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Caso - Obesidade e síndrome metabólica

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–
HISTOFISIOLOGIA DO TECIDO ADIPOSO 
Como os depósitos de glicogênio são menores, 
os grandes depósitos de triglíceridios do tecido 
adiposo são as principais reservas de energia do 
organismo. Além disso, eles são mais eficientes 
como reserva energética (9,3 kcal/g contra 4,1 
kcal/g do glicogênio). 
Os triglicerídios do tecido adiposo não são 
depósitos estáveis e se renovam continuamente, 
sendo muito influenciado por estímulos nervosos 
e hormonais. Além do papel energético, ele atua 
como proteção contra choques, isolamento 
térmico do organismo e estruturação dos órgãos 
em suas posições normais. 
O tecido adiposo como um todo é inervado 
pelo simpático. No tecido unilocular, as 
terminações nervosas são encontradas na 
parede dos vasos sanguíneos, e apenas alguns 
adipócitos são inervados. Já no tecido 
multilocular as elas atingem diretamente tanto os 
vasos sanguíneos como as células adiposas. 
 
❖ Tecido adiposo unilocular 
Sua cor varia entre branco e amarelo-escuro, 
dependendo da dieta, por conta do acúmulo de 
carotenos dissolvidos nas gotículas de gordura. 
Praticamente todo o tecido adiposo encontrado 
em adultos é do tipo unilocular. Os adipócitos se 
originam a do mesênquima (lipoblastos). Essas 
células são parecidas com os fibroblastos, porém 
logo acumulam gordura no seu citoplasma. 
 
Esse tecido forma o panículo adiposo. Com a 
idade, o panículo adiposo tende a desaparecer 
de certas áreas, desenvolvendo-se em outras. 
Essa deposição seletiva de gorduras é 
regulada, principalmente, pelos hormônios 
sexuais e pelos hormônios corticais das 
suprarrenais. 
A gotícula lipídica é removida pelos solventes 
orgânicos, utilizados na técnica histológica. Por 
isso, cada célula mostra apenas uma delgada 
camada de citoplasma, como se fosse um anel, 
em torno do espaço deixado pela gotícula 
lipídica removida. As gotículas lipídicas são 
inicialmente separadas umas das outras, porém 
muitas se fundem, formando a gotícula única 
característica do adipócito unilocular. 
A vascularização do tecido adiposo é muito 
abundante quando se considera a pequena 
quantidade de citoplasma funcionante. A relação 
volume de capilar sanguíneo/volume de 
citoplasma é maior no tecido adiposo do que no 
músculo estriado. 
A remoção dos lipídios, nos casos de 
necessidade energética, não se faz por igualem 
todos os locais. Primeiro, são mobilizados os 
depósitos subcutâneos, como os do mesentério 
e os retroperitoneais, enquanto o tecido adiposo 
localizado nos coxins das mãos e dos pés resiste 
a longos períodos de desnutrição. 
 Depósito e mobilização dos lipídios → Os 
triglicerídeos armazenados originam de três 
fontes: 
• Alimentação: levados até os adipócitos 
pelos quilomícrons; 
• Fígado: levados até os adipócitos sobe a 
forma de VLDL; 
• Adipócitos: síntese a partir da glicose. 
A presença da lipase lipoproteica nos capilares 
sanguíneos do tecido adiposo possibilita a 
hidrólise dos quilomícrons e das lipoproteínas 
plasmáticas, como a VLDL, com liberação de 
ácidos graxos e glicerol, que se difundem para o 
citoplasma dos adipócitos. Lá, eles se sofrem 
reesterificação para formar novas moléculas de 
triglicerídios, que são depositados no tecido. Os 
adipócitos podem sintetizar ácidos graxos e 
glicerol a partir de glicose, processo acelerado 
pela insulina, que estimula a penetração da 
glicose no adipócito. 
As catecolaminas, principalmente adrenalina e 
noradrenalina, ativam a lipase sensível a 
hormônio, promovendo liberação de ácidos 
graxos e glicerol, que se difundem para os 
capilares do tecido adiposo. Os ácidos graxos, 
que são qua.se insolúveis na água, ligam-se 
à parte hidrofóbica das moléculas de albumina 
do plasma sanguíneo e são transportados para 
outros tecidos, nos quais serão utilizados como 
fonte de energia. O glicerol, multo solúvel no 
plasma, é captado pelo fígado e reaproveitado. 
 
