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09/04/2021 1 DEMAIS PATOLOGIAS GENGIVAIS Prof. Dr. Patrick Quelemes Periodontia Avançada 09/04/2021 2 O aumento gengival pode resultar de alterações inflamatórias crônicas ou agudas; as alterações crônicas são muito mais comuns. Os aumentos inflamatórios geralmente representam uma complicação secundária de qualquer outro tipo de aumento, gerando um aumento gengival combinado. Nesses casos, é importante entender a etiologia dupla e tratar ambas adequadamente. O aumento gengival inflamatório crônico inicia como um pequeno abaulamento das papilas interdentárias e da gengiva marginal. Esse abaulamento pode aumentar de tamanho até cobrir partes das coroas. O aumento pode ser localizado ou generalizado e progride de maneira lenta e indolor, a menos que seja complicado por uma infecção aguda ou por trauma. O aumento gengival crônico é causado pela exposição prolongada à placa dentária. Os fatores que provocam acúmulo e retenção de placa incluem higiene oral deficiente e irritação causada por anormalidades anatômicas ou por restaurações e aparelhos ortodônticos inadequados. O abscesso gengival é uma lesão localizada, dolorosa, de expansão rápida, que geralmente tem início súbito. Habitualmente, limita-se à gengiva marginal ou à papila interdentária. Nos estágios iniciais, surge como uma tumoração vermelha, com superfície lisa e brilhante. Após 24 a 48 horas, a lesão geralmente se torna flutuante e apresenta um orifício pontual na superfície, através do qual é possível drenar um exsudato purulento 09/04/2021 3 Os dentes adjacentes são, muitas vezes, sensíveis à percussão. Caso permita a progressão da lesão, geralmente ocorre ruptura espontânea. Não confundir com fístura endodôntica. O aumento gengival é uma consequência bem conhecida da administração de alguns anticonvulsivantes, imunodepressores e bloqueadores de canais de cálcio, podendo gerar problemas de erupção dentária, fonéticos, mastigatórios e estéticos. O crescimento inicia-se como um aumento esférico indolor da papila interdentária e se estende para as margens gengivais vestibular e lingual. À medida que a patologia evolui, os aumentos marginal e papilar se unem e podem formar uma grande prega de tecido que cobre uma porção considerável das coroas, podendo interferir na oclusão. Os primeiros relatos de aumento gengival medicamentoso foram provocados por fenitoína (Dilantin®). 09/04/2021 4 Os fibroblastos do supercrescimento gengival induzido por fenitoína mostram uma síntese aumentada de glicosaminoglicanos sulfatados in vitro. A fenitoína pode induzir uma redução da degradação do colágeno como resultado da produção de uma colagenase fibroblástica inativa. 09/04/2021 5 A ciclosporina é um potente imunossupressor, usado para prevenir a rejeição de órgãos transplantados e para tratar diversas doenças de origem autoimune O aumento gengival induzido por ciclosporina é mais vascularizado do que aquele causado pela fenitoína. Sua incidência varia, segundo diferentes estudos, de 25% a 70%. 09/04/2021 6 Os bloqueadores de canais de cálcio são drogas desenvolvidas para o tratamento de patologias cardiovasculares, como hipertensão, angina de peito, espasmos coronarianos e arritmias cardíacas. Algumas dessas drogas podem induzir aumento gengival. A nifedipina, uma das mais usadas, induz aumento gengival em 20% dos pacientes. O diltiazem, a felodipina, a nitrendipina e o verapamil também induzem aumento gengival. O aumento afeta a gengiva inserida, assim como a margem gengival e as papilas interdentárias, ao contrário do crescimento induzido por fenitoína, que frequentemente se limita à margem gengival e às papilas interdentárias. A causa é desconhecida e, portanto, a patologia foi chamada de “idiopática”. Alguns casos têm base hereditária, mas os mecanismos genéticos envolvidos não são bem compreendidos. Geralmente, são afetadas as superfícies vestibular e lingual da mandíbula e da maxila, mas o envolvimento pode estar limitado a um dos maxilares. 09/04/2021 7 A gengiva aumentada é rosada, firme e com consistência semelhante a couro, com uma superfície apresentando tipicamente pequenas granulações. Muitas doenças sistêmicas podem apresentar manifestações orais, incluindo o aumento gengival. Essas doenças podem afetar o periodonto por dois mecanismos distintos, a saber: 1. Ampliação de uma inflamação existente iniciada pela placa dental. Esse grupo de doenças, discutido na seção “Aumentos Condicionados”, inclui algumas condições hormonais (p. ex., gestação e puberdade), doenças nutricionais, como deficiência de vitamina C, e alguns casos nos quais a influência sistêmica não é identificada (aumento condicionado inespecífico). 