA LEVE - Grau I = sonolento COMA MODERADO- Grau II = torpor COMA PROFUNDO- Grau III * coma * dor produz resposta motoras elementares * inconsciente- incapaz de obedecer comando verbais * pode apresentar respostas motoras anormais ( decorticação descerebração) COMA DEPASSÉ – Grau IV * coma irreversível * funções vegetativas não se mantêm espontâneamente * morte cerebral * EEG isoelétrico ➔ Deve ser confirmado através da escala de coma de Glasgow: Maria Luiza de Oliveira Soares Turma 01 Fits ● COMO PROGRESSÃO DO COMA TEMOS: A morte encefálica é quando o paciente não apresenta mais estímulos cerebrais, normalmente o coração continua batendo pelo oxigênio que chega a partir da ventilação mecânica, porém já não tem mais aporte sanguíneo para o cérebro. A ausência das funções implica morte, pois o paciente não é mais capaz de respirar, manter a temperatura ou pressão necessárias para sobrevivência. ➔ Avaliação : 1)Avaliar o nível de consciênica pela escala de glasgow 2) Pupilas e fundo de olho: identificar sinais de hipertensão intracraniana ou hemorragias (podem estar alteradas em decorrência de: intoxicação por atropina, por opiáceos, barbitúricos, morte encefálica, herniação uncal) 3) Motricidade ocular extrínseca: reflexo oculocefálico (manobra dos olhos de boneca) ou reflexo oculovestibular (prova calórica) 4) Padrão respiratório: Cheyne-Stokes, Kussmaul, apnêustica e ataxia (Biot) 5) Padrão motor: hemiparesia, postura em decorticação ou descerebração, flacidez e ausência de reflexos 6) Exames complementares: glicemia capilar, hemograma, eletrólitos, gasometria arterial, função renal e hepática, exames de coagulação, urina, ECG, toxicológico, TC de crânio, EEG, punção liquórica O diagnóstico de ME é obrigatório e a notificação compulsória para Central de Notificação, Captação e distribuição de órgãos (CNDO), independente da possibilidade de doação de órgão ou não. Identificação da morte encefálica (saber as causas irreversíveis) -> nível de consciência (escala de Glasgow) -> exame clínico neurológico e reflexos -> teste de apneia -> exame complementar confirmatório (EEG, arteriografia, cerebral, doppler transcraniano) -> 2º exame neurológico e reflexos feito por outro médico -> fecha diagnóstico. Para diagnóstico da morte encefálica é necessário 2 critérios clínicos e 1 exame complementar. A angiografia vai se apresentar sem fluxo sanguíneo cerebral. ➔ CAUSAS PRINCIPAIS: ● Traumatismo craniano - lesões decorrentes de “pancadas” na cabeça ● Aumento da pressão dentro do crânio decorrente de doenças, traumas e outras causas ● Edema (inchaço) cerebral ● Parada cardiorespiratória proveniente de diversos eventos patológicos Maria Luiza de Oliveira SoaresTurma 01 Fits ● Acidente vascular cerebral (AVC) - quando há interrupção de irrigação do cérebro pelo sangue ● Tumores cerebrais ou que se desenvolvem em decorrência de metástase ● Falta de oxigênio no cérebro ● Overdose de drogas ou medicamentos As diretrizes formam o protocolo de morte encefálica, com previsão de ser executado por dois médicos que não participem das equipes de remoção e de transplante. ● Os profissionais precisam ter , no mínimo, um ano de experiência no atendimento de pacientes em coma, além de ter realizado 10 diagnósticos de ME ● Especializados em medicina intensiva.
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