 Síntese de moléculas → Os adipócitos 
uniloculares, além do armazenamento de 
triglicerídeos, são importantes na regulação do 
metabolismo energético, devido à sua 
capacidade de sintetizar proteínas bioativas, as 
chamadas adipocinas, como a leptina 
(transportada pelo sangue) e a lipase 
lipoproteica (situada no endotélio dos vasos 
sanguíneos). 
 Obesidade → Em adultos, geralmente se 
deve a um aumento na quantidade de 
triglicerídeos depositados em cada adipócito 
unilocular, 
sem aumento no número de adipócitos. As 
calorias dos alimentos não gastas nas atividades 
físicas da pessoa são depositadas nas células 
adiposas uniloculares. Os obesos, 
principalmente os com tecido adiposo localizado 
na região abdominal, são mais propensos a 
doenças articulares, HAS, DM, aterosclerose, 
IAM e isquemia cerebral. 
❖ Tecido adiposo multilocular 
Também chamado de tecido adiposo pardo, 
por sua cor característica avermelhada, que se 
deve à vascularização abundante e às numerosas 
mitocôndrias encontradas nas células, que são 
ricas em citocromos. Ao contrário do tecido 
unilocular, que é encontrado por quase todo o 
corpo, o tecido pardo é de distribuição 
limitada, localizando-se em áreas determinadas. 
Como esse tecido não cresce, sua quantidade no 
adulto é extremamente reduzida. A quantidade 
desse tecido só é significativa no recém-nascido, 
tendo função auxiliar na termorregulação, 
produz calor, protegendo o recém-nascido 
contra o frio. 
Os adipócitos do tecido adiposo multilocular são 
menores do que os do unilocular e têm forma 
poligonal. O citoplasma é carregado de 
gotículas lipídicas de vários tamanhos. As células 
tomam um arranjo epitelioide, formando 
massas compactas em associação com capilares 
sanguíneos, lembrando as glândulas endócrinas. 
 
 Estímulo simpático → acelera a lipólise e a 
oxidação dos ácidos graxos, com produção de 
calor e não de ATP, como a dos tecidos em 
geral, porque as mitocôndrias do tecido 
multilocular apresentam, nas suas membranas 
internas, uma proteína transmembrana chamada 
termogenina ou UCP l (uncoupling protein l). 
Esta proteína possibilita que os prótons 
transportados para o espaço intermembranoso 
voltem para a matriz mitocondrial, sem que 
passem pelo sistema de ATP sintetase existente 
nos corpúsculos elementares das mitocôndrias, 
levando à dissipação dessa energia como calor. 
Esse calor é distribuído pela rede capilar e 
alcança todo o corpo, aquecendo diversos 
órgãos. 
 
DESCREVER E CLASSIFICAR A OBESIDADE 
É definida como o acúmulo excessivo de gordura 
corporal, gerado, principalmente, pela ingestão 
> gasto calórico, com múltiplas consequências 
patológicas em órgãos específicos. Um gasto de 
energia menor do que a ingerida contribui para 
o aumento do tecido adiposos, que gera excesso 
de peso/obesidade. Do ponto de vista clínico, a 
obesidade e o sobrepeso foram definidos em 
termos de IMC, usando o ponto de corte de 25-
29,9 como medida do excesso de peso e acima 
de 30 para obesidade. 
 