09/04/2021 8 2. Manifestação de doença sistêmica independentemente do estado inflamatório da gengiva. Esse grupo está descrito nas seções Doenças Sistêmicas que Causam Aumento Gengival e Aumento Neoplásico (Tumores Gengivais). O aumento condicionado ocorre quando a condição sistêmica do paciente exagera ou distorce a resposta gengival habitual à placa dental. As diferenças específicas entre os quadros clínicos do aumento gengival condicionado e da gengivite crônica dependem da influência sistêmica modificante. A placa bacteriana é necessária para o desencadeamento deste tipo de aumento. Entretanto, a placa não é o único determinante de suas características clínicas. O aumento gengival condicionado pode ser de três tipos: hormonal (gestação, puberdade), nutricional (associado à deficiência de vitamina C) alérgico aumento condicionado inespecífico. Aumento na Gestação: O aumento gengival gestacional pode ser marginal e generalizado, ou caracterizado por massas tumorais isoladas ou múltiplas. Aumento na Gestação: Durante a gestação, ocorre um aumento nos níveis de progesterona e estrogênio, que, ao final do terceiro trimestre, atingem níveis 10 e 30 vezes maiores do que aqueles observados durante o ciclo menstrual, respectivamente. 09/04/2021 9 Aumento na Gestação: Essas mudanças hormonais induzem alterações na permeabilidade vascular, levando ao edema gengival e à maior resposta inflamatória à placa dentária (angiogranuloma). Aumento na Gestação: Aumento na Puberdade: Ocasionalmente, observa-se o aumento da gengiva durante a puberdade. Aumento na Puberdade: Esse crescimento ocorre tanto em adolescentes do sexo masculino como do sexo feminino e surge em áreas de acúmulo de placa. O tamanho do aumento gengival excede amplamente o crescimento habitualmente observado em associação com fatores locais comparáveis. Aumento na Puberdade: 09/04/2021 10 Deficiência de vitamina C: O aumento da gengiva geralmente está incluído nas descrições clássicas do escorbuto. Deficiência de vitamina C: A deficiência aguda de vitamina C, por si só, não causa inflamação gengival, mas provoca hemorragia, degeneração do colágeno e edema do tecido conjuntivo gengival. Deficiência de vitamina C: Essas alterações modificam a resposta da gengiva à placa a tal ponto que a reação delimitante defensiva normal é inibida e a extensão da inflamação é exagerada, resultando no grande aumento gengival observado no escorbuto. Deficiência de vitamina C: Aumento condicionado inespecífico: O granuloma piogênico é um aumento gengival tumoral, entendido como uma resposta condicionada exagerada a traumatismos pequenos. A natureza exata do fator condicionante sistêmico não foi identificada. Aumento condicionadoinespecífico: A aparência clínica e microscópica do granuloma piogênico é semelhante à do aumento gengival condicionado observado na gestação. O diagnóstico diferencial se baseia na história do paciente. 09/04/2021 11 GRANULOMA PIOGÊNICO: Que classificação corresponderia este caso? Gengivite induzida por placa associada a fator de risco local! Aumento gengival condicionado (alérgico? Hormônios?) Leucemia: O aumento leucêmico pode ser difuso ou marginal, e localizado ou generalizado. Pode se apresentar como um crescimento difuso da mucosa gengival, como uma extensão aumentada da gengiva marginal ou como uma discreta massa tumoral interproximal. Epúlide é um termo genérico usado clinicamente para denominar todos os tumores circunscritos e massas tumorais da gengiva. Serve para localizar o tumor, mas não para descrevê-lo. A maior parte das lesões denominadas “epúlides” é inflamatória, e não neoplásica. 09/04/2021 12 Fibroma: Os fibromas da gengiva surgem a partir do tecido conjuntivo gengival ou do ligamento periodontal. Fibroma: São tumores esféricos de crescimento lento, habitualmente firmes e nodulares, mas podem apresentar-se moles e vasculares. Fibroma: Os fibromas duros da gengiva são raros; a maior parte das lesões diagnosticadas clinicamente como “fibromas” é formada por aumentos inflamatórios. Papiloma: Os papilomas são proliferações benignas do epitélio superficial muitas vezes associadas ao papilomavírus humano (HPV). Papiloma: Os papilomas gengivais se apresentam isoladamente como protuberâncias verrucosas ou em formato de couve-flor. Papiloma: Podem ser pequenos e discretos ou amplos com elevações duras com superfícies irregulares diminutas. 09/04/2021 13 Papiloma: Granuloma periférico de células gigantes: As lesões de células gigantes da gengiva surgem na região interdentária ou na margem gengival, ocorrem com mais frequência na superfície labial e podem ser sésseis ou pedunculadas. Granuloma periférico de células gigantes: Sua aparência varia de massas delineadas regulares lisas a protuberâncias multilobuladas irregulares com indentações superficiais. Granuloma periférico de células gigantes: Ocasionalmente, observa-se a ulceração da margem. As lesões são indolores, de tamanho variável, e podem cobrir diversos dentes. Carcinoma: O carcinoma de células escamosas é o tumor maligno mais comum na gengiva. Pode ser exofítico, apresentando-se como um crescimento irregular, ou ulcerativo, com lesões planas e erosivas. Carcinoma: Frequentemente, é assintomático, passando despercebido até ser complicado por alterações inflamatórias que podem mascarar a neoplasia, mas causam dor; às vezes, torna-se evidente após a extração dentária. 09/04/2021 14 Carcinoma: Essas massas são localmente invasivas, envolvendo o osso subjacente e o ligamento periodontal dos dentes contíguos e a mucosa adjacente.
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