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Judicialização em saúde

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Judicialização refere-se à procura do Poder Judiciário pela população para que o Poder Executivo seja 
compelido, através de uma demanda judicial, a implementar políticas públicas deficitárias. Nesse contexto, o Judiciário 
acaba sendo uma alternativa de muitos pacientes para obtenção de um medicamento ou tratamento. 
Esse movimento é bastante recente no Brasil e iniciou-se na década de 90, com as ações judiciais para 
obtenção do tratamento da AIDS pelos pacientes, o que surtiu efeito: com ganho de causa, todo tratamento para os 
portadores da doença foi realizado através do SUS e o Estado acabou por incluir a medicação nos protocolos 
públicos. 
Embora o recurso à Justiça seja um direito de todos, muitas demandas buscam obter benefícios sem respaldo dos 
contratos ou no arcabouço regulatório da Saúde Suplementar, utilizando os argumentos do direito à saúde, direito à 
vida e direito à dignidade da pessoa humana. Há, por exemplo, a questão da concessão de medicamentos sem o 
registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 
O grande problema em questão é, justamente, o custo dessas ações e os limites até os quais o Estado 
pode gastar sem prejudicar outras políticas públicas. O custo do Ministério da Saúde para atendimento de ações 
judiciais em saúde, só em 2010, somaram gastos de R$ 132,6 milhões. A situação parece ser ainda mais grave 
considerando as ações interpostas em face dos municípios, que têm orçamentos menores, mas não podem se 
eximir da responsabilidade imposta pelo Judiciário. 
Segundo o conceito de Reserva do Possível, o Estado, para a prestação de políticas públicas deve 
observar, em cada caso, três elementos: a necessidade, a distributividade dos recursos e a eficácia do serviço. No 
entanto, A escassez de recursos exige que o Estado faça escolhas. 
Tendo em vista isso, os principais pontos de defesa dos órgãos públicos são: 
 Ilegitimidade do Ente para integrar o pólo passivo em conjunto com demais Entes estatais 
 Existência de medicamento ou tratamento similar no SUS 
 Ausência de registro de medicamento na ANVISA 
 Detrimento do coletivo em razão do deferimento particular 
 Ameaça de grave lesão à economia pública decorrente do impacto financeiro do pedido da ação. 
 
Tudo isso gera desafios não só burocráticos como também ético e morais: como garantir o interesse particular 
sem inviabilizar o público geral? como equacionar o dilema moral de quanto vale uma vida? como combater o jogo 
de interesses da indústria farmacêutica?

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