❖ Fator neuronal 
Sabe-se que o esse aumento de peso é 
correlacionado com a ingesta excessiva de 
alimentos e o hipotálamo foi descoberto como 
peça-chave na detecção da fome e organização 
do comportamento da alimentação. Grupos de 
neurônios hipotalâmicos são sensíveis aos 
metabólitos e hormônios circulantes, tais como 
leptina, grelina, insulina e glicose. Dessa 
forma, qualquer interferência nas funções 
normais desse circuito hipotalâmico acarreta 
alteração da regulação energética. 
A capacidade integrativa do hipotálamo também 
é enriquecida pela intercomunicação com outras 
zonas do cérebro, como o córtex e o sistema 
límbico, que se preocupam com o 
processamento da informação sensorial externa, 
controle cognitivo e emocional, e tomada de 
decisão com base em recompensas. Além disso, 
percebeu-se uma rede sustentada, associada 
à motivação, desejo e anseio por comida 
(comida de elevado teor energético) que émais 
ativada em indivíduos obesos versus magros. 
Os sinais aferentes dessa regulação neuronal 
podem ser transmitidos ao cérebro através do 
nervo vago ou pela via sistémica hormonal, 
envolvendo os hormônios liberados pelo tecido 
adiposo e pelo trato gastrointestinal. 
Os sinais eferentes partem, principalmente do 
hipotálamo, onde o núcleo arqueado é o 
principal centro de coordenação e integração 
dos sinais centrais e periféricos. A sua localização 
privilegiada permite-lhe receber os sinais 
periféricos, devido à semipermeabilidade da 
barreira hematoencefálica nessa região do 
cérebro. Este núcleo é constituído por neurónios 
orexígenos e anorexígenos, envolvendo os 
sinais eferentes. 
 Via orexigênica → os neurônios orexígenos 
estão presentes no núcleo arqueado e são 
responsáveis pela estimulação do apetite, co-
expressando o neuropeptídeo Y (NPY) e a 
proteína relacionada à agouti (AgRP), e sua 
estimulação ocorre por ativação da PKA. 
AgRP atua como antagonista do receptor de 
melanortina 4 (MC4R), o qual, quando ativado 
por MSH-α, reduz a ingestão alimentar. 
NPY promove aumento da ingestão alimentar, 
atuando em receptores Y1/Y5R; diminuição do 
gasto energético e aumento da lipogênese. A 
redução dos níveis de leptina e insulina ativa os 
neurônios produtores de NPY. 
Outra via orexigênica está presente no 
hipotálamo lateral (recebe eferências de vias 
orexigênicas e anorexigênicas), onde estão 
presentes as orexinas A e B, com efeitos 
secundários sobre a ingestão alimentar, e o 
hormônio concentrador de melanina 
(MCH), que estimula o apetite pelo aroma dos 
alimentos, se projetando aos centros de olfato e 
a outras áreas do córtex cerebral e sendo 
estimulados pelos neurônios secretores de 
NPY/AgRP. Componentes da via anorexigênica, 
como o TRH, CRH e ocitocina, são inibidos pelos 
neurônios secretores de NPY/AgRP. 
 Via anorexigênica → neurônios anorexígenos 
são ativados pela mTOR e atuam na sensação de 
saciedade. Eles expressam o gene da pro-
opiomelanocortina (POMC) e o transcrito 
regulado por cocaína e anfetamina (CART). 
A POMC é expressa na hipófise, na pele, no 
sistema imune, no núcleo arqueado do 
hipotálamo e no núcleo do trato solitário do 
tronco cerebral. Ela é ativada pela leptina e dá 
origem a peptídeos bioativos, como o ACTH, as 
melanocortinas e a β-endorfina. Os peptídeos 
derivados da POMC agem pela ligação com os 
receptores da melanocortina (MC1R e MC5R). 
Particularmente, a melanocortina tem 
importância na homeostase energética. Os 
receptores MC3R e MC4R estão envolvidos na 
regulação do peso corporal: 
MC3R modula o gasto energético e o 
MC4R regula a ingestão de alimentos. 
Enquanto o MC3R é expresso no SNC, 
intestino, placenta, timo e adipócitos, o 
MC4R se faz presente no hipotálamo. 
Quando o MC4R é ativado, pelo α-MSH, a 
ingestão alimentar tende a reduzir. 
 
❖ Adipocinas 
 Leptina → é produzida predominantemente, 
mas não exclusivamente, pelo tecido adiposo 
branco e posteriormente lançada para a 
circulação sanguínea. Ela possui concentrações 
mais elevadas no tecido adiposo subcutâneo 
quando em comparação com o tecido adiposo 
visceral. 
A leptina plasmática atravessa a BHE através de 
um sistema de transporte saturável, ligando-se 
aos receptores hipotalâmicos, inibindo a via 
orexigênica (NPY/AgRP), e estimulando a via 
anorexigênica (CART/POMC), diminuindo o 
apetite. 
A leptina também pode estimular a perda de 
energia sob a forma de calor. Esta regulação 
parece ocorrer por indução pelo SNS ou tiroide 
da expressão de UCP-1 (adipócitos vermelhos), 
UCP-2 (adipócitos brancos) e/ou UCP-3 
(músculos). 
A leptina foi considerada um hormônio 
determinante para o desenvolvimento da 
obesidade. Esta evidência emergiu quando se 
identificaram mutações no gene da leptina em 
camundongos obesos e se observou que 
crianças obesas portadoras de deficiência 
congênita de leptina revertiam o seu peso 
corporal quando tratadas com este hormônio. As 
mutações no gene da leptina ou nos seus 
receptores podem resultar em obesidade mais 
ou menos grave, dependendo da perda da sua 
função. 
Nesse pensamento, pensava-se que os níveis de 
leptina circulante nos obesos estariam 
diminuídos, devido às mutações no gene, mas 
vários estudos mostraram que os obesos 
apresentam valores aumentados de leptina 
circulante, podendo indicar que na obesidade 
ocorre uma “leptino-resistência”. 
 Adiponectina → é sintetizada exclusivamente 
pelos adipócitos. Ela tem sido associada ao: 
Aumento: biogênese mitocondrial, da 
oxidação de ácidos graxos no fígado e 
músculo, da produção de lactato no 
músculo esquelético e da captação de 
glicose; 
Redução: gliconeogênese, processos 
inflamatórios e stress oxidativo. 
A ação direta da adiponectina na obesidade é 
atribuída à inibição da via PKA, resultando na 
inibição da enzima acetil-CoA carboxilase, que 
ativaria a síntese de ácidos graxos. A inibição da 
síntese e o aumento da oxidação dos ácidos 
graxos conduz à diminuição de depósito 
lipídico e de ingestão alimentar. Há também 
ações anti-inflamatória, antioxidante e 
antiaterosclerótica, que diminuem as 
comorbilidades associadas à obesidade, tais 
como resistência à insulina e doença 
cardiovasculares. 
 Resistina → é caracterizada por resistir à ação 
da insulina. É um hormônio peptídico rico em 
cisteína, expresso essencialmente nos 
leucócitos, macrófagos e adipócitos. O seu 
papel na obesidade ainda não é claro, mas há 
uma correlação positiva entre os níveis de 
resistina e o IMC. Tem sido sugerido que ela 
pode estar envolvida na modulação de vias 
metabólicas associadas a processos 
inflamatórios, autoimunes, cardiovasculares, 
de insulino-resistência e DMT2. 
A resistina age reduzindo a captação de glicose, 
dependente de insulina, nos adipócitos isolados. 
Níveis elevados dela representam um risco 
aumentado para o desenvolvimento de DMT2. 
❖ Hormônios do TGI 
 Grelina → é hormônio orexígeno, que 
apresenta valores circulantes elevados na fase de 
jejum e mais baixos imediatamente após a 
ingestão alimentar. Sua ação ocorre através da 
ligação a receptores específicos no núcleo 
arqueado hipotalâmico, provocando o aumento 
da atividade dos neurônios NPY/AgRP e 
inibindo os neurônios POMC. A grelina ativa a 
PKA e inibe a mTOR, o que leva a uma resposta 
orexígena. 
 CCK → é um hormônio rapidamente liberado 
na circulação após uma refeição, principalmente 
se for rica em lipídios ou proteínas. Possui 
receptores no TGI e no SNC. 
A principal função é aumento da saciedade com 
consequente diminuição da quantidade de 
alimentos ingeridos, por meio de inibição no 
esvaziamento gástrico e na motilidade TGI e 
aumento de distensão gástrica. Desta forma, 
a CCK parece promover a estimulação dos 
mecanorreceptores e informar os centros do 
apetite no cérebro. 
 Peptídeo YY → pertence à família dos NPY e 
PP (polipeptídeo pancreático). Ele tem um papel 
crucial no processo de saciedade, inibindo a 
ingestão alimentar, a secreção gástrica e a 
motilidade intestinal. Em indivíduos obesos 
observou-se uma diminuição da 
concentração basal de PYY, o que vem 
corroborar a sua ação na saciedade. No entanto, 
a obesidade não parece desencadear resistência 
aos efeitos deste péptico, ao contrário do que foi 
observado para a leptina. 
 GLP 1 → pertence à classe das incretinas 
(substâncias produzidas pelo pâncreas e pelo 
intestino que regulam o metabolismo da 
glicose), estimulando a libertação de insulina 
em função dos níveis de glicemia. Ele inibe a 
secreção gástrica e o esvaziamento gástrico, 
inibe a libertação do glucagon e diminui o 
apetite. 
Os níveis circulantes estão reduzidos em 
obesos, mas se normalizam com a perda de 
peso. Os efeitos anorexígenos do GLP-1 em 
obesos levaram ao estudo da sua potencialação 
terapêutica na obesidade. No entanto, a sua 
curta meia-vida representa uma barreira 
para a utilização com este fim. 
❖ Causas de obesidade 
Embora os fatores que levam ao predisponentes 
da obesidade ainda não estejam elucidados, 
acredita-se que envolvam a interação do 
genótipo e de fatores ambientais, incluindo 
dieta, atividade física e fatores do início da 
infância. 
Há um forte componente hereditário, já que a 
obesidade ocorre em famílias. A questão que 
envolve esse debate é definir se o distúrbio 
surge devido à constituição genética ou a 
influências ambientais. Podendo haver, também, 
relação com as questões socioeconômicas. 
Há também evidências de que certos fatores 
durante a gravidez podem afetar o futuro peso 
da criança, como diabetes gestacional, 
tabagismo materno e subnutrição 
intrauterina. Os lactentes amamentados ao seio 
materno podem ter menos tendência à 
obesidade posteriormente durante a vida. 
 
❖ Tipos de obesidade 
As pesquisas sugerem que a distribuição da 
gordura pode ser um fator mais importante do 
que o IMC para a morbimortalidade. A 
circunferência da cintura constitui um preditor 
melhor do conteúdo de gordura abdominal do 
que o IMC e o tipo de obesidade é determinado 
pela relação cintura/quadril. A classificação é 
de acordo a com distribuição de gordura: 
 Obesidade central → Parte superior do corpo 
→abdominal, visceral ou masculina ("androide"). 
Adquirem forma semelhante à maçã. Os homens 
são os mais cometidos e apresentam mais 
gordura intra-abdominal. À medida que os 
O aumento da prevalência da obesidade pode ter 
sido decorrente: 
↑aporte calórico + estilo de vida sedentário + 
baixa taxa de gasto energético + quociente 
respiratório elevado (QR) 
O QR é a relação de oxidação entre carboidratos 
e gorduras, sugerindo que o indivíduo oxida mais 
carboidrato do que lipídios. 
homens envelhecem, aumenta a proporção de 
gordura intra-abdominal em relação à gordura 
subcutânea. 
 
Uma circunferência da cintura de 88 cm ou mais 
em mulheres e de 102 cm ou mais em homens 
está associada a um risco aumentado de saúde. 
Uma razão cintura-quadril superior a 1,0 em 
homens e 0,8 em mulheres também indica 
obesidade na parte superior do corpo 
ou central. 
A obesidade central pode ser ainda diferenciada 
em tecido adiposo intra-abdominal (gordura 
visceral) e tecido adiposo abdominal 
subcutâneo com o uso da TC ou da RM. A 
circunferência da cintura, que é uma medida da 
distribuição 
central de gordura, mede tanto o tecido adiposo 
abdominal subcutâneo quanto o tecido adiposo 
intra-abdominal. Uma das características da 
gordura visceral é a liberação de TNF-α e a 
adiponectina (adipocinas), e de ácidos graxos 
diretamente no fígado, antes de alcançar a 
circulação sistêmica, apresentando impacto 
potencialmente maior sobre a função hepática 
(esteatose hepática, com consequente 
resistência à insulina no fígado). 
O risco cardiometabólico representa o risco 
global de desenvolvimento de DM e/ou doença 
cardiovascular, como coronariopatia, acidente 
AVE, doença vascular periférica, que se devem 
a um conjunto de fatores de risco tradicionais, 
tais como obesidade, hipertensão e 
dislipidemia, bem como a fatores de risco 
emergentes, como disfunção da inflamação, 
coagulação, fibrinólise, plaquetas, 
lipoproteínas, endotélio e outros processos 
biológicos. 
 
 Obesidade periférica → Parte inferior do 
corpo →glúteo femoral ou feminino ("ginoide"). 
Adquirem forma semelhante à pera. As mulheres 
são mais acometidas e acumulam mais gordura 
subcutânea. Depois da menopausa, as mulheres 
tendem a adquirir uma distribuição da gordura 
mais central. 
Embora a obesidade periférica esteja associada 
a veias varicosas nas pernas e a problemas 
mecânicos, não está fortemente relacionada a 
risco cardiometabólico. 
 
SÍNDROME METABÓLICA 
❖ Fisiopatologia 
Ela está diretamente relacionada o excesso de 
peso e a alteração na distribuição da 
adiposidade corporal, decorrente diretamente 
de um excesso de tecido adiposo visceral (TAV) 
e de uma diminuição do tecido adiposo 
subcutâneo (TASC), o que levaria a maior 
liberação de ácidos graxos livres e citocinas 
inflamatórias na circulação. 
Os adipócitos subcutâneos são menores, com 
mais facilidade de se multiplicar e são mais 
responsivos ao efeito antilipolítico da insulina. 
A presença de excesso de gordura no 
abdome desproporcionalmente à 
gordura corporal total é um preditor 
independente de fatores de risco e 
mortalidade. 
Fatores de risco 
cardiovasculares 
tradicionais + fatores de 
risco emergentes = 
Síndrome metabólica. 
Eles têm a capacidade de armazenar grandes 
capacidades de AGL, sob a forma de TG, e 
produzem poucas citocinas inflamatórias (já que, 
praticamente, não há infiltração de macrófagos e 
monócitos). 
Os adipócitos viscerais são maiores, se 
multiplicam pouco, são metabolicamente mais 
ativos e apresentam atividade lipolítica mais 
acentuada. Eles acumulam menos AGL e 
possuem grande capacidade de secretar 
citocinas inflamatórias, tais como TNF-α, IL-6, a 
proteína C reativa (PCR) e o inibidor do ativador 
do plasminogênio-1 (PAI-1). Primariamente, a SM 
parece ser decorrente de uma desproporção na 
distribuição de adipócitos subcutâneos e 
viscerais. 
O excesso de citocinas pró-inflamatórias 
(principalmente, TNF-α e IL-6) resulta em uma 
inflamação localizada no tecido adiposo que 
se propaga para uma inflamação sistêmica 
global, associada ao desenvolvimento de 
comorbidades relacionadas a obesidade, 
resistência à insulina (RI), estresse oxidativo e 
aterosclerose. A participação dessas citocinas na 
gênese da RI aparentemente se daria por 
inibirem diretamente a ativação do receptor da 
insulina, dificultando, assim, o transporte 
intracelular da glicose. O excesso de PAI-1, 
juntamente com aumento dos níveis dos fatores 
VIII e V, respondem por um estado de 
hipercoagulabilidade, o qual favorece a 
ocorrência de eventos vasculares trombóticos 
(IAM e TVP). 
Existem várias teorias para explicar como os 
diferentes adipócitos modulam a RI. De maneira 
geral, o aumento da lipólise nos adipócitos 
viscerais ocasiona um ↑aporte de AGL para o 
fígado e o músculo esquelético, inibindo a 
ação da insulina nesses órgãos, por um 
mecanismo denominado de lipotoxicidade. 
A resistência insulínica no fígado levaria a um 
aumento da gliconeogênese hepática, da 
produção de citocinas inflamatórias e da 
secreção excessiva de VLDL, com consequente 
hipertrigliceridemia e redução nos níveis de 
HDL-colesterol. O acúmulo intra-hepático de TG 
favoreceria o surgimento da doença hepática 
gordurosa não alcoólica (NAFLD) e da 
esteato-hepatite não alcoólica (NASH). 
A lipotoxicidade tem também ação deletéria 
sobre as células beta, ↓secreção de insulina e 
favorecendo o surgimento de hiperglicemia. Da 
mesma forma, o acúmulo de gordura no músculo 
esquelético é proposto como um mecanismo 
importante para a RI nesse tecido. Maior ativação 
do SRAA e do SNS está envolvida da gênese da 
hipertensão da SM. 
 
❖ Consequências bioquímicas 
Metabolismo de lipídios e lipoproteínas: 
• Aumento das partículas de LDL pequenas 
e densas; 
• Hipertrigliceridemia; 
• Redução do HDL-colesterol. 
Trombogênese: 
• Aumento do fibrinogênio; 
• Aumento do PAI-1; 
• Aumento da viscosidade sanguínea. 
Marcadores inflamatórios: 
• Aumento do número de leucócitos; 
• Aumento de IL-6 e TNF-α; 
• Aumento de leptina e PCR; 
• Diminuição de adiponectina. 
Marcadores do status oxidante: 
• Aumento de LDL oxidada; 
• Hiperuricemia; 
• Diminuição da paraoxonase-1. 
Outras: 
• Redução da IL-10 e da grelina. 
 
❖ Complicações 
 Doença cardiovascular (DCV) → a 
dislipidemia é altamente aterogênica. 
 
Um dos aspectos mais preocupantes com 
relação à SM é o elevado risco cardiovascular 
que essespacientes apresentam. A combinação 
de múltiplos fatores de risco (HDL-c baixo, 
hipertrigliceridemia, hipertensão, aumento do 
PA1-1, hiperinsulinemia e hipoadiponectinemia) 
faz dessa população um grupo de pacientes 
altamente suscetíveis a DCV. 
 DMT2 → juntamente com as complicações 
cardiovasculares o risco de desenvolvimento de 
DM2 faz parte das grandes complicações 
da SM. A incidência de DM2 é até 5 vezes maior 
em pacientes com SM em comparação a um 
grupo de pacientes sem a síndrome. De fato, SM 
é encontrada em 42 a 64% dos indivíduos com 
pré-diabetes e em 78 a 84% daqueles com DM2. 
Nesses indivíduos, o risco de complicações 
microvasculares e macrovasculares, bem 
como a mortalidade CV, são significativamente 
maiores na presença de SM. 
 Doença hepática gordurosa não alcoólica → A 
NAFLD é resultado do excesso no aporte de 
ácidos graxos para o fígado e está diretamente 
associada à RI e ao acúmulo de gordura visceral. 
A NAFLD envolve a esteatose e a esteato-
hepatite (NASH). Os pacientes podem 
apresentar-se com discretos aumentos nos níveis 
das enzimas hepáticas (normais, na maioria dos 
casos), e exames de imagem, seja USG, TC ou RM 
do abdome, sugerem o diagnóstico de NAFLD. 
Também existem evidências de que, quando há 
SM, é maior o risco de progressão de 
esteatose para a NASH. Estima se que 3-5% dos 
casos da NASH evoluam para cirrose hepática e, 
alguns desses casos, para carcinoma 
hepatocelular. 
 Hiperatividade do SNS → essa ativação seria 
um mecanismo compensatório na tentativa de 
estabilizar o peso corporal pelo aumento da 
termogênese. Um dos principais ativadores do 
SNS é a hiperinsulinemia, principalmente pós-
prandial (termogênese induzida pela 
alimentação), juntamente com hiperleptinemia, 
↓ NO e ↑ endotelina-1, levaria a ↑ RVP 
importante e retenção de líquidos, reduzindo o 
fluxo sanguíneo para a musculatura esquelética e 
ocasionando a RI. Dessa maneira, a 
hiperatividade do SNS perpetuaria um círculo 
vicioso, com hiperinsulinemia, HAS e ↑ FC 
demonstrados na SM. 
 Ativação do SRAA → existem evidências de 
que tanto a hiperglicemia como a 
hiperinsulinemia ativam o SRAA por aumentar a 
expressão do angiotensinogênio, da 
angiotensina II (AT II) e do receptor AT1. Além 
disso, recentemente demonstrou-se a produção 
de aldosterona pelos adipócitos em resposta 
à AT II. Neste contexto, o adipócito pode ser 
considerado uma miniatura do SRAA. 
 
 Alterações nos eixos endócrinos 
 
 
Hipertrigliceridemia + níveis baixos 
do HLD-c + ↑número de 
partículas de LDL pequenas e 
densas, que são mais aterogênicas. 
A ativação do SRAA e 
do SNS está 
envolvida na gênese 
da hipertensão na 
SM.